Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

31/12/2008

Argumentos Interessantes
Extraídos do Livro:
O UNIVERSO AUTOCONSCIENTE: Como a consciência cria o mundo material
Autor: Amit Goswami - Richard E. Reed - Maggie Goswami

Convencidos de que devemos ser científicos, somos iguais ao dono da loja de objetos curiosos na história seguinte: um freguês, descobrindo um instrumento que não conhecia, levou-o ao lojista e lhe perguntou para que servia.
— Oh, isso é um barômetro. Respondeu o dono.
—Informa se vai chover.
— Como é que funciona? Perguntou o cliente.
O lojista, na verdade, não sabia como funcionava um barômetro, mas reconhecer esse fato implicaria arriscar-se a perder a venda. Em vista disso, respondeu:
— O senhor coloca-o do lado de fora da janela e o traz de volta. Se o barômetro volta molhado, o senhor sabe que está chovendo.
— Mas eu posso fazer isso com a mão. Por que, então, usar um barômetro? Protestou o homem.
— Mas isso não seria científico, meu amigo. Respondeu o lojista.

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O matemático Roger Penrose (Penrose, R. 1989. The Emperor's New Mind. Oxford, Reino Unido: Oxford University Press - Clique aqui para ver o livro no google-books) argumenta que o raciocínio algorítmico, semelhante ao que faz o computador, não basta para permitir a descoberta de teoremas e axiomas matemáticos. (O algoritmo é um procedimento sistemático para solucionar problemas: um enfoque rigorosamente lógico, baseado em regras.) Se assim é, pergunta Penrose, de onde vem a matemática, se operamos como se fôssemos um computador.

A verdade matemática não é algo que comprovamos usando meramente um algoritmo. Acredito, ainda, que aconsciência é um ingrediente vital na compreensão da verdade matemática. Temos que 'ver' a verdade de um argumento matemático para convencermo-nos de sua validade. Esse 'ato de ver" constitui a própria essência da consciência.

Ela tem que estar presente em todos os casos em que percebemos diretamente a verdade matemática. Em outras palavras, nossa consciência tem que existir antes de nossa capacidade algorítmica de computador.

Um argumento ainda mais forte contra a tese da mente como máquina foi apresentado por um laureado Nobel, o físico Richard Feynman. Um computador clássico, observa Feynman, jamais poderá simular a não-localidade (expressão técnica que significa transferência de informação ou influência sem sinais locais; essas influências são do tipo ação-à-distância e instantâneas). Dessa maneira, se seres humanos são capazes de processamento de informação não-local, este será um de nossos programas não-algorítmicos que o computador jamais conseguirá simular.

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Temos capacidade de processar informação não-local? Podemos construir um argumento muito poderoso para a não-localidade se aceitarmos nossa espiritualidade. Outro argumento controverso em apoio à não-localidade é a alegação de experiências paranormais. Através dos séculos, o homem proclama ter capacidade de comunicação por telepatia, ou transmissão mente-a-mente de informação sem necessidade de sinais locais, e atualmente parece haver alguma prova científica de que isso efetivamente acontece.

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Vamos juntar essa última idéia com a visão do Físico Brasileiro Mário Schenberg...
Parafísica e Parapsicologia na visão de um grande físico brasileiro: Professor Mário Schenberg - USP
Entrevista à Revista Ciência Hoje - 1984 - Vol. 3 - N. 13
Clique aqui para ler a entrevista completa


Professor Schenherg, o senhor considera os chamados fenômenos paranormais como pertencentes à mesma realidade que os fenômenos físicos. Como é essa sua concepção?


Um dos pontos que ainda não pude realizar — e espero ainda poder fazê-lo— é a fusão da biologia com a Física. O grande problema que está diante da Física é o problema da vida. A mecânica quântica conseguiu fundir a química com a Física, e só depois dela foi possível explicar a valência química. A fronteira da Física ficou então na biologia, e o problema é como fundir essas duas ciências. Eu acho que entre a Física e a biologia está a parapsicologia. Não a parapsicologia pensada em termos de espiritismo. Aliás, o próprio nome ‘parapsicologia”é ruim, porque dá a entender coisas que estão além da psicologia. Seria melhor ‘parafisica”, o que vem logo depois da Física.

Veja só; Einstein não gostava da mecânica quântica porque achava que ia levar à parapsicologia. Que intuição! Mas ele não pensava em termos gerais da ciência, coisa que Heisenberg já fez: Heisenberg pensava em fundir a biologia e a Física. O que é fundamental na biologia? Qual a característica essencial da vida? Os biólogos não respondem a isso. Eu acho que são as propriedades parapsicológicas. Einstein compreendeu, desde 1927, que a mecânica quântica está beirando a parapsicologia. Mostrou que a matéria tem propriedades como que parapsicológicas. o que na verdade é um outro relacionamento com o espaço e o tempo: não é o da Física clássica, mas o da mecânica quântica. E essa fusão entre a biologia e a Física talvez nem se dê pela mecânica quântica, talvez seja pela mecânica clássica mesmo.

Para Heisenberg, a união da Física e da biologia se dá porque o fenômeno típico da vida é haver uma história. Por que não haver certa historicidade na Física? Essa era a idéia dele. Pode haver outras. É preciso uma certa sensibilidade para o desconhecido; o cientista tem que estar sempre à beira do desconhecido.

O cientista não é o homem que está no conhecido — este é o tecnólogo. E o que está à beira do desconhecido é o problema da vida. Essa e outras questões talvez estejam ligadas à impropriamente chamada parapsicologia e tenham mais a ver com a Física mesmo. Esta pode ser uma das grandes mudanças do pensamento humano, um grande salto. A formação do cientista deve criar na pessoa uma atitude de abertura para o desconhecido. Precisa-se criar um faro para o desconhecido, no sentido de se suspeitar das coisas. Einstein era assim, a percepção dele era muito forte.

A idéia de paraFísica tem ligação com seu trabalho em Bruxelas ?

Em Bruxelas eu procurei mostrar que, dentro da mecânica de Newton, você podia fazer uma teoria das partículas indistinguíveis, necessária para uma termodinâmica correta, a fim de evitar o chamado paradoxo de Gibbs. Achavam que isso só tinha a ver com a mecânica quântica, com o princípio de Pauli, mas mostrei que não era assim. Foi o melhor trabalho que já fiz, liga-se com a equação diferencial de Liouville na mecânica estatística. Os artigos estão publicados no Nuovo Cimento.

Mas chegou um momento em que fiquei assustado, porque apareceram coisas estranhas, e eu não entendi: parecia que podiam acontecer fenômenos físicos que não tinham localização espacial. Mas eram teorias matemáticas. Ficou um enigma. Quem gostou foi o professor De Groot, da Alemanha. Ele me disse que fiz um aperfeiçoamento da teoria de Newton numa direção que não se supunha possível. Agora, recentemente, saiu um livro na Holanda, do físico canadense R. Paul que descobriu que, em muitos ramos da fisico-química, podem ser aplicados métodos da mecânica quântica, sem que sejam questões de mecânica quântica. E era realmente isso que eu tinha feito. Em muitas questões da Física clássica, podia-se aplicar métodos que pareciam ser da mecânica quântica, mas não eram, que então podiam ser aplicados à mecânica newtoniana.

Por ocasião desse meu trabalho, eu nem havia ainda ouvido falar em parapsicologia. Foi só há dez anos atrás que, lendo sobre fenômenos parapsicológicos, liguei as coisas, ou seja, os fenômenos não localizados no espaço. E esses fenômenos não precisam ser quânticos, podem ser clássicos. Assim que puder, vou retomar essas questões. Talvez sejam fenômenos que tenham a ver com a telepatia, porque é certo que a telepatia tem alguma coisa a ver com a Física. Só que não foi através da Física que tomei contato com a telepatia, mas através da arte. A arte está bastante ligada às coisas parapsicológicas. É possível que todo fenômeno artístico seja um fenômeno parapsicológico, ou envolva esse fenômeno.
(...)

O senhor parece ter grande liberdade interior, não se ligar a esquemas ortodoxos.

Eu não me guio muito pelo raciocínio, O raciocínio é importante para provar as coisas, mas é a intuição que mostra a solução dos problemas.

Acredito que nem sempre se pode ver as coisas com clareza. Há coisas que, por sua própria natureza, não podem ser vistas com muita clareza. São coisas crepusculares, e se se quiser vê-las com clareza elas somem. E têm que ser vistas mesmo assim.

Não me imponho barreiras desnecessárias. As pessoas se autocensuram. Eu não. Mas é claro que não digo tudo que penso, não sou besta. Não me censuro, mas nem sempre falo dos resultados a que cheguei. A maior parte das pessoas tem medo, medo das coisas invisíveis. Eu tenho medo dos perigos visíveis. Talvez por isso eu não seja muito crédulo.

30/12/2008

Outros Autores

A obra "Metafísica da Consciência", que estou desenvolvendo, corre em paralelo e mantém um diálogo sólido com as idéias e teorias de Fritjof Capra e Amit Goswami... Contudo, como já afirmei anteriormente, são coisas distintas... Porém, alguns elementos que utilizo, inegavelmente, vem, ou virão, de tais autores... Não só deles, certamente, mas também de outros...

Inclusive, estou lendo os dois autores citados, e também Stephen Hawking, agora... Leios-os buscando elementos comuns entre as idéias e teorias que desenvolvo com aquilo que eles propõem...

É melhor ler os demais autores depois que suas idéias estejam solidificadas, bem delineadas... Assim, você mantém a sua independência e ineditismo...

O UNIVERSO AUTOCONSCIENTE:
Como a consciência cria o mundo material
Autor: Amit Goswami - Richard E. Reed - Maggie Goswami

A INTEGRAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE

Um nível crítico de confusão satura o mundo contemporâneo. Nossa fé nos componentes espirituais da vida — na realidade vital da consciência, dos valores, Deus — está sendo corroída sob o ataque implacável do materialismo científico.

Por um lado, recebemos de braços abertos os benefícios gerados por uma ciência que assume a visão mundial materialista. Por outro, essa visão, predominante, não consegue corresponder às nossas intuições sobre o significado da vida.

Nos últimos 400 anos, adotamos gradualmente a crença de que a ciência só pode ser construída sobre a idéia de que tudo é feito de matéria— os denominados átomos, em um espaço vazio. Viemos a acatar o materialismo como dogma, a despeito de sua incapacidade de explicar as experiências mais simples de nossa vida diária.

Em suma, temos uma visão de mundo incoerente. As tribulações em que vivemos alimentaram a exigência de um novo paradigma — uma visão unificadora do mundo que integre mente e espírito na ciência. Nenhum novo paradigma, contudo, emergia até agora.

Este livro propõe um paradigma desse tipo e mostra que podemos construir uma ciência que abranja as religiões do mundo, trabalhando em cooperação com elas para compreender a condição humana em sua totalidade. O núcleo desse novo paradigma é o reconhecimento de que a ciência moderna confirma uma idéia antiga—a idéia de que consciência e não maxéúzj o substrato de tudo que existe.

A primara parte deste livro apresenta a nova física e uma versão moderna da filosofia do idealismo monista. Sobre esses dois pilares, tentarei construir o prometido novo paradigma, uma ponte sobre o abismo entre ciência e religião. Que haja contato entre ambas.

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A alternativa que proponho neste livro é o idealismo monístico. Esta filosofia é monística, em oposição à dualística, e é idealismo porque idéias (não confundir com ideais) e a consciência da existência das mesmas são consideradas como os elementos básicos da realidade; a matéria é julgada secundária.

Em outras palavras, em vez de postular que tudo (incluindo a consciência) é constituído de matéria, esta filosofia postula que tudo (incluindo a matéria) existe na consciência e é por ela manipulado.

Notem que a filosofia não diz que a matéria é não-real, mas que a realidade da matéria é secundária à da consciência, que é em si o fundamento de todo ser — incluindo a matéria. Em outras palavras, em resposta à pergunta, "O que é a matéria?", o idealista monístico jamais responderia: "Esqueça!"

Este livro mostra que a filosofia do idealismo monístico proporciona uma interpretação, isenta de paradoxo, da física quântica, e que é lógica, coerente e satisfatória.

Além disso, fenômenos mentais — tais como autoconsciência, livre-arbítrio, criatividade, até mesmo percepção extra-sensorial — encontram explicações simples e aceitáveis quando o problema mente-corpo é reformulado em um contexto abrangente de idealismo monístico e teoria quântica. Este quadro reformulado do cérebro-mente permite-nos compreender todo nosso self, em total harmonia com aquilo que as grandes tradições espirituais mantiveram durante milênios.

A influência negativa do realismo materialista sobre a qualidade da moderna vida humana tem sido assombrosa. O realismo materialista postula um universo sem qualquer significado espiritual: mecânico, vazio e solitário. Para nós — os habitantes do cosmo — este é talvez o aspecto mais inquietante porque, em um grau assustador, a sabedoria convencional sustenta que o realismo materialista predomina sobre teologias que propõem um componente espiritual da realidade, em acréscimo ao componente material.

Os fatos provam o contrário. A ciência prova a superioridade de uma filosofia monística sobre o dualismo — sobre o espírito separado da matéria. Este livro fornece uma argumentação convincente, fundamentada em dados existentes, de que a filosofia monística, necessária agora no mundo, não é o materialismo, mas o idealismo.

Na filosofia idealista, a consciência é fundamental e, nessa conformidade, nossas experiências espirituais são reconhecidas e validadas como dotadas de pleno sentido. Esta filosofia aceita muitas das interpretações da experiência espiritual humana que deflagraram o nascimento das várias religiões mundiais. Desse ponto de observação, vemos que algunsdos conceitos das várias tradições religiosas tornam-se tão lógicos, ele gantes e satisfatórios quanto a interpretação dos experimentos da física quântica.

Conhece-te a ti mesmo. Este foi o conselho dado através das idades por filósofos inteiramente cientes de que nosso self é o que organiza o mundo e lhe dá significado, e compreender o self juntamente com a natureza era o objetivo abrangente a que visavam.

A aceitação do realismo materialista pela ciência moderna mudou tudo isso. Em vez de unidade com a natureza, a consciência afastou-se dela, dando origem a uma psicologia separada da física. Conforme observa Morris Berman, esta visão realista materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivíamos no passado e condenou-nos a um mundo alienígena.
(Berman - 1984)

Atualmente, vivemos como exilados nesta terra estranha. Quem, senão um exilado, arriscar-se-ia a destruir esta bela terra com a guerra nuclear e a poluição ambiental.? Sentirmo-nos como exilados solapa nosso incentivo para mudar a perspectiva.

Condicionaram-nos a acreditar que somos máquinas — que todas as nossas ações são determinadas pelos estímulos que recebemos e por nosso condicionamento anterior. Como exilados, não temos responsabilidade nem escolha. E o livre-arbítrio é uma miragem.

Este o motivo por que se tornou tão importante para cada um de nós analisarmos em profundidade nossa visão do mundo. Por que estou sendo ameaçado de aniquilação nuclear? Por que a guerra continua a ser um meio bárbaro para resolver litígios mundiais? Por que há fome endêmica na África, quando nós, só nos Estados Unidos, podemos tirar da terra alimento suficiente para saciar o mundo?

Como foi que adquiri uma visão do mundo (mais importante ainda, estou engasgado com ela?) que determina tanta separação entre eu e meus semelhantes, quando todos nós compartilhamos de dotes genéticos, mentais e espirituais semelhantes? Se repudiamos a visão de mundo ultrapassada, que se baseia no realismo materialista e investigamos a nova/velha visão que a física quântica parece exigir, poderemos, o mundo e eu, ser integrados mais uma vez?

Precisamos nos conhecer; precisamos saber se podemos mudar nossas perspectivas — se nossa constituição mental permite isso. Poderão a nova física e a filosofia idealista da consciência dar-nos novos contextos para a mudança?

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O tipo magrelo, falando com um sotaque britânico, objetou:

— De que maneira algo feito de alguma outra coisa pode agir causalmente sobre aquilo de que é constituído? Isso seria equivalente a um comercial de televisão repetindo-se ao agir sobre os circuitos eletrônicos do monitor. Deus nos livre disso! Não, a consciência tem que ser uma entidade diferente do cérebro, a fim de produzir um efeito causal sobre ele. Ela pertence a um mundo separado, fora do mundo material. (Esta, por exemplo, é a posição do filósofo Karl Popper.)

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— Como disse certa vez Abraham Maslow:" Se a única ferramenta que você tem é um martelo, comece a tratar todas as coisas como se elas fossem pregos." Essas pessoas estão acostumadas a considerar o mundo como feito de átomos e separado de si mesmas. Consideram a consciência como um epifenômeno ilusório. Não podem lhe conceder consciência.
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Propriedades quânticas:
• Um objeto quântico (como, por exemplo, um elétron) pode estar, no mesmo instante, em mais de um lugar {a propriedade da
onda).
• Não podemos dizer que um objeto quântico se manifeste na realidade comum espaço-tempo até que o observemos como uma
partícula (o colapso da onda).
• Um objeto quântico deixa de existir aqui e simultaneamente passa a existir ali, e não podemos dizer que ele passou através do espaço interveniente (o salfo quântico).
• A manifestação de um objeto quântico, ocasionada por nossa observação, influencia simultaneamente seu objeto gêmeo correlato
— pouco importando a distância que os separa (ação quântica
distânda).

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Não podemos ligar a física quântica a dados experimentais sem utilizar alguns esquemas de interpretação, e a interpretação depende da filosofia com que encaramos os dados. A filosofia que há séculos domina a ciência (o materialismo físico, ou material) supõe que só a matéria— que consiste de átomos ou, em última análise, de partículas elementares — é real.

Tudo mais são fenômenos secundários da matéria, apenas uma dança dos átomos constituintes. Essa visão do mundo é denominada de realismo porque se presume que os objetos sejam reais e independentes dos sujeitos, nós, ou da maneira como os observamos. A idéia, contudo, de que todas as coisas são constituídas de átomos é uma suposição não provada. Não se baseia em prova direta no tocante a todas as coisas.

Quando a nova física nos desafia com uma situação que parece paradoxal, quando vista da perspectiva do realismo materialista, tende mos a ignorar a possibilidade de que os paradoxos possam estar surgindo por causa da falsidade de nossa suposição não comprovada. (Tendemos a esquecer que uma suposição mantida por longo tempo não se transforma, por isso, em verdade, e, não raro, não gostamos que nos lembrem disso.)

29/12/2008

Homem-Bomba
O ato do homem-bomba é suicídio ou sacrifício ??? Ele vai para o céu ou para o inferno ???
A resposta para essa pergunta envolve a verdade e a justiça...
Pretendo trabalhar essa questão numa obra específica que tratará do Direito de Resistência àTirania e à opressão

Voltando ao que importa...
Não vou perder tempo escrevendo sobre guerras, manipulações e mentiras... A minha missão é continuar desenvolvendo minhas idéias e teorias... Idéias e teorias fundamentais para a construção de um mundo de verdade, justiça e paz...

Contudo, preciso fazer uma separação importante... Quando falo do Povo de Israel como Guardiões da Palavra de Deus, certamente, não me refiro às autoridades seculares que promovem guerras que começam no Sábado... Essas autoridades são incapazes de guardar a si mesmas, o que dirá a Palavra de Deus... Além disso, é válido observar que o Povo de Israel sempre foi severamente castigado e açoitado por seguirem autoridades idólatras, autoridades que viraram as costas para o Poderoso Deus de Abraão... Basta ler a Bíblia para se ver isso claramente...

Inclusive, vou aproveitar esse momento para refletir sobre Abraão, Ismael e Isaque... Além disso, percebi uma relação, uma semelhança interessante, entre a história de Adão e a história de Abraão...A fé de Abraão é a chave... Depois eu conto mais !!!

Resolvi dar uma palhinha agora !!! Vamos movimentar a nossa centelha de Deus, centelha de Energia Consciente que há em nosso cérebro, ou seja, vamos pensar !!! Primeiro vamos comparar, de um lado a árvore do conhecimento do bem e do mal, do outro lado Isaque... No meio uma escolha - obedecer a Palavra de Deus... Se Abraão estivesse no Éden, ele teria comido o fruto da árvore ???

Na minha perspectiva, Abraão recupera algo que foi perdido no Éden... Tanto recupera que Deus faz-lhe uma promessa, dando-lhe, justamente, outro Jardim... Um Jardim que não era bem um Éden, mas que dá para o gasto... E além do Jardim, Deus faz a promessa da descendência... Perspectiva interessante esta, não é mesmo ???

Oh... Poderoso Deus de Abraão, dai-nos sabedoria, conhecimento, entendimento e discernimento para entender todos os aspectos de Sua Palavra... Amém !!!

28/12/2008

Memória do mal, tentação do bem
Tzvetan Todorov

Fichamento do Leonildo
1- (...) No mundo moderno, seja ele democrático ou totalitário, um ato da magnitude do bombardeio nuclear exige a participação de numerosos agentes e a fragmentação da responsabilidade entre múltiplos elos, de modo a que nenhum deles se perceba como diretamente responsável por eventuais conseqüências nefastas. Todos sentem a pressão das circunstâncias e a exigência da comunidade a pesar sobre eles. Todos pensam em termos de meios, não de fins. Os pilotos que soltam as bombas não se crêem responsáveis, evidentemente: estão apenas obedecendo às ordens; de resto, sentem que têm razão de agir assim (estão poupando um milhão de vidas americanas !). Se, no momento do ato, algum remorso desperta em sua consciência, eles logo o adormecem com fórmulas mágicas, eufemismos engraçados: apelidaram de "Little Boy" a bomba de Hiroshima, de "Fat Man" a de Nagasaki. Os físicos que preparam o mecanismo estão encantados por serem capazes de realizar semelhante proeza. O presidente e seus conselheiros fazem o que lhes recomendam os militares competentes - os quais, por sua vez, obedecem à lógica de um movimento do qual não são os iniciadores: os políticos lhes pediram que encontrassem uma solução para a crise fazendo a guerra, e eles a acionam com os meios de que dispõem, bombas incendiárias e atômicas. (...)

2- (...) São múltiplas as lições dos bombardeios a Hiroshima e Nagasaki; aqui, retenho apenas as que nos concernem diretamente. Primeiro, o registro de que as potências totalitárias não são as únicas a participar do mal, embora o genocídio dos camponeses ucranianos ou o dos judeus europeus tenham mais peso: um crime não deixa de ser crime porque outro mais grave foi cometido em outro lugar. Esse mal novo, contudo, é praticado em nome do bem - não só de um bem tautologicamente idêntico ao desejo de cada sujeito, mas de um bem a que aspiramos sempre: a paz e a democracia. Aqui, o mal se realiza segundo outros caminhos, não decorre de uma ideologia cientificista, não acompanha a conquista do poder absoluto. Ele é o produto marginal - mas quão doloroso ! - do combate contra um mal ainda maior. É apenas, dizem-nos, o meio, talvez lamentável mas inevitável, posto a serviço de um fim que permanece nobre. É também o efeito de um pensamento que se esquece de coordenar meios e fins. (...)

3- (...) O totalitarismo pode às vezes aparecer-nos, a justo título, como o império do mal; mas disso não decorre em absoluto que a democracia encarne, por toda parte e sempre, o reinado do bem. (...)

4- (...)Não tentarei desacreditar uma opinião, nem em razão de sua origem nem em função do uso que se poderia fazer dela. Não era por ser Goebbels a acusar os soviéticos de serem os responsáveis por Katyn que essa afirmação deixava de ser verdadeira. Não é porque Billancourt ficará desesperado nem porque a extrema direita ronda nossas cidades que convém dissimular a verdade sobre os regimes comunistas: no debate público, toda verdade é boa de ser dita. Também não quero facilitar minha tarefa formulando oposições cuja escolha está decidida de antemão: você é a favor da barbárie ou da civilização? Da guerra ou da paz ? Quer salvar as crianças ameaçadas ou deixar que as massacrem ? Prefere os assassinos ou as vítimas deles ? Isso seria imitar Lenin, que, no dizer de Grossman, buscava no debate somente a vitória, não a verdade. Talvez tenha chegado o momento, esta é minha esperança, de examinar esse episódio de nossa história recente com um pouco mais de serenidade, sem deixar-se levar pelas vagas da paixão.(...)

5- (...)Todos os dirigentes desses novos países parecem obedecera ao mesmo princípio: uma etnia, um Estado. Isso provoca deslocamentos de populações, designados pela expressão "purificação étnica" e semelhantes aos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra mundial: poloneses obrigados a deixar as terras anexadas pela União Soviética, alemães deslocados das regiões agora vinculadas à Polônia, e assim por dinte. (...)

6- (...) Ora, esse princípio de coincidência entre Estado e etnia, convém insistir, é tudo menos incontestável, e isso por duas grandes séries de razões. A primeira é da ordem dos fatos. A frase "direito dos povos à autodeterminação", tão frequentemente invocada nesse contexto, não tem um sentido preciso, pois implica que os povos existam anteriormente à formação de um Estado, o que é uma ilusão. Porque, evidentemente, não se chama de 'povo' qualquer grupo étnico - seja qual for a definição que se dê a essa expressão. Quero lembrar que existem hoje no mundo cerca de duzentos Estados, mas seis mil grupos linguisticos e cinco mil grupos étnicos menos ou mais claramente identificados. Além disso, como todo mundo sabe, as características culturais não se repartem de maneira regular, os contornos religiosos não coincidem com os grupos linguisticos e muito menos com os tipos físicos. O passado comum - ou o inimigo comum - às vezes cria solidariedades mais fortes do que as produzidas pela língua e pela religião. Em suma, o sonho (que, para alguns, pode parecer um pesadelo) de uma superposição perfeita entre território, população e Estado é irrealizável.

7- Ademais, esse sonho é estranho ao espírito democrático. De fato, ele exige encerrar o indivíduo numa identidade que lhe é atribuída por seus parentes e pelas circunstâncias de seu nascimento, em vez de deixar-lhe a possibilidade de manifestar a autonomia de julgamento. O Estado étnico apresenta-se como um Estado Natural; o Estado democrático, ao contrário, deve ser pensado como um Estado contratual, cujos habitantes são sujeitos em pleno uso de sua vontade, e não simples representantes de uma comunidade, submetidos à sua identidade física ou cultural.

8- De fato, o Estado democrático não é uma comunidade de sangue, nem somente de origem; ele também deixa a cada um a possibilidade de exercer sua liberdade e escapar às determinações que sofre. Esse Estado absorve comunidades diversas, adotando um contrato que rege tais diferenças: ora sobre o modelo da tolerância ou do laicismo (a religião é um assunto privado, todas as religiões, tanto quanto a recusa à religião, podem ser praticamente numa democracia moderna), ora sobre o da unidade (a maioria dos países ocidentais, para citar esse outro exemplo, dispõe de uma só lingua oficial).

9- O regime democrático jamais pretende obter uma homogeneização cultural ou 'étnica'do país, mas somente preservar os direitos dos indivíduos, entre os quais figura também o direito de pertencer a uma minoria cultural.

10- Em nome desse princípio, procura-se combater os estereótipos degradantes relativos aos grupos minoritários, ou permitir a estes últimos que pratiquem também sua língua, sua religião e suas tradições. Com isso, consigna-se o fato de que as populações se misturam e se deslocam desde tempos imemoriais, e renuncia-se a reservar exclusivamente uma terra qualquer a uma população precisa.

11- Portanto, à diferença dos direitos do indivíduo ou do respeito pelas minorias, o princípio da pureza étnica não tem qualquer afinidade com o Estado democrático; (...)

12- (...)É uma história bem conhecida: acredita-se de bom grado que é preciso encorajar o nacionalismo da população submetida, quando se trata de libertá-la de uma tutela ao mesmo tempo opressiva e estrangeira. Nada garante, contudo, que o novo poder, autóctone desta vez, não venha a ser mais opressivo ainda - sem falar que se terá apoiado, enquanto isso, o princípio não-democrático da homogeneidade nacional e do Estado natural. (...)

Rebatendo Samuel Huntington
Texto de Samuel Huntington:
Choque do futuro
Veja: Reflexões para o futuro -- 1993
A rota de colisão entre civilizações dominará a política mundial, sustenta o cientista político americano. Seu posto de observação é o Ocidente, que Huntington vê ameaçado num mundo em que governantes, nações-Estados e ideologias foram morrendo. (Texto completo aqui)
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Texto que rebate Huntington:
Não ao fracasso
Wanderley Guilherme dos Santos -- Veja: Reflexões para o futuro -- 1993

Análises políticas de alto risco costumam contrariar ortodoxias e desprezar piedosos otimismos quanto ao futuro. O choque de civilizações ratifica a reputação de seu autor, Samuel Huntington, de exímio adepto de provocações de altíssimo risco. Não será novidade se se tornar objeto da hostilidade intelectual e política de liberais, social-democratas, representantes de heterogêneas minorias, religiosos de todos os matizes e espantados humanistas.

Há cerca de trinta anos, o Brasil e a maioria dos países subdesenvolvidos padeciam da síndrome de crises cumulativas: crise de integração e de legitimidade (na precária aceitação nacional das instituições democráticas vigentes), crise de participação (crescente autonomia da estrutura sindical urbana, surgimento de grupos de interesses organizados, sindicalismo rural), crise de distribuição (reforma agrária, salário, previdência). Contra a corrente que advogava ser possível atender às crises conforme procedimentos democráticos destacou-se uma tendência internacional prevendo, para o Terceiro Mundo, o fatal destino do obscurantismo autoritário. Huntington foi uma estrela guia dessa tendência.

Hoje, o país vive dificuldades de outra sorte. Com um presidente constitucionalmente legítimo e politicamente trôpego, o acelerado crescimento do hiato entre ricos e pobres (sem mencionar miseráveis e desempregados) e a exacerbação do corporativismo como forma privilegiada de associar progresso e liberdade, recuperando sem traumas parte do atraso civilizatório em que se encontram. Mas é de toda conveniência examinar prognóstico que, pelo contrário, antecipam para a região uma permanente subalternidade, numa civilização de segunda classe.

Sucesso e polêmica acompanham Huntington desde que começou a formular o que chamo de silogismo pretoriano - quer dizer, uma sucessão de fenômenos políticos e sociais que têm no autoritarismo um desenlace quase necessário, por oposição ao silogismo democratizante, o encadeamento que tem na democracia a chave de ouro.

Na esteira da descolonização africana e asiática, os teóricos da modernização democrática imaginaram que, aos processos de urbanização, de alfabetização e de difusão da informação, seguir-se-iam o desenvolvimento econômico, a divisão social do trabalho, a criação de grupos de interesse e o alargamento da participação política. Esta, por sua vez, conduziria a mais crescimento econômico, redução nas disparidades de renda e, por fim, à sustentada tendência ao desenvolvimento político. A mobilização social, associada à modernização, acabaria em democracia. Era questão de tempo.

Não, era questão de virtude política, dizia Huntington. "O desenvolvimento político torna a democracia possível, a liderança política a faz real" - essa é a primeira frase do último parágrafo de seu último livro, "A Terceira Onda". Convém examinar as circunstâncias propícias à decadência política, convidava o cientista político americano, pois o regime democrático não resulta apenas de condições antecedentes. Depende sobretudo da qualidade da liderança política e das instituições existentes. Instituições, conceito mágico.

A seu ver é devido à má qualidade das instituições dos países do Terceiro Mundo que o estímulo à participação política não se traduz em maior distribuição de renda nem - o que é fundamental - em estabilidade democrática. Quando as instituições políticas não são diferenciadas, eficientes e solidamente enraizadas, o excesso de participação tende a politizar todas as questões econômicas e sociais, transfigurando qualquer crise em crise institucional. Daí a recorrência da instabilidade política, da intervenção dos militares na política e do autoritarismo. Eis o silogismo pretoriano.

Nesse cenário, nenhuma sociedade democrática sobrevive se não estabelecer limites às pressões que é legítimo exercer sobre ela. Mais: segundo essa obsessão institucional, a pretensão de levar ao pé da letra e até as últimas conseqüências os ideais históricos da sociedade americana - liberdade, igualdade, hostilidade à autoridade - pode comprometer as instituições e as hierarquias, que, frustrando parte daqueles ideais, seriam entretanto essenciais para o funcionamento de um governo democrático. Em lógica de alto risco: excesso de democracia constitui formidável ameaça à democracia. O silogismo está perfeito e acabado.

Mas o que são instituições sólidas ? São as que superaram os desafios a que foram expostas. Tudo bem, não fosse pela recomendação de que não se deve submeter as instituições a desafios, sob o risco de destruí-las. Então, o processo de institucionalização, purificando-a através de desafios, prejudicaria o desfecho da institucionalização ?

O "Choque de Civilizações" é conceitualmente tão frágil quanto o silogismo pretoriano. Considere-se, por exemplo, a tipologia das civilizações sugerida: ocidental, confuciana, japonesa, islâmica, hindu, eslava ortodoxa, latino-americana e, possivelmente, africana. A olho nu, trata-se de uma tipologia borgiana, antiaristotélica, porque viola dois princípios fundamentais de classificação: exaustão e mútua exclusão. Por que não é possível admitir uma civilização oceânica ou melanésia ? Onde ficam os esquimós ? E os maoris ? Por outro lado, se existe uma civilização geograficamente definida, a ocidental, que abriga católicos, judeus e protestantes, mas exclui a América Latina, por que não se pode conceber uma civilização asiática englobando japoneses e confucianos ?

E o que fazer com a pérola etnocêntrica do autor, que, ouvindo um funcionário do governo mexicano discorrer sobre as reformas em curso no seu país, observou: "Impressionante. Parece que vocês querem transformar o México de um país latino-americano em um país norte-americano" ? Aliás, é dito com todas as letras que "os povos podem e, de fato, redefinem suas identidades, e, como resultado, a composição e as fronteiras das civilizações mudam". Tal como a institucionalização, o conceito de civilização de Huntington também não pertence ao mundo acadêmico. Para que serve, então ?

Se não serve para explicar, pode servir para prever. As duas décadas e meia que vão do início dos anos 60 a meados dos 80 viram, na África, na Ásia e na América Latina, o alastramento do autoritarismo que ele prognosticava. Uma análise de alto risco funciona quando suas previsões se convertem em profecias que se autocumprem. Nisso consiste sua periculosidade.

Uma profecia que se autocumpre é aquela que, ao ser anunciada, aumenta consideravelmente a probabilidade de que venha a acontecer de fato. Se um soldado manifesta a opinião de que ele e seus companheiros vão perder o e já está de antemão derrotado. Se outros o acompanham na previsão, o combate será efetivamente perdido. Pois bem: uma análise política de alto risco tenta tornar realidade aquilo que não estava fatalmente na lógica natural das coisas.

Conceitos como "participação disruptiva" ou "excesso de demandas", assíduos na literatura pretoriana, são subjetivos demais para merecer respeito acadêmico. Mas, politicamente, conseguem ser de uma objetividade explosiva. Nunca existiu um "perigo amarelo" antes que se inventasse a expressão. O silogismo autoritário, para se demonstrar, só precisa de atores estratégicos para os quais a lógica autoritária seja conveniente. Durante as décadas de 60 e 70, ele encontrou em todo o Terceiro Mundo seus agentes transmissores e seus oficiais (em todos os sentidos) executores.

Pelas lições do recente período autoritário nos países subdesenvolvidos, não basta revelar a fragilidade das teorias que justificam ou preconizam o autoritarismo se não houver análises de alto risco que tragam embutidas as previsões favoráveis à materialização da democracia.

Da mesma maneira, se haverá ou não um confronto de civilizações é impossível antecipar com certeza científica. Pode ocorrer, caso não se cultivem os apropriados anticorpos. Por falta deles, assistiu-se no passado ao autoritarismo, patrocinado por blefes analíticos como "excesso de demandas" e "explosão participatória", passar por necessário e inevitável.

Existem poucas coisas necessárias na vida política. Não é necessário que sobrevenha um confronto de civilizações, sobretudo quando estas são definidas de maneira oportunisticamete interessada. Nem existe necessidade de governos fortes no Brasil, por conta de outro conceito pedante e vazio - a ingovernabilidade, o clichê da moda nos meios acadêmicos e fora deles. Não há democracias ingovernáveis, mas democracias mal-governadas, como disse o inglês Richard Rose. E não será por causa de um mau governo que se vai destruir as instituições democráticas, eu acrescento.

O Brasil contemporâneo está sitiado por analistas de alto risco. Eles acreditam, por exemplo, no fantasma da "fujimorização", que ninguém sabe exatamente o que seja, mas que se presume ser o novo vírus autoritário da América Latina. Ajudando a fazer cumprir uma previsão de altíssimo risco, esses analistas transformam-se em instrumentos da mais recente ousadia do brilhante Huntington, para transformar a América Latina numa "civilização" realmente à deriva do resto da humanidade.

A Espada do Espírito
Há um site interessante sobre os fatos que acontecem na atualidade. Certamente, nesse site há excessos e uma forte dose de fanatismo em alguns artigos, porém, misturado a tudo isso, existem informações verdadeiras e relevantíssimas para compreendermos certas ações da atualidade, principalmente aquelas que são manipulações e mentiras disseminadas pela mídia global...

O site é "A Espada do Espírito" (Clique aqui para acessá-lo)...

Inclusive, chamo a atenção para os textos relacionados com a tal "Terceira Guerra Mundial" (Textos aqui)...

Atualmente, precisamos analisar todos os aspectos de uma notícia ou fato... É preciso analisar todas as falas e discursos para se depurar a questão, obtendo, dessa filtragem, a verdade...

Contudo, é preciso considerar a seguinte questão: "Alguém teve que exercer o papel de Judas para que a história de Jesus se desenvolvesse... O mesmo vale para as outras profecias... Alguém terá que construir o cenário que antecede o Novo Céu e a Nova Terra... As profecias se cumprem pela vontade de Deus, não pela vontade dos homens..."

Planeta-prisão
O Gulag não existe mais. Existem, sim, milhões de indivíduos que hoje trabalham sob condições semelhantes às daquele tempo. Submetidos ao jogo do mercado, os governos impõem, por meio da lei, da força e de ameaças econômicas e de desinformação, regimes de “morte civil” em massa...

O malabarismo dos camaleões
Estranha metamorfose: os economistas e jornalistas que defenderam, durante décadas, as supostas qualidades do mercado, agora camuflam suas posições. Ou — pior — viram a casaca e, para não perder terreno, fingem esquecer de tudo o que sempre disseram.

Ataque de Israel
O ataque de Israel aos Palestinos seria um último espasmo do Governo Bush ??? Será que teria alguma relação com a visita do Papa a Jerusalém ???

O problema é o pênis
“O mundo seria mais pacífico se fosse governado por mulheres” - Para cientista britânico, embora a agressividade dos machos tenha sido necessária para a evolução da espécie, ela virou um problema no mundo contemporâneo...
Ressaca da evolução - O britânico Malcolm Potts defende que a agressividade masculina que era fundamental para a sobrevivência da espécie tem agora um efeito negativo sobre a humanidade

(Entrevista completa na Revista Época)

Contudo, mulher com TPM ninguém merece !!!

27/12/2008

Tenho que aprimorar
Acho que terei que aprimorar técnicas de defesa contra os ataques do mundo sombrio... Mais do que isso, tenho que aprender a movimentar as forças do bem... Eu já percebi que essas forças estão ligadas à fé em Deus... A fé no Poderoso Deus de Abraão (pensamento forte) não só move montanha como também movimenta energias e produz milagres...

Até agora restrinjo a minha defesa a pedir proteção ao Poderoso Deus de Abraão e a enviar de volta, aos feiticeiros e magos, o mal que é lançado contra mim...

O lado sombrio já percebeu que não é tão fácil me atingir, pois há forças poderosas protegendo-me, cobrindo os meus passos... A grande evidência disso é o fracasso dos rituais de ataques que executam... Rituais poderosos tem sido utilizados, mas todos eles fracassam diante da presença do Poderoso Deus de Abraão...

Eu tenho que me aprimorar para o que está por vir... Algo grande se aproxima, pois as tentações e as tentativas de influenciar e desviar-me tem se multiplicado...

Sociedades Secretas
Certamente, quando ataco algumas sociedades secretas, não estou colocando tudo no mesmo saco !!! Não estou apontando todas as sociedades secretas como manipuladoras da humanidade e servas do lado sombrio...

Inegavelmente, tem sociedades secretas que não conspiram contra o Criador e nem contra a Criação...

O problema é separar o jóio do trigo !!! Separação que é extremamente difícil, para não dizer quase impossível, para os membros dessas sociedades, o que dirá para os de fora...

Os membros de algumas dessas sociedades somente descobrirão a quem realmente serviram, ao longo de toda a vida, quando chegarem no último grau e receberem o 666 na testa...

Huntington morreu !!!
Samuel Huntington morreu, aos 81 anos (9 x 9), no Estado americano de Massachusetts...
(Notícia aqui)

Um Novo Céu e uma Nova Terra
Eu acho muito interessante as profecias que falam em "Um Novo Céu e uma Nova Terra". Geralmente, nos ligamos, rapidamente, no termo "Uma Nova Terra" e não prestamos atenção no outro "Um Novo Céu".

Eu ainda não tive nenhuma visão direta sobre isso, porém, o termo "Um Novo Céu" sugere que a revolução virá de cima para baixo... Parece-me que o Criador vai fazer uma faxina completa nos domínios celestiais...

Vou refletir profundamente sobre isso... Será que o equilíbrio será rompido ???

A vontade de Deus
Você acha que a vontade dos membros das sociedades secretas é a vontade de Deus ??? Você acha que Deus deu poder para sociedades secretas fazerem cumprir as profecias quando bem quiserem ??? Você acha que Deus deu poder para sociedades secretas escolherem o Messias e dizer qual que serve e qual não serve ??? Enfim, você acha que as sociedades secretas realmente estão ligadas ao Criador ??? Se estivessem, por que seriam secretas ???

Talvez a grande ironia do destino seja justamente isto: os escolhidos serão aqueles que não servem a sociedades secretas, nem seguem seus falsos profetas, aqueles que se mantiveram puros, longes das manipulações e mentiras...

Para o Shabat:
(Nós Te agradecemos) pela Torá, pelo serviço Divino, pelos profetas, e por este dia de Shabat, que Tu nos deste, ó Senhor nosso Deus, para santidade e descanso, para glória e beleza.

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Deus descansou e santificou o Shabat... Hoje, aqueles que se dizem seguidores de Deus, usam o Shabat para espalhar destruição e morte, para começar uma guerra...

O Caso Slovik
Os que nada possuem estão cansados de ir para uma guerra defender os que tem tudo
Enciclopédia Jurídica - Leib Soibelman

Eddie D. Slovik, soldado raso do exército norte-americano, foi fuzilado em 1945, na França, como desertor, tendo declarado em sua confissão que renovaria, se necessário, o seu gesto. Foi o único soldado executado por deserção desde 1864.

Durante a guerra de secessão, Lincoln ordenou a execução de desertores e na segunda grande guerra houve milhares de casos.

Slovik teve uma juventude marcada por pequenos delitos e reformatórios, até que pouco antes de ser convocado casara, trabalhava regularmente e tinha um carro velho, coisas que para ele representavam muito, pois pela primeira vez estava usufruindo algo depois de uma vida de misérias.

Sua reação ao receber o aviso de convocação foi a seguinte: "por que é que antes eles não se interessavam por mim e agora que consegui alguma coisa eles me chamam?" Só tinha encontrado adversidade em sua vida anterior e não tinha nenhuma formação para entender os deveres de um cidadão ou ser grato ao sistema no qual vivia. Além disso era uma pessoa extremamente temerosa, o que já havia sido notado pelos que o conheciam ou examinaram.

Na frente de combate recusou-se a atirar contra qualquer inimigo e não admitia que o governo pudesse exigir de alguém que fosse para uma guerra. Desertou por simples covardia, condição que nunca negou, achando que não tinha constituição para enfrentar o inimigo.

Pouco antes de ser executado declarou: "eles não me fuzilam porque eu desertei, coisa que milhares fizeram, mas pelo pão que roubei quando tinha doze anos", e, desgraçadamente, dizia a pura verdade, porque os militares que participaram do caso achavam que o seu "passado civil" não recomendava a clemência confundindo simples delitos da juventude com uma vida de criminoso endurecido.

Paradoxalmente, enfrentou o fuzilamento com uma grande coragem. Eisenhower, chefe das forças norte-americanas na Europa, recusou a clemência, baseado em relatórios de seus assessores, um dos quais afirmava que Slovik devia ser executado não como "castigo ou sanção, mas para manter a disciplina, que somente ela pode nos assegurar a vitória sobre nossos inimigos".

É verdade que na época os exércitos norte-americanos enfrentavam terríveis batalhas e dificuldades. O processo veio demonstrar mais uma vez o eterno drama ou conflito entre a autoridade e a consciência individual, entre os interesses de uma comunidade e os direitos de cada um.

Slovik pretendia trocar os perigos da frente de batalha pela segurança e relativo conforto de uma prisão, pois desertou deliberadamente como ficou provado. Dias antes de fazê-lo indagara de superiores sobre o que é que podia acontecer no máximo num caso de deserção e todos lhe responderam que era uma corte marcial, ninguém lhe tendo dito que podia arriscar uma pena de morte. Parece que ele mesmo não acreditava na execução até o último momento.

Um dos generais declarou: "se perdoar um tipo desses como poderei encarar meus comandados da linha de frente? se todos pensarem assim, amanhã estaremos sob as botas de Hitler". O azar de Slovik foi ter sido julgado quase que sumariamente por uma corte marcial no teatro da guerra, sem nenhuma defesa que pudesse apelar para exames psiquiátricos ou psicanalíticos e outros recursos de caráter particular.

Anos depois, o número de desertores aumentou tremendamente, como na guerra da Coréia e do Vietnã, mas eram situações totalmente diferentes, guerras de intervenção norte-americana em terra alheia e não em defesa de toda uma civilização como na segunda grande guerra.

Hoje a opinião pública reprova totalmente a execução de um desertor.

Outro azar de Slovik foi ter sido enviado para a frente de luta em vez de prestar um serviço burocrático, falha evidente do serviço de convocação que não soube analisar a sua personalidade. Mas este processo suscita uma questão séria: o que é o dever? Como conciliar um mundo que defende a liberdade pelas armas com os direitos que tem uma pessoa de ser convencida de que o seu sacrifício é justo? como exigir de um indivíduo que defenda um sistema que lhe negou tudo?

É evidente que o melhor seria não existirem guerras, mas dizer isto não resolve nada. Só uma conclusão é possível tirar: a democracia, para exigir com justiça a participação de um indivíduo na guerra, tem de ser social e não apenas formal, porque os que nada possuem estão cansados de ir para uma guerra defender os que tem tudo.

B. - William Bradford Huie, L'exécution du soldat Slovik. Julliard ed. Paris, 1956.

Os Sith comandam
Os Sith estão no comando. Dominam países. Dominam o mercado financeiro. Dominam a mídia. Fazem guerras, disseminam a violência e a destruição.
Lobos na pele de cordeiro...

Os governantes invisíveis

Texto Extraído da Revista Planeta - Sociedades Secretas
Transcrito por Krishna Bonavides
Os homens que se encontram no primeiro plano da vida política têm realmente o poder entre suas mãos? Para Serge Hutin, autor de Governantes Invisíveis e Sociedades Secretas, o destino das nações depende, freqüentemente de grupos de homens que não estão investidos de cargos oficiais. Trata-se de sociedades secretas, verdadeiros governos ocultos que decidem o nosso destino sem o nosso conhecimento.

Pesquisa de Iliana Marina Pistone

Ao observarmos um formigueiro, as formigas parecem perambular a esmo, numa atividade febril e inútil, quando, de fato, todas as ações individuais têm como fim o mesmo alvo comum, cujas constantes são determinadas da forma mais categórica pela "alma coletiva" do formigueiro. Observando-se toda a seqüência da história, repleta de acontecimentos humanos, de contínuas reviravoltas que se manifestaram durante séculos, somos levados a perguntar se tudo isso tem algum sentido de coerência e se esse conjunto aparentemente caótico constituído pela humanidade pode ser comparado a um imenso formigueiro.

Essa é a questão principal levantada por Serge Hutin, na tentativa de explicar os grandes enigmas da história através da existência de governantes invisíveis e sociedades secretas, que regeriam o mundo. Examinando-se a história humana de um ponto de vista geral, notamos, de um lado, o equilíbrio, a ordem harmoniosa, a organização sintética. De outro lado, o caos completo, a desorganização, a desagregação. Hutin questiona se essa continuidade de eventos pertence ao acaso ou se até mesmo as forças caóticas não estariam obedecendo a diretrizes detalhadas, sob a orientação de governantes invisíveis.

Robert Payne, um autor inglês, publicou, em 1951, o livro intitulado Zero, The Story of Terrorism, no qual relata a existência de dirigentes ocultos que, à sombra de governos visíveis, manejavam essa terrível arma do terrorismo, sobrepujando até os poderosos grupos econômicos, cujo papel secundário limitava-se ao financiamento. Fatos estranhos passaram a acontecer após a publicação do livro, desde a compra de todos os estoques disponíveis por misteriosos emissários, até a quase falência da Wingate , uma das sólidas editoras no mercado londrino e, finalmente, a morte inexplicável do autor, alguns meses depois.

UMA PIRÂMIDE DE TRÊS DEGRAUS

Quanto a isso, Jacques Bergier, pesquisador dos enigmas da humanidade, revelou a existência de uma lista de assuntos proibidos para a imprensa, minuciosamente relatados em um caderno preto. Segundo ele, a proibição é de alcance mundial e universal, não levando em consideração o regime político dos vários países, e todo diretor de jornal importante tem uma cópia desse caderno, seja ele de tendências comunistas ou capitalistas.

Entende-se por sociedade secreta um grupo mais ou menos numeroso de pessoas, que se caracteriza por manter reuniões estritamente limitas a seus adeptos, e também por manter o mais absoluto sigilo a respeito das cerimônias e dos rituais onde se manifestam os símbolos que esta sociedade se atribui. As finalidades das sociedades secretas são as mais variadas: políticas, religiosas, espirituais, filosóficas e até criminosas.

Em 1945, em Paris, Raoul Husson (1901-67), fisiólogo e psicólogo, publicou um livro, sob o pseudônimo de Geoffroy de Charnay, nome de um dos grandes templários franceses, condenado à morte pelo fogo, em 1314, junto com o grande mestre Jacques de Molay. Nesse livro, Husson revelou que as sociedades secretas mundiais formavam uma pirâmide de três degraus. No primeiro degrau, de fácil acesso, encontram-se os homens considerados úteis. No segundo degrau, o acesso é mais selecionado e seus adeptos desempenham papéis importantes, influenciando no plano nacional e internacional. No cimo da pirâmide estariam as sociedades secretas superiores, que agem por trás dos bastidores. Todos os assuntos importantes da política internacional estariam nas mãos dessas sociedades.

CEMITÉRIOS REPLETOS DE GENTE INSUBSTITUÍVEL

Gurdjieff, o conhecido "mago" caucasiano, teria sido, no século 20, um destes personagens que chegaram ao ponto mais alto do domínio invisível dos assuntos humanos. De fato, Gurdjieff declarou: "Tive a possibilidade de me aproximar do sancta sanctorum de quase todas as organizações herméticas, ou seja, sociedades religiosas, ocultas, filosóficas, políticas ou místicas, e que são vedadas aos homens comuns".

Muito já foi dito da ação, freqüentemente ignorada, mas poderosa, das sociedades secretas que "dominam o mundo". Como exemplo, há a franco-maçonaria e seu desempenho marcante ao longo da Revolução Francesa. Outro grupo de ação notável foi o dos iluminados da Bavária, no século 18, cujo "poder oculto" teria levado Napoleão Bonaparte ao poder. Havia, entre os iluminados, Goethe, Herder, o alquimista rosacruciano Eckartshau- sem e muitas outras personalidades que não desconfiavam em absoluto dos verdadeiros objetivos políticos da seita.

Bonaparte teria alcançado o mais alto grau na Ordem dos Iluminados, além de Ter sido maçom e alto dignitário de outras ordens fraternais ; entre elas a Fraternidade Hermética, que ele conheceu na época da campanha egípcia.

Gérard Serbanesco, terceiro volume de sua obra Historie de la Franc-Maçonnerie Universelle, reproduz o relato de Napoleão sobre a cerimônia de sua iniciação.

Lamentavelmente, a partir do momento em que Napoleão se deixou dominar pela sua ambição pessoal, não sendo mais o executador de planos secretos, a boa sorte o abandonou e o seu destino mudou.

Outra personalidade que recebeu iniciação numa seita de filiação templária foi Cristóvão Colombo, que, contrariamente à teoria tradicional, não teria iniciado sua viagem às cegas. Em Les Mystéres Templiers, Louis Charpentier conta como Colombo recebeu, dos navegadores a serviço do Templo, o conhecimento de uma rota que levava ao novo mundo e a missão da descoberta. Charpentier reuniu, a esse propósito, provas realmente interessantes.

Questões podem ser igualmente levantadas quanto à fulminante carreira de Joana D'Arc. Numa época em que todas as mulheres eram categoricamente excluídas de qualquer atividade política, todas as portas, até as mais fechadas, abriram-se para ela. Apesar de ser mais fácil explicar a sua atuação através da santidade, pode-se também supor que a sua missão tenha sido apoiada, se não preparada, pela intervenção de uma poderoso sociedade secreta. A que estaria relacionado o grande segredo que ela só quis confiar ao futuro Carlos VII?

Por outro lado, toda vez que algo ou alguém parece obstacular o determinismo cíclico da evolução do mundo, a ação dos governos invisíveis, que agem implacavelmente, faz-se presente. Dessa forma, vários atentados políticos, atribuídos a fanáticos isolados, foram reconhecidos como execuções friamente decididas. Nesses casos, o assassino existe, mas ele é somente o agente que executa uma tarefa decidida por um poderoso grupo oculto.

O assassinato do presidente Kennedy permanece ainda hoje envolto em mistério, e a impressão que se tem é de que "alguém" não quer vê-lo esclarecido. Quanto a isso, Hutin menciona quatro pontos inquietantes:

1) "Por acaso", somente o prédio de onde saíram os tiros fatais não estava sendo vigiado pela polícia de Dallas.

2) Vários assassinos estavam em posições estratégicas, e suas atuações eram sincronizadas pelos gestos que um misterioso "diretor de orquestra" estava fazendo com seu guarda-chuva, sobre uma elevação (fotos que revelam isto foram publicadas por várias revistas, entre as quais a Paris Match); na eventualidade de Lee Oswald errar o alvo, um dos outros atiradores teriam entrado em ação

3) Já preso, o sicário foi convenientemente liquidado por um "justiceiro", que, por sua vez, morreu convenientemente de "câncer generalizado".

4) Por uma série de estranhas coincidências, um número impressionante de testemunhas do crime desapareceu e, em todos os casos, foi por acidente.

Não seria interessante levarmos em conta a intervenção de estranhos "invisíveis"que seguram o fio da história?

Bastante elucidativa é a sentença que diz: "Os cemitérios estão repletos de gente in-substituível".

Os jovens políticos que conhecem as manobras complicadas que se passam por trás dos bastidores são muito raros, e, quando certas figuras começam a atrapalhar os planos secretos que estão sendo executados, quer tenham ou não consciência disso, são tomadas as medidas necessárias, que podem ser sumárias ou secretas, para eliminá-las. Via de regra, os atentados políticos da história se caracterizam pela presença de um assassino fanático, instrumento de um grupo poderoso e insuspeito que permanece fora de cena. Em seguida, esses fanáticos são eliminados depois do atentado (por policiais ou pelo próprio povo) ou, quando presos com vida, se há dúvidas quanto à garantia de seu silêncio, são eliminados de forma definitiva. Foi isso o que teria acontecido a Lee Oswald, o assassino de Kennedy.

Em 15 de setembro de 1912, Revue Internationale des Sociétés Secrètes relata uma sentença dita por uma personalidade importante, uma espécie de eminência parda da política européia, que se teria manifestado da seguinte forma, a respeito do arquiduque Francisco Fernando, da Áustria: "É um bom moço. É uma lástima que esteja condenado. Vai morrer nos degraus do trono". Esse tipo de declaração nos faz refletir: o destino do arquiduque Francisco Fernando, cujo assassinato em Sarajevo daria ensejo à deflagração da Primeira Guerra Mundial, já estava decidido dois anos antes do fato. Quem teria tomado a decisão? Voltamos novamente aos governantes invisíveis.

Dessa forma, tudo leva a crer que a guerra de 1914 já estava sendo esperada, preparada e "programada", dois ou três anos antes do seu início. Muitos acontecimentos mostram o contínuo esforço, através de slogans e de imagens, para exacerbar o entusiasmo bélico das massas na investida contra o inimigo.

OPUS DEI LIGADA AOS GOVERNANTES SECRETOS

Observando-se os acontecimentos de nossos dias , os antagonismos, as desforras militares, políticas ou de espionagem, poderíamos encontrar a prova irrefutável, de que vários grupos "espirituais", alguns dos quais talvez ligados aos governantes secretos do mundo, têm realmente uma atividade temporal definida. Em 1969 vários dirigentes da Opus Dei entraram ativamente no governo franquista, apresentando, dessa forma, o problema da sua influência política concreta, não somente na Península Ibérica, com um movimento que já contava, há cinco anos, com mais ou menos 50 mil membros no mundo inteiro. Tal organização, fundada na Espanha em 1928, pelo reverendo pe. José Maria Escriva de Balaguere, não pode ser considerada uma sociedade secreta na acepção da palavra. A Opus Dei afirma: "Somos unicamente uma associação de fiéis, cujas finalidades são só religiosas e apostólicas", fazendo com que seus adeptos sigam normas de vida católica na sua totalidade, não apenas no que diz respeito à vida particular, mas também na integração dentro da profissão e da sociedade. Contudo, os altos dirigentes de tal instituição, apesar da vida asceta e altruísta, não deixaram de se utilizar das condições objetivas do mundo moderno, não se esquecendo das finanças e da atividade política. Muitas obras beneficentes e fundações altruístas surgiram: clínicas, escolas, centros culturais e casas para estudantes. Seria o caso de não excluirmos a eventualidade de contatos sigilosos entre essa organização e sociedades ou até remanescentes ocultos da Inquisição espanhola.

A SINARQUIA DO IMPÉRIO

Para se reconhecer, entre os personagens conhecidos ou desconhecidos da grande história, quais deles teriam recebido suas tarefas diretamente dos governantes invisíveis, é preciso distinguir duas categorias de personalidades: uma constituída por homens que tiveram papel de destaque no plano histórico e que estavam a par dos grandes segredos, tais como Richelieu, Benjamin Disraeli, o primeiro-ministro da rainha Vitória, e Lenin.

A segunda categoria compreenderia os personagens que não aparecem em nenhum livro de história: tiveram um papel ativo, apesar de secreto, influenciando a situação histórica e política.

Timothée-Ignatz Trebitsch, um aventureiro judeu, foi uma eminência parda, utilizado para facilitar o advento do nazismo na Alemanha. Outra personalidade que parece ter tido um papel importante no campo da política secreta é o "mago" inglês Aleister Crowley (1875-1947). Num passado mais remoto, vamos encontrar as enigmáticas figuras do conde de Saint-Germain e de Cagliostro.

O nome "sinarquia", pela sua etimologia grega, pressupõe a realização de uma ordem sagrada num equilíbrio perfeito, de uma harmonia complexa, que seria o reflexo das leis cósmicas. Está associado a uma das mais misteriosas sociedades secretas modernas de governantes invisíveis, tendo sido introduzido pelo grande esoterista Alexandre Sain-Yves, que viveu entre 1842 e 1909. Recebeu do papa o título de marquês de Alveydre e tornou-se conhecido como Saint-Yves d' Alveydre. Viu-se escolhido pelos governantes invisíveis do mundo para executar seus planos, tendo deixado um número de obras muito estranhas: Mission des Souverrains, Mission des Juifs, Mission de l'Inde, L'Archéomètre. Saint-Yves apregoava o ideal de uma sinarquia universal, a Sinarquia do Império, e não restam dúvidas de que manteve contato direto com os mais altos governantes secretos.

A Sinarquia do Império tinha uma estrutura hierárquica, essencial para o sistema, e que era resumida no seu símbolo: um triângulo em quatro níveis , mostrando, em seu interior, um olho, e cujo vértice coincidia com a extremidade de uma estrela de cinco pontas. Em todas as sociedades secretas realmente poderosas encontramos sempre esta estrutura hierárquica, cujos diferentes níveis de atividades são estritamente separados, de forma que cada grupo atue no seu nível e para que os chefes supremos possam agir sem nunca serem percebidos.

O GRANDE MONARCA, ANUNCIADO POR NOSTRADAMUS

É muito interessante notar como o antagonismo entre o bem e o mal se faz presente em todos os campos. No fim do ciclo terrestre, a ação das forças demoníacas seria terrível, prega a tradição. A profecia revelada a Salete, na França, em 1846, com relação ao fim do mundo, é apavorante. Ainda segundo uma tradição francesa, espera-se a aparição, para depois dos acontecimentos apocalípticos, de um legítimo soberano, o grande monarca, anunciado por Nostradamus e aguardado com tanta ansiedade. São várias as versões quanto à identificação desse grande monarca.

O que se conclui é que os aspectos negativos no mundo, o lado demoníaco da continuidade histórica, enfim, o que se chama de mal, pode ser encarado como um aspecto decididamente lamentável, mas cosmicamente inevitável no desenvolvimento do ciclo terrestre. O próprio mal é uma necessidade metafísica a ser integrada no plano divino.

De acordo com uma tradição oral, as Sinarquias do Império usariam, também, como senha, o antigo símbolo chinês que indica a complementação indissolúvel e a ligação inexplicável entre os dois pólos cósmicos universais, positivo e negativo, ou masculino e feminino. Esse tradicional e significativo símbolo é formado por um círculo branco e preto. A parte branca e a preta estão separadas por uma linha em espiral; na parte preta encontra-se um ponto branco e na parte branca há um ponto preto. Isto quer dizer que, no apogeu da fase evolutiva do ciclo terrestre (o triunfo do branco), o preto nunca desaparece completa-mente, e sua presença está assinalada por aquele ponto e, inversamente, na fase involutiva do ciclo (triunfo do preto), o ponto branco sempre permanece.

Nenhuma manifestação poderia ter acontecido nem acontecer sem essa complementação cósmicas dos dois contra-pontos. É comum encontrar-se em todas as tradições alusão à existência de governantes invisíveis secretos, personalidade misteriosas que controlam o desenvolvimento da história humana e modo minucioso. E o que se sabe dizer é que essas figuras misteriosas aparecem quando sua presença é muito necessária.

Na tradição dos rosacruzes existe uma hierarquia de mestres desconhecidos, um conselho constituído por doze homens, que supervisionam a evolução da humanidade. Acima deles existiria outra hierarquia de entidades que já superaram o nível mortal humano, conhecida como o invisível permanente.

Assim como existe a iniciação autêntica, que transporta a um estado supra-humano, há em contrapartida a "pseudo-iniciação", cuja finalidade é a divulgação da subversão e do caos, trabalhando para o "fim do mundo". Ao que parece, essas forças contrárias estão incluídas no plano divino.

Todo homem possui no seu íntimo a possibilidade de adquirir poderes para elevar-se a um nível superior, mas poucos são os que o conseguem. Ouspensky, discípulo de Gurdjieff, cita em Fragments d'un Enseignement Inconnu a seguinte observação feita por seu mestre: "Se dois ou três homens despertos se encontram no meio de uma multidão de adormecidos, eles se reconhecem imediatamente, enquanto os adormecidos não poderão vê-los... Se duzentos homens conscientes achassem necessária uma intervenção , poderiam mudar todas as condições de existência na Terra".

O domínio dos dirigentes ocultos dos grupos por eles supervisionados se faz também do uso sistemático da força psíquica dos símbolos. É fácil constatar, especialmente nas ideologias que exploram as massas, o uso e a eficácia dos símbolos, verdadeiras "armas" que ativam e despertam a energia que se encontra profundamente arraigada na psique humana, na parte que constitui o inconsciente coletivo da humanidade. Assim, vamos encontrar a cruz gamada ou suástica, um dos símbolos mais antigos e mais significativos da humanidade, encontrado no mundo inteiro, ao longo da história. Num primeiro tempo a suástica representou, simbolicamente, a rotação das sete estrelas da Ursa Maior em volta da estrela Polar. Em seguida, o seu significado ampliou-se e passou a ser o símbolo do movimento cósmico. Dependendo da direção em que se dobram os braços da cruz, a suástica chama-se direita, representando a fase evolutiva, ou, ao contrário, invertida, representando a fase regressiva de um ciclo terrestre no seu conjunto. Os chefes nazistas teriam escolhido a suástica invertida como símbolo da sua ideologia de maneira proposital, com o intuito de se valer das forças involutivas, caóticas e desintegrantes. No seu delírio, a ideologia nazista usou uma influência invertida do Antigo Testamento, no que diz respeito ao povo eleito, à raça eleita. É bem possível, portanto, que Hitler tentasse "ajudar" o ciclo terrestre, pensando que quanto mais apresentasse as catástrofes, mais rapidamente chegaria a Idade de Ouro, e todo o mal desapareceria!

O texto sânscrito Vishnu Purana descreve que a época de Kali, ou seja, da detruição, poderá ser identificada quando "a sociedade atingir um nível em que a propriedade outorgue categoria, a riqueza for a única fonte de virtude, a paixão constituir o único laço de união ente marido e mulher, a falsidade for a matriz do sucesso na vida, o sexo o único meio de prazer, e quando os ornamentos exteriores se confundirem com a religião interior".

Guénon, um espírito muito lúcido e sensível à percepção dos sinais apocalípticos do nosso tempo, é autor do livro A Era da Quantidade e o Sinal dos Tempos, escrito no período entre as duas guerras, onde preconiza a robotização das massas: "Os homens ficarão uns autômatos, animados artificial e momentaneamente por uma vontade infernal, e isto dará uma idéia nítida do que acontece à própria beira da dissolução final".

Hoje, o que podemos perceber é que as influências mágicas mudaram na sua forma, no seu ritual e na sua aparência, mas as técnicas de condicionamento mágico continuam existindo. Basta observarmos com que facilidade se lança uma moda. O que pode ser feito com a moda pode ser aplicado em muitos outros campos, porque o comprimento de uma saia e um slogan político, além do controle da informação, podem ser divulgados da mesma maneira, observou Robert Mercier.

Goebbels, o único ministro da propaganda nazista, sabia perfeitamente que as massas podem ser manobradas, porque prevalece a lei pela qual o comportamento de uma coletividade desorganizada é sempre caracterizado pelo nível intelectual mais baixo.

Governantes Invisíveis e Sociedades Secretas, de Serge Hutin, publicado no Brasil pela editora Hemus, examina em profundidade uma tese defendida por muitos estudiosos ligados à corrente do realismo fantástico (entre os quais o falecido Jacques Bergier). Essa tese afirma que, desde os primórdios da história, o mundo é governado na realidade por homens ou grupos de homens só muito raramente conhecidos: os membros de sociedades supersecretas. Sua existência nunca é pressentida, até o momento em que um fato imprevisível os leva a manifestarem-se abertamente.

Esses homens, por sua vez, obedeceriam a determinações de poderosas inteligências ainda mais ocultas e de compreensão praticamente impossível para o comum dos homens. Como escreveu o autor americano Philip José Farmer, em seu livro O Universo às Avessas: "Poderes sobre-humanos dirigem, do vértice da pirâmide dos governantes visíveis e invisíveis, toda a evolução de todos os sistemas planetários e das galáxias, incluindo todos os homens e os seres que os habitam. Se isso for verdade, a limitada inteligência humana seria incapaz de configurar o conjunto dos ciclos dos planetas e das galáxias, da mesma forma que uma célula de nosso organismo não tem a capacidade de entender a estrutura do conjunto ao qual pertence".

Bençãos da Haftará

Antes de recitar a Haftará:

Abençoado és Tu, ó Senhor, nosso Deus, Rei do Universo, Que escolheu bons profetas e teve deleite com suas palavras, que foram ditas em verdade.

Abençoado és Tu, ó Senhor, Que escolhe a Torá, Moisés Seu servo, Israel Seu povo, e profetas da verdade e retidão.

Após Recitar a Haftará:

Abençoadp és Tu, ó Senhor, nosso Deus, Rei do Universo, Criador de todos os universos, justo em todas as gerações, o Deus confiável, Que diz e faz, Que fala e cumpre. Todas as Suas palavras são verdadeiras e justas.

Tu és confiável, ó Senhor nosso Deus, e Tuas palavras confiáveis. Nenhuma só de Tuas palavras retorna sem ser cumprida, uma vez que Tu és Deus, um Rei confiável e misericordioso. Abençoado és Tu, ó Senhor, o Deus que é confiável em todas as Suas Palavras.

Tem misericórdia de Sion, pois é a fonte de nossa vida. Salva o humilhado rapidamente em nossos dias. Abençoado és Tu, ó Senhor, Que alegras Sion através de seus filhos.

Alegra-nos, ó Senhor nosso Deus, através de Elias o profeta, Teu servo, e através do reino da Casa de David, Teu ungido (Messias). Que ele venha rapidamente e traga alegria para nossos corações. Que nenhum estranho ocupe seu trono, e que outros não mais tomem sua glória para si. Tu juraste a (David) por Teu Santo Nome que sua lâmpada nunca seria extinta. Abençoado és Tu, ó Senhor, Escudo de David.

Para o Shabat:

(Nós Te agradecemos) pela Torá, pelo serviço Divino, pelos profetas, e por este dia de Shabat, que Tu nos deste, ó Senhor nosso Deus, para santidade e descanso, para glória e beleza.

Israel x Palestinos
Eu digo apenas uma coisa: a maior parte dos conflitos mundiais, incluindo os do Oriente Médio, são manipulados por sociedades secretas. Esses conflitos servem a interesses... Inclusive, analisando todos os aspectos friamente, pode-se dizer até que não existe um conflito... Existe apenas uma simulação de conflito... Uma simulação mortal para a população e para o Povo que serve de bucha de canhão e escudo para as bombas e para os foguetes...

Não existe um conflito, pois há apenas um lado... Ambos os lados que, supostamente lutam entre si, são manipulados e estão sujeitos ao mando de uma só vontade... A vontade das sociedades secretas... Servem ao lado sombrio, muitas vezes, sem saber a quem servem... Há uma mão invisível manipulando ambos os lados e jogando uns contra os outros... Isso vai acontecer até que todos estejam mortos e só sobre os tais "escolhidos"...

E o Irã ??? O Irã é uma ovelha estúpida seguindo para o matadouro... O Presidente do Irã e os Aiatolás vão matar seu próprio Povo... O mesmo discurso (armas de destruição em massa, ódio a Israel, etc) e a mesma tática que aplicaram ao Iraque e enforcaram o Sadam, estão aplicando ao Irã e irão enforcar todos os Aiatolás...

O que Deus tem com isso ??? Deus não tem nada a ver com isso... Manipulações, mentiras, guerras e destruição são ações do lado sombrio. São demônios lutando entre si. Basta observar que Deus não usa petróleo e nem necessita de território ou de assento entre as nações...

Mas as sociedades secretas bla, bla, bla ???? As sociedades secretas foram tomadas pelos Sith... Estão nas mãos dos Sith... Os Jedi, assim como a verdade, a justiça e a paz, foram subjugados...

26/12/2008

O Sopro de Deus
No texto da obra Conexões Ocultas de Fritjof Capra, citado no post abaixo, é importante ressaltar o seguinte ponto:

"A identificação da mente, ou cognição, com o processo da vida é uma idéia nova na ciência, mas é uma das intuições mais profundas e arcaicas da humanidade.

Nos tempos antigos, a mente racional humana era vista como apenas um dos aspectos da alma imaterial, ou espírito. A distinção básica que se fazia não era entre corpo e mente, mas entre corpo e alma, ou corpo e espírito. Nas línguas antigas, tanto a alma quanto o espírito eram descritos pela metáfora do sopro vital.

As palavras para "alma" em sânscrito (atman), em grego (psyche) e em latim (anima) significam, todas elas, "sopro". O mesmo vale para as palavras que significam "espírito" em latim (spiritus), em grego (pneuma) e em hebraico (ruálí). Também elas significam "sopro". "

Enquadramento da Teoria que desenvolvo
As teorias e idéias que desenvolvo são inéditas e completamente independentes. Por isso, não é possível enquadrá-las em pesquisas anteriores. Contudo, é possível, e isso eu farei, identificar e capturar fragmentos de teorias e idéias anteriores e enquadrá-las nas teorias que estou desenvolvendo...

Conexões Ocultas
Fritjof Capra

2- Mente e consciência

Uma das mais importantes conseqüências filosóficas dessa nova compreensão da vida é uma concepção inaudita da natureza da mente e da consciência, que finalmente supera o dualismo cartesiano entre mente e matéria. No século XVII, René Descartes baseou a sua concepção da natureza numa divisão fundamental entre dois domínios independentes e separados - o da mente, a "coisa pensante" (rés cogitans), e o da matéria, a "coisa extensa" (rés
extensa). Essa cisão conceitual entre mente e matéria tem assombrado a ciência e a filosofia ocidentais há mais de trezentos anos.

Depois de Descartes, os cientistas e os filósofos continuaram a conceber a mente como uma espécie de entidade intangível e foram capazes de imaginar como essa "coisa pensante" poderia relacionar-se com o corpo. Embora os neurocientistas saibam desde o século XIX que as estruturas cerebrais e as funções mentais estão intimamente ligadas, a exata relação entre a mente e o cérebro permanece misteriosa. Ainda em 1994, data recente, os organizadores de uma antologia chamada Consciousness in Philosophy and Cognitive Neuroscience [A Consciência na
Filosofia e nas Neurociências da Cognição] tiveram de declarar francamente em sua introdução: "Muito embora todos concordem em que a mente tem algo que ver com o cérebro, ainda não há
consenso generalizado quanto à natureza exata dessa relação.'"

O avanço decisivo da concepção sistêmica da vida foi o de ter abandonado a visão cartesiana da mente como uma coisa, e de ter percebido que a mente e a consciência não são coisas, mas processos. Na biologia, esse novo conceito da mente foi desenvolvido durante a década de 1960 por Gregory Bateson, que usou o termo "processo mental", e, independentemente, por Humberto Maturana, que centrou sua atenção na cognição, o processo de conhecimento.(2) Na década de 1970, Maturana e Francisco Varela ampliaram a obra inicial de Maturana e transformaram-na numa teoria plenamente formada, que se tornou conhecida como a teoria da cognição de Santiago.(3) No decorrer dos últimos vinte e cinco anos, o estudo da mente a partir dessa perspectiva sistêmica floresceu e tornou-se um grande campo interdisciplinar de estudos, chamado de ciência da cognição, que transcende as estruturas tradicionais da biologia, da psicologia e da epistemologia.

A teoria da cognição de Santiago

A idéia central da teoria de Santiago é a identificação da cognição, o processo de conhecimento, com o processo do viver. Segundo Maturana e Varela, a cognição é a atividade que garante a autogeração e a autoperpetuação das redes vivas. Em outras palavras, é o próprio processo da vida. A atividade organizadora dos sistemas vivos, em todos os níveis de vida, é uma atividade mental. As interações de um organismo vivo vegetal, animal ou humano - com seu ambiente são interações cognitivas. Assim, a vida e a cognição tornam-se inseparavelmente ligadas. A mente - ou melhor, a atividade mental - é algo imanente à matéria, em todos os níveis de vida. Essa é uma expansão radical do conceito de cognição e, implicitamente, do conceito de mente. De acordo com essa nova concepção, a cognição envolve todo o processo da vida - inclusive a percepção, as emoções e o comportamento - e nem sequer depende necessariamente da existência de um cérebro e de um sistema nervoso.

Na teoria de Santiago, a cognição está intimamente ligada à autopoiese, a autogeração das redes vivas. O sistema autopoiético é definido pelo fato de sofrer mudanças estruturais contínuas ao mesmo tempo que conserva o seu padrão de organização em teia. Os componentes da rede continuamente produzem e transformam uns aos outros, e o fazem de duas maneiras distintas. A primeira espécie de mudança estrutural é a de auto-renovação. Todo organismo vivo
se renova constantemente, na medida em que suas células se dividem e constroem estruturas, na medida em que seus tecidos e órgãos substituem suas células num ciclo contínuo. Apesar dessa
mudança permanente, o organismo conserva a sua identidade global, seu padrão de organização.

O segundo tipo de mudança estrutural num sistema vivo é aquele que cria novas estruturas - novas conexões da rede autopoiética. Essas mudanças, que não são cíclicas, mas seguem uma linha de desenvolvimento, também ocorrem continuamente, quer em decorrência das influências ambientais, quer como resultado da dinâmica interna do sistema.


Segundo a teoria da autopoiese, o sistema vivo se liga estruturalmente ao seu ambiente, ou seja, liga-se ao ambiente através de interações recorrentes, cada uma das quais desencadeia
mudanças estruturais no sistema. A membrana celular, por exemplo, assimila continuamente certas substâncias do ambiente para incorporá-las ao processo metabólico da célula. O sistema
nervoso de um organismo muda o seu padrão de ligações nervosas a cada novo estímulo sensorial. Porém, os sistemas vivos são autônomos. O ambiente só faz desencadear as mudanças estruturais; não as especifica nem as dirige. Essa acoplagem estrutural, tal como a definem Maturana e Varela, estabelece uma nítida diferença entre os modos pelos quais os sistemas vivos e os não-vivos interagem com o ambiente.

Quando você dá um pontapé numa pedra, por exemplo, ela reage ao pontapé de acordo com uma cadeia linear de causa e efeito.

Seu comportamento pode ser calculado por uma simples aplicação das leis básicas da mecânica newtoniana. Quando você dá um pontapé num cachorro, a situação é totalmente diferente. Ele
reage ao pontapé com mudanças estruturais que dependem da sua própria natureza e do seu padrão (não-linear) de organização. Em geral, o comportamento resultante é imprevisível.

À medida que o organismo vivo responde às influências ambientais com mudanças estruturais, essas mudanças, por sua vez, alteram o seu comportamento futuro. Em outras palavras, o sistema que se liga ao ambiente através de um vínculo estrutural é um sistema que aprende. A ocorrência de mudanças estruturais contínuas provocadas pelo contato com o ambiente - seguidas de uma adaptação, um aprendizado e um desenvolvimento também
contínuos - é uma das características fundamentais de todos os seres vivos.

Em virtude da acoplagem estrutural, podemos qualificar de inteligente o comportamento de um animal, mas jamais aplicaríamos esse termo ao comportamento de uma rocha.

À medida que continua interagindo com o ambiente, o organismo vivo sofre uma seqüência de mudanças estruturais e, com o tempo, acaba por formar o seu próprio caminho individual de
acoplagem estrutural. Em qualquer ponto desse caminho, a estrutura do organismo sempre pode ser definida como um registro das mudanças estruturais anteriores e, portanto, das interações
anteriores.

Em outras palavras, todos os seres vivos têm uma história. A estrutura viva é sempre um registro dos desenvolvimentos já ocorridos. Ora, como a estrutura de um organismo constitui um registro das mudanças estruturais anteriores, e como cada mudança estrutural influencia o comportamento futuro do organismo, segue-se daí que o comportamento do organismo vivo é definido por sua estrutura. Segundo a terminologia de Maturana, o comportamento dos sistemas vivos é "determinado pela estrutura".

Essa noção de determinismo estrutural lança nova luz sobre o antiqüíssimo debate filosófico acerca da liberdade e do determinismo. Segundo Maturana, o comportamento do organismo vivo é, de fato, determinado. Porém, não é determinado por forças exteriores, mas pela estrutura do próprio organismo - uma estrutura formada por uma sucessão de mudanças estruturais autônomas. Assim, o comportamento do organismo vivo é ao mesmo tempo determinado e livre. Os sistemas vivos, portanto, respondem autonomamente às perturbações do ambiente. Respondem a elas com mudanças na sua própria estrutura, ou seja, com um rearranjo
do padrão de ligações da sua rede estrutural. Segundo Maturana e Varela, nenhum sistema vivo pode ser controlado; só pode ser perturbado. Mais ainda: o sistema vivo não especifica somente
as suas mudanças estruturais; especifica também quais são as perturbações do ambiente que podem desencadeá-las.

Em outras palavras, o sistema vivo conserva a liberdade de decidir o que perceber e o que aceitar como perturbação. É essa a chave da teoria da cognição de Santiago. As mudanças estruturais do sistema constituem atos de cognição. Na medida em que especifica quais as perturbações do ambiente que podem desencadear mudanças, o sistema especifica a extensão do seu domínio cognitivo; ele "produz um mundo", nas palavras de Maturana e Varela.

A cognição, portanto, não é a representação de um mundo que existe independentemente e por si, mas antes a contínua produção de um mundo através do processo do viver. As interações do sistema vivo com seu ambiente são interações cognitivas, e o próprio processo do viver é um processo de cognição. Nas palavras de Maturana e Varela, "viver é conhecer". À medida que o organismo vivo segue o seu próprio caminho de modificação estrutural, cada uma das mudanças que compõem esse caminho corresponde a um ato cognitivo, o que significa que o aprendizado e desenvolvimento não passam de dois lados da mesma moeda.

A identificação da mente, ou cognição, com o processo da vida é uma idéia nova na ciência, mas é uma das intuições mais profundas e arcaicas da humanidade. Nos tempos antigos, a mente racional humana era vista como apenas um dos aspectos da alma imaterial, ou espírito. A distinção básica que se fazia não era entre corpo e mente, mas entre corpo e alma, ou corpo e espírito. Nas línguas antigas, tanto a alma quanto o espírito eram descritos pela metáfora do sopro vital. As palavras para "alma" em sânscrito (atman), em grego (psyche) e em latim (anima) significam, todas elas, "sopro". O mesmo vale para as palavras que significam "espírito" em latim (spiritus), em grego (pneuma) e em hebraico (ruálí). Também elas significam "sopro". A antiga idéia comum a todas essas palavras é a de que a alma ou o espírito são o sopro da vida. Do mesmo modo, o conceito de cognição na teoria de Santiago vai muito além da mente racional, na medida em que inclui todo o processo do viver. A comparação entre a cognição e o sopro vital parece ser uma metáfora perfeita.

Para melhor compreender e avaliar o avanço conceitual que a teoria de Santiago representa, vamos voltar à espinhosa questão da relação entre mente e cérebro. Na teoria de Santiago, essa relação é simples e clara. A caracterização cartesiana da mente como "coisa pensante" é abandonada. A mente não é uma coisa, mas um processo - o processo de cognição, identificado com o processo do viver. O cérebro é uma estrutura específica através da qual se dá esse processo. A relação entre mente e cérebro, portanto, é uma relação entre processo e estrutura. Além disso, o cérebro não é a única estrutura através da qual opera o processo de
cognição. Toda a estrutura do organismo participa do processo cognitivo, quer o organismo tenha um cérebro e um sistema nervoso superior, quer não.

Na minha opinião, a teoria da cognição de Santiago é a primeira teoria científica a superar a cisão cartesiana entre mente e matéria, e por isso terá conseqüências das mais momentosas. A
mente e a matéria já não parecem pertencer a duas categorias diferentes, mas podem ser concebidas como dois aspectos complementares do fenômeno da vida - processo e estrutura. Em
todos os níveis da vida, a começar com o da célula mais simples, a mente e a matéria, o processo e a estrutura, acham-se inseparavelmente unidos.

Cognição e consciência

A cognição, tal como a compreende a teoria de Santiago, é associada à vida em todos os seus níveis e constitui, portanto, um fenômeno muito mais amplo do que a consciência. A consciência - ou seja, a experiência vivida e consciente - se manifesta em certos graus de complexidade cognitiva que exigem a existência de um cérebro e de um sistema nervoso superior.

Em outras palavras, a consciência é um tipo especial de processo cognitivo que surge quando a cognição alcança um certo nível de complexidade.

É interessante notar que a noção de consciência como processo apareceu na ciência já no século XIX, nos escritos de William James, que muitos consideram o maior psicólogo norte-americano. James era um crítico ardoroso das teorias reducionistas e materialistas que dominavam a psicologia em sua época, e um defensor veemente da interdependência da mente e do corpo. Afirmou que a consciência não é uma coisa, mas um fluxo em contínua mudança, e ressaltou a natureza pessoal, contínua e altamente integrada dessa corrente da consciência.(4)

Nos anos subseqüentes, porém, as extraordinárias opiniões de William James não foram capazes de diminuir o fascínio que o cartesianismo exercia sobre os psicólogos e os cientistas naturais, e sua influência só voltou a se fazer sentir nas últimas décadas do século XX. Mesmo durante as décadas de 1970 e 1980, em que novas hipóteses humanistas e transpessoais estavam sendo formuladas pelos psicólogos norte-americanos, o estudo da consciência como uma experiência viva ainda era tabu no campo das ciências da cognição.

No decorrer da década de 1990, a situação mudou por completo. A ciência da cognição firmou-se como um grande campo de estudos interdisciplinares; ao mesmo tempo, novas técnicas não-invasivas de estudo das funções cerebrais foram desenvolvidas, possibilitando a observação dos processos neurais complexos associados à imaginação e a outras experiências próprias do
ser humano.(5) E, de repente, o estudo científico da consciência tornou-se um campo de pesquisas respeitado e concorrido. Num período de poucos anos, publicaram-se vários livros sobre a natureza da consciência, de autoria de ganhadores do Prêmio Nobel e outros eminentes cientistas; dezenas de artigos escritos pelos maiores cientistas e filósofos da cognição foram
publicados no recém-criado Journal of Consciousness Studies; e grandes conferências científicas passaram a receber o nome de "Rumo a uma Ciência da Consciência".(6)

Embora os cientistas e filósofos da cognição tenham proposto muitas maneiras diferentes de proceder ao estudo da consciência, e tenham às vezes se engajado em acalorados debates, parece que se está chegando a um consenso cada vez maior quanto a dois pontos de grande importância. O primeiro, como já dissemos, é o reconhecimento do fato de que a consciência é um processo cognitivo que surge de uma atividade neural complexa. O segundo é a distinção entre dois tipos de consciência - em outras palavras, dois tipos de experiências cognitivas - que surgem em níveis diferentes de complexidade neurológica.

O primeiro tipo, chamado de "consciência primária", surge quando os processos cognitivos passam a ser acompanhados por uma experiência básica de percepção, sensação e emoção.

Essa consciência primária manifesta-se provavelmente na maioria dos mamíferos e talvez em alguns pássaros e outros vertebrados.(7) O segundo tipo de consciência, chamado às vezes de "consciência de ordem superior",(8) envolve a autoconsciência - uma noção de si mesmo, formulada por um sujeito que pensa e reflete. A experiência da autoconsciência surgiu durante a evolução dos grandes macacos, ou "hominídeos", junto com a linguagem, o pensamento conceitual e todas as outras características que se manifestam plenamente na consciência
humana. Em virtude do papel essencial da reflexão nessa experiência consciente de ordem superior, vou chamá-la de "consciência reflexiva".

A consciência reflexiva envolve um alto grau de abstração cognitiva. Ela inclui, entre outras coisas, a capacidade de formar e reter imagens mentais, que nos permite elaborar valores, crenças, objetivos e estratégias. Esse estágio evolutivo tem relação direta com o tema principal deste livro - a aplicação da nova compreensão da vida ao domínio social - porque, com a evolução da linguagem, surgiu não só o mundo interior dos conceitos e das idéias como também o mundo social da cultura e dos relacionamentos organizados.

A natureza da experiência consciente

O problema central da ciência da consciência é o de explicar a experiência subjetiva associada aos acontecimentos cognitivos. Os diversos estados de experiência consciente são às vezes chamados de qualia pelos cientistas da cognição, pois cada estado é caracterizado por uma "sensação qualitativa" especial.(9) O desafio de explicar esses qualia foi caracterizado como "o osso duro de roer" da ciência da consciência, num artigo do filósofo David Chalmers, citado com bastante freqüência. (10) Depois de recapitular ciência cognitiva convencional, Chalmers afirma que não é possível explicar por que certos processos nervosos dão origem à experiência consciente. "Para explicar a experiência consciente", conclui ele, "precisamos de um elemento extra na explicação."

Essa afirmação nos faz lembrar do debate entre os mecanicistas e os vitalistas acerca da natureza dos fenômenos biológicos nas primeiras décadas do século XX. Enquanto os mecanicistas afirmavam que todos os fenômenos biológicos poderiam ser explicados pelas leis da física e da química, os vitalistas asseveravam que uma "força vital" deveria ser acrescentada a essas leis, constituindo-se assim num elemento adicional, extrafísico, da explicação dos fenômenos biológicos. A idéia que surgiu desse debate, e que só foi formulada muitas décadas depois, foi a de que, para explicar os fenômenos biológicos, também temos de levar em conta a dinâmica não-linear complexa das redes vivas.

Só chegaremos a uma compreensão plena dos fenômenos biológicos quando os abordarmos mediante a interação de três níveis descritivos diferentes: a biologia dos fenômenos observados, as leis da física e da bioquímica e a dinâmica não-linear dos sistemas complexos.

Parece-me que os estudiosos da cognição, quando abordam o estudo da consciência, encontram-se em situação muito semelhante, posto que num outro nível de complexidade.

A experiência consciente é um fenômeno que surge espontaneamente (emergent phenomenon), ou seja, não pode ser explicada somente em função dos mecanismos neuronais. A experiência nasce da dinâmica não-linear complexa das redes neurais, e só poderá ser explicada
se a nossa compreensão da neurobiologia for combinada a uma compreensão dessa dinâmica. Para chegar a uma compreensão plena da consciência, temos de estudá-la mediante uma análise cuidadosa das experiências conscientes; da física, da bioquímica e da biologia do sistema nervoso; e da dinâmica não-linear das redes neurais. A ciência verdadeira da consciência só será formulada quando compreendermos de que maneira esses três níveis descritivos podem entretecer-se naquilo que Varela denominou "trança de três" do estudo da consciência.(12)

Quando o estudo da consciência se processa pela combinação da experiência, da neurobiologia e da dinâmica não-linear, o "osso duro" se transforma no desafio da compreensão e da aceitação de dois novos paradigmas científicos. O primeiro é o paradigma da teoria da complexidade. Uma vez que os cientistas, em sua maioria, estão acostumados a trabalhar com modelos lineares, muitas vezes relutam em adotar a estrutura não-linear da teoria da complexidade e têm dificuldade para compreender todas as implicações da dinâmica não-linear. Isso se aplica, em específico, ao fenômeno do surgimento espontâneo (emergence).

O modo pelo qual a experiência consciente pode surgir dos processos neurofisiológicos parece altamente misterioso. Porém, esse surgimento é típico dos fenômenos emergentes. O surgimento espontâneo resulta na criação de novidades, e essas novidades muitas vezes são qualitativamente diferentes dos fenômenos a partir dos quais surgem. Pode-se ilustrar esse fato com um exemplo bastante conhecido tirado da química: o exemplo da estrutura e das propriedades do açúcar. Quando átomos de carbono, oxigênio e hidrogênio se ligam de uma determinada maneira para formar o açúcar, o composto resultante tem um sabor doce. A doçura não está nem no C, nem no O, nem no H; reside, isto sim, no padrão que surge de uma determinada interação dos três. Em outras palavras, é uma "propriedade emergente", ou que surge espontaneamente.

Além disso, a rigor, essa doçura não é uma propriedade das ligações químicas. É uma experiência sensorial que surge quando as moléculas de açúcar interagem com a química das nossas papilas gustativas, interação essa que, por sua vez, faz com que um conjunto de neurônios sejam estimulados de uma maneira específica.

A experiência da doçura nasce dessa atividade neural. Assim, a simples afirmação de que a propriedade característica do açúcar é a doçura refere-se, na verdade, a toda uma série de fenômenos emergentes que ocorrem em diversos níveis de complexidade. Os químicos não vêem nenhum problema conceitual nesses fenômenos emergentes quando identificam uma determinada classe de compostos como açúcares em virtude do seu sabor doce. Da mesma maneira, os estudiosos da cognição do futuro não terão problemas conceituais com outras espécies de fenômenos emergentes, quando os analisarem em função da experiência consciente resultante, da bioquímica e da neurobiologia.

Para fazer isso, porém, os cientistas terão de aceitar outro paradigma novo - terão de reconhecer que a análise da experiência viva, ou seja, dos fenômenos subjetivos, tem de fazer parte de qualquer ciência da consciência que mereça ser considerada como tal.(13) Mas esse reconhecimento exige uma mudança metodológica profunda que poucos estudiosos da cognição estão dispostos a empreender, e que constitui, assim, a própria raiz do "osso duro de roer" da ciência da consciência.

A enorme relutância dos cientistas em se ver às voltas com os fenômenos subjetivos faz parte da nossa herança cartesiana. A divisão fundamental que Descartes operou entre a mente e a matéria, o eu e o mundo, levou-nos a crer que o mundo pudesse ser descrito objetivamente, ou seja, sem que se fizesse menção nenhuma ao observador humano. Tal descrição objetiva da natureza tornou-se o ideal de toda ciência. Entretanto, três séculos depois de Descartes, a teoria quântica nos mostrou que esse ideal clássico de uma ciência objetiva não poderia se aplicar ao estudo dos fenômenos atômicos.

E, em época ainda mais recente, a teoria da cognição de Santiago deixou claro que a própria cognição não é a representação de um mundo que existe independentemente, mas antes a "produção" de um mundo mediante o processo do viver. Chegamos a perceber que a dimensão subjetiva está sempre implícita na prática da ciência. Porém, de maneira geral, ela não é o objeto explícito de estudo. Já numa ciência da consciência, alguns dos próprios dados a ser examinados são experiências subjetivas e interiores.

Para que esses dados sejam reunidos e analisados sistematicamente, é preciso proceder-se a um exame disciplinado da experiência subjetiva, da experiência de "primeira pessoa". É só quando tal exame se tornar uma parte inalienável do estudo da consciência que este poderá se chamar, de pleno direito, uma "ciência da consciência".

Isso não significa que temos de renunciar ao rigor científico. Quando falamos que a ciência tem de ter "descrições objetivas", referimo-nos antes de mais nada a um corpus de conhecimento moldado, restringido e regulado pela atividade científica coletiva - a algo que não se resume a uma coletânea de relatos individuais. Mesmo quando o objeto de investigação é o relato em
primeira pessoa das experiências conscientes, a validação intersubjetiva que é uma das práticas padronizadas da ciência não precisa ser deixada de lado.(14)

As escolas de estudo da consciência

O uso da teoria da complexidade e a análise sistemática dos relatos das experiências conscientes em primeira pessoa serão essenciais para a formulação de uma ciência da consciência digna desse nome. Nestes últimos anos, já demos vários passos significativos rumo a esse objetivo. Com efeito, a própria medida de utilização científica da dinâmica não-linear e da análise das experiências subjetivas pode servir para a identificação de algumas grandes correntes de pensamento em meio à grande multiplicidade de métodos de estudo da consciência de que
dispomos hoje em dia.(15)

A primeira corrente de pensamento é a mais tradicional. Conta entre seus membros a neurocientista Patrícia Churchland e o biólogo molecular Francis Crick, ganhador do Prêmio Nobel.(16) Essa escola foi chamada de "neurorreducionista" por Francisco Varela, pois reduz a consciência aos mecanismos nervosos. Assim, a consciência é "desexplicada", como diz Churchland, da mesma maneira que, na física, o calor foi "desexplicado" quando foi identificado à pura e simples energia das moléculas em movimento. Nas palavras de Francis Crick: "Você", suas alegrias e tristezas, suas memórias e ambições, sua noção de identidade pessoal e livre-arbítrio, não passam, na verdade, da resultante comportamental de um grande conjunto de células nervosas e das moléculas a elas associadas. Como Alice de Lewis Carroll teria dito: "Você não passa de um saco de neurônios."(17)

Crick explica detalhadamente como a consciência se reduz à ativação dos neurônios, mas também afirma que a experiência consciente é uma propriedade emergente do cérebro como um todo. Contudo, não chega a tratar da dinâmica não-linear desse processo de surgimento espontâneo de uma nova propriedade, e não consegue, desse modo, roer o "osso duro" da ciência da consciência. Eis o desafio lançado pelo filósofo John Searle: "Como é possível que a ativação de neurônios, que é um processo físico, objetivo, descritível em termos puramente quantitativos, provoque experiências qualitativas, particulares, ubjetivas?"(18)

A segunda corrente de estudo da consciência, chamada de "funcionalismo", é a mais popular dentre os filósofos e estudiosos da cognição de hoje em dia.(19) Seus defensores
afirmam que os estados mentais são definidos pela sua "organização funcional", ou seja, por padrões de relações causais no sistema nervoso. Os funcionalistas não são reducionistas
cartesianos, pois prestam cuidadosa atenção aos padrões nervosos não-lineares. Negam, porém, que a experiência consciente seja um fenômeno emergente e irredutível. Pode até parecer que não se reduz a nenhum outro fenômeno; mas, na opinião deles, o estado de consciência se define completamente pela organização funcional, e, portanto, pode ser compreendido no mesmo momento em que essa organização é identificada. É assim que Daniel Dennett, um dos principais funcionalistas, deu a seu livro o título sedutor de “Consciousness Explained” [A Consciência Explicada].(20)

Muitos modelos de organização funcional foram postulados pelos estudiosos da cognição e, conseqüentemente, existem hoje muitas linhas do funcionalismo.
Às vezes, incluem-se também entre as manifestações do funcionalismo as analogias traçadas entre a organização funcional e os programas de computador, analogias essas que decorrem do estudo da inteligência artificial.(21)

Bem menos conhecida é a escola filosófica dos chamados "misterianos". Afirmam eles que a consciência é um mistério profundo, o qual a inteligência humana, em virtude de suas limitações intrínsecas, jamais compreenderá.(22) Na opinião deles, a raiz dessas limitações é uma dualidade irredutível - que, na prática, não é outra senão a clássica dualidade cartesiana entre a mente e a matéria. Se a introspecção não pode nos dizer nada acerca do cérebro enquanto objeto físico,
também o estudo da estrutura cerebral não pode nos abrir nenhum acesso à experiência consciente. Como se negam a conceber a consciência como um processo e não compreendem a natureza dos fenômenos emergentes, os misterianos são incapazes de transpor o abismo cartesiano e chegam à conclusão de que a natureza da consciência será para sempre um mistério.

Por fim, há uma corrente de estudos da consciência que, embora pequena, vem crescendo bastante, e que faz uso tanto da teoria da complexidade quanto dos relatos em primeira pessoa.

Francisco Varela, um dos fundadores dessa escola de pensamento, deu-lhe o nome de "neurofenomenologia".(23) A fenomenologia é um ramo importante da filosofia moderna, fundado por Edmund Husserl no começo do século XX e desenvolvido ainda por muitos filósofos europeus de renome, entre os quais Martin Heidegger e Maurice Merleau-Ponty. O método básico da fenomenologia consiste num exame disciplinado da experiência subjetiva, e a esperança de Husserl e de seus seguidores era, e ainda é, a de que uma verdadeira ciência das experiências subjetivas seja criada em associação com as ciências naturais.

A neurofenomenologia, pois, é um método de estudo da consciência que combina em si o exame disciplinado das experiências subjetivas com a análise dos padrões e processos neurais
correspondentes. A partir dessa abordagem dual, os neurofenomenologistas exploram diversos domínios de experiência subjetiva e procuram compreender de que maneira eles surgem
espontaneamente a partir de atividades neurais complexas. Agindo dessa maneira, esses estudiosos da cognição estão, na verdade, dando os primeiros passos rumo à formulação de uma verdadeira ciência das experiências subjetivas.

Quanto a mim, fiquei muito satisfeito, pessoalmente, em ver que o projeto dos neurofenomenologistas tem muito em comum com a ciência da consciência que vislumbrei há mais de vinte anos numa conversa com o psiquiatra R. D. Laing, quando afirmei, a título de especulação, o seguinte: Uma verdadeira ciência da consciência... teria de ser um tipo novo de ciência, que lidasse com qualidades, não com quantidades, e se baseasse na partilha de experiências, e não em medições verificáveis. Os dados dessa ciência seriam padrões de experiência subjetiva, que não poderiam ser quantificados nem analisados. Por outro lado, os modelos conceituais que interligassem os dados teriam de ser logicamente coerentes, como todos os modelos científicos, e talvez pudessem até conter elementos quantitativos.(24)