Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

19/10/2006

Dilma Rousseff

Matéria publicada na Revista Isto É de 14/12/2005

O companheiro Nego: os sorrisos abertos e doces da ministra com fama de dura na queda são menos raros do que se imagina. Muitos deles surgem nas brincadeiras com o dócil labrador Nego, presente de José Dirceu.
Na foto à direita, o ex-ministro brinca com o cachorro

Os grandes olhos castanhos da menina de dez anos, sentada na calçada, ficaram ainda maiores quando ela viu a bailarina, com uma brilhosa roupa verde, executando malabarismos no dorso do elefante. Era o circo rasgando a quietude da pacata Uberaba (MG) no final dos anos 50. Era o maior espetáculo da terra caindo no colo da garotinha extasiada: “Ela era linda, fazendo piruetas lá em cima. Eu adorava circo e queria ser bailarina”, lembra hoje, com os olhos iluminados pela recordação, a frustrada bailarina Dilma Vana Rousseff. Aos 57 anos, passando um rápido olhar sobre o circo da vida brasileira, que acompanhou, aos saltos e sobressaltos, nas últimas quatro décadas, atravessando crises, golpes, renúncias, cassações, prisões, torturas, ditadura, cassações, democracia e cassações, Dilma chega em 2005 ao topo de sua longa e atribulada carreira como economista, executiva, militante política e ministra. Desde junho ela faz suas piruetas no dorso do elefante petista, no Palácio do Planalto, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a escalou como ministra-chefe da Casa Civil, substituindo José Dirceu, a maior atração do PT velho de guerra, engolido pelo leão do mensalão.

A postos no gabinete: a seriedade e
a competência conduziram-na ao segundo posto do governo, atrás apenas da Presidência da República

“Não sou a primeira-ministra, até porque o Brasil é muito presidencialista”, diz ela, escolhida também a economista do ano pelo Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Sul, na quinta-feira 8, negando a condição de capitão do time que o técnico Lula um dia pespegou em Dirceu. “Sou apenas a ministra que faz a articulação transversal com os outros ministros. Minha obrigação é tratar os problemas dos outros como se fossem meus”, diz, sentada no sofá de visitas da casa oficial, no Lago Sul de Brasília, que ela herdou do sucessor junto com o dócil Nego, o cão labrador de pêlo negro que nunca a deixa só. Mineira de Belo Horizonte, criada em Uberaba, separada de dois casamentos, Dilma precisa viajar para reencontrar a família: a mãe, viúva, mora na capital mineira, assim como o irmão, advogado, mas para ver a única filha, Paula, juíza do Trabalho, toma o rumo de Porto Alegre, onde ainda mora o segundo ex-marido, o ex-deputado e ex-guerrilheiro Carlos Franklin Paixão de Araújo. O primeiro, o jornalista mineiro Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, tinha desviado a jovem Dilma, aos 20 anos, para o circo implacável da luta política, recrutando sua noiva no curso de economia, em 1967, para a militância da Política Operária (Polop), organização doutrinária da esquerda. Antes, aos 15 anos, quando trocou o conservador colégio Sion, onde as moças só falavam francês com as professoras, pelo inquieto Colégio Estadual, escola pública mista onde se geravam contestações, Dilma já desabrochara: “Aí fiquei bem subversiva. Percebi que o mundo não era para debutante”. Correndo da polícia, fazendo passeata para apoiar os operários em greve em Contagem, Dilma viu os primeiros companheiros sendo presos pelo regime que apertava o nó. “O AI-5 foi meu presente de 21 anos. Saiu na véspera de meu aniversário, 14 de dezembro de 1968”, conta. Ela e o marido, visados pela polícia, conseguem escapar do cerco, fogem para o Rio de Janeiro e, como tantos outros jovens, caem na clandestinidade.

Política com técnica: em 1990, como secretária do governo gaúcho do petista Olívio Dutra (no alto, à esq.),
e na posse como ministra das Minas
e Energia, ao lado de Lula

A Polop se transformou em Comando de Libertação Nacional (Colina), que reunia pequenos grupos da esquerda radical, e a estudante Dilma virou professora, ensinando marxismo a militantes do setor operário. Ajudou na infra-estrutura de três assaltos a bancos, assinou artigos no jornal Piquete e chegou à direção do Colina. Nessa condição, planejou o que seria o mais rentável golpe da luta armada em todo o mundo: o roubo do cofre de Adhemar de Barros, ex-governador de São Paulo. A proeza coube à Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares (VAR-Palmares), resultado da fusão da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) do capitão Carlos Lamarca com o Colina de Dilma Rousseff. Onze dias depois da fusão, em julho de 1969, 13 guerrilheiros da VAR-Palmares roubaram o cofre de 200 kg de uma casa no bairro carioca de Santa Tereza, onde vivia a amante de Adhemar. “A gente achava que ia ser grande, mas não tinha noção do tamanho”, lembra Dilma. Aberto o cofre, sacaram de lá US$ 2,6 milhões – hoje uma mega-sena em torno de R$ 25 milhões. A diária mirrada dos guerrilheiros dava para comer um único risoto por dia, num pé-sujo do centro do Rio. “Eu era magra como um palito, tinha pouca fome, e muitos gostavam de almoçar comigo porque comiam minha metade”, recorda ela, notando que o bote milionário não melhorou o cardápio extra-light da guerrilha: “Estava muito difícil trocar o dinheiro, porque havia um cerco total. Dois meses depois, com o seqüestro do embaixador americano, Charles Elbrick, a situação ficou ainda pior no Rio.”

Dura na queda, Dilma bateu boca com Lamarca, que sustentava a tese guevarista de levar a luta para o campo. Ela achava que a guerrilha precisava, antes, se organizar melhor nas cidades. Seus companheiros dizem que ela ajudou a preservar a VAR-Palmares mesmo com o racha de Lamarca, que saiu para recriar a VPR. O líder da VAR-Palmares era Carlos Araújo, que seria seu segundo marido (Galeno, o primeiro, participou do seqüestro de um avião e se exilou em Cuba). No início de janeiro de 1970, Dilma seguiu a sina de outros companheiros: “Entrei num ponto, às 4 h da tarde, em São Paulo, e o companheiro estava cercado. Tentei fugir, entrando numa loja de móveis, mas fui pega na rua de trás”. Dilma Rousseff, aos 22 anos, foi levada pelo antecessor do DOI-Codi, a Oban (Operação Bandeirante), para a rua Tutóia, o mesmo destino de Wladimir Herzog cinco anos depois. Vlado agüentou um dia de tortura, e morreu.

Dilma suportou 22 – e sobreviveu. “Levei muita palmatória, me botaram no pau-de-arara, me deram choque, muito choque. Comecei a ter hemorragia, mas eu agüentei. Não disse nem onde morava. Um dia, tive uma hemorragia muito grande, hemorragia mesmo, como menstruação. Tiveram que me levar para o Hospital Central do Exército. Encontrei uma menina da ALN: ‘Pula um pouco no quarto para a hemorragia não parar e você não ter que voltar’, me aconselhou ela, segundo o dramático relato que Dilma fez, dois anos atrás, ao repórter Luiz Maklouf Carvalho.

“Tortura é uma das coisas mais vis que existem”, reflete Dilma hoje, com o distanciamento possível. “O sentido mais profundo da democracia significa necessariamente acabar com a tortura”, diz a ex-torturada, hoje aflita com a sorte dos presos comuns nas delegacias de polícia. A tortura ainda aflige Dilma, aqui e lá fora: “Aquelas cenas de homens presos em Guantánamo (Cuba) e em Abu Ghraib (Iraque) não têm justificativa. Aquilo é a barbárie”, condena. Passado o martírio da Oban, Dilma passou outros dois meses no DOPS antes de ser transferida para o presídio Tiradentes – onde ficou até 1973, com a cabeça em ebulição. “Na prisão, a gente podia refletir e ler muito. Li Levi-Strauss, Poulantzas, quase todo Dostoievski. A vida na prisão pode ser muito rica. Na guerrilha, a gente já percebia um certo impasse, uma espécie de beco sem saída. A luta armada não faria avançar um país tão complicado, tão diverso e plural como o Brasil”, repensa Dilma.

O jogo político tradicional parecia o caminho, quando ela voltou a Porto Alegre, ainda sozinha: o marido, Carlos Araújo, também preso pela Oban, cumpria pena na Ilha das Flores, prisão da Marinha no rio Guaíba, na capital gaúcha.

Dilma integrou-se à juventude do MDB e militou na luta pela anistia. Punida pelo Decreto 477, que bania subversivos da universidade, foi obrigada a prestar novo vestibular. Formou-se em economia pela Universidade Federal do RS e foi, mais uma vez, atropelada pelo arbítrio: em 1997, o ministro linha-dura do Exército, Sylvio Frota, reagiu à demissão do cargo pelo general Ernesto Geisel divulgando uma lista de 99 comunistas infiltrados no governo – um dos três economistas delatados na Fundação de Economia e Estatística (FEE) era Dilma, que acabou demitida. “Completei minha cota – fui presa, cassada, condenada, punida pelo 477 e incluída na lista do Frota”, brinca Dilma, hoje, rindo da própria sorte. Condenada pela Justiça Militar a seis anos de prisão, cumpriu três e, com recurso, acabou punida com dois anos e um mês de cadeia. “Ou seja, sobraram 11 meses, que eles não devolveram. Sou credora do País”, contabiliza Dilma.

O PDT levou Dilma para a Secretaria da Fazenda de Porto Alegre, quando Alceu Collares se elegeu em 1985. Numa pirueta digna de bailarina, voltou como presidente à mesma FEE de onde saíra pela delação de Frota, indicada pelo governador Collares, eleito em 1990. Acabou secretária de Minas e Energia do Estado com Collares e repetiu a dose, no governo seguinte, de Olívio Dutra, graças à aliança PDT-PT. Dois dias depois, deu um apagão no Estado – e durante 31 dias a luz ia e vinha, com black-outs de até sete horas.

Dilma executou uma operação de emergência, concluiu uma linha de distribuição para canalizar a energia que vinha da Argentina – e a luz se fez. “Quando bateu o apagão no governo FHC, o Rio Grande do Sul não teve nenhum problema, a região Sul já era superavitária.” E botou o dedo na tomada para punir denúncias de corrupção na Companhia Estadual de Energia Elétrica, abrindo sindicâncias que levaram a uma CPI na Assembléia gaúcha. Em 2001, trocou o PDT pelo PT, acompanhando uma dissidência liderada pelo ex-prefeito Sereno Chaise. O ex-amigo Collares não perdoou nunca: “Ela é uma traidora. Se tivesse consistência ideológica, não seria ministra do governo Lula.”

Pois foi a consistência de seu trabalho no Grupo de Infra-Estrutura da transição de Lula que alçou Dilma ao posto de ministra de Minas e Energia, em 2003. Ela chegou lá com uma vela acesa para evitar que o apagão tucano voltasse a acontecer no governo petista. “O setor elétrico estava com a receita reduzida em 20%, endividado em dólar e com os sinais trocados – o mercado planejando e o governo fazendo o preço”, lembra.

A hora de “investir pesado”:
com Alencar, Lula e Palocci, no
auge da crise gerada por ela ter
dito, dias antes, numa entrevista,
que a política econômica deveria
mudar. Palocci tremeu.

Dilma comemora o fato de agora o País ter quase toda a energia de que precisa contratada até 2010, o que dá espaço para prever novas fontes. “Aumentamos a oferta de energia em 14,8% entre 2002 e 2005 e temos em construção 14 usinas hidrelétricas e duas térmicas”, festeja. A crise ética que afundou o PT e suas maiores estrelas, incluído José Dirceu, levou Lula ao inevitável: chamar Dilma para o cargo mais poderoso do Planalto, depois do próprio presidente. Ela assumiu tentando desfazer a idéia de que era uma técnica fria substituindo um cérebro político. “Metas de governo são uma escolha política.

Estou na fronteira, na interseção do técnico com o político”, avisa, com a autoridade de quem sabe o que quer e do que o governo precisa. “A Dilma tem uma grande vantagem: ela não chama o poder para si, como fazia o Zé Dirceu”, observa um amigo de ambos, o deputado federal Luciano Zica (PT-SP). “Dilma não arrota o poder que tem, ao contrário do Zé, que exibia mais poder do que tinha”, diz, lembrando que, num eventual segundo governo Lula, Dilma está condenada a ser ainda mais forte. “Quem sabe até uma ministra da Fazenda”, provoca Zica.

A própria Dilma, sem travas na língua, mostrou luz própria numa franca entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, no mês passado, para dizer o que o País, os empresários, a imprensa e a ala esquerda do PT pensam: a política econômica tem que mudar. Pela primeira vez, o inabalável Antônio Palocci tremeu na base, mas os fatos teimam em dar razão a Dilma. O PIB caiu, no terceiro trimestre, e o próprio Lula está incomodado.

Jeitosa, Dilma não deixa de elogiar seu companheiro da Fazenda: “Palocci tem o mérito de ter estabilizado o País. Mas hoje temos plenas condições de discutir como nos desenvolver – e isso não pode ser feito sem investimento pesado. É uma questão de dosagem. É importante manter a inflação sob controle, mas é possível também ter um processo de desenvolvimento sustentado. Não são opostos. Dá para conciliar”, diz, sem fazer concessões.

Dilma Rousseff fala das letras trágicas do tango que ela começou a entender na cadeia, dos versos tristes dos blues de Billie Holiday, dos lamentos nostálgicos de London, London chorados pelo Caetano Veloso do exílio londrino. Fala da repressão, da crise, da tortura, da ditadura. E, apesar de tudo, sorri. Um sorriso aberto, doce, firme, de quem só pode ver o melhor depois de viver o pior. Dilma Rousseff mais do que sobreviveu. Venceu. “Só pra saber que nunca fui uma menina cândida: eu sei montar e desmontar, de olhos fechados, um fuzil automático leve. Tinha que ser rápido, muito rápido. E, se você quer saber, eu sei atirar”, lembra, abrindo um enorme sorriso. O Brasil está precisando, cada vez mais, do tiro rápido e certeiro da Brasileira de 2005.

Sonho e realidade: imagens do álbum de infância, à direita com a mãe, Dilma, o irmão, Igor, e o pai, Pedro, e abaixo, nos tempos de militância, em foto do Arquivo do Estado de São Paulo

18/10/2006

Diálogo do vazamento das fotos do dossiê vai à rede:


Josias de Souza - Blog do Josias - Folha Online

Caiu na rede a fita com o diálogo do delegado Edmilson Pereira Bruno (na foto), da Polícia Federal, com quatro jornalistas que receberam as fotos do R$ 1,7 milhão apreendido no dia 15 de setembro com os “aloprados” Gedimar Passos e Valdebran Padilha, ligados ao PT.

O dinheiro seria usado na aquisição do dossiê contra políticos tucanos. Contrariando a praxe, a PF não divulgou imagens do dinheiro para a imprensa no dia da apreensão. O delegado Edmilson Bruno vazaria as fotos no dia 29 de setembro, antevéspera do primeiro turno. Valeu-se de uma farsa.

Edmilson Bruno entregou um CD com as fotos a repórteres da Folha, Estadão, Globo e Rádio Joven Pan. Combinou que diria a seus superiores que o CD fora roubado de sua mesa. Sem que o delegado soubesse, o diálogo foi gravado.

Pressione aqui para ouvir a conversa, que já está no YouTube.

http://www.youtube.com/watch?v=1m2vWg8WS08

O áudio tem 9 minutos e 57 segundos. A íntegra da conversa fora divulgada mais cedo pelo repórter Paulo Henrique Amorim.

http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/395001-395500/395126/395126_1.html

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14/10/2006

O PT deve incorporar as propostas de Cristovam Buarque e do PSOL

O Professor Cristovam Buarque tem idéias brilhantes para a Educação brasileira, assim como para outras áreas do governo. Propostas como a lei de responsabilidade educacional e a transformação da corrupção em crime hediondo, etc. São propostas inteligentes e extremamente importantes para a coletividade. Essas propostas devem ser incorporadas, independentemente do apoio do PDT, pois são propostas que beneficiam o povo, logo estão acima das questões partidárias e pessoais, ou seja, estão acima da vontade de partidos e pessoas.

A ala moderada do PSOL também tem idéia e projetos de grande interesse e repercussão social, principalmente aquela proposta que transforma a bolsa família em um direito, assim como outras. Também neste caso, as propostas devem ser incorporadas independentemente da vontade ditatorial e esquizofrênica da Heloisa Helena.

Com isso o PT estará reunindo e agrupando os projetos relevantes da esquerda para um Brasil melhor. Isso fará com que os militantes socialistas, que ainda estão indecisos e caminhando para o voto nulo, retornem à base e apóiem o Presidente Lula e o PT na luta contra os neoliberais, contra os grupos dominantes, contra as privatizações e contra o fim dos programas sociais que estão mudando a cara do Brasil.

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11/10/2006

A armação dos tucanos contra o PT

Gedimar ‘aloprado’ Passos recua e inocenta Freud

Josias de Souza - Blog do Josias - Folha Online

Gedimar Passos, um dos “aloprados” presos com R$ 1,7 milhão no último dia 15 de setembro, num hotel em São Paulo, mudou a versão que dera em depoimento à PF. No dia da prisão, ele alegara ter recebido a ordem para a compra do dossiê contra políticos tucanos de Freud Godoy, ex-segurança e assessor especial de Lula. Em documento protocolado no TSE, Gedimar sustenta coisa diferente. Diz que Freud não tem nada a ver com o dossiêgate.

Os esclarecimentos foram solicitados pelo TSE, que conduz uma investigação judicial para verificar eventuais implicações do dossiêgate no processo eleitoral. Em sua nova versão, Gedimar deixa em desconfortáveis lençóis o delegado Edmilson Pereira Bruno, da Polícia Federal. Foi ele quem realizou a apreensão do dinheiro que serviria para a compra do dossiê e a prisão de Gedimar, em companhia do petista Valdebran Padilha. Foi ele também quem divulgou, 48 horas antes do primeiro turno da eleição, as fotos do dinheiro que apreendera na noite de 15 de setembro.

Por meio de seus advogados, Gedimar informou ao TSE que só envolveu Freud Godoy no caso depois de ter recebido a “falsa promessa” do delegado de que o liberaria se colaborasse com as investigações. Segundo Gedimar, Edmilson Bruno não se conformava com as suas alegações de que nada sabia a respeito do dinheiro. Diante da promessa de ser liberado, teria mencionado Freud Godoy “aleatoriamente”.

No depoimento que prestara no dia de sua prisão, Gedimar, um ex-agente da PF, dissera que havia sido contratado pela Executiva Nacional do PT. Afirmara também que recebera a ordem para a compra do dossiê “de uma pessoa de nome Froude ou Freud”. Esclareceu que o sujeito era dono de “uma empresa de segurança.”

A PF descobriria depois que a pessoa mencionada por Gedimar era Freud Godoy. De fato, ele possui uma empresa de segurança. Transferiu-a para a mulher antes de ser contratado para trabalhar no Palácio do Planalto.

A nova versão de Gedimar deixa boiando no ar incômodas interrogações: de onde veio o dinheiro que seria usado na compra do dossiê? Quem deu a ordem para que o material contra os tucanos fosse adquirido? São perguntas que o ex-agente da PF, cioso em isentar o ex-assessor de Lula, não se dignou a responder.

Antes da manifestação encaminhada ao TSE, Gedimar já tivera a oportunidade de isentar Freud Godoy. Reinquirido quatro dias depois de ter sido preso, o ex-agente da PF foi instado a detalhar a participação do ex-assessor palaciano na operação. Preferiu o silêncio. Disse que só voltaria a falar em juízo. O Ministério Público solicitou a renovação do pedido de prisão de Gedimar. Receava que, solto, ele pudesse combinar versões com os demais envolvidos no dossiêgate. A Justiça, porém, soltou o preso.

A despeito da nova versão apresentada por Gedimar ao TSE, o Ministério Público continua tratando Freud Godoy como “suspeito”. Alega-se que só ao final das apurações será possível saber se ele tem ou não culpa no cartório. Oficialmente, a Polícia Federal tampouco isentou Freud. Mas extra-oficialmente, os agentes envolvidos na condução do inquérito afirmam que, diante da ausência de provas cabais de seu envolvimento, Freud deve mesmo sair ileso do episódio.

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O dossiê foi uma armação dos tucanos contra o PT

Se observarmos os fatos veremos que muitas coisas não se encaixam. Muita gente, nesta história, agiu ingenuamente e até estupidamente. Muita gente foi ludibriada e enganada. O suposto caçador (PT) foi transformado em caça. Resumindo: neste angú tem caroço e esta história está mal contada. Algo me diz que o suposto caçador sempre foi a caça e mordeu uma isca que foi muito bem preparada.

Lembram do caso Pallocci ? Então, o Pallocci foi vítima de uma armação, uma armadilha, uma cilada tucana, ou seja, os tucanos, junto com seus amigos da direita (PFL), criaram o ambiente propício e deram a isca (o dinheiro na conta do caseiro). O ministro viu aquilo e achou que estava diante de dados e fatos que o beneficiavam e agiu deliberadamente. Contudo, o dinheiro tinha sido plantado na conta do caseiro. Assim, os tucanos queriam e esperavam a violação da conta, pois, com isso, teriam munição pesada contra o ministro, que seria acusado de quebra ilegal de sigilo. Os assessores não perceberam a armadilha tucana, o ministro agiu e caiu, tanto na armadilha, quanto do cargo.

Os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin conheciam e negociavam ambulâncias com os Vedoin, inclusive é isto que mostra o dvd e as fotos do dossiê. Portanto, podem, perfeitamente, terem se juntado na armação do dossiê.

Neste caso do dossiê, suspeito que a ação tenha sido a mesma, ou seja, antes da ação dos Vedoin existem dados e fatos que ainda não foram descobertos. É importante assinalar que as investigações estão partindo da ação dos Vedoin para frente. Mas o que aconteceu antes deles agirem e saírem por aí vendendo dossiês ? Quem os procurou ? Quem planejou as vendas ? Assim, o método desse caso do dossiê foi o mesmo do caso Pallocci, ou seja, os tucanos prepararam a armadilha e jogaram a isca, esperando que algum petista desavisado a pegasse. Os companheiros, não percebendo a cilada, caíram, como um patinho feio, no 171 dos tucanos.

Para esclarecer melhor o caso farei uma ilustração. Você está caminhando na rua e, de repente, surge um indivíduo distribuindo notas de R$ 50,00. É um caso estranho e meio suspeito. Por que alguém distribuiria notas de R$ 50,00 na rua ? Mas, na dúvida, você pega, pensando o seguinte: "se for nota verdadeira eu fico com ela e se for falsa eu jogo fora". Contudo, no momento em que você está pegando a nota, a polícia, que estava escondida atrás do muro, aparece e prende todos os envolvidos. Você tenta explicar os fatos, mas a desgraça já foi feita. O jornalista filmou você recebendo dinheiro falso, a polícia te prendendo, etc. E a próxima edição do Jornal Nacional, depois de distorcer um pouco mais a história, vai veicular o caso em cadeia nacional. Foi exatamente isso que fizeram com o PT.

Resumindo: o dvd e as fotos mostram que Serra e Alckmin conheciam os Vedoin. Além disso, a máfia dos sanguessugas passou incólume pelo Governo de FHC e de Alckmin em São Paulo. Portanto, há indícios de proximidade e cumplicidade.

Se o Presidente Lula estava muito a frente dos demais candidatos, por que o dossiê ? Por que o segurança pessoal do Presidente se envolveu ? Quem é que está ganhando com esta história ? O que o PT ganharia com esse dossiê ? Por que os Vedoin afirmaram, recentemente, que o Serra e o Alckmin estavam limpos, ou seja, que o dossiê não prova nada contra eles ? Se sabiam disso, o que estavam vendendo ? Qual é o papel da Polícia Federal e da mídia em tudo isso ?

A resposta é simples. O plano do dossiê foi montado, ardilosamente e dissimuladamente, pelo PSDB. Os Vedoin foram o canal, a isca para a materialização do plano e atração do suposto caçador, o PT. A idéia foi simples: reuniram, ou forjaram, as informações e jogaram nas mãos dos Vedoin, que montaram toda a encenação e o teatro, atraindo a atenção dos petistas para o golpe.

Assim, os tucanos e os Vedoin podem ter voltado a unir esforço. Primeiro uniram esforços para esconder a máfia das sanguessugas no Governo Alckmin e FHC. Agora, unem esforços para prejudicar e derrubar o PT, armando o plano do dossiê.

Os companheiros do PT, acreditando estar diante de informações bombásticas contra o PSDB, decidiram analisar a veracidade e o conteúdo de tais informações. Por isso mandaram o advogado traíra para o encontro. Resumindo: antes dos Vedoin procurarem o PT, os tucanos procuraram os Vedoin e armaram a cilada. Como o dossiê foi oferecido por uma alta quantia em dinheiro e pelo chefe dos sanguessugas, os petistas afastaram a possibilidade de existência de uma armadilha e foram verificar as informações. Percebam que as prisões ocorreram justamente no momento em que a veracidade e a utilidade dos dados do dossiê estava sendo analisada pelo advogado traíra do PT.

Os petistas morderam a isca, acreditaram na história e caíram na armadilha dos tucanos, transvestidos de Vedoin. Não sei se caíram ou se agiram de má-fé, enganando os demais companheiros. Sei que foram ingênuos e não perceberam o que estava acontecendo.

No caso do Pallocci os tucanos esperavam que o ministro violasse a conta do caseiro. Neste caso do dossiê, qual era o crime que os tucanos esperavam que ocorresse ? Para a compra do dossiê seria necessário dinheiro, muito dinheiro. E essa grana teria que sair de algum lugar ou de alguém. Logo, os tucanos esperavam que os petistas, na ânsia de comprar o dossiê, buscassem recursos em fontes ilícitas. Esse era o objetivo dos tucanos, ligar o PT com dinheiro sujo. Mais do que isso, ligar o PT com dinheiro sujo para comprar dossiê. Por isso, os tucanos falam tanto na origem do dinheiro, etc.

O papel da Polícia Federal, que também pode ter sido usada em tudo isso, foi dar credibilidade à história e prender os petistas. Assim, tudo saiu conforme o planejado. O cenário do crime foi armado, o suposto criminoso atraído, a polícia foi avisada (já estava de campana) e tudo ocorreu conforme o planejado. Cada elemento exerceu com grande maestria o seu papel na história. A prisão dos envolvidos encarregou de dar repercussão aos fatos. Coisa de Rede Globo. Coisa de novela da Globo.

A maior vitória do diabo foi convencer o mundo de que ele não existia.

Com isso, os petistas foram acusados de comprar um dossiê para prejudicar os candidatos tucanos. E não só comprar o dossiê, mas comprá-lo com dinheiro suspeito. Assim, os petistas passam a ser visto como maus e os tucanos com vítimas, como bonzinhos. O resto do discurso seria elaborado pela Globo e pelo Jornal Nacional. Em outras palavras, o plano original era fazer a sociedade, no meio de tantas denúncias e acusações de mensalão, etc, acreditar que o PT é o grande vilão de toda a história, o grande recebedor de mensalão, comprador de dossiê e utilizador de dinheiro suspeito, enquanto o PSDB são as vítimas os bonzinhos.

Mas os Vedoin não foram para a cadeia e não perderam o dinheiro ? Foram para a cadeia para dar credibilidade à história. Perderam o dinheiro do PT, mas, certamente, devem ter ganhado, por fora, muito mais do PSDB. Uma encenação completa, igual a do Pallocci. Uma encenação que alcançou o seu objetivo e está saindo melhor do que a encomenda.

Contudo, antes dos Vedoin procurarem o PT, os tucanos procuraram e negociaram com os Vedoin. Se fizeram isso por telefone, o que acho muito difícil, a Polícia Federal deve ter os dados gravados, pois estava monitorando os chefões da Máfia dos sanguessugas. Caso a PF não tenha capturado essas informações, o único modo de se provar a existência da armadilha tucana é fazendo os Vedoin falarem, ou descobrindo onde está o dinheiro que receberam pela encenação. Assim, temos pouco tempo para descobrir e capturar o negociador tucano e mostrar para a sociedade as ações secretas e dissimuladas dos políticos do PSDB e do PFL. Ações que tem por finalidade prejudicar a coletividade e restabelecer o poder nas mãos da classe dominante.

Enfim, mais um plano ardiloso e bem estruturado do PSDB contra o PT. Um plano cuja finalidade era enganar as autoridades investigativas e levar a sociedade a incidir em erro. Precisamos, urgentemente, desmascarar o império tucano.

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Datafolha joga água gelada na cabeça de Alckmin
O resultado da última pesquisa Datafolha, estampado nesta quarta nas páginas da Folha, derrama sobre a calva de Geraldo Alckmin um balde de água fria. A versão “heloisahelenizada” do chuchu, exposta no debate de domingo, não carreou votos para o cesto do presidenciável tucano. Pior: para alegria de Lula, o legume apimentado parece ter azedado o paladar de parte do eleitorado de Alckmin.

Os pesquisadores do Datafolha foram às ruas nesta terça, 48 horas depois do debate da TV Bandeirantes. Entrevistaram 2.868 eleitores em 194 municípios de 25 Estados. Descobriram que, do último dia 6 de outubro para agora, a vantagem de Lula sobre Alckmin ampliou-se de sete para 11 pontos percentuais. Ou, considerando-se apenas os votos válidos (excluídos brancos e indecisos), de oito para 12 pontos.

Lula manteve-se estável. Oscilou de 50% para 51%, dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos para cima ou para baixo. Alckmin escorregou para baixo. Foi de 43% para 40%. Contando-se apenas os votos válidos, como faz o TSE na hora de definir o resultado, Lula sobe de 54% para 56%. E Alckmin oscila de 46% para 44%.

O blog conversou na madrugada desta quarta com um dos integrantes do alto comando do comitê de Alckmin. Ele disse que o resultado do Datafolha, por adverso, ressuscita na campanha o debate sobre a dosagem dos ataques a Lula. Revive-se o receio de que a escalada acusatória possa acomodar sobre a cabeleira de Lula um halo de vítima.

“Não vejo alternativa senão a de manter o questionamento quanto à origem do dinheiro do dossiê e à identificação dos responsáveis”, disse o integrante do comitê de Alckmin. “Foi isso que ajudou a produzir o segundo turno. Mas teremos de acentuar a exposição da nossa proposta de governo, o que já estava previsto.”

O Datafolha quis saber também como os eleitores avaliaram a atuação dos dois candidatos no debate de domingo. Identificou-se ligeira vantagem em favor de Alckmin. Considerando-se a margem de erro, o quadro é, porém, de empate. Entre as pessoas que viram o debate, 43% avaliaram que Alckmin venceu. Lula foi o melhor na opinião de 41% dos entrevistados.

A pesquisa traz um dado preocupante para Alckmin. Ele perdeu votos tanto nas áreas em que é favorito quanto nas regiões em que está em desvantagem para Lula. Na região Sul, por exemplo, onde o tucanato lidera, Alckmin perdeu três pontos e Lula ganhou cinco. No Nordeste, região onde o petismo é favorito, Lula cresceu quatro pontos; Alckmin caiu quatro.

Na primeira pesquisa realizada pelo Datafolha depois do primeiro turno, na última sexta-feira, 48% dos eleitores de Heloisa Helena manifestavam a intenção de votar em Alckmin. Agora, o percentual caiu para 39%. Uma erosão de nove pontos. Lula, por sua vez, cresceu quatro pontos nesse segmento. Há cinco dias, 32% dos “helenistas” diziam que votariam em Lula. O percentual subiu agora para 36%.

Outras más notícias para o tucanato: 1) Alckmin perdeu oito pontos entre os eleitores com idade entre 25 e 34 anos (24% do eleitorado); Lula ganhou cinco. Alckmin caiu de 51% para 41% na preferência dos eleitores que ganham entre 5 e 10 salários mínimos; Lula subiu de 41% para 45% nessa faixa; 3) entre os eleitores que têm o ensino médio, Lula ganhou quatro pontos; Alckmin perdeu cinco. Entre os que têm ensino superior, Lula oscilou dois pontos para cima; Alckmin, três pontos para baixo.

Vai dando certo, por ora, a tática de Lula de posar de vítima ao mesmo tempo em que acentua a suposta ausência de propostas de Alckmin. Para manter-se vivo na disputa, Alckmin terá de anular pelo menos seis dos 12 pontos de desvantagem que ostenta na pesquisa. Num cenário de segundo turno, em que só há dois candidatos, cada ponto subtraído do líder tende a somar em favor do segundo colocado. A questão é: O chuchu apimentado do segundo turno conseguirá conquistar o paladar de mais de 7,5 milhões de eleitores nas duas semanas que restam de campanha?

Josias de Souza
Folha Online - Blog do Josias
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

10/10/2006

O prejuízo que os tucanos (PSDB + PFL) causaram ao Brasil com as privatizações

Seria interessante que os companheiros do PT, que dominam economia, montassem uma tabela que compara o preço de venda de cada uma das estatais com o preço que estas empresas valem hoje. Essa tabela mostrará o prejuízo causado ao Brasil pelo PSDB e pelo PFL, com suas políticas de privatizações. Políticas essas que o Alckmin e sua gangue pretendem continuar praticando. Inclusive o guru econômico do Picolé de chuchu - Mendonça de Barros - já está falando em privatizar a Petrobrás, ou seja, nem ganharam a eleição e já estão falando em privatizar a Petrobrás.

Eu lanço o primeiro dado que é uma pequena demonstração da extensão do prejuízo causado ao Brasil pelos tucanos (FHC, Serra, Alckmin, etc). A Companhia Vale do Rio Doce foi privatizada em 1997, no Governo do tucano FHC, pelo valor de 3,5 bilhões de reais. Hoje esta Companhia aparece na avaliação da Bolsa com um valor de mercado de 122 bilhões e 698 milhões de reais. Somente nesta Companhia o Brasil perdeu, com a privatização do tucano FHC, 119 bilhões e 198 milhões de reais. Agora, diga-me Sr. Geraldo Alckmin: quantos hospitais daria para construir com 119 bilhões de reais ? Quantas escolas ? Quantas rodovias ? Etc. Se a venda do "aerolula" daria para construir 5 hospitais, quantos hospitais poderiam ser construídos com o dinheiro que vocês fizeram o Brasil perder nas privatizações ?

Isso é somente o prejuízo causado ao Brasil pela venda de uma empresa estatal, a Companhia Vale do Rio Doce. E as outras empresas ? Quanto foi o prejuízo delas ? Precisamos calcular o valor total desse prejuízo que o PSDB e o PFL, com suas privatizações, ocasionaram ao Brasil. Precisamos não só calcular, mas mostrar esses dados para o povo brasileiro. Além disso, precisamos mostrar a quantidade de notas de reais que esse prejuízo forma, ou seja, vamos empilhar as notas e mostrar ao povo o monte de dinheiro que vocês perderam. Os tucanos gostam de ver dinheiro em espécie, gostam de ver dinheiro amontoado em cima da mesa. Portanto, precisamos amontoar o dinheiro perdido com as privatizações. Não só amontoar, mas chamar o povo para ver a altura do monte. Assim, todos os cidadãos terão uma idéia exata da quantidade de recursos que foram perdidos, do tamanho do prejuízo e da desgraça que vocês, tucanos, causaram ao Brasil. Se um milhão e pouco forma um montão de dinheiro, imagina cento e dezenove bilhões ? Isso só da Vale do Rio Doce, ou seja, desconsiderando o prejuízo oriundo das outras empresas que foram privatizadas

Resumindo, o PSDB e o PFL, com suas políticas de privatizações e destruição do patrimônio público, ocasionaram, e pretendem continuar ocasionando, grandes prejuízos para o Brasil e para o povo brasileiro.

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09/10/2006

O Alckmin vai vender a Amazônia ???

Alckmin gosta de privatizar coisas. Gosta de vender empresas públicas lucrativas, inclusive acabou de privatizar uma empresa pública de transmissão de energia em São Paulo. Se Alckmin vencer as eleições, corremos o risco dele aceitar uma outra proposta. Aquela feita pelo governo inglês para privatizar a Amazônia, ou seja, o "picolé de Chuchu", que adora vender o patrimônio público, vai querer vender a Amazônia para o gringos, pois afinal eles venderam a Vale do Rio Doce e outras empresas importantes para o Brasil.

Enfim, votar em Alckmin significa votar no neoliberalismo, na ALCA e na privatização de empresas públicas (Banco do Brasil, Petrobrás, Correios, etc).

É importante assinalar ainda que Alckmin é excessivamente hipócrita e fingido. Ele faz muito bem o papel do macaco que senta em cima do próprio rabo para falar mal do rabo do outros. As máfias (sanguessugas, vampiros, mensalão, etc) começaram, ou seja, foram estruturadas no governo tucano. Contudo, no governo FHC nada foi descoberto e jamais seria, pois todos faziam parte da máfia.

Governo inglês divulga plano para privatizar a Amazônia

Data: 3/10/2006 - Fonte: Folha de S.Paulo

O governo inglês, por meio de David Miliband, secretário de Meio Ambiente britânico, divulgou na semana passada no México um plano para transformar a floresta amazônica em uma grande área privada. O anúncio foi feito em um encontro realizado na cidade de Monterrey, segundo informou o jornal "Daily Telegraph". O evento reuniu os governos dos 20 países mais poluidores do mundo.

A proposta inglesa, que conta com o aval do primeiro-ministro Tony Blair, visa a proteger a floresta, segundo Miliband. O próprio político admitiu que a idéia está em seu estágio inicial e que será preciso discutir as questões de soberania da região com o Brasil. O plano prevê que uma grande área da Amazônia passaria a ser administrada por um consórcio internacional. Grupos ou mesmo pessoas físicas poderiam então comprar árvores da floresta..

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Mendonça de Barros, guru econômico do Alckmin, defende a privatização da Petrobras

Folha de São Paulo - Eduardo Cucolo

O ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros defendeu, em palestra na Abamec, em São Paulo, a privatização da Petrobras.

"O governo já deveria pensar na privatização da Petrobras, seguindo a mesma lógica adotada no sistema Telebrás", afirmou Mendonça de Barros.

Segundo o economista, os problemas energéticos do país foram causados pelo grupo que controlou o Ministério de Minas e Energia nos últimos anos.

"Esse setor ficou muito tempo na mão do grupo do ACM (senador Antonio Carlos Magalhães, do PFL-BA), e eles não resolveram nada. Agora será necessário encontrar um Sérgio Motta para resolver essa crise", disse Mendonça de Barros, em alusão ao ex-ministro das Comunicações morto em 98.

Mendonça de Barros também criticou a falta de política industrial da equipe econômica do governo federal..

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Guru econômico de Alckmin defende a privatização da Petrobras

Por Claudio Gonzales/Vermelho.org [4/10/2006]

O ex-ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso, o empresário e economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, é um dos principais articuladores do programa de governo do candidato à presidência, Geraldo Alckmin (PSDB). No programa, não consta abertamente a proposta de venda da Petrobras para o capital privado, mas três itens do documento indicam, com outras palavras, que o rumo a ser adotado, no caso de improvável vitória da direita, será mesmo o da privatização.

No capítulo sobre política energética, o programa de governo de Geraldo Alckmin diz que o tucano irá ´´Estabelecer parcerias com a iniciativa privada para o crescimento do setor (de energia)´´; ´´Incentivar a participação da iniciativa privada em companhias de distribuição de gás natural´´ e ´´Incentivar a entrada de novos agentes no mercado de refino e transporte de petróleo e gás natural´´.

Apesar de no programa dos tucanos a proposta de privatização ter sido disfarçada, Mendonça de Barros já deu diversas declarações à imprensa defendendo abertamente a entrega do maior patrimônio público do país.

No final do governo Fernando Henrique, Barros participou de uma palestra na Abamec, em São Paulo, onde disse com todas as letras que ´´O governo já deveria pensar na privatização da Petrobras, seguindo a mesma lógica adotada no sistema Telebrás´´.

Segundo o economista, os graves problemas energéticos enfrentados pelo país na época foram causados pelo grupo que controlou o Ministério de Minas e Energia nos últimos anos do governo tucano.

´´Esse setor ficou muito tempo na mão do grupo do ACM (senador Antonio Carlos Magalhães, do PFL-BA), e eles não resolveram nada´´, disse Mendonça de Barros na ocasião.

Recentemente, em uma nova declaração, desta vez para a revista Exame, Mendonça de Barros voltou a defender a privatização da maior e mais lucrativa empresa estatal da América Latina.

Perguntado sobre o que deveria ser privatizado, Mendonça de Barros afirmou: ´´Há muita coisa ainda, como os serviços portuários, as estradas de rodagem, o setor elétrico, a Petrobras´´.

Questionado se a privatização da Petrobras não seria extremamente polêmica, o guru econômico de Geraldo Alckmin deu a seguinte resposta: ´´Sem dúvida. Ainda não tenho opinião formada sobre o assunto, mas se eu estivesse no próximo governo, trabalharia forte na privatização da Petrobras. Esse não é um projeto simples. Tem de ser muito bem estudado, muito bem planejado. Mas acho que deveríamos quebrar esse monopólio que hoje não se justifica. Privatizar ou não é uma questão que tem de ser avaliada de maneira objetiva, não ideológica. Não tenho nada contra a empresa pública, mas quando a empresa pública não tem mais razão de existir, ela precisa ser extinta, e o negócio, vendido para a iniciativa privada´´.

E não é apenas Mendonça de Barros que fala abertamente em retomar as privatizações. O próprio candidato tucano declarou em entrevista concedida ao jornal O Globo (15 de janeiro de 2006), que pretende retomar a política de privatizações implementada pelo governo FHC, Alckmin citou os bancos estaduais entre suas prioridades. ´´A maioria já foi privatizada, mas deveriam ser todos. Tem muita coisa que se pode avançar. Susep, sistema de seguros, tem muita coisa que se pode privatizar´´, respondeu. Perguntado se os Correios estariam nesta lista de empresas privatizáveis, o governador paulista foi mais cauteloso, mas não descartou a possibilidade. ´´Correios acho que teria que amadurecer um pouco. Tem muita coisa que não precisa privatizar´´, afirmou sem especificar quais. E, além das privatizações, acrescentou que pretende valorizar as parcerias público-privadas em um eventual governo tucano.

Em São Paulo, no período em que o PSDB foi governo, Alckmin comandou uma grande onda de privatizações de empresas públicas que fragilizou a economia do estado.

Segundo analistas políticos, além da Petrobras e dos Correios, também estão na mira dos tucanos os dois grande bancos públicos federais: Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Todas estas estatais (Correios, Petrobras, BB e Caixa) são empresass públicas altamente lucrativas, com alto grau de investimento em setores sociais, culturais, esportivos e educacionais e são exemplos internacionais de gestão e competência em suas respectivas áreas de atuação..

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O plano do PSDB para privatizar a Petrobrás

Dia 11.03.99 - Discurso sobre a privatização da Petrobrás - Senado Brasileiro

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Magalhães) - Com a palavra o Senador Antonio Carlos Valadares.

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB-SE. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no ano de 1995, no primeiro mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso, o então Presidente do Senado, Senador José Sarney, recebeu uma carta do Chefe da Nação, assumindo o compromisso de que a Petrobrás, em nenhuma hipótese, seria objeto de privatização.

O Governo assumiu, então, os seguintes compromissos:

1 - que a Petrobrás não será passível de privatização;

2 - que a União não contratará empresas para pesquisa e lavra em áreas que tenham produção já estabelecida pela Petrobrás, áreas essas em que permanecerão observadas as normas do novo modelo com a citada companhia estatal;

3 - que nas licitações para concessão de pesquisa e lavra, no caso de igualdade das propostas apresentadas, seja assegurado à Petrobrás o direito de preferência nas contratações.

Esse é um documento histórico, que nasceu em decorrência de uma discussão surgida no âmbito do Senado quando do andamento da Proposta de Emenda Constitucional nº 06, que quebrava o monopólio do petróleo. O Presidente da República assumiu esse compromisso; no entanto, apesar de dizer publicamente, como ocorreu na semana passada, que não é sua intenção fazer a privatização da Petrobrás, também afirmou, conforme publicado no Estado de S.Paulo, que não descarta a possibilidade de, no futuro, depois de feitos os estudos e se o País achar que é bom, as estatais serem vendidas. Sua Excelência referia-se, naturalmente, não só à Petrobrás, mas também ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal, e falava não em privatização, mas num eufemismo chamado "racionalização", para adaptar a empresa aos novos tempos, ou seja, à venda das subsidiárias da Petrobrás. A mais importante delas, na nossa opinião, é a BR Distribuidora.

Para fazer seus altos investimentos em pesquisa, prospecção, exploração e refino, a Petrobrás precisa de receita. Assim, a venda das suas subsidiárias será o começo da privatização intencionada pelo Governo. Aliás, Sr. Presidente, o Jornal do Brasil publica um artigo que retrata esta nossa preocupação, citando as seguintes estratégias:

1 - reduzir o poder de ação da Petrobrás, diminuindo seu orçamento de investimento, em 1999, de U$5 bilhões para U$2 bilhões;

2 - suspender e impedir novas parcerias da Petrobrás com empresas, nacionais ou estrangeiras, para exploração e produção de campos de petróleo;

3 - extinguir a parceria com o Grupo Odebrecht para a construção do Pólo Petroquímico de Paulínia, em São Paulo, e de outros projetos;

4 - cancelar áreas de exploração concedidas à Petrobrás e devolvê-las à Agência Nacional do Petróleo;

5- interromper o programa da Petrobrás de reparos de navios ou de sua adaptação para plataformas de petróleo, no Rio de Janeiro;

6 - eliminar da mídia as campanhas publicitárias que enaltecem as conquistas tecnológicas e operacionais da Petrobrás;

7 - desmantelar o Cenpes, consagrado centro de pesquisas, que possibilitou à Petrobrás tornar-se líder mundial na exploração petrolífera em águas profundas;

8 - começar a privatização pela venda das refinarias, dos dutos e da BR Distribuidora, o setor mais rentável da cadeia produtiva de petróleo;

9 - colocar por preço vil a venda de 31,27% das ações que excedem as necessárias para que a União assegure o controle acionário da estatal, protelando a sua venda, que poderia ter sido realizada antes da crise da Rússia, quando o mercado acionário era mais favorável para a colocação de um vultoso lote de títulos, cujo preço chegou então a ser estimado entre US$ 5bilhões e US$ 6 bilhões;

10 - finalmente; solicitar ao Congresso autorização legal para vender os 51% de ações do controle acionário, para liqüidar de vez a Petrobrás.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou fazendo esta comunicação inadiável para manifestar a preocupação do Bloco de Oposições ante as declarações do Presidente da República e as ações que estão sendo desencadeadas no sentido de enfraquecer a nossa maior empresa. A venda das subsidiárias implica redução profunda das receitas da nossa grande estatal, a Petrobrás. Com seu enfraquecimento, sem poder competir no mercado nacional e internacional, no futuro ela será, fatalmente, objeto de leilão para venda.

Eram essas as minhas palavras, Sr. Presidente.

Obrigado..

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Política tucana de privatizações

Jornal do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas...

Uma das grandes diferenças entre o governo Lula e o governo tucano é o tratamento dado ao Estado em geral e ao serviço público em particular. Enquanto o PSDB preocupa-se em reduzir o quadro dos servidores da administração pública federal por meio de uma política de terceirização, o governo Lula promoveu o fortalecimento dos cargos públicos por meio de processo seletivo.

A redução da força de trabalho no Executivo, no período de 1996 a 2002, foi de 18%. Isso implicou o corte de 98.025 postos de trabalho no Executivo Federal Civil. Com a política de terceirização, o governo elevou os gastos com locação de mão-de-obra de R$ 363 milhões em 1998 para R$ 656 milhões em 2002.

Outra política ainda não esclarecida são as privatizações. Entre as antigas estatais, há a Companhia da Vale do Rio Doce (CVRD). De acordo com o processo de privatização da mineradora, a determinação do preço mínimo para a compra da estatal seria feita com base no “fluxo de caixa operacional”, ou seja, o valor seria determinado pelo que havia no fluxo de caixa da empresa. Portanto, foram desconsideradas jazidas minerais que ainda não haviam sido descobertas, além das recentemente descobertas.

Este ano, a mineradora apresentou o segundo maior lucro entre as empresas brasileiras de capital aberto (R$ 6,09 bilhões). A primeira foi a Petrobras, estatal que o governo FHC tentou privatizar.

Além de empresas de mineração, os governos tucanos privatizaram estatais dos setores petroquímico, elétrico, ferroviário, metroviário, marítimo, saneamento, telecomunicações e financeiro. Em 2003, mais de 200 parlamentares assinaram requerimento de CPI para investigar as privatizações no período de 1995 a 2002. No entanto, somente em janeiro deste ano foi possível convocar a instalação da CPI. Mesmo assim, líderes tucanos declararam no começo deste ano que não era hora de instalar a CPI da Privatização porque o momento oportuno já havia passado.

Em São Paulo, os tucanos continuam promovendo privatizações. Em junho deste ano, o governo paulista privatizou a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista. Metroviários do Estado cruzaram os braços em julho contra a privatização da linha 4 do Metrô. .

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Alerta geral - Eles estão tentando voltar, disfarçados de Chuchu!!!

A Bolsa de Valores de São Paulo acaba de revelar, em sua última avaliação, que entre as dez maiores empresas em valor de mercado estão duas (ainda!) estatais brasileiras.

Segundo o Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo), a maior de todas é a Petrobras, cujo valor de mercado é de 214 bilhões e 650 milhões de reais. A outra é o Banco do Brasil, avaliado em 40 bilhões e 811 milhões de reais.

É importante lembrar que tanto a Petrobras como o Banco do Brasil constavam do famigerado plano de privatização (ou piratatização, como bem denominou o jornalista Helio Fernandes na Tribuna da Imprensa) do governo PSDB/PFL, sob o comando do entreguista Fernando Henrique Cardoso. É oportuno recordar que a ex-estatal Vale do Rio Doce, que aparece na avaliação da Bolsa com valor de mercado de 122 bilhões e 698 milhões de reais, foi “piratizada” em 1997 pela ninharia de 3,5 bilhões de reais!

Muitas outras empresas estatais como a Companhia Siderúrgica Nacional, a Usiminas, a Cia Nacional de Álcalis e a Embratel foram vendidas a preço de banana, acarretando prejuízos acumulados de bilhões e bilhões de reais, duzentas vezes mais que todos os desvios dos mensalões e sanguessugas juntos.

Desgraçadamente, na época da privataria o congresso era dominado pelo PSDB/PFL e todas as tentativas de se abrir uma CPI para investigar as privatizações foram abafadas, não se sabe a que preço. Com a vitória de Lula em 2002, cessou definitivamente a política de entrega e dilapidação do patrimônio do povo brasileiro.

Mas atenção, companheiros, alerta geral!

Eles estão tentando voltar, disfarçados de Chuchu!!!

Fonte: Federação dos Químicos

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05/10/2006

Votar em Alckmin significa

Votar em Alckmin significa votar no neoliberalismo, na ALCA e na privatização de empresas públicas. Votar em Alckmin significa menos verba para a educação, menos verba para a saúde e menos projetos sociais. Votar em Alckmin significa votar na classe dominante, nos projetos e nas idéias dos ricos. Votar em Alckmin significa votar contra os interesses da coletividade e contra projetos que beneficiam a maioria dos cidadãos.

Alckmin venceu nas regiões dominadas pelos ricos, ou seja, venceu no sudeste dos industriais, no centro-oeste dos fazendeiros e no sul dos imigrantes europeus. Essa é uma demonstração clara de que ele é um candidato da classe dominante e dos ricos, pois se ele fosse importante para os pobres teria vencido nas regiões mais pobres do país.

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04/10/2006

Eclipse da democracia

Philip S.Golub - Le Monde Diplomatique - Setembro/2006

Tribunais de exceção, tortura, prisões secretas. Vigilância e escutas ilegais. Parlamentos dominados pelos Executivos. Em nome da segurança, grandes conquistas dos séculos passados são, uma a uma, atacadas nos EUA e Reino Unido.

Poucas vezes a distância entre democracia real e democracia formal foi tão grande. Em quase todos os países democráticos "avançados", poderes Executivos de baixa legitimidade governam há anos sem – e freqüentemente contra – o assentimento popular. Na França, no Reino Unido, nos Estados Unidos e em outros lugares, o Executivo se autonomizou da sociedade, impondo-lhe, em uma marcha para frente neoliberal e neoconservadora cega, "reformas" sociais reacionárias, assim como medidas disciplinares e de segurança cada vez mais repressivas.

Assiste-se, ao mesmo tempo, a uma concentração do poder Executivo e a uma marginalização dos contra-poderes, e até mesmo, como é o caso no Reino Unido e nos Estados Unidos, a uma revisão dos fundamentos dos equilíbrios institucionais que constituem desde suas origens o projeto liberal-democrático. Esse duplo movimento de autonomização e de concentração do poder foi poderosamente ampliado pela "guerra contra o terrorismo" e o estado de exceção que, desde 2001, sobredeterminam os campos do real.

No Reino Unido, o governo de Tony Blair acentuou o movimento, já aparente sob Margaret Thatcher (1979-1990), de "presidencialização" das instituições britânicas. Nos últimos anos, o primeiro-ministro tentou reconfigurar os equilíbrios institucionais minando as prerrogativas do Parlamento, limitando a autonomia da justiça e restringindo as liberdades. Enquadra-se aí a Criminal Justice Act (2003),"que impõe penas obrigatórias e mínimas, e reduz a capacidade dos juízes de adaptar a punição aos casos particulares"; a Prevention of Terrorism Act (2005), que "permite ao Ministro do Interior restringir a liberdade das pessoas suspeitas de estarem implicadas em atividades terroristas", sem garantia judiciária adequada; e a Enquiries Act (2005), que "limita a independência dos juízes nomeados para dirigir as investigações, autorizando os ministros a escolher os elementos de prova que poderão ser, ou não, tornados públicos." [1] Ainda mais grave, o habeas corpus, a proteção mais antiga dos direitos da pessoa contra a arbitrariedade do Estado, é ameaçado pela nova legislação antiterrorista.

Até então dócil, o Parlamento recusou-se, no entanto, a consentir uma expansão maior ainda do poder discricionário do executivo, que era prevista no Legislative and Regulatory Reform Bill de 2006. Por trás de uma reforma administrativa anódina, esse projeto de lei "dava aos ministros poderes arbitrários" [2], permitindo-lhes legislar por decretos, sem controle parlamentar limitador. A medida esvaziaria de fato o Parlamento de sua substância. Diante da resistência dos lords, que não quiseram manifestamente consentir na sua própria autodissolução, a "lei de abolição do parlamento", como a qualificavam seus detratores, teve de ser emendado por Downing Street [3].

A extensa lista das restrições às liberdades

Mas, ainda que o Executivo tenha sido obrigado a ceder nesse caso particular, isso não deixa de significar que Blair esteja desconstruindo paulatinamente a democracia britânica. Como disse Henry Porter, causa "um mal enorme à Constituição, à tradição de soberania parlamentar, à independência do poder judiciário, aos direitos da pessoa e à relação complexa entre o indivíduo e o Estado" [4].

Nada disso é verdadeiramente surpreendente vindo de um primeiro-ministro que se refugia na idéia de que apenas Deus julgará seus atos, ou de um governo que preconiza "o imperialismo liberal" e a necessidade "de reatar com os métodos mais rudes de uma outra era — a força, o ataque preventivo, a mentira e tudo mais que se revele necessário para combater aqueles que vivem ainda no século 19" [5].

Nos Estados Unidos, a amplitude do recuo democrático é espantosa. Através de um estado de exceção não-declarado, mas efetivo, o governo Bush procede à demolição sistemática da ordem constitucional. Governar por decretos secretos e decisões presidenciais arbitrárias tornou-se uma prática normal do Estado, como atestam as revelações cotidianas sobre a tortura, a existência de um arquipélago de prisões secretas e as operações não legais de espionagem interior.

Agindo por trás de uma cortina de segredos, o Executivo norte-americano arrogou-se consideráveis poderes extra-jurídicos. Pisa nos tratados internacionais e empreende guerras preventivas; prende, tortura e mantém indefinidamente detido, sem julgamento, qualquer um que tenha sido identificado por decreto presidencial como um "combatente ilegal"; apóia-se na criação de um "sistema" judiciário paralelo e secreto, colocado sob o controle direto do Pentágono e da Casa Branca; em poucas palavras: atribui a si mesmo o poder de ultrapassar a ordem existente definida pelo direito internacional e nacional.

Essa tomada de poder que se efetua metodicamente cortando cada vez mais as atribuições e competências dos outros braços do governo suscita resistências institucionais: no meio de dezembro de 2005, o Senado tentou finalmente interditar os "tratamentos cruéis, desumanos e degradantes" infligidas aos detentos (Detainee Treatment Act). No mesmo sentido, a Corte Suprema derrotou o presidente no início de julho, declarando anticonstitucionais os tribunais militares de exceção instaurados pela Casa Branca na Baía de Guantánamo. Mas, nos dois casos, o Executivo contorna ou tenta contornar o obstáculo: a pressão insistente da Casa Branca venceu a resistência da iniciativa do Senado. Novas formulações na lei senatorial não somente anulam seu efeito, mas poderiam muito bem abrir o caminho para uma "legalização" da tortura, "legitimando" a apresentação, diante das jurisdições norte-americanas, de depoimentos obtidos por esses métodos [6].

Em 30 de dezembro 2005, apenas alguns dias após o voto do Senado, o presidente George W. Bush reafirmava que seus "poderes como Comandante em Chefe e dirigente do ’braço executivo unitário’" (expressão referente a uma filosofia jurídica que afirma a primazia absoluta do Executivo sobre o Legislativo e o Judiciário) o autorizam a fazer "tudo aquilo que for necessário para defender a América", suscitando esta advertência por parte do senador Edward Kennedy: "Qualquer que seja a legislação do país, quaisquer que sejam os textos que tenham sido redigidos pelo Congresso, o braço executivo [reivindica] o direito de autorizar a tortura sem medo de inquéritos judiciários" [7].

Quanto ao julgamento da Corte Suprema sobre os tribunais militares, a Casa Branca tenta atualmente contorná-lo fazendo "legalizar (por uma nova lei do Congresso) ações ilegais", segundo expressão do New York Times. O esforço é transparente: trata-se "de minar a separação constitucional dos poderes" [8]...

Como se cria a "emergência permanente"

Essa vontade já estava presente antes do 11 de setembro. "Mesmo sem os atentados", destaca um pesquisador, "estava claro que o governo Bush iria agir unilateralmente cada vez que pudesse fazê-lo, e iria sistematicamente empurrar para cada vez mais além os limites do poder presidencial" [9]. Após os atentados, o presidente metamorfoseou-se em César norte-americano, enquanto as vozes dissidentes foram reduzidas ao silêncio pelo medo e pela mobilização do sentimento nacionalista.

Em suma, as barreiras que restringem habitualmente, em uma sociedade democrática, o uso arbitrário do poder coercitivo do Estado, desmoronaram. Testemunha disso são os memorandos de triste notoriedade sobre a tortura, redigidos por Alberto Gonzáles (atual ministro da Justiça) em 2002, reconhecendo o poder "constitucional" do presidente de utilizar, em tempo de guerra, todos os meios necessários, sem exceção, para o cumprimento de sua missão de "Comandante em Chefe" - mesmo em se tratando de atos que derrubem por terra o direito internacional. "Em virtude desse raciocínio, escreve o jurista David Cole, o presidente estaria, pela Constituição, habilitado a recorrer ao genocídio, se ele assim desejasse" [10].

Assistimos assim a uma reconfiguração da soberania que nega os princípios fundadores do liberalismo clássico: a separação dos poderes e o estabelecimento de garantias constitucionais para proteger a pessoa do arbítrio coercitivo do Estado.

Para os primeiros filósofos políticos democráticos, entre os quais Montesquieu e John Locke, é a separação dos poderes que dá essas garantias. Ela limita a ação dos governantes e garante desse modo "a tranqüilidade" (Montesquieu), ou seja, a liberdade política do indivíduo. Em teoria, essas barreiras constitucionais contra o absolutismo ou a tirania institucionalizam normas das quais os dirigentes só podem se livrar temporariamente, em circunstâncias excepcionais. Mais ainda: se, em caso de urgência ou de "necessidade" – por exemplo, em caso de guerra – e por períodos limitados de tempo, os dirigentes dos Estados democráticos podem se furtar a certas leis, não lhes é legalmente dado se furtar à ordem constitucional. Na teoria liberal-democrática, o estado de emergência (o "poder prerrogativo" do dirigente, na terminologia de Locke) é uma exceção destinada a salvaguardar a norma fundamental, que é precisamente a ordem constitucional.

Em um estado de emergência permanente, a exceção torna-se regra. No início do século 20, Carl Schmitt, teórico político reacionário alemão, elaborou e sistematizou uma doutrina sobre o estado de emergência e de exceção. Em seus primeiros escritos, ele opera uma distinção entre ditadura "comissarial" e "soberana". A primeira estaria fundada sobre a ordem jurídica existente e destinada a salvaguardar a norma constitucional; a segunda, destruiria essa norma. Em suas obras mais importantes, Teologia Política e A Noção do Político, ele opta pela segunda: "Impulsionados por sua extrema lógica, os trabalhos de Schmitt (...) constituem o fundamento de uma exceção autoritária sem exceção" [11]. Na segunda obra citada, Schmitt afirma que o Estado, como expressão mais elevada do político, apenas se realiza e descobre sua verdadeira essência em situações de emergência quando "ele escolhe seu inimigo e decide combatê-lo".

Rumo a um futuro estruturalmente sem lei

Essa escolha produz senso de coletividade, unifica a nação, despolitiza a sociedade civil e concentra o poder. O estado de emergência permite ao Estado transcender a sociedade e estabelecer sua autonomia ditatorial. Tendo assim adquirido o monopólio da ação e da decisão política, o Estado, encarnado no ditador com poderes de exceção e que, desse modo, torna-se verdadeiramente soberano, goza de poderes ilimitados, começando pelo de ultrapassar ou de arrasar "a ordem jurídica existente". Visto que a guerra representa a forma mais pura do estado de emergência, ela torna-se o fundamento ontológico do Estado.

Atualmente, a desconstrução da ordem constitucional desenvolve-se em um contexto de "guerra" onipresente. Uma guerra definida desde o início pelo Executivo americano (e, a fortiori, por seus aliados) como sem fronteiras espaciais nem temporais. O documento da Casa Branca apresentando a Estratégia de Segurança Nacional (NSS) para 2002 equipara a "vulnerabilidade [dos Estados Unidos] ao terrorismo" a uma "nova condição de vida" [12]. A guerra perpétua torna-se o modo de vida desse início de século 21. Mais recentemente, podia-se ler no Quadrennial Defense Review (QDR), documento doutrinal do Pentágono, que a "Longa Guerra" empreendida pelos Estados Unidos é "uma luta que [se dará] em dezenas de países simultaneamente [por] muitos anos ainda" [13]. Do mesmo modo, vemos na Estratégia de Segurança Nacional para 2006, documento que retoma os elementos chave da NSS 2002 (a qual oficializa a doutrina da guerra preventiva), que "os Estados Unidos vivem os primeiros anos de uma longa luta, uma situação parecida com aquela que nosso país teve de enfrentar no início da Guerra Fria"[ NSS, Casa Branca, Washington, D.C., março 2006, p. 1.]].

Como sublinha a filósofa Judith Butler, "a perspectiva de um exercício [de poder do Estado ignorando a lei] estrutura o futuro indefinidamente. O futuro torna-se assim um futuro sem lei, não anárquico, mas submetido às decisões discricionárias de um conjunto de soberanos designados" [14].

Esses soberanos governam por meio do medo, estimulam o nacionalismo e exploram preconceitos raciais e étnico-religiosos. As operações de uma organização terrorista desterritorializada são apresentadas não como um perigo específico e circunscrito, mas como uma ameaça totalitária planetária de tipo hitleriano. Em 16 de outubro de 2005, Bush afirmava que os extremistas islâmicos tentavam "estabelecer um império islâmico radical estendendo-se da Espanha à Indonésia". Dois dias mais tarde, seu Conselheiro de Segurança Nacional, Stephen Hadley, declarava, diante do Conselho de Relações Exteriores em Nova York: "A Al-Qaeda tenta conseguir a adesão das massas muçulmanas, derrubar os governos moderados da região e restabelecer o califado islâmico que (na sua forma atual) reinaria da Espanha à Indonésia e além".

Esse exagero do poder da Al-Qaeda, tanto quanto as sinistras advertências da Casa Branca contra o espectro de "cogumelos atômicos" no dia seguinte ao 11 de setembro, poderiam parecer caricaturais se não se tratasse de um método de governo para mascarar as intenções autoritárias do Estado. É um jogo perigoso que atiça os ódios essencialistas: as culturas plurais do Islã são reduzidas a uma categoria indiferenciada designando o Outro, o bárbaro, o inimigo. O "choque de civilizações" torna-se pouco a pouco uma profecia auto-realizável.

A pior das tradições do Ocidente

A paisagem ideológica não é mais muito sadia na Europa, onde o medo do outro se traduz por uma suspeita sobre as pessoas "estrangeiras" ou "de origem migrante". Na França, por exemplo, os motins urbanos, manifestamente causados por longos anos de negligência social e de exclusão institucional, foram condenados por muitos como atentados étnico-religiosos contra "a identidade nacional" [15]. O governo reagiu à crise dos subúrbios de novembro de 2005 desenterrando uma lei que data da época colonial e decretando estado de urgência. Essas medidas dizem muito sobre o estado da cultura e... a cultura do Estado.

É preciso lembrar: foi em um contexto colonial que o estado de urgência como forma de exercício do poder foi mais freqüentemente utilizado pelas democracias liberais. Ao longo de seu aprendizado multicentenário do despotismo colonial, retomando a fórmula de Hannah Arendt [16], o Ocidente inventou os campos de concentração e ressuscitou a tortura (que, graças ao Iluminismo, estava em vias de extinção). Enquanto a Europa exportava sua violência, o despotismo norte-americano era aplicado no próprio país, sob a forma do escravismo.

Como sublinham as recentes apologias da colonização ou do imperialismo, esse passado não está definitivamente passado. Mesmo assim, na França, a memória anticolonial ainda está viva: o artigo 4 da lei de 23 de fevereiro de 2005, adotada pelo Parlamento francês, reconhecendo "a obra da França" em sua colônias teve de ser revogado por decreto, em 15 de fevereiro de 2006, diante dos protestos suscitados [17]. Nesse país, como em tantos outros, autoritarismo e espírito colonial estão uma vez mais intimamente ligados àqueles que reclamam regimes de exceção. Nas entrelinhas do discurso oficial transparece a idéia de que seria preciso um Estado autoritário para proteger dos bárbaros – seria preciso renunciar às nossas liberdades para preservar as nossas vidas.

Tradução de Carolina Massuia de Paula
[1] Clare Dyer, "Judges reveal anger over curbs on power", The Guardian, Londres, 26 de abril de 2005. O mandado de prisão europeu coloca o mesmo problema.
[2] Henry Porter, "How we move ever closer to becoming a totalitarian state", The Observer, Londres, 5 de março de 2006.
[3] Referência ao endereço do primeiro-ministro britânico.
[4] Henry Porter, ibid.
[5] Robert Cooper, "The new liberal imperialism", The London Observer, 7 de abril de 2002.
[6] Ver Alfred McCoy, "Why the McCain Torture Ban Won’t Work. The Bush Legacy of Legalized Torture", TomDispatch, 8 de fevereiro de 2006.
[7] Citado por Alfred McCoy, ibid.
[8] "The Bush agenda comes into focus", Editorial do New York Times de 16 de julho.
[9] Ver Christopher S. Kelley, "Rethinking Presidential Power – The Unitary Executive and the George W. Bush Presidency", comunicação na Midwest Political Science Association, 7-10 de abril de 2005, Chicago, Illinois.
[10] David Cole, "What Bush Wants to Hear", New York Review of Books, vol. 52, n° 18, 17 de novembro de 2005.
[11] Ver Oren Gross, "The normless and exceptionless exception, Carl Schmitt’s theory of emergency powers and the ’norm exception’ dichotomy", Cardozo Law review, vol. 21, New York, 2000, p. 1829.
[12] "National Security Strategy 2002" (NSS), Casa Branca, Washington, D.C.
[13] Quadrennial Defense Review (QDR), Ministério da Defesa, Washington, D.C., 2006.
[14] Judith Butler, Precarious Life, Verso, Londres, 2004, pp. 64-65.
[15] Ler Laurent Bonelli, "Les raisons d’une colère", Le Monde Diplomatique, edição francesa, dezembro de 2005.
[16] No primeiro esboço do seu Origens do Totalitarismo, Hannah Arendt apontava a continuidade direta entre o despotismo colonial europeu e o totalitarismo, ou o imperialismo integral. Ler também Jurgen Zimmerer, "Colonial Genocide and the Holocaust. Towards an Archeology of Genocide" in A. Dirk Moses (ed.), Genocide and Settler Society: Frontier Violence and Stolen Indigenous Children in Australian History, Berghahn, New York, 2004.
[17] Ler Claude Liauzu, "Une loi contre l’Histoire", Le Monde Diplomatique, abril de 2005.

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