Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

16/12/2006

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Leonildo Correa

leonildoc@yahoo.com


14/12/2006

Mensagem aos ladrões, bandidos, seqüestradores, etc

Senhores bandidos, ao invés de atacarem pessoas de bem, que trabalham de sol a sol para produzir e sustentar suas famílias e ter um pouco de sossego; ao invés de atacarem empresários que geram empregos, rendas e riquezas para o Brasil, ao invés de atacarem famílias trabalhadoras, mudem o foco e o grupo. Se não posso convencê-los a não praticarem crimes, ao menos tentarei desviar suas atenções para os inimigos e parasitas da sociedade e do povo. Observem os políticos, senhores bandidos. Percebam o quanto exploram e sangram a coletividade e os recursos coletivos. Pensem na quantidade de horas que eles trabalham e se é justo o que recebem todo mês, inclusive, acabaram de aumentar os próprios salários, ou seja, acabam de dobrar os próprios salários.

Aumentaram seus próprios salários em mais de 90%, enquanto o povo apodrece na miséria ganhando um salário mínimo. Eles, que trabalham pouco, irão ganhar cerca de R$ 24,000,00, enquanto o povo que trabalha muito e de sol a sol recebe apenas R$ 350,00. Eles, os políticos, aumentaram seus próprios salários em mais de R$ 12,000,00 e se recusam a aumentar o salário mínimo em mais de R$ 25,00.

Percebam, senhores bandidos, que a área política é um bom ramo para se explorar. Ainda mais agora que cada político vai levar para casa, todo mês, mais de R$ 150.000,00. Certamente, não estou contando o que eles roubam por fora, só o que roubam por dentro, na cara dura e na frente de todos.

Portanto, senhores bandidos, por que roubar, seqüestrar, extorquir, etc um empresário trabalhador que produz emprego e renda, se o senhor pode fazê-lo de quem parasita o país e rouba do povo. Use a sua atividade para uma finalidade social, para ajudar o povo a combater a corrupção e as falcatruas que sangram os recursos coletivos. Ataquem quem rouba o povo. Deixem em paz os trabalhadores que suam a camisa para produzir e ganhar. Roubem de quem rouba da coletividade. Ataquem quem ataca a coletividade.

Além disso, ladrão que rouba ladrão não merece prisão, sem contar que o povo vai se sentir vingado, pois saberá que os recursos furtados da coletividade não trouxe felicidade para os políticos parasitas, mas sim desgraça e violência.

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Eu sou Leonildo Correa

O meu objetivo é claro

O meu trabalho tem o escopo de reduzir as desigualdades, as injustiças e a pobreza. A minha luta é contra a tirania e a opressão. A minha meta é criar oportunidades e disseminar a esperança.

O meu jeito de ser

Sou esquisito e sou excêntrico. Não penso com a maioria e nem sigo os seus rituais. Tenho métodos próprios de ação e um jeito peculiar de agir. Além disso, tenho objetivos claros, certos e determinados, ou seja, sei o que quero e onde pretendo chegar e, em função disso, planejo minhas ações e meus atos. Não dou ponto sem nó. Não sou caótico e nem levado pela maré. Sempre analiso o cenário que me cerca e busco descobrir as variáveis que o afetam, assim como procuro elementos capazes de controlar e manipular tais variáveis. Assim, para tudo eu tenho um plano e todas as minhas ações estão orientadas no sentido de viabilizar projetos e idéias maiores.

Enfim, tento descobrir meios que modifiquem o cenário ao meu redor, tornando-o favorável à realização de meus projetos e concretização de minhas idéias. Isso é essencial para o sucesso pessoal e profissional, pois possibilita, principalmente nos casos de ações futuras, a montagem de cenários ideais e receptíveis para a implementação de meus planos. Por exemplo, pretendo, um dia, ser Presidente da República e, para obter sucesso nesta empreitada, busco executar ações e plantar idéias que formarão o cenário ideal (ambiente adequado) para minha candidatura, inclusive afastando e enfraquecendo aqueles que irão se levantar contra este intento. Lembro, aos desavisados, que o mundo não é movido pela sorte, mas sim pela informação e pelo planejamento minucioso.

A universidade pública hoje

A universidade pública, atualmente, é um centro de formação dos herdeiros dos grupos hegemônicos. Por isso, ela é indiferente aos problemas e às questões sociais e trabalha, quase exclusivamente, na reprodução dos instrumentos de opressão e dominação institucionalizados e vigentes na sociedade. Pior do que isso, esses instrumentos de dominação e controle são reelaborados e redesenhados, nas pesquisas científicas da universidade, para serem mais eficientes e mais lucrativos na exploração das classes excluídas pelos grupos dominantes. Assim, os temas de interesses sociais ou de interesse da maioria da população são relegados ao último plano, para não dizer censurados e arquivados, nos conselhos universitários.

Os alunos, graduandos das universidades públicas, tem um único objetivo, enquanto estão nos bancos universitários, encontrar um caminho rápido para o enriquecimento. Se não são ricos, querem ficar ricos. Se são ricos, querem ficar ainda mais ricos. Já os professores preferem buscar mecanismos que dobrem a renda pessoal e levem-nos rumo ao estrelato acadêmico de forma rápida e fácil. Quem não faz isso, quem não pensa assim, são excluídos do sistema, das bolsas e das pesquisas, pois ameaçam a "ordem que mascara a realidade e que manipula interesses: uma ordem que reinventa a moral sob o signo da necessidade e que caminha leve e inescrupulosamente com a hipocrisia, ou seja, que muda tudo para nada mudar."

Pior, pensar em problemas e questões sociais dentro da universidade pública, principalmente na USP, é caminhar para o insucesso acadêmico, pois ninguém está disposto a orientar pesquisas e estudos que versem sobre esses temas ou que possam repercutir socialmente. Por exemplo, não se estuda a criminalidade organizada nos presídios, a descriminalização das drogas, etc. Preferem perder tempo e dinheiro público produzindo "basura" intelectual.

Certamente, existem professores, pesquisadores, funcionários e alunos, assim como grupos de pesquisas, que lutam ferozmente e bravamente contra esse tipo de mentalidade e comportamento. Contudo, esses lutadores são minoria e como toda minoria são massacrados pelos imperialistas da universidade. Quando esses atores minoritários buscam verbas para pesquisas sociais recebem, logo no primeiro pedido, um não bem grande e ameaçador. Não há dinheiro para pesquisas e projetos que beneficiem a coletividade ou a maioria da população. Porém, sobram recursos para projetos que beneficiam empresas privadas.

Basta observar os movimentos de patenteamento de tecnologias desenvolvidas nas universidades públicas. Em nome de quem são registradas essas patentes, ou seja, quem é o dono da patente e quem ganha com a exploração dos produtos?

Inclusive, é pertinente citar aqui, eu fiz alguns projetos de pesquisa para estudar a criminalidade organizada nos presídios, outro para analisar a descriminalização das drogas, etc e fui devidamente ignorado pelos professores para os quais enviei tais projetos. Não há interesse em estudar essas questões ? Por que ? Por isso, eu decidi bancar sozinho essas pesquisas e, quando terminá-las, irei apresentá-las em universidades estrangeiras, ou seja, bem longe dos intelectuais macunaímas que povoam as universidades públicas brasileiras. Esse é o caminho mais rápido para se contornar o poder dos grupos dominantes que controlam, desvirtuam e parasitam as finalidades das universidades públicas.

Nesse contexto, os interesses sociais que deveriam ser perseguidos pela universidade pública, alimentada com recursos coletivos, são meros detalhes inconvenientes que devem ser esquecidos e ignorados. Assim, predomina dentro dessas instituições o pacto universitário dos parasitas macunaímas, ou seja, ninguém fala, trabalha ou cobra ações, pesquisas e interesses sociais ou coletivos no âmbito da universidade. Com isso, os problemas e as questões sociais são afastadas das políticas e pesquisas universitárias, sem ocasionar dor de consciência em ninguém. E se alguém de fora insinua algo sobre esse assunto, mudam logo de conversa então adotam a estratégia versátil: fazer uma exposição justificadora em linguagem arcaica, ou seja, explicar minuciosamente a questão sem dizer absolutamente nada. Essa última estratégia é muito utilizada pelo João Plenário no programa Praça é Nossa do SBT. Nas universidades públicas isso está em toda parte, principalmente nas salas de aulas.

Eu não defendo a destinação exclusiva de recursos públicos para pesquisas sociais. O que eu defendo é uma divisão igualitária desses recursos. Metade para tecnologia e metade para estudos sociais. Hoje mais de 80% dos recursos são destinados para tecnologia. Por que isso ? De que adianta ter tanta tecnologia e continuar imerso num mundo de violência, criminalidade e miséria.

Os docentes universitários, principalmente da USP, preferem orientar trabalhos de pouca relevância e repercussão social pois, assim, não são questionados em suas tarefas, ou seja, ganham dinheiro sem ter que mostrar resultados relevantes. Logo, ninguém vai observar a falta de qualidade, criatividade e a irrelevância do trabalho ou a repetição de coisas que já foram feitas em pesquisas de outras universidades, etc. Se não acredita no que estou dizendo, rastreie as pesquisas que estão sendo desenvolvidas hoje nas universidades públicas brasileiras, assim você vai verificar que 90% dessas pesquisas não servem para nada, são dinheiro público jogado no lixo, ou melhor, dinheiro público jogado no bolso dos pesquisadores e orientadores macunaímas, ou seja, a coletividade paga caro pela produção de basura intelectual.

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11/12/2006

Os frutos de minhas palavras

Eu sou a esperança de muitos. Para muitos eu sou o escolhido para liderar a luta contra o sistema e contra os grupos dominantes, contudo, para outros não sou nada, não sou ninguém. Talvez apenas mais um, iguais a eles, que nasceu para servir ao sistema e aceitar as coisas como são. Mais um que nasceu para seguir ordens, normas e regras. Mais um que nasceu para acreditar na imutabilidade do sistema e de suas regras.

Nesse contexto é preciso diferenciar quem é quem, ou seja, quem são aqueles que acreditam e depositam suas esperanças em mim e quem são os outros, isto é, aqueles que me vêem apenas como um pacato cidadão.

Posso identificar esses grupos analisando o campo onde semeio as minhas palavras. Assim, as pessoas para as quais estou falando nesse momento e que estão lendo esse texto, não acreditam em mim, não acreditam nas minhas propostas, não acreditam nos meus projetos. Essas pessoas não me ouvem

O descrédito deriva do fato delas não precisarem de minha ação ou proteção. Elas não precisam da minha força e ousadia para terem esperança e fé. Mais do que isso, elas não precisam de esperança. Logo, não atribuem nenhum valor àquilo que eu digo e nem param para me ouvir. São pessoas bem protegidas. Cercadas por altos muros e vigiadas por seguranças particulares. São pessoas bem alimentadas. Comem três vezes ao dia ou então toda hora. Pessoas que tem moradia e um bom salário por mês. Nessa ceara e com essas pessoas as minhas palavras são meros grãos de poeira ao vento, palavras que não ressoam, não ecoam e não produzem frutos.

O meu público, as pessoas que me ouvem e acreditam em minhas ações e projetos, assim como aquelas que vêem em mim um raio de esperança, não lerão este texto, pois não tem acesso a internet. Talvez não tenham nem energia elétrica ou saibam ler. São pessoas que não tem voz e não tem nenhuma força diante da inexorabilidade do sistema. Pessoas que não aparecem como pessoas, mas sim como coisa, quando morrem e viram um amontoado de carne inanimada, aí sim elas aparecem na TV, nas estatísticas de homicídio do governo, no laudo de morte do inquérito policial. Fora disso são apenas mão-de-obra barata para o sistema, empregados e escravos dos grupos dominantes - faxineiros, motoristas, empregadas domésticas, jardineiros, lixeiros, etc.

A minha voz ecoa nas periferias, nas favelas e nos guetos. A minha voz retumba no reino do narcotráfico e dos narcotraficantes - as favelas, as periferias, etc. A minha se alastra como fogo na palha entre os excluídos, os oprimidos e os explorados. A minha voz é um alento entre as pessoas que pairam à beira do abismo e precisam de um raio de esperança para continuarem lutando e resistindo às injustiças, à opressão e à tirania do sistema.

A minha voz ecoa nesses lugares e entre essas pessoas porque eu falo em oportunidades e construo projetos que concretizam tais oportunidades. Porque eu falo em redução das desigualdades e construo projetos que visam reduzir as desigualdades. Porque eu falo em diminuição da pobreza e apresento projetos que afastam a pobreza das comunidades. Mais do que isso eu reúno e aglutino em meus projetos e em minhas ações todas as vozes que clamam por ajuda, proteção e esperança. Projetos e ações que serão construídos com a participação dessa gente e das comunidades, ou seja, terão o toque e a cara dos principais beneficiados. Isso porque meus projetos e minhas ações não são esmolas e nem caridade, mas programas de geração de oportunidades.

As pessoas que ouvem a minha voz e acreditam em meu projetos sempre conviveram com o dilema de ter de escolher entre estudar ou trabalhar para comer. Sempre tiveram que conviver com a ausência, com a falta de tudo, seja de bens materiais, seja de amparo emocional ou espiritual. Sobrevivem com o mínimo, o mínimo do salário mínimo. Pessoas que sempre viveram com migalhas e restos jogados fora pelo sistema, sejam os produtos de segunda, terceira ou última categoria, sejam as comidas recolhidas no lixo. Lixo para alguns, porém luxo e alimento para outros.

Entre essa gente desvalida e "desesperançada" a minha voz e o meu discurso rende frutos em abundância. Entre essa gente as minhas ações e os meus projetos são motivos de alegria e felicidade, pois representam um raio de esperança, um caminho para um futuro melhor, uma oportunidade para saírem da lama e alçarem vôo rumo uma vida melhor. Para essas pessoas os meus projetos, as minhas ações e os meus discursos geram esperanças e fé, pois visam criar oportunidades, sem distinções de quaisquer espécies e visando quem mais precisa de ajuda. Lembro que o Brasil é um país que tem muita gente que não tem nada. Contudo, não ter nada é um luxo para muitos, pois existem pessoas que, além de não terem nada, ainda devem tudo aquilo que porventura venham a ganhar.

Enfim, a minha voz ecoa entre os excluídos, os oprimidos e os explorados. E são esses cidadãos que irão formar um exército que marchará contra o sistema e contra a tirania e a opressão implantada pelos grupos dominantes.

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A pequena vendedora de fósforos

Era véspera de Natal. Fazia um frio intenso; já estava escurecendo e caía neve. Mas a despeito de todo o frio, e da neve, e da noite, que caía rapidamente, uma criança, uma menina descalça e de cabeça descoberta, vagava pelas ruas. Ela estava calçada quando saiu de casa, mas os chinelos eram muito grandes, pois eram os que a mãe usara, e escaparam-lhe dos pezinhos gelados quando atravessava correndo uma rua para fugir de dois carros que vinham em disparada.

Não pôde achar um dos chinelos e o outro apanhou-o um rapazinho, que saiu correndo, gritando que aquilo ia servir de berço aos seus filhos quando os tivesse. A menina continuou a andar, agora com os pés nus e gelados. Levava no avental velhinho uma porção de pacotes de fósforos. Tinha na mão uma caixinha: não conseguira vender uma só em todo o dia, e ninguém lhe dera uma esmola — nem um só cruzeiro.

Assim, morta de fome e de frio, ia se arrastando penosamente, vencida pelo cansaço e desânimo — a imagem viva da miséria.

Os flocos de neve caíam, pesados, sobre os lindos cachos louros que lhe emolduravam graciosamente o rosto; mas a menina nem dava por isso. Via, pelas janelas das casas, as luzes que brilhavam lá dentro. Sentia-se na rua um cheiro bom de pato assado — era a véspera de Natal —; isso sim, ela não esquecia.

Achou um canto, formado pela saliência de uma casa, e acocorou-se ali, com os pés encolhidos, para abrigá-los ao calor do corpo; mas cada vez sentia mais frio. Não se animava a voltar para casa, porque não tinha vendido uma única caixinha de fósforos, e não ganhara um vintém. Era certo que levaria algumas lambadas. Além disso, em sua casa fazia tanto frio como na rua, pois só havia o abrigo do telhado, e por ele entrava uivando o vento, apesar dos trapos e das palhas com que lhe tinham tapado as enormes frestas.

Tinha as mãozinhas tão geladas... estavam duras de frio. Quem sabe se acendendo um daqueles fósforos pequeninos sentiria algum calor? Se se animasse a tirar um ao menos da caixinha, e riscá-lo na parede para acendê-lo... Ritch!. Como estalou, e faiscou, antes de pegar fogo!

Deu uma chama quente, bem clara, e parecia mesmo uma vela quando ela o abrigou com a mão. E era uma vela esquisita aquela! Pareceu-lhe logo que estava sentada diante de uma grande estufa, de pés e maçanetas de bronze polido. Ardia nela um fogo magnífico, que espalhava suave calor. E a meninazinha ia estendendo os pés enregelados, para aquecê-los, e... tss! Apagou-se o clarão! Sumiu-se a estufa, tão quentinha, e ali ficou ela, no seu canto gelado, com um fósforo apagado na mão. Só via a parede escura e fria.

Riscou outro. Onde batia a luz, a parede tornava-se transparente como um véu, e ela via tudo lá dentro da sala. Estava posta a mesa. Sobre a toalha alvíssima via-se, fumegando entre toda aquela porcelana tão fina, um belo pato assado, recheado de maçãs e ameixas. Mas o melhor de tudo foi que o pato saltou do prato, e, com a faca ainda cravada nas costas, foi indo pelo assoalho direto à menina, que estava com tanta fome, e...

Mas — o que foi aquilo? No mesmo instante acabou-se o fósforo, e ela tornou a ver somente a parede nua e fria na noite escura. Riscou outro fósforo, e àquela luz resplandecente viu-se sentada debaixo de uma linda árvore de Natal! Oh! Era muito maior e mais ricamente decorada do que aquela que vira, naquele mesmo Natal, ao espiar pela porta de vidro da casa do negociante rico. Entre os galhos, milhares de velinhas. Estampas coloridas, como as que via nas vitrinas das lojas, olhavam para ela. A criança estendeu os braços diante de tantos esplendores, e então, então... apagou-se o fósforo. Todas as luzinhas da árvore de Natal foram subindo, subindo, mais alto, cada vez mais alto, e de repente ela viu que eram estrelas, que cintilavam no céu. Mas uma caiu, lá de cima, deixando uma esteira de poeira luminosa no caminho.

— Morreu alguém — disse a criança.

Porque sua avó, a única pessoa que a amara no mundo, e que já estava morta, lhe dizia sempre que, quando uma estrela desce, é que uma alma subiu para o céu.

Agora ela acendeu outro fósforo; e desta vez foi a avó quem lhe apareceu, a sua boa avó, sorridente e luminosa, no esplendor da luz.

— Vovó! — gritou a pobre menina. Leva-me contigo... Já sei que, quando o fósforo se apagar, tu vais desaparecer, como sumiram a estufa quente, o pato assado e a linda árvore de Natal!

E a coitadinha pôs-se a riscar na parede todos os fósforos da caixa, para que a avó não se desvanecesse. E eles ardiam com tamanho brilho, que parecia dia, e nunca ela vira a vovó tão grandiosa, nem tão bela! E ela tomou a neta nos braços, e voaram ambas, em um halo de luz e de alegria, mais alto, e mais alto, e mais longe... longe da Terra, para um lugar, lá em cima, onde não há mais frio, nem fome, nem sede, nem dor, nem medo, porque elas estavam, agora, no céu com Deus.

A luz fria da madrugada achou a menina sentada no canto, entre as casas, com as faces coradas e um sorriso de felicidade. Morta. Morta de frio, na noite de Natal.

A luz do Natal iluminou o pequenino corpo, ainda sentado no canto, com a mãozinha cheia de fósforos queimados.

— Sem dúvida, ela quis aquecer-se — diziam.

Mas... ninguém soube que lindas visões, que visões maravilhosas lhe povoaram os últimos momentos, nem com que júbilo tinha entrado com a avó nas glórias do Natal no Paraíso.

(Hans Christian Andersen — Contos escolhidos)

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Em busca das nascentes do capitalismo

Alain Bihr ---- Le Monde Diplomatique ---- 11/2006

Seria o sistema sob o qual vivemos uma conseqüência natural da propensão do ser humano a dividir trabalho e trocar? Para fugir deste conto de fadas, Alain Bihr sai em busca das origens do capital — e o identifica como algo que tem início e fim, como toda criação humana.

Quando, onde, como e por que apareceu o capitalismo? Essas perguntas têm suscitado muita polêmica há mais de dois séculos. As razões incluem a dificuldade do problema, a diversidade dos pontos de vista e os ângulos de ataque. Quando se trata de questões sobre as origens, por definição sempre obscuras, as respostas renovam-se permanentemente, conforme a descoberta de novos materiais historiográficos e a criação de novas hipóteses. Mas tais divergências têm também a ver com maneiras específica e diferentes de colocar a questão.

A primeira explicação geral das origens do capitalismo é a que foi formulada durante a constituição do pensamento econômico clássico, a partir da segunda metade do século 18. É também a mais conhecida e continua a inspirar a maior parte das abordagens da história do capital e do capitalismo. Devido às suas origens, continua a ser marcada por pressupostos do pensamento liberal.

Sua principal característica é a atenção privilegiada ou mesmo exclusiva que dá ao mercado. Sob a perspectiva dessa tese, a formação do capital como relação de produção e o desenvolvimento do capitalismo como modo de produção reduzem-se essencialmente à extensão e à consolidação da esfera das relações comerciais. Ela examina, com cuidado, o aparecimento e o desenvolvimento dessas relações, as condições que as favoreceram, mas também os empecilhos que as obstruíram, as sinergias — ou, ao contrário, os conflitos — entre o desenvolvimento do comércio distante e as estruturas políticas que estão no coração desses processos, as formas comerciais do capital que se desenvolveram graças a eles etc. Os obstáculos encontrados, que freqüentemente travaram ou bloquearam os avanços, não são necessariamente ignorados ou negligenciados. Mas a idéia que surge do conjunto de estudos inspirados pelo paradigma liberal é a de que o capital e o capitalismo resultam da dinâmica irrepreensível das relações comerciais, vistas como a forma normal, ou de excelência, da relação social.

Capital: para Adam Smith, inclinação humana...

Uma das primeiras expressões sobre o tema encontra-se na obra de Adam Smith – "Estudo sobre a natureza e as causas da riqueza das nações" (1776) –, que fundou a economia política clássica [1]. Nas primeiras páginas, o autor aponta a existência, no ser humano, de uma "inclinação que o leva à comercializar, fazer escambos e trocas de uma coisa por outra", inclinação especificamente humana de que não se encontra vestígio em nenhuma espécie animal. Inclinação na qual Adam Smith vê o fundamento na mútua dependência dos homens que vivem em sociedade: a troca está diretamente ligada à vontade de satisfazer as exigências desta última: "(...) o homem tem quase continuamente necessidade da ajuda de seus semelhantes, e seria ilusório esperá-la apenas por sua benemerência. Será bem mais seguro obtê-lo se dirigindo-se ao interesse destes semelhantes, persuadindo-os de que, em nome de seus própriso interesses, devem fazer o que ele deseja deles. É o que faz aquele que propõe a outro uma compra qualquer. O sentido da proposta é: dê-me aquilo de que tenho necessidade, e você terá de mim o que necessita."

Dessa inclinação à troca resulta, de acordo com Adam Smith, a tendência ao desenvolvimento da divisão do trabalho, cada um tendo interesse em se especializar pelo tipo de atividade para o qual a natureza, a tradição ou a experiência pessoal o torna mais apto. "Assim, a certeza de poder trocar o produto do seu trabalho que excede o próprio consumo pelo produto do trabalho de outros que lhe seja necessário, incentiva cada homem a se devotar a uma ocupação específica e a cultivar e aperfeiçoar tudo o que ele pode ter de talento e inteligência para essa espécie de trabalho."

Para Adam Smith, a troca comercial e a divisão do trabalho que ela implica, como condição e resultado ao mesmo tempo, são consideradas como um estado natural (em todos os sentidos do termo) da sociedade, com base na suposição de que esta é apenas a reunião de uma multidão de indivíduos meramente egoístas. Ou seja, ao mesmo tempo exclusivamente autônomos (visto que proprietários privados do produto do seu trabalho e dos seus meios de produção) e dirigidos apenas pelo raciocínio do interesse pessoal na sua mútua dependência.

Em se tratando de um mito, no sentido de um relato fabuloso, que deveria a explicar as origens e fundamentos do mundo em geral e das instituições humanas em particular, nota-se com facilidade, de início, o caráter propriamente tautológico da explicação fornecida. Adam Smith pressupõe como estado natural da sociedade o que deveria explicar a gênese e o processo de desenvolvimento — ou seja, uma estrutura sócio-econômica caracterizada por um conjunto de produtores privados unidos simplesmente por um sistema de relações comerciais. Observa-se que se isso fosse natural da sociedade, o capitalismo teria nascido quase imediatamente no fim da pré-história humana.

A teoria "esquece", mas que para trocar é preciso produzir

Deixarei de lado, aqui, o alcance e o significado ideológicos (apologéticos) globais de tal abordagem, que leva a conceber o capitalismo como o fim da história humana, como o estado ideal do desenvolvimento social, em que se desenvolveria plenamente a quintessência comercial da relação social. Pretendo me concentrar apenas sobre dois limites essenciais desse paradigma, apenas do ponto de vista da inteligência da evolução histórica.

Em primeiro lugar, ao focalizar principalmente ou exclusivamente o processo de circulação comercial, essa abordagem liberal negligencia ou oculta totalmente as relações de produção, entendidas aqui no seu sentido mais estrito: como o conjunto dos procedimentos, normas, instituições que condicionam a unidade dos produtores e dos seus meios de produção, sem o qual nenhuma produção pode acontecer. Ora, antes de poder pôr em circulação produtos do trabalho, de qualquer natureza que sejam, antes de poder transformá-los em mercadorias, é necessário produzi-los.

E as condições que dirigem essa produção comandam o destino dos produtos do trabalho. Particularmente, a possibilidade ou não de esses produtos tornarem-se mercadorias. Por não levarem em conta as relações de produção, os estudos inspirados por esse paradigma liberal sofrem ou fracassam, na maioria das vezes, para explicar as razões pelas quais, longe de surgir espontaneamente, as relações comerciais podem se desenvolver em certas condições e circunstâncias — enquanto outras lhes são desfavoráveis. Por exemplo: por que o imenso império chinês resistiu a elas durante milênios, enquanto conheceram uma expansão notável ao longo da Antiguidade mediterrânea.

Em segundo lugar, esses mesmos estudos não compreendem a natureza da verdadeira revolução que se produz nas relações de produção com a formação do capital e o desenvolvimento consecutivo do capitalismo. Porque o caráter do capitalismo não é o produto do trabalho aqui compreendido geralmente como forma de mercadoria. "A riqueza das sociedades nas quais reina o modo capitalista de produção anuncia-se como ’imensa acumulação de mercadorias’", como constata Marx na abertura do Capital [2], primeiro e essencialmente porque as condições tanto subjetivas (as forças de trabalho) como objetivas (os meios de produção) do trabalho tornaram-se mercadorias. O que pressupõe, como Marx mostra longamente, a expropriação dos produtores e sua redução ao estatuto de "trabalhadores livres", que não têm outra escolha além de colocar à venda a única coisa da qual são ainda proprietários, a sua força de trabalho. Em outros termos, está nas relações de produção o segredo da formidável expansão da esfera da circulação comercial que caracteriza o capitalismo, e do qual este se orgulha: a segunda é apenas a aparência sob a qual se manifestam os primeiros.

Na verdade, não existe nenhuma dinâmica trans-histórica de crescimento e desenvolvimento das relações comerciais. Por toda parte e sempre, a esfera da circulação comercial e monetária, partindo da constituição do capital a qual pode ter gerado, continua a ser subordinada às relações de produção stricto sensu. As regras e instituições que governam as relações dos produtores aos seus meios de produção, as relações dos produtores e dos não produtores entre si (a divisão social do trabalho) — enfim, as relações dos produtores e dos não produtores ao produto do trabalho.

São essas relações de produção que determinam tanto as possibilidades quanto os limites do desenvolvimento da circulação comercial e monetária — por conseguinte, a formação e a acumulação eventuais do capital comercial. Assim como são as relações de produção que determinam a forma, a intensidade e os resultados dos inevitáveis efeitos de dissolução que, por retroação, o desenvolvimento da economia comercial e monetária, e particularmente do capital comercial, provoca sobre eles. Em uma palavra, se o desenvolvimento da economia e do capital conta, inegavelmente entre os operadores da formação da relação capitalista de produção, é na estrutura e na dinâmica das relações pré-capitalistas de produção que é necessário procurar as razões do fato que sua ação pôde ou não conduzir a tal resultado.

E, sob esse ângulo, as diferentes relações de produção surgidas durante a transição da pré-história à história ou ao curso desta última não são certamente equivalentes. As que estruturam as sociedades "asiáticas" oferecem pouco ao desenvolvimento das relações comerciais e ainda menos à ação dissolvente do capital comercial.

As que caracterizam o mundo antigo mediterrânico fornecem a eles, ao contrário, um quadro e uma base extremamente favoráveis. E se mostram igualmente muito permeáveis à sua ação dissolvente: esta contribui principalmente para a concentração da propriedade fundiária e à expropriação de uma parte importante dos produtores agrícolas. Mas longe de conduzir à formação da relação capitalista de produção, o conjunto do processo conduz apenas à extensão da escravidão e à constituição de uma plebe mantida para fins clientelistas, devido principalmente à dependência econômica e à tutela política na qual a propriedade fundiária continuou a ter o capital comercial.

Uma gênese muito mais complexa do capitalismo

São definitivamente relações feudais de produção, como se constituem lentamente na Europa Ocidental no curso da Alta Idade Média para se cristalizar nos séculos 9 e 10, pela fusão entre as estruturas herdadas do Baixo Império Romano e as da "comuna germânica", importadas pelos invasores que vão servir de estufa ao amadurecimento de várias das condições primordiais de formação do capital. Dessas relações feudais, sublinhei as originalidades fortes que as constituem: a possessão ou mesmo a propriedade deixada aos servos de uma parte dos seus meios de produção, de seu tempo de trabalho e do produto do seu trabalho; a emancipação das cidades da estrutura político-ideológica da propriedade fundiária, que podem, portanto, se dedicar unicamente ao desenvolvimento da economia e do capital; o parcelamento do poder político o enfraquece globalmente e proíbe a reconstituição de qualquer estrutura imperial.

A sinergia entre esses diferentes fatores, própria das relações feudais de produção, resultará, em primeiro lugar, no desenvolvimento do comércio: do comércio remoto, primeiramente entre centros urbanos, a mais lucrativa das formas de comércio e a única originalmente aberta à ação do capital comercial; do comércio próximo, em seguida: entre os centros urbanos e suas cercanias, por meio do desenvolvimento de um artesanato comercial conexo do desenvolvimento do capital comercial, mas também e sobretudo pela integração crescente da produção agrícola e dos produtores agrícolas (servos, comerciantes livres, proprietários), que conduzem rapidamente a diferenciações sociais crescentes entre si, fazendo nascer uma camada de ricos trabalhadores ao lado de operários empobrecidos e já expropriados.

As relações feudais de produção contribuíram diretamente para acumulação da riqueza monetária nas mãos dos mercadores, dos agiotas e dos banqueiros, bem como sua concentração principalmente sob a forma de companhias comerciais em sucursais múltiplas, combinando as práticas do negócio, do banco e do seguro. Estava criada a primeira condição essencial para formação das relações capitalistas de produção.

Tradução: Marcelo de Valécio
marlivre@gmail.com

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[1] Adam Smith, A riqueza das nações, Martins Fontes, São Paulo, 2003. As citações do texto foram extraídas da edição francesa: La richesse des nations, Flamarion, Paris, 2001

[2] Le Capital, Editions Sociales, Paris, 1948, tomo I, página 51.

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06/12/2006

Fundação Leonildoc

Depois de analisar os principais pontos de minhas idéias e projetos, conclui que não devo transferi-los para grupos capitalistas, pois a busca desesperada de lucro infinito acabaria estabelecendo o domínio da coisa, objeto da criação, sobre o criador. Assim, idéias e projetos criados com um viés social seriam deturpados e desvirtuados para a exploração e opressão das classes hipossuficientes.

Portanto, penso que é prudente e sensato manter o domínio completo, absoluto, sobre minhas idéias e projetos, ou seja, o criador deve manter o poder de expandir ou suprimir os seus planos, dependendo da repercussão que ocasionem na sociedade.

A partir disso conclui que devo construir uma fundação, ou seja, uma organização social de interesse público, denominada Fundação Leonildoc, para abarcar e desenvolver as idéias e os projetos que concebo. Assim, terei um controle absoluto sobre meus planos, determinando seu alcance e suas repercussões. Lembro que as organizações sociais não estão impedidas de ter lucros, mas sim de distribuir dividendos, ou seja, tudo o que a Fundação arrecadar deve, obrigatoriamente, ser reinvestido em suas finalidades sociais.

Além disso, penso em contruir uma Fundação que seja uma Sociedade do Conhecimento que atue eficientemente na era da tecnologia, centralizando e disseminando, gratuitamente, informações e saberes, assim como produzindo e divulgando o conhecimento. Logo, utilizar-se-á, nessa empreitada, ferramentas típicas da globalização (tecnologia e Internet), gestando, moldando e direcionando capitais intelectuais.

É válido assinalar ainda que a Fundação Leonildoc terá duas linhas de ação com finalidades distintas: 1) Democratizar o Conhecimento, ou seja, universalizar o saber das universidades públicas; 2) Criar, gerenciar e manter mecanismos e ações de proteção a hipossuficientes, ou seja, democratizar a justiça e o acesso ao judiciário, fornecendo gratuitamente, aos cidadãos das periferias e das favelas, serviços jurídicos de qualidade.

Enfim, a grande missão da Fundação Leonildoc será: democratizar - o conhecimento, o saber, o acesso ao judiciário, etc. Democratizar para reduzir as desigualdades e as injustiças. Democratizar para dar oportunidades. Democratizar para dar esperanças e certeza de um futuro melhor.

Metas da Fundação Leonildoc são:

  1. Produzir conhecimento por meio de pesquisas científicas;

  2. Atualizar e corrigir conhecimentos produzidos;

  3. Democratizar e difundir o conhecimento, a informação, a tecnologia e a cultura, retidos nas Universidades e Centros de Pesquisa;

  4. Prestar consultoria nas áreas científica, educacional, jurídica e empresarial;

  5. Transformar idéias e teorias em produtos e serviços.

  6. Implantar uma rede de serviços de proteção a hipossuficientes (Educacional, Jurídica, Saúde, etc) dentro das favelas e periferias.

Leonildoc & Associados - Think Tank

Abrindo caminhos no desconhecido

A classe dominante financia uma série de estudos e pesquisas visando detectar, mapear e antecipar as movimentações sociais, assim como identificar os movimentos mais perigosos para a manutenção de sua ordem e de seus interesses. Pesquisam e estudam meios e temas que possibilitam a sua perpetuação no poder.

E, para elaborar estes estudos e pesquisas, as classes dominantes de alguns países, criaram os chamados "Think Tank" que, de acordo com Lucci:

(...) nada mais são do que grupos ou centros de pensamento para a discussão de idéias. Esses centros têm por objetivo a construção de um mundo, de uma sociedade mais saudável do ponto de vista econômico e social, que possa desfrutar de uma melhor qualidade de vida. A Terceira Via, uma tentativa européia recente de amenizar os aspectos negativos da globalização, sobretudo do ponto de vista social, é criação de um "Think Tank" inglês, dirigido pelo sociólogo Anthony Giddens.(Texto completo)

Certamente, a meta da classe dominante, com seus estudos e pesquisas, não é resolver os problemas em benefício do povo (a maioria dos cidadãos), mas sim beneficiando os integrantes de sua classe, ou seja, a elite que centraliza e controla o poder. Por isso se fala em amenizar os efeitos da globalização e não em reorientá-la, ou então, se fala em repressão da criminalidade e prisão de criminosos e não em resolver os problemas sociais que originam/acentuam a criminalidade e a violência, etc.

Contudo, os estudos elaborados pelos "Think Tanks" da classe dominante não ficam apenas no papel, pois são transformados em programas e metas políticas e disseminados por diversos países do globo. Um exemplo claro disso são as políticas neoliberais que contaminam e afetam a maioria das democracias em todos os continentes.

E do outro lado, ou seja, do lado do povo (a maioria dos cidadãos), da coletividade, o que têm ? Existem "Think Tanks" que tem a coletividade, o povo, como objetivo ? "Think Tanks" preocupados com a sociedade e com as causas originais dos problemas que a assolam ? Eu procurei, mas até hoje não encontrei nenhum. Nem mesmo as Universidades Públicas, por meio de suas pesquisas, estão interessadas em solucionar os problemas sociais, mas apenas em amenizá-los.

Vejam o caso da USP e a alternativa que apresentou à política de cotas na Universidade, ou seja, decidiram criar um Cursinho com 160 vagas para estudantes das escolas públicas. Essa alternativa dá a sensação social de que a USP tem uma política de inclusão social, quando na verdade, a meta é enganar o povo, mantendo a hegemonia dos brancos ricos dentro da USP. O Cursinho não funciona, não faz a inclusão social, não resolve o problema do ensino, não faz nada, a não ser enganar e dar a sensação de que algo está sendo feito. Além disso, não é possível falar em inclusão social em uma Universidade Pública, pois está tem que ser social por sua própria natureza. Se não é, é porque foi desvirtuada de suas finalidades e está servindo à classe dominante.

Além disso, o pensamento hegemônico tem que ser esmiuçado e analisado. É preciso saber quem diz, o que realmente diz e por que diz. Isso vai desmascarar e revelar os discursos embutidos, as mensagens indiretas, as cláusulas escondidas e as reais intenções do poder dominante. E se nada for feito continuaremos sendo vítimas de retóricas floridas e lágrimas de crocodilo. O discurso da classe dominante tem que ser traduzido para a linguagem popular e isso tem que ser feito por gente do povo e não por intelectuais ligados ao poder.

Por isso é urgente, e necessário, a criação de um "Think Tank" interessado em fazer o contraponto, questionar e desmascarar os estudos elaborados pelos "Think Tanks" capitalistas. É preciso elaborar um pensamento alternativo e um caminho fora dos padrões estabelecidos pela classe dominante e que são disseminados na sociedade como se fossem valores e virtudes universais, originados e evoluídos naturalmente. Quando, na verdade, são valores artificialmente construídos e montados para confundir o povo (a maioria dos cidadãos), levando-os a serem cidadãos dóceis, facilmente domesticáveis, assim como trabalhadores produtivos e extremamente obedientes.

Neste contexto pretendo transformar Leonildoc & Associados em um "Think Tank" com objetivos de:

  1. Democratizar o conhecimento retido e monopolizado pelas Universidades Públicas;

  2. Elaborar estudos e projetos que analisem a implantação da Democracia Direta, substituindo a Democracia Representativa, no Brasil, fornecendo um caminho detalhado para a implementação dessa meta;

  3. Elaborar estudos e projetos que analisem a descriminalização das drogas no Brasil, fornecendo um caminho, passo a passo, para a implantação dessa meta;

  4. E outros temas importantes para a coletividade e para a construção de uma grande nação brasileira, com níveis mínimos de desigualdades e níveis máximos de justiça e bem-estar social.

"Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem 'Por quê?' Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo 'Por que não?'" - George Bernard Shaw

A Sociedade do conhecimento

Vivemos na era Pós-industrial, um novo mundo, onde o trabalho físico é feito pelas máquinas e o mental, pelos computadores. Nela cabe ao homem uma tarefa para a qual é insubstituível: ser criativo, ter idéias. (LUCCI, 2004). (Clique aqui para ler o texto completo).

A atualidade é uma época na qual a riqueza fixa (terras, equipamentos, imóveis, etc) está sendo cada vez mais substituída por riqueza móvel (pessoas, informação, competências, know-how, etc). Para comprovar isso, basta verificar as características de algumas empresas globais, por exemplo: a maior indústria de tênis do mundo, a Nike, não tem fábrica; a livraria de maior crescimento no mundo, a Amazon.com, não tem lojas; a Lotus foi vendida à IBM, por quinze vezes seu valor patrimonial; a Microsoft vale em bolsa cem vezes o valor do seu ativo tangível; a filial americana da Nokia fatura 200 milhões de dólares com 5 empregados. O tangível, cada vez mais, está cedendo lugar ao intangível. (TEIXEIRA FILHO, 2004).

A era Pós-industrial é conhecida também como a era da Informação e do Conhecimento. Contudo, é preciso saber distinguir informação de conhecimento, o que pode ser muito bem elucidado pelo trecho abaixo, extraído do livro Na Era do Capital Humano, de Richard Crawford:

Um conjunto de coordenadas da posição de um navio ou o mapa do oceano são informações, a habilidade para utilizar essas coordenadas e o mapa na definição de uma rota para o navio é conhecimento. As coordenadas e o mapa são as "matérias-primas" para se planejar a rota do navio. Quando você diferencia informação de conhecimento é muito importante ressaltar que informação pode ser encontrada numa variedade de objetos inanimados, desde um livro até um disquete de computador, enquanto o conhecimento só é encontrado nos seres humanos. (...) Somente os seres humanos são capazes de aplicar desta forma a informação através de seu cérebro ou de suas habilidosas mãos. A informação torna-se inútil sem o conhecimento do ser humano para aplicá-la produtivamente. Um livro que não é lido não tem valor para ninguém. (...) (CRAWFORD, 1994).

O Capital humano

Para acompanhar este novo processo de desenvolvimento do mundo onde os serviços e a criatividade dão o tom, o capital físico, que era a variável-chave do crescimento econômico, perde lugar hoje para o capital humano, representado pelo conjunto de capacitações que as pessoas adquirem através da educação, de programas de treinamento e da própria experiência para desenvolver seu trabalho com competência, bem como pelo desenvolvimento de várias competências do ponto de vista profissional. A teoria do Capital Humano foi desenvolvida na década de 60 por dois economistas que mais tarde receberiam o prêmio Nobel (Theodore Schultz e Gary Becker). Segundo essa teoria poderíamos dizer de forma resumida que o progresso de um país é alavancado pelo investimento em pessoas.

A educação e a escola — o pensar

Essa nova sociedade que está se formando, e que tem por base o capital humano ou intelectual, é chamada de Sociedade do Conhecimento. Nessa sociedade onde as idéias, portanto, passam a ter grande importância, estão surgindo em várias partes do mundo os Think Thanks, que nada mais são do que grupos ou centros de pensamento para a discussão de idéias. Esses centros têm por objetivo a construção de um mundo, de uma sociedade mais saudável do ponto de vista econômico e social, que possa desfrutar de uma melhor qualidade de vida. (LUCCI, 2004).(Clique aqui para ler o texto completo).

A Terceira Via, uma tentativa européia recente de amenizar os aspectos negativos da globalização, sobretudo do ponto de vista social, é criação de um Think Thank inglês, dirigido pelo sociólogo Anthony Giddens. O pensar é portanto o grande diferencial entre as pessoas e as sociedades. Por isso, o principal papel da educação nesse processo é o de fazer os alunos pensarem. Mas o que é o pensar?

Pensar é aprender a ser livre, responsável e honrado. Pensar é esforço e inconformismo, para com o mundo e também para consigo mesmo. Pensar é duvidar e criticar, não de forma altaneira ou presunçosa, senão por desejo do bem comum. Pensar é ter o tempo de poder fazê-lo. Pensar não é repetir ou reproduzir. Pensar é ativar o que de nobre há no ser humano, porque pensar e também sentir e intuir. A frase de Descartes não é de todo certa: não se trata de "penso, logo existo", mas penso, logo vivo. Viver é encontrar seu próprio caminho e evitar permanentemente a tentação do fácil. O fácil é não pensar.

ÁREA DE PUBLICAÇÃO

Democratizar e difundir o conhecimento e a informação (Pesquisas, Artigos e Textos).

Uma das formas mais perversas de controle social é fundada na ignorância, no controle do conhecimento. Um exemplo disso foram os mil anos de trevas - Idade Média - estabelecidos pela Igreja Católica sobre o planeta. A Igreja controlava e retinha todo o conhecimento produzido, deixando passar para a sociedade apenas aquilo que era de seu interesse. Por conta disso Galileu Galilei, que afirmava categoricamente que a Terra se movia, quase virou churrasquinho nas fogueiras da "maldita" inquisição, uma vez que as idéias desse cientista contrariava a estupidez da Igreja, que dizia que a Terra estava parada e o Universo girava em torno dela.

O mundo mudou, evoluiu. Veio o iluminismo e surgiram novas formas de conhecimento, assim como novas formas de dominação e controle. A Igreja do passado foi, eficientemente e eficazmente, substituída pelo Estado. Os padres fanáticos e incendiários, pela burocracia corrupta, arbitrária e dolosamente lenta.

Atualmente, o Estado controla o financiamento, a produção e a distribuição do conhecimento. Basta lembrar que as Universidades "top de linha" e mais produtivas cientificamente são públicas. Portanto, o conhecimento, principalmente aquele de interesse da coletividade, está sujeito a ação da burocracia estatal, assim como aos seus entraves.

Um exemplo cristalino deste fato são as teses de doutorado que são pagas com dinheiro público (bolsas de estudo) e custam caro, muito caro. E, após a apresentação da tese à banca examinadora, tudo termina com uma cópia do trabalho sendo enviada para a biblioteca, ou seja, paga-se caro para produzir um conhecimento que termina jogado às traças das bibliotecas universitárias. Pior do que isso, o autor da tese passa a ter domínio completo sobre o trabalho, podendo transformá-lo em livro e vender para o povo. Uma verdadeira privatização de recursos públicos.

Em outras palavras, o dinheiro público é desviado diretamente para o patrimônio particular do bolsista, que vende duas vezes o trabalho que fez: a primeira porque recebe para fazer o trabalho e a segunda passa a ter o domínio completo da publicação e se alguém quiser ler, tem que comprar. Um fato tão absurdo e grotesco, quanto o mensalão no Congresso Nacional.

Que o autor detenha os direitos autorais, tudo bem; mas que a Universidade não possa dar publicidade ao trabalho, fazendo cópias e distribuindo, gratuitamente, para outras bibliotecas públicas, assim como publicando a pesquisa na internet, para que todos os cidadãos do país, que pagaram a produção da pesquisa ou tese, tenham acesso gratuito ao seu resultado. Impedir isso é um absurdo, é um atentado contra a coletividade, contra a moralidade pública, contra os princípios constitucionais que protegem o patrimônio coletivo.

Neste contexto, cabe aos particulares criarem mecanismos e formas de acesso que democratizem e distribuam o conhecimento produzido com dinheiro público e retidos nas Universidades, tornando-o acessível a todos os cidadãos, que pagaram pela produção da pesquisa e do conhecimento.

Enfim, o conhecimento produzido nas Universidades se acumulam e desaparecem nas estantes e nos corredores das bibliotecas universitária, principalmente as teses, dissertações, monografias e trabalhos de conclusão de curso, etc. Em outras palavras, trabalhos importantes e relevantes para o conhecimento humano, que levaram anos e anos para serem produzidos, são catalogados e arquivados nas bibliotecas públicas. As consulta são possíveis, porém somente os pesquisadores das regiões próximas a estes centros de pesquisa usufruem desse conhecimento, uma vez que para os demais estudiosos a obtenção destas pesquisas é difícil e cara. Logo, é necessário e fundamental, para o bom uso do dinheiro público, que estes trabalhos sejam disponibilizados gratuitamente na internet e sejam usufruídos ao máximo pelos cidadãos.

ÁREA DE PESQUISA

Produzir conhecimento e transformar idéias e teorias em produtos e serviços.

A Sociedade do Conhecimento se constituiu e moldou a si mesma, por meio da realização e aplicação do conhecimento científico. Um exemplo claro disso reside nos países de primeiro mundo que chegaram a este patamar de desenvolvimento graças ao investimento pesado na produção do conhecimento e na sua disseminação por meio da educação.

Neste contexto, toda organização, ou empresa, da era do conhecimento deve possui um departamento de pesquisas científicas, que analisem sua estrutura, otimizem seus processos e desenvolvam novos produtos e serviços.

ÁREA DE CONSULTORIA

Emitir pareceres em temas dominados pelos cientistas da empresa.

A empresa símbolo da sociedade globalizada e da era do conhecimento é a consultoria, que utiliza o "saber" teórico para a solução de problemas práticos do cotidiano. Por isso as consultorias podem ser denominadas organizações de interface, que mediam a transformação do conhecimento teórico em soluções viáveis. otimizadas e aplicáveis.

Assim as empresas que possuem como matéria-prima o conhecimento e a informação tem, necessariamente, como um ramo lucrativo e inovador a prestação de serviços de consultoria.

ÁREA DE INOVAÇÃO

Assimilar e difundir conhecimentos e tecnologias que trazem benefícios para a coletividade.

A era do conhecimento tem tecnologias que eliminam as dificuldades de acesso ao conhecimento e à informação, assim como tecnologias que podem aproximar o governo do povo e resolver de forma simples problemas considerados complexos.

A globalização das informações tornou possível encontrarmos inspiração em quase todas as esquinas do mundo. O México, recentemente, introduziu um sistema avançado de disposição eletrônica de informações, e a Coréia está lançando um sistema eletrônico para processar requerimentos, permitindo aos requerentes acompanhar cada passo do seu caso via Internet. Nas Filipinas, um sistema de “tempo-flexível” e “lugar-flexível” - baseado na Internet - permite a um número de funcionários públicos trabalhar como eles querem e reportar ao escritório apenas duas vezes por semana poupando espaço, eletricidade e transporte. O Japão está embarcando em um programa de reforma extremamente ambicioso combinando uma completa reestruturação nos gabinetes de departamentos e no perfil dos ministérios com o objetivo de reduzir, dramaticamente, o número de funcionários civis. (WOLF, 2000). (Clique aqui para ler o texto completo).

Isso permite aos cidadãos interagirem com o governo de uma maneira coerente - e em horários e locais de acordo com as suas preferências individuais. Tecnologia é apenas uma pequena parte disto - para poder explorar por completo essas novas ferramentas, advindas com a globalização, necessitamos de uma abordagem ampla do governo e de organismos privados que trabalhem na interface entre a teoria e a prática, possibilitando a recuperação e a disponibilização, na rede mundial de computadores (internet), de conhecimentos e soluções produzidas e perdidas nas bibliotecas universitárias, assim como o acesso irrestrito e gratuito a tecnologias dominadas por pequenos grupos. Logo, a meta é tornar acessível a todos os cidadãos a tecnologia e a cultura, permitindo, assim, o pleno exercício de sua cidadania.