Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

28/06/2007

O problema é o rabo preso

O Renan não cai do cargo de Presidente do Senado por causa do rabo preso. Tem muita gente com o rabo preso nas mãos do Renan. E se ele cair, como ele mesmo disse, pode levar muitos políticos com ele, ocasionando uma crise institucional.

Essa é outra desgraça implantada pelo legislativo representativo. Não são apenas políticos corruptos, são políticos corruptos que formam uma teia de corrupção. Todos os corruptos estão interligados. Todos eles tem o rabo preso. Por isso é muito difícil combater esse crime no Brasil, pois as ligações que unem os elementos da teia de corrupção é muito forte. Somente cai dessa rede maligna os peixes pequenos, os mais fracos. Por exemplo, os Severinos. Peixe graúdo não sai e não cai da teia. Tubarão então, nem se fala, pois tem força para puxar a rede junto com ele.

Contudo, ainda tem gente que gosta de repetir o refrão jurídico: "Todos são inocentes até que se prove o contrário". Repetem esse refrão até mesmo quando o contrário já está provado. É uma estratégia da corrupção para dificultar a acusação e enganar o povo que pede justiça.

No caso do Renan as provas são claras, inclusive o lobby da corrupção não está atacando as provas, mas sim os dirigentes do Conselho de Ética. Querem que o processo seja arquivado, querem que a impunidade continue e que as empreiteiras prossigam desviando recursos públicos para pagar os desgraçados. É isso que está ocorrendo hoje em Brasília.

Além disso, em todos os últimos casos de corrupção, mensalão, sanguessuga, etc existem dois pontos que tem sido sistematicamente esquecidos.

O primeiro é o dinheiro, ou seja, o dinheiro desviado e furtados dos cofres públicos some e ninguém fala nada. Contudo, ressalto que dinheiro não desaparece no nada. A grana está em algum lugar e com alguém. Logo, pode ser rastreado e recuperado. Mas ninguém faz isso. Por que será ? Esse é um ótimo filão para os caçadores de recompensa, ou seja, os caçadores vão atrás dos corruptos e do dinheiro, prendem o corrupto (vivo ou morto) e recuperam o dinheiro. Devolvem 70% para o Estado, junto com o corrupto (vivo ou morto) e embolsam os outros 30% como pagamento pelos serviços prestados. Bilhões de reais poderiams ser recuperados dessa forma.

O segundo ponto são os corruptores. Pegam os corruptos, mas deixam os corruptores ilesos e prontos para corromper outros agentes públicos. Os corruptores são tão desgraçados quanto os corruptos e devem ser atacados com a mesma força.

Enfim, a única notícia chocante de hoje veio da Colômbia e diz que as Farcs, em um confronto com as forças do governo, matou 11 deputados que estavam seqüestrados. Seqüestrar deputados e Senadores é uma coisa comum na Colômbia. Os guerrilheiros seqüestram e deixam os vagabundos amarrados em árvores no meio do mato, obrigando-os a trabalharem na roça.
Do jeito que a coisa está indo, essa moda vai chegar no Brasil em breve...

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27/06/2007

Se houver provas do sumiço de equipamentos, nós precisamos identificar os ladrões


O Movimento de Ocupação foi um movimento legítimo, sensato, coerente e justo. Foi um Movimento que envolveu muita gente. Certamente, muitos indivíduos, inclusive alunos vagabundos, viram neste movimento a possibilidade de acessarem as dependências da Reitoria para furtar equipamentos.

Para evitar esse tipo de coisa foi criada uma comissão de segurança e as portas da maioria das salas foram fechadas com cadeados. Contudo, isso pode não ter evitado os ataques.

Inclusive, houve o caso de um aluno ter furtado duas impressoras durante a ocupação. Contudo, o indivíduo foi descoberto e algumas pessoas do movimento foram até o apartamento do vagabundo pegar os equipamentos de volta. Assim, as impressoras foram devolvidas intactas no local onde estavam. Certamente, o vagabundo levou uma dura e foi impedido de entrar na Reitoria ocupada enquanto durasse o movimento.

Portanto, não podemos descartar a possibilidade de que outros ladrões estivessem infiltrados na ocupação e de que outros equipamentos tenham sido furtados.

Como esse movimento foi uma ação coletiva e tais comportamentos criminosos prejudicam todos aqueles que participaram da ocupação, se houver a comprovação dos furtos, não será apenas interesse da Polícia e da Reitora em pegar os ladrões. Nós também queremos pegá-los. De preferência pegá-los antes da Polícia e da Reitora, pois assim poderemos julgá-los e puni-los de acordo com as normas antigas de justiça: Talião, Alcorão, etc.

O Movimento de Ocupação foi um movimento legítimo e sério e não um movimento de vagabundos e ladrões. Por isso não podemos admitir ou permitir que alguns elementos manchem essa ação, manchem uma luta coletiva. Esses vagabundos, se existirem realmente, devem ser pegos e punidos. Certamente, caberá a uma assembléia de estudantes decidir o que faremos com eles.

A Reitora está dizendo que sumiu um monte de coisa da Reitoria

De acordo, a Reitora houveram muitos furtos de laptops, monitores, projetor multimídia, impressora, scanner, componentes de informática, DVD player, pen drives, microfones, telefones e algumas máquinas também. Também foram arrombados armários, chaves foram danificadas, janelas, portas. E, de acordo com ela, 46 computadores foram violados. Só 13 poderão ser recuperados.

Já esperávamos que depois da desocupação viria uma enxurrada de mentiras. Contudo, não esperávamos tanto. Não sei se a Reitora está descrevendo o prédio da Reitoria ou se ela está descrevendo furtos em uma loja de informática. O exagero é uma evidência de mentira. Não só isso, as incoerências também indicam mentira. Por exemplo, laptops são computadores pessoais. Computadores pessoais, geralmente, andam com os donos e não ficam nos escritórios. Mais do que isso, na hora da ocupação nenhum funcionário deixaria seu computador pessoal para trás.

Além disso, onde é que estavam todos esses equipamentos, pois as salas ocupadas eram escritórios comuns, sala de assessores e secretárias. Também é questionável a afirmação de que os computadores violados não funcionam mais. Primeiro porque os computadores não foram violados. Para usá-los rodavam-se linux em CD. Segundo as senhas dos computadores não foram quebradas.

Mas há um outro fato que quero apresentar aqui. E esse fato se refere à perícia que entrou no prédio da Reitoria no último final de semana. Não gostei dessa história. Se a perícia visava detectar depredações ou furtos era essencial a presença de funcionários da Universidade junto com os peritos. Sem os funcionários presentes como os peritos poderiam saber o que foi danificado ou furtado. Mesmo assim os peritos entraram na Reitoria no final de semana.

Esse fato é outra evidência de picaretagem no ar. Não poderiam ter deixado o prédio da Reitoria sozinho nas mãos dos peritos, ou seja, a presença de funcionário da Universidade junto com esses indivíduos era fundamental e eles deveriam fazer a perícia durante o horário normal de expediente. Lembro que o Instituto de Criminalística da Polícia Civil fica logo ali no portão da USP, junto com a Academia de Polícia. Um dos monumentos postado na frente da Academia e do Instituto são viaturas. Duas delas são viaturas do regime militar. Portanto, percebe-se que estamos falando de gente que aprova o autoritarismo.

Quaisquer besteira que for dita por esses peritos em laudos feitos em final de semana e no qual não houve funcionários da Universidade presentes deve ser rechaçado e invalidado por fraude, principalmente se acusarem alunos da USP de quaisquer ilícito. Contudo, agora é tarde demais para dizer que não fizeram nenhum laudo ou que não fizeram nada no final de semana.

Percebe-se claramente que estão tramando alguma coisa. Peritos no final de semana. Peritos sem acompanhamento de funcionários da Universidade, etc. E agora vem a Reitora com a lista de supostos equipamentos que sumiram ou foram danificados. A questão que se coloca é: quem furtou foram os alunos, foram os peritos ou foram os funcionários que não apoiavam a ocupação, depois que retornaram ao trabalho ? Quem quebrou foram os alunos ou foram os peritos ou foram os funcionários que não apoiavam a ocupação, depois que retornaram ao trabalho? As coisas que sumiram realmente existiram ou montaram uma lista para culpar os alunos e denegrir o movimento de ocupação ?

E não adianta dizer que os peritos são santos porque não são. Lembro que houve, recentemente, o caso de um desses peritos da Polícia Civil de São Paulo que furtou dezenas de notebook que estavam presos para investigação no Instituto de Criminalística. Se não acredita nisso, pesquisa nos jornais que você vai ter os detalhes do caso. Inclusive esse perito acusou um empregado terceirizado de ter praticado os furtos.

Além disso, a perícia entrou no local sem ter nenhuma evidência de crime. Primeiro os funcionários deveriam ter descrito um crime, para depois vir a perícia. Contudo, aqui na Reitoria da USP a perícia veio na frente. A pergunta é: veio investigar um crime, procurar um crime ou plantar um crime ? Nunca ouvir falar em perícia que sai por aí procurando crime.

Enfim, a Reitora terá que provar que esses equipamentos existiam, terá que provar que eles estavam na Reitoria e terá que provar que foram os alunos que furtaram, inclusive apontando quem furtou. Se não provar nada disso, não pode acusar ninguém. E se apontarem quaisquer alunos que estavam no movimento da ocupação como responsável por quaisquer coisa, sem provas, vão fazer uma grande, imensa besteira, pois vão começar tudo de novo. Para que as ocupações recomecem basta apenas um motivo grande e esse é um motivo grande.

Mas uma coisa eu sei que sumiu da Reitoria: as pingas que estavam no gabinete da Reitora. Disseram que foram os alunos que levaram bebidas alcoólicas para dentro da Reitoria. Tudo mentira. As pingas (Champanhe, etc) estavam no Gabinete da Reitora. Depois da vitória da ocupação, os alunos fizeram um brinde à saúde da Magnífica.

A corrupção em Brasília

Getúlio Vargas foi o pai dos pobres e a mãe dos ricos. E o Presidente Lula, se não corrigir suas ações, será o pai dos pobres e a mãe dos corruptos.

Um governo a favor dos pobres e excluídos não pode se transformar em um governo que salva e apóia os corruptos que roubam a República. Isso é uma contradição, uma insensatez, uma incoerência, pois o dinheiro que falta para investir em educação, saúde e desenvolvimento, enfim, o dinheiro que falta na guerra contra as desigualdades está nos bolsos dos políticos corruptos. Além disso, quem se envolve com corruptos, envolve-se com a corrupção. E dessa vez não vai adiantar dizer que não sabia, pois todo mundo sabe.

26/06/2007

Um rascunho para a Democracia Direta

A Democracia Direta que imagino deve substituir os deputados e os senadores da República. O poder pertence ao povo e por ele deverá ser exercido. Contudo, a meta não é eliminar o poder legislativo, mas sim acabar com o legislativo representativo. Mas a questão que surge é: como fazer isso ?

A minha idéia se baseia no uso intensivo da tecnologia. Hoje com a internet podemos reunir, simultaneamente, todas as vontades em um só local. Inclusive já temos o voto eletrônico e a urna eletrônica. Se o exercício da Democracia Direta era impossível por causa da distância e da dispersão da população. Hoje a distância e a dispersão já não constituem mais o problema.

Contudo, já considero a urna eletrônica ultrapassada e obsoleta. Precisamos criar um método que permita às pessoas votarem de suas casas via internet. Se o indivíduo pode movimentar sua conta bancária pela internet, por que não poderia votar ? Se o indivíduo pode pagar contas e impostos, assim como fazer compras pela internet, por que não poderia escolher uma lei ? Portanto, o primeiro passo é criar um mecanismo que permita aos cidadãos votarem nas eleições pela internet.

O segundo ponto é estabelecer como será a apresentação de novas normas e leis. Considero que qualquer cidadão possa fazer uma apresentação, assim como os movimentos sociais em sentido amplo, as ONGs, as organizações de classe (Médicos, advogados, Juízes) e, certamente, o Governo. Contudo, a norma não deverá ser apresentada e ir diretamente para aprovação da população. Antes disso deverá passar por um conselho (juristas, juízes, advogados e representantes do governo) que irá analisar a constitucionalidade e as implicações sociais da norma. Nesse conselho também deverá ter assento a pessoa ou grupo que propôs a norma.

Contudo, esse conselho não tem poder de veto. Pode apenas fazer sugestões e retirar inconstitucionalidades. Uma vez sanada a inconstitucionalidade e analisada as repercussões sociais da norma, ela irá a votação popular. Certamente, antes da votação, a população deverá ser informada sobre as repercussões, benefícios e desvantagens da norma proposta.

No caso de discordância entre o proponente da norma e o conselho, ou seja, o conselho diz que a norma é inconstitucional e o proponente diz que não é, prevalecerá a decisão de quem propôs a norma. Ela vai para votação popular. Uma vez aprovada, caberá ao STF dizer se a norma é constitucional ou não.

Uma vez cumprido o tempo para divulgação da norma será aberto o período para votação. Digo período porque nessa Democracia Direta que imagino não há necessidade de todo mundo votar no mesmo dia. Agora os cidadãos não votam mais em politiqueiros, mas sim para escolher as leis que irão regular suas vidas e restringir os poderes do Estado. Por isso, não precisam votar no mesmo dia. Podem fazê-lo em um período de 15 a 30 dias ou mais.

Certamente, aqui não está incluído as regras que devem ser produzidas com urgência. Assim, o poder executivo continua podendo emitir medidas provisórias para casos urgentíssimos. Além disso, somente será criada uma nova norma se aquela conduta ou ação não puder ser regulamentada de outra forma ou por outro meio. Também será função da Democracia Direta conter a voracidade legislativa dos legisladores, ou seja, somente deve se criar as normas estritamente necessárias.

Enfim, um cidadão ou grupo propõe a criação da norma. O conselho de notáveis avalia a norma, corrige as inconstitucionalidades e prepara a votação. O cidadão, de sua residência ou de algum órgão público, acessa a internet e vota na norma.

Também deverá haver proporções para escolhas, ou seja, um lei ordinária será aprovada se obtiver tantas votos, porém para aprovar uma emenda constitucional serão necessários x% da população.

Portanto, para viabilizar a implementação da Democracia Direta temos que desenvolver um mecanismo seguro de votação pela internet, assim como um mecanismo de identificação segura do eleitor e fornecer acesso a internet para toda a população, principalmente instalando cybercafé em escolas públicas e demais repartições públicas.

Contudo, isso ficará muito, mas muito fácil, com a instalação da TV digital que permitirá aos televisores acessarem a internet.

Entretanto, não basta só pensarmos nos mecanismos na tecnologia que irá viabilizar a Democracia Direta. Temos que pensar também nas picaretagens que pode surgir para desvirtuar o processo. Assim, precisamos refletir sobre o uso da máquina estatal a favor do governo, sobre os desvios ocasionados pela mídia autoritária, sobre o poder dos grupos dominantes dentro do processo, etc. Enfim, temos que analisar todos os pontos que possam afetar e desvirtuar a Democracia Direta antes de implementá-la.

Enfim, isso aqui é só um rascunho. É só uma idéia para começarmos a pensar a implementação da Democracia Direta no Brasil. Tudo está em aberto e tudo deverá ser pensado e discutido.

23/06/2007

A corrupção em Brasília e o caso Renan

O Presidente Lula e o PT devem decidir: ou lutam contra a corrupção ou salvam os corruptos. Meio termo não dá. De nada adianta a Polícia prender os corruptos e a justiça soltar. De nada adianta descobrirem esquemas de corrupção, desvios milionários, etc e o Governo e os Governistas fazerem manobras complexas para salvar a pele dos envolvidos. Se nós queremos limpar o Brasil, não podemos tolerar esse tipo de comportamento criminoso no âmbito da Administração Pública, seja do executivo, do legislativo ou do judiciário.

Primeiro, o Renan arrumou um filho fora do casamento. Isso já é uma coisa condenável, mas ultimamente parece que virou moda. Segundo, arrumou filho com uma jornalista. Pelo visto era uma relação interesseira: ele entrava com informações privilegiadas do Congresso e da política brasileira, enquanto a jornalista entrava com o corpo e com o rebolado. Outra coisa condenável, mas que, ultimamente, parece que virou costume, principalmente em Brasília onde a prostituição política é a atividade mais exercida.

E se não bastasse de degradação moral, o Senador resolveu transferir o pagamento da pensão alimentícia do seu filho para uma empreiteira. Vejam o tamanho do escândalo: uma empreiteira passou a pagar a pensão alimentícia do filho que o Senador da República arrumou fora do casamento. A simples descrição do fato já é um escândalo e qualquer um percebe que constitui um crime, pois não é função de empreiteira pagar pensão alimentícia de filho de Senador. Pergunta para os trabalhadores da empreiteira para ver se ela paga a pensão alimentícia devida por seus empregados. Não paga. E por que uma empreiteira pagaria a pensão alimentícia de um Senador da República ?

A resposta é simples: porque o Senador vai liberar obras para a empreiteira, porque o Senador vai ajudar a empreiteira a vencer licitações, porque o Senador vai fazer com que seus parentes e demais políticos ligados à máfia da corrupção utilizem os serviços da empreiteira. Enfim, se a empreiteira pagou uma pensão alimentícia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), pode ter certeza, é porque a empresa vai ganhar, nos acordos com o Senador, mil vezes esse valor. Empreiteira não faz caridade para ninguém e não dá ponto sem nó.

Contudo, os Senadores, amigos do Renan, que presidem o processo, assim como os Governistas e o Governo, que são aliados do corrupto, digo Renan, dizem que não há indícios de crime. O Renan confirmou o pagamento da empreiteira, a empreiteira confirmou que fez o pagamento, a mãe do rebento disse que recebeu o pagamento da empreiteira... Enfim, o que está faltando ? Como assim não há indícios de crime ? Talvez eles tenham razão, não há indícios de crime. O que há é a certeza de um crime contra a Administração Pública. Não só a certeza, mas também a prova, etc.

Do meu ponto de vista, os dois primeiros fatos já seriam mais do que suficiente para derrubar um Senador da República. O terceiro então, nem se fala. Mas estamos no Brasil, terra dos macunaímas, do mensalão e dos sanguessugas. A coisa por aqui é mais complicada, principalmente quando o Governo e os Governistas estão em cena, trabalhando arduamente para salvar os corruptos flagrados em ação.

O corporativismo e o lobby da corrupção é muito forte em Brasília. O acordo é: um corrupto salva o outro. Como tem corrupto por toda a parte, a impunidade é generalizada e garantida. Como agora a moda é falar em ocupação, podemos dizer que o Congresso Nacional foi ocupado por corruptos e ladrões. Gente da pior espécie comanda a política brasileira. É um Congresso dos irmãos metralhas ou do Ali Babá e os quatrocentos ladrões.

Se o Renan não cair, nós temos que ocupar o Congresso Nacional por alguns meses. E nessa ocupação devemos instaurar uma CPI - Comissão Popular de Inquérito, para julgar e punir os corruptos. Certamente, durante a ocupação prendemos os corruptos e deixamos eles amarrados aguardando julgamento. Os corruptos conseguem escapar do judiciário, pois compram os juízes, porém do povo e da fúria popular eles não conseguiram escapar.

Uma pequena nota

Os Promotores e o Secretário da Injustiça, Luiz Antônio Guimarães Marrey, disseram que os alunos firmados ou fotografados na cena da ocupação poderão responder por crimes que, porventura, tenham sido cometidos ou que eles, Promotores, Delegados e Secretário inventarem.

Tudo bem, nós respondemos pelos crimes inventados. Contudo, o Serra também foi visto dentro de uma ambulância dos sanguessugas, não só isso, ele foi visto conversando e andando com os corruptos sanguessugas. Portanto, por coerência lógica, o Serra também deverá responder pelos crimes cometidos.

Delegados, Promotores e Secretário da Injustiça, aqui ninguém é idiota. Nós conhecemos a lei e sabemos que vocês estão falando mentira, pois uma fotografia ou um filme só valem como prova se flagraram a prática do crime, ou seja, se o aluno foi filmado ou fotografado praticando o crime. Caso contrário, é mais um filme ou uma foto qualquer. Certamente, vocês podem fazer montagem, picaretagens, etc. Contudo, serão desmoralizados publicamente.

Video do Serra com os Sanguessugas
Assista ao DVD que Darci Vedoin queria vender

Blog do Josias - Folha de São Paulo - 17/09/2006

A principal peça do kit que Luiz Antonio Trevisan Vedoin levou ao balcão no submundo eleitoral é um DVD de 23 minutos. Mostra uma solenidade realizada em 2001 num galpão da Planam, a empresa que comandava a máfia das sanguessugas, em Cuiabá. Inclui cenas em que o então ministro da Saúde, José Serra, aparece confraternizando com deputados hoje submetidos ao Conselho de Ética da Câmara por suspeita de recebimento de propina em troca de emendas orçamentárias para a compra de ambulâncias superfaturadas.

“É a primeira vez que vejo uma bancada de deputados fazer isso no Brasil, porque são investimentos relativamente modestos e que têm produtividade muito alta e atinge muitos municípios”, diz José Serra no vídeo. Referia-se a 41 unidades médicas que foram entregues na solenidade à qual compareceu. São furgões e ônibus. Custaram à época R$ 6 milhões. Verba assegurada por meio de uma emenda coletiva da bancada federal de Mato Grosso ao Orçamento da União.

As imagens foram veiculadas no sítio noticioso Olhar Direto. O blog confirmou a autenticidade da peça com um dos funcionários da Polícia Federal que cuidam do caso. Tomadas isoladamente, as cenas do DVD não constituem prova cabal do envolvimento de José Serra com os trambiques da máfia das sanguessugas. Sempre se poderá argumentar que Serra foi utilizado pela máfia. Fica patente, porém, que, no mínimo, o Ministério da Saúde, sob o comando de Serra, foi incapaz de detectar uma encrenca que, sabe-se hoje, começou no governo Fernando Henrique Cardoso e se manteve na gestão Lula: a farra da aquisição de ambulâncias superfaturadas com verbas da União.

As primeiras cenas do DVD que Luiz Antônio Vedoin pretendia vender mostram a chegada de furgões odontológicos ao galpão da Planam. Em determinados trechos, surgem no vídeo Darci Vedoin e o próprio Luiz Vedoin, donos da Planam e chefões da máfia das ambulâncias. Serra chegou ao local acompanhado do então governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira (PSDB), morto recentemente. Vistoriando uma das unidades móveis de saúde, Serra comentou: “Muito legal”.

Os três parlamentares que mais aparecem nas imagens são: Pedro Henry (PP), Lino Rossi (PP) e Ricarte de Freitas (PTB). Integravam à época a bancada federal do PSDB. Acusados de receber propinas da Planam, os três foram incluídos pela CPI das Sanguessugas na lista de congressistas sujeitos à cassação de mandato por terem supostamente trocado emendas ao Orçamento por propinas pagas pela Planam.

"A intenção da bancada de Mato Grosso quando criou esse programa, com apoio do Ministério da Saúde, é justamente fazer o (trabalho) preventivo. Eu estou patrocinando R$ 6 milhões, acho que o Henry R$ 2 milhões (...), enfim, todos os deputados do PSDB estão patrocinando no orçamento deste ano uma emenda pra isso", diz Lino Rossi em entrevista exposta no DVD de 2001.

"Idealizamos uma nova forma de fazer a ação de saúde, ter um instrumento móvel para atender à necessidade da comunidade onde ela se encontra. Daí surgiu a idéia de trabalharmos numa ação da bancada federal de Mato Grosso do PSDB e patrocinar uma emenda que pudesse, através de recursos da União, proporcionar a obtenção de unidades móveis de saúde", ecoou Pedro Henry em outra entrevista contida no DVD.

Geraldo Alckmin não aparece no DVD. Segundo a Polícia Federal, o presidenciável tucano é visto apenas numa foto, também inserida no dossiê preparado por Luiz Vedoin. Além dele, há fotos do senador Antero Paes de Barros e da deputada Thelma de Oliveira, ambos do PSDB.

Escrito por Josias de Souza às 04h45

Video 1 --http://www.youtube.com/watch?v=AL7SRdNjL3A

Video 2 --http://www.youtube.com/watch?v=4L2x5P5EHf8

Video 3 --http://www.youtube.com/watch?v=KiRjBMCWcVo

A Coletividade venceu, a Democracia prevaleceu e o autoritarismo está sendo derrotado

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A mídia autoritária diz que a desocupação foi uma derrota. Derrota ? Por que foi uma derrota se a coletividade venceu ? Por que foi uma derrota se nós conseguimos tudo que queríamos e muito mais ? Mídia autoritária, se não tem o que dizer é melhor calar a boca.

Na ocupação da Reitoria da USP derrotamos um Estado autoritário. Derrotamos um judiciário autoritário. Derrotamos uma mídia autoritária. Derrotamos uma reintegração de posse autoritária. Derrotamos um Governador autoritário, uma Reitora autoritária e um grupo autoritário que insiste em permanecer dentro da Universidade Pública.

A ocupação da Reitoria da USP, por sua capacidade de contaminar os estudantes e de se reproduzir pelo país, foi mais do que vitoriosa. Foi um sucesso nota mil. Reacendeu o Movimento Estudantil e entrou para a pauta dos Movimentos Sociais. Não só isso, esta ocupação foi o começo de tudo, pois a partir dela vamos construir um Direito de Ocupação, um Direito da Coletividade contra o Estado, contra os Administradores Públicos, contra os Políticos e contra os Governantes.

Vamos construir um Direito de Ocupação que não pode ser derrogado pelo autoritarismo, nem pelo direito civil (que foi feito para regular conflitos particulares) e nem pelo Direito Penal (que regula atos criminosos). Se o poder emana do povo e da coletividade, esse poder pode ser exercido sem nenhum limite e contra todos, erga omnes. Não podem parar o povo, uma coletividade, com o Código Civil, menos ainda com o Código Penal.

Aqui na Ocupação da Reitoria da USP a coletividade mandou e o governo obedeceu. Isso não foi mérito individual de ninguém. Foi um movimento coletivo, onde cada um que participou deu o melhor de si. Quem sabia escrever, escreveu. Quem sabia desenhar, desenhou. Quem sabia cantar, cantou. Quem sabia dormir, dormiu. Quem sabia rezar, rezou. E tudo o que era feito tinha o mesmo objetivo: concretizar a pauta de reivindicações.

Conseguimos !!! Digo e repito mil vezes: conseguimos !!! Não obtivemos tudo o que precisávamos, porém não esperávamos obter tudo. Por isso pedimos bastante, para conseguir o suficiente. Inclusive, no início, só pedíamos um posicionamento da Reitora sobre os decretos do Joselito Serra. A Reitora não se posicionou e os decretos caíram. Não só isso, a Secretaria do Pinóquio será fechada, definitivamente, pelo Judiciário. O Pinóquio terá que voltar a trabalhar no circo, de onde não deveria ter saído.

Nada disso teria acontecido se não fosse a Ocupação da Reitoria da USP. Nenhuma mudança teria ocorrido se as coisas continuassem dependendo de DCE, UNE e vontade livre da Reitora. Certamente, a mídia autoritária desgraçada tende a reduzir o tamanho do Movimento para reduzir a importância dos Movimentos Sociais, do Movimento Estudantil e dos Movimentos Coletivos. Mas não adianta. Basta olhar para os jornais, para as manchetes e para os sites dos grandes jornais para se ver a importância do que aconteceu aqui na USP.

Portanto, esse Movimento de Ocupação não diminui, não prejudicou e não reduziu a USP em nada. Mostra que nessa Universidade germina a Democracia e daqui saem os Movimentos que catalisam mudanças na História do Brasil. Qual Universidade não gostaria de ter esse poder e essa capacidade ? Qual Universidade não gostaria de dizer: "Tudo começou aqui, com uma ocupação de alunos. Ocupação que repercutiu nos quatro cantos do país e que mudou a História da República." Mais uma vez a USP foi a vanguarda.

Não só isso, a solução pacífica do conflito, mostrou cristalinamente que, realmente, estamos na USP e que nessa Universidade, apesar dos deslize e dos sustos que a Magnífica nos deu, a Democracia é ensinada e os estudantes aprendem a lição. Também ensinam o autoritarismo e o fascismo, contudo, ninguém aprende. A USP continua sendo uma forja eficiente de intelectuais e líderes sociais. Espero que essa nova geração que se levantou aqui e que está se levantando nas demais Universidades Públicas corrijam os erros e as besteiras históricas de nossos antecessores.

Ao contrário da USP, a UNESP deu um exemplo de autoritarismo e estupidez. O Reitor da UNESP mostrou claramente que naquela Universidade Pública a precariedade não é só material, mas também está nas mentalidades. Os alunos da UNESP estão sob a direção de um Reitor autoritário e obtuso que mandou a Polícia invadir a ocupação e prender os estudantes. O que ele ganhou com isso ? O que a UNESP ganhará com isso ? Nada, absolutamente nada.

Mas a vitória não se deveu apenas à ocupação da Reitoria da USP e aos estudantes da Universidade de São Paulo. Se deveu também aos estudantes da UNESP, da UNICAMP e demais Universidades Públicas. Se deveu à greve dos funcionários da USP, UNESP e UNICAMP. Se deveu aos companheiros que nas sombras, sem que ninguém percebesse, usaram de suas influências e ajudaram a segurar o autoritarismo pelo rabo. Assim, mais uma vez, contribuíram para que a História avançasse e a Democracia se consolidasse, abrindo caminho para mudanças ainda maiores que estão por vir.

Também foram fundamentais para o Movimento de Ocupação a ação dos professores da USP e de outras Universidades Públicas que entenderam e explicaram para a sociedade o que os alunos buscavam com essas ações, assim como quais seriam as conseqüências de um avanço do autoritarismo dentro de uma Universidade Pública.

Além disso, foram essenciais as intervenções, explicações e esclarecimentos dos Professores da Faculdade de Direito da USP, principalmente do Professor Dalmo Dallari e da Professora Odete Medauar, que deram uma rasteira no autoritarismo dissimulado que estava embutido nos decretos inconstitucionais.

Também não podemos esquecer dos artistas que passaram pela Ocupação da Reitoria da USP. Artistas que com suas notas musicais e seus traços artísticos enganaram e fizeram adormecer o monstro autoritário. Artistas que demonstraram a sua preocupação com o social, com a luta coletiva e com os anseios da sociedade.

O vírus da Democracia Direta foi plantado. Mais poder para a coletividade, para os Movimentos Sociais e ampliação da participação popular nas decisões políticas e de governo foram exigidas. A ocupação da Reitoria da USP e todas as outras ocupações inseriram variáveis que estão redefinindo o futuro. A Democracia está enterrando o autoritarismo dissimulado e se consolidando no Brasil.

A Reitoria foi desocupada, mas as ocupações não terminaram. Estamos cansados, pois não é fácil viver sob o Terrorismo de Estado, sob ameaça de violência gratuita e injusta contra sua integridade física, sob coação moral e intimidações de autoridades públicas e governantes. Mas vencemos.

Contudo, não podemos esquecer os Estudantes de outras Universidades que estão mobilizados. Se por aqui a situação se resolveu de forma pacífica, sensata, coerente e justa, em outros locais o autoritarismo atacou ferozmente os alunos. O choque invadiu a ocupação, os estudantes foram presos e fichados na polícia. Esses estudantes não podem ser esquecidos, pois as suas ações e reivindicações, assim como as nossas, são legítimas, sensatas, coerentes e justas. Não podemos deixar esses companheiros para trás.

Portanto,a desocupação da Reitoria da USP não significa o fim do movimento. Devemos continuar mobilizados e batalhando junto com os companheiros das outras Universidades, ajudando-os a alcançarem as suas reivindicações e a enfrentarem o autoritarismo. A luta deles também é a nossa luta, pois o movimento estudantil é um só, formamos uma única coletividade. E os estudantes devem vencer em todas as partes, em todas as frentes.

A questão preocupante nesse momento é a resposta que será dada ao Reitor da UNESP, ao procurador que redigiu a reintegração, ao juiz que a concedeu e ao comandante que a executou. Esse Reitor maligno mandou o choque invadir a ocupação. Os alunos foram presos e fichados na polícia. Temos que decidir o que fazer com esse filhote da ditadura e seus comparsas. Isso não pode passar batido, pois é uma tentativa de intimidar o movimento estudantil e impedir que outras ocupações ocorram.

Para tentar impedir e conter manifestações coletivas legítimas, o Estado autoritário e seus dirigentes (Governantes, Juízes, Administradores Públicos) usam mecanismos e instrumentos do Direito Privado e do Direito Penal. Mecanismos de reintegração de posse, etc foram criados para resolver conflitos entre particulares, briga de vizinhos e outros conflitos pessoais. Os instrumentos do Direito Penal foram criados para aplicar penas e punir crimes tipificados na lei. Crimes cometidos por particulares ou quadrilha de criminosos.

Nada disso pode ser usado contra Movimentos Coletivos legítimos. Direito Civil e Direito Penal não são instrumentos para conter a coletividade e suas reivindicações. Todo poder emana do povo e da coletividade, portanto, não há nenhum poder capaz de submeter o povo e a coletividade. Aplicar instrumentos do direito privado contra um Movimento Social é uma distorção grotesca e estúpido. SOmente o autoritarismo pode ter uma idéia tão despropositada. Ao invés de resolver o problema social, procuram punir os militantes e as pessoas lutam pela coletividade e pelo povo. Tentaram fazer isso ao longo de toda a História Humana, nunca conseguiram obter sucesso, pois quando criminalizam um, levantam dez para continuar segurando a bandeira. A vontade coletiva é soberana e ilimitada.

Nós estudantes somos uma coletividade, somos um Movimento Social, e estamos usando o nosso Direito Constitucional de Manifestação e liberdade de expressão. Nós estamos exigindo direitos legítimos que nos pertencem. Dessa mesma maneira, os funcionários das Universidades Públicas que aderiram às ocupações também formam uma coletividade e também fazem uso de seus Direitos Constitucionais. E a união dessas coletividades e desses movimentos geram um campo de força que nenhum governo, por mais autoritário que seja, consegue resistir por muito tempo.

Enfim, o autoritarismo instalado na administração pública, as ocupações realizadas pelo país estão mostrando a necessidade de se fortalecer a coletividade contra o Estado, contra os Administradores Públicos, contra os políticos. Temos que criar, urgentemente, mecanismos e instrumentos que protejam os movimentos sociais contra a ação da polícia; mecanismo que facilitem a derrubada de administradores públicos, políticos e governantes que atacam a coletividade; mecanismo que permitam a participação efetiva da coletividade nas decisões da administração pública e do governo.

E é bom deixar bem claro para a mídia autoritária: a História é escrita pelos vencedores. E esse Movimento de Ocupação foi todo escrito por seus integrantes.

21/06/2007

Os instrumentos democráticos estão se esgotando

Um governo sem sensibilidade social se apoderou do poder e do Estado. Usa o poder e a força para proteger seus interesses autoritários. Usa o poder e a força contra os legítimos donos do poder: o povo. Um Governo que se esconde no Palácio. Isola-se para que nenhum cidadão se aproxime e o chame de ditador. Um Governo que governa por decretos. Decretos ditatoriais. Decretos inconstitucionais. Decretos ilegais. Decretos amaldiçoados. Estamos em uma Democracia ou vivemos numa ditadura dissimulada ?

A ocupação da Reitoria da USP foi uma decisão forte. Forte porém necessária. Único meio das reivindicações serem ouvidas e negociadas. A ocupação rompeu a indiferença da Reitora e mostrou aos dirigintes da Universidade e ao governo que os estudantes são a coletividade e possuem força e coragem para enfrentar e derrotar o autoritarismo. Estudantes que buscam direitos que lhes pertencem. Estudantes que buscam por constitucionalidade e pelo Estado de Direito. Estudantes que lutam por Democracia e justiça.

Contra os Estudantes posta-se o autoritarismo. Contra os estudantes levantam-se a truculência,ameaças e intimidações. Contra os estudantes há o terrorismo de Estado, as mentalidades autoritárias que implantaram a ditadura no Brasil, a falsa legalidade que mascara interesses e mentiras.

Essa é uma luta sensata, coerente e justa. Uma luta que tem objetivos claros expressos numa lista de reivindicações. Uma luta que se baseou em instrumentos democráticos de pressão da coletividade sobre o Estado. Porém, uma luta que chegou ao máximo uso desses instrumentos: a ocupação.

Ocupamos para sermos ouvidos. Ocupamos para que nossas exigências sejam atendidas. Ocupamos para alcançar nossos objetivos, os Direitos que nos pertencem, o fim de decretos inconstitucionais e do Terrorismo de Estado.

Contudo, agora eu pergunto: E se a ocupação não funcionar ? Existe mais algum instrumento democrático que nós, coletividade estudantil, possamos lançar mão para alcançar as nossas reivindicações ? Se o Terrorismo de Estado vencer e nos atacar com o choque, se o autoritarismo entrar na Reitoria e expulsar os estudantes, o que faremos no próximo movimento ?

A nossa luta é contra a opressão, contra a tirania, contra a exclusão e contra o Estado autoritário. Se a Ocupação não for suficiente para alcançar os nossos objetivos, os Direitos que nos pertencem, a justiça que buscamos,no próximo movimento teremos que ser mais fortes e mais violentos. Se a ocupação não alcançar os objetivos, o próximo movimento não poderá ser democrático, pois todos os instrumentos democráticos deram em nada, nenhuma negociação funcionou, nenhuma pressão deu certo, apenas nos deram mais enganação, mais mentiras, mais repressão, mais terrorismo de Estado, mais injustiças.

Se a ocupação não funcionar, a Democracia perdeu. Se a ocupação não funcionar, na próxima vez não iremos pedir mais nada, não iremos negociar mais nada, não iremos perder o nosso tempo. Tudo o que faremos será impor diretamente as nossas decisões, as nossas reivindicações e os nossos objetivos. Antes que usem o Terrorismo de Estado contra nós, nós usaremos o terrorismo contra eles. Antes que usem a força e a repressão contra nós, nós usaremos a força e a repressão contra eles. Antes que eles nos apunhalem e nos sangrem até a morte, nós iremos apunhalá-los e sangrá-los até morrerem.

Se a Democracia perdeu e morreu, só nos resta usar a força. Tenho certeza que as negociações seriam feitas rapidamente se tivéssemos capturado todas as autoridades envolvidas e obrigado elas a assinarem as nossas reivindicações, sob pena de não o fazerem e serem enforcadas em praça pública. Eles planejam invadir a reitoria ocupada para nos expulsar a pontapés, a tiro de borracha e a gás de pimenta. Portanto, também devemos planejar fazer coisas violentas com eles.

Percebam que caminhamos numa escala ascendente de radicalismo. Uma escala que começa com reuniões e negociações, mas que devido a boicotes, ausência das autoridades, etc vai se tornando cada vez mais inútil. Falam de negociação, mas não estão dispostos a negociar. Falam de não-violência, mas nos atacam com Terrorismo de Estado, coações, intimidações, sprays de pimenta, espingardas de tiro de borracha, rifles de longo alcance. Certamente, hoje poderão vir aqui e nos espancarem o quanto quiserem. Somos estudantes e estamos desarmados. Poderão fazer isso hoje, mas não poderão fazer isso amanhã, pois no próximo movimento seremos muito mais fortes e estaremos preparados para responder a quaisquer Terrorismo de Estado.

Não só isso, as autoridades públicas vão empurrando os movimentos sociais para becos sem saída. Os movimentos sociais são empurrados para o radicalismo e para a violência pelo Terrorismo de Estado. Os instrumentos democráticos e as negociações tornam-se inoperantes diante da truculência das autoridades públicas. Cercam todos os lados e usam a mídia para espalhar o medo e a discórdia. A mídia exerce um papel importante dentro do Terrorismo de Estado. É ela que espalha as ameaças e as intimidações.

As autoridades democráticas são obrigadas a usarem os instrumentos democráticos. São obrigadas a negociarem e a darem uma resposta rápida para os problemas sociais. Se essas autoridades cumprissem suas obrigações não teríamos problemas. Mas elas não cumprem nem as obrigações e nem as promessas que fazem. Voltam atrás nas negociações. Retiram o que haviam cedido.

Os Movimentos Sociais se levantam e começam a gritar porque as autoridades públicas falham na condução do Estado e dos órgãos públicos. Os movimentos sociais defendem a coletividade e são as raízes da democracia. Levantam e gritam legitimamente.

As autoridades democráticas respondem ao levante e aos gritos com Terrorismo de Estado e repressão. Ao invés de atacarem Os problemas sociais e suas causas, as autoridades preferem atacar a coletividade, os militantes e o movimento. Os problemas não são resolvidos e se acumulam. Contra o Terrorismo de Estado, os movimentos sociais radicalizam seus discursos e se armam. Se o Governo mata militantes, os militantes devem matar o governo. Essa é a lógica que
alimenta a contestação armada.

As autoridades democráticas preferem investir na repressão e na perseguição dos militantes e dos
movimentos do que resolver os problemas sociais, do que resolver as causas do levante. Resultado: uma guerra social começa a ser desenhada e orquestrada.

Depois da ocupação não resta mais nada democrático a ser feito. Se a ocupação não funciona, os instrumentos democráticos e de pressão não funcionam. Contudo, os problemas terão que ser resolvidos, de uma forma ou de outra. Diante disso só resta um caminho: exterminar as autoridades públicas responsáveis pela desgraça social. Exterminando as autoridades que criam a desgraça social e alimentam a opressão, a tirania e as exclusões, a tendência é que a desgraça cesse ou desapareça. Exterminando os controladores do sistema, o sistem muda, ou seja, terá que, obrigatoriamente, passar para outra pessoa que, certamente, não seguirá o mesmo caminho do antecessor, para não acabar exterminado também.

Por isso, é melhor que os instrumentos democráticos de pressão funcionem, que a Democracia funcione e que o Terrorismo de Estado cesse. É melhor e mais seguro para todos que os conflitos sociais sejam resolvidos pela negociação e não pelo extermínio de uma das partes. A negociação, negociação mesmo e não enrolação, deve avançar para que a Democracia continue existindo.

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Novo endereço do meu site:
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Para ler todos os textos postados no CMI:
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20/06/2007

O que fazer quando estiver preso

Por Leonildo Correa 20/06/2007 - 16:00

Pelo encaminhamento das coisas, possivelmente, muitos companheiros, inclusive eu, serão presos pelo autoritarismo. A questão que surge é: o que fazer enquanto estiver na prisão ? a minha resposta é: acordos. Façamos acordos de cooperação e ajuda mútua com os presidiários que também são vítimas de uma intensa e dolorosa opressão e tirania.

Na prisão o autoritarismo é muito mais forte e violento, pois o indivíduo está sozinho e a mercê do Estado. É atacado em sua integridade física e moral, tendo os seus direitos constitucionais e humanos violados, não só por um momento, mas 24 horas por dia. Armazenam 60 presos onde cabem 16. E o judiciário autoritário não vê irregularidade nessa armazenagem. Diz que isso não é tratamento cruel e desumano e, pior, pune o juiz que manda soltar os presos que são submetidos a esse tipo de tratamento.

Nós e os presidiários temos inimigos comuns. Lutamos contra a mesma ordem, contra o mesmo autoritarismo, contra a mesma tirania e opressão.

Por isso, os companheiros que entrarem primeiro nas prisões devem buscar um acordo de cooperação com esse grupo de excluídos que são os presidiários, chamando os para a nossa luta e para as nossas trincheiras. E após a nossa vitória revemos suas condenações e penas. Assim, em pouco tempo constituiremos o exército dos excluídos e marcharemos sobre os grupos dominantes, sobre o autoritarismo, sobre a opressão, a tirania e as injustiças.

Somos dominados, oprimidos e excluídos porque somos separados e divididos. Uma coletividade não pode ser sufocada por muito tempo. Uma coletividade não pode ser oprimida por muito tempo. Se nós nos juntarmos não há poder capaz de nos parar. Precisamos reunir os oprimidos e mostrar-lhes a opressão e os opressores. Precisamos reunir os oprimidos e dar-lhes a possibilidade de escolher entre lutar contra essa ordem autoritária e excludente, buscando destruí-la de uma vez por todas, ou se dobrar a ela, aceitando a tirando e a opressão.

Certamente, os companheiros que estiverem fora da prisão deverão montar os planos e as ações para resgatar aqueles que estiverem encarcerados.

O que fazer quando estiver preso

Por Leonildo Correa 20/06/2007 - 16:00

Pelo encaminhamento das coisas, possivelmente, muitos companheiros, inclusive eu, serão presos pelo autoritarismo. A questão que surge é: o que fazer enquanto estiver na prisão ? a minha resposta é: acordos. Façamos acordos de cooperação e ajuda mútua com os presidiários que também são vítimas de uma intensa e dolorosa opressão e tirania.

Na prisão o autoritarismo é muito mais forte e violento, pois o indivíduo está sozinho e a mercê do Estado. É atacado em sua integridade física e moral, tendo os seus direitos constitucionais e humanos violados, não só por um momento, mas 24 horas por dia. Armazenam 60 presos onde cabem 16. E o judiciário autoritário não vê irregularidade nessa armazenagem. Diz que isso não é tratamento cruel e desumano e, pior, pune o juiz que manda soltar os presos que são submetidos a esse tipo de tratamento.

Por isso, os companheiros que entrarem primeiro nas prisões devem buscar um acordo de cooperação com esse grupo de excluídos que são os presidiários, chamando os para a nossa luta e para as nossas trincheiras. E após a nossa vitória revemos suas condenações e penas. Assim, em pouco tempo constituiremos o exército dos excluídos e marcharemos sobre os grupos dominantes, sobre o autoritarismo, sobre a opressão, a tirania e as injustiças.

Somos dominados, oprimidos e excluídos porque somos separados e divididos. Uma coletividade não pode ser sufocada por muito tempo. Uma coletividade não pode ser oprimida por muito tempo. Se nós nos juntarmos não há poder capaz de nos parar. Precisamos reunir os oprimidos e mostrar-lhes a opressão e os opressores. Precisamos reunir os oprimidos e dar-lhes a possibilidade de escolher entre lutar contra essa ordem autoritária e excludente, buscando destruí-la de uma vez por todas, ou se dobrar a ela, aceitando a tirando e a opressão.

Certamente, os companheiros que estiverem fora da prisão deverão montar os planos e as ações para resgatar aqueles que estiverem encarcerados.

Contra a repressão e o autoritarismo temos que usar a violência

Por Leonildo Correa 20/06/2007 às 15:00

Está chegando a hora do Movimento Estudantil erguer não só a bandeira da coletividade, mas segurar a bandeira bem alto com apoio de fuzis, lança-foguetes, granadas, etc. O autoritarismo está nos atacando e não podemos ficar calados enquanto sangramos. Não podemos deixar o medo nos vencer. Não podemos oferecer a outra face e aceitar as correntes como legítimas. Temos que reagir e perseguir os nossos perseguidores.

Eles nos atacam e continuam caminhando livremente pelas ruas como se nada tivesse acontecido. Continuando indo livremente para a repartição onde trabalham. Continuando vivendo como se nada tivesse acontecido, ou seja, fazem o mal para os outros, mandam a polícia prender e surrar os filhos dos outros e nada acontece a seus filhos. Isso não pode acontecer.

Os Administradores Públicos que mandaram a Polícia entrar e prender os estudantes da UNESP não poderão mais viver em paz e em segurança. Temos que ver a cara deles. Temos que escanear suas fotos e distribuir por aí. Assim, na próxima vez que eles forem vistos na rua deverão atacados violentamente com pedras e paus, suas casas devem ser depredadas e incendiadas, seus automóveis destruídos. Lembrem que o linchamento não pode ser punido, que a multidão enfurecida não pode ser controlada. Nós temos que fazer justiça com as próprias mãos, não podemos esquecer essas ofensas, esses ataques. Eles ousaram enfrentar a coletividade e impor sobre ela a sua vontade. Terão que pagar por essa ousadia.

Os administradores públicos que dominam a coletividade com o apóio da polícia devem ser destruídos e pisoteados pela coletividade. Nós estudantes temos a obrigação moral e ética de lutar contra isso, lutar contra essa repressão e esse autoritarismo que insiste em permanecer e nos atacar em pleno século XXI. Não podemos deixá-los prevalecer sobre a nossa luta, sobre a coletividade. Temos que vencê-los, porém isso somente acontecerá quando destruirmos todos eles.

Não adianta atacar a Polícia. Os policiais são mercenários que vendem seus braços para o autoritarismo. Temos que atacar violentamente quem chamou a Polícia e quem mandou a Polícia entrar no Campus. Temos que mirar nossa raiva e nosso ódio sobre esses governantes e sobre esses administradores públicos. Eles representam o mal. Eles usam o poder da coletividade para oprimir a própria coletividade.

Administradores Públicos que não respeitam a coletividade, não respeitam a sociedade e não respeitam o povo devem ser derrubados de seus cargos. A coletividade não existe para servir ao administrador público ou ao governante. A coletividade não existe para obedecer-lhes ou para seguir ordens autoritária. Eles tomaram conta da coisa pública e atuam como se fossem proprietário. Por isso entram com reintegração de posse de um prédio público. Prédio que pertence à coletividade, principalmente à coletividade estudantil.

A Universidade é pública. Não é negócio de Reitor e nem de Governador. E esses administradores públicos tem que aprender a respeitar a coletividade, a sociedade e o povo. E cabe a nós estudantes ensinar-lhes esse respeito. Para isso só temos um caminho atacá-los violentamente em suas residências e casas, na rua, na Faculdade, em todas as partes.

Quem maneja a repressão e o autoritarismo contra a coletividade, contra a sociedade e contra o povo não pode ter paz e segurança em lugar nenhum. Não precisa todos os estudantes persegui-los por aí. Basta que apenas que um grupo o faça da cada vez. Existem estudantes em todo o Brasil e em todas as partes. Só precisamos organizá-los, treiná-los e armá-los. Formar centenas e milhares de pequenos grupos que atuam no módulo sem líder. Grupos que deverão atacar esses desgraçados que ousam enfrentar a coletividade e impor o autoritarismo em uma sociedade democrática.

Temos que deixar bem claro, assim como fez o V no filme V de Vingança, que os governantes e os administradores públicos devem temer o povo. E que a decisão de enfrentar a soberania popular significará a sua completa ruína e destruição. Ninguém tem mais poder que a coletividade ou o povo e quem acha que tem deve ser chicoteado e punido.

Esses governantes e administradores autoritários comandam o mal e a desgraça dentro da sociedade. Por isso o Brasil não avançam. Por isso as desigualdades não reduzem e a pobreza só cresce. Esses desgraçados usam, há mais de 500 anos, a polícia, a repressão e o autoritarismo para manter a ordem da exploração e da exclusão em vigor. Reprimem os Movimentos Sociais para continuarem roubando a coisa pública, criando normas inconstitucionais, matando trabalhadores nas periferias, enfim, para continuaram ganhando e se enriquecendo com o sangue e com a escravidão dos mais fracos. Eles ganham com a nossa desgraça e com a nossa escravidão. Por isso usam a Polícia para manter tudo como está.

E quem comanda tudo isso, toda essa desgraça na qual estamos imersos, todo esse mar de desigualdades, opressão e tirania tem que ser atacado e destruído. Não apenas eles, mas também o sistema que lhes alimenta e apóia. Esses desgraçados que atacam o movimento estudantil são financiados por empresas, então temos que atacar as empresas. Eles são apoiados por eminentes intelectuais, então temos que atacar os iminentes intelectuais. São respaldados pela mídia autoritária, então temos que explodir a mídia autoritária. Tudo aquilo que dá apoio e sustenta a repressão e o autoritarismo que nos chicoteia tem que cair, tem quer ser derrubado e destruído.

"Temos que destruir para reconstruir, eliminar a opressão para fazer florir a liberdade, explodir uma realidade para que outra possa se erguer sobre os escombros. Enquanto imperar a ordem criada pelos militares e pelo autoritarismo, enquanto os remanescentes dos militares e do autoritarismo dominarem a administração pública brasileira, não teremos paz e seremos escravos do sistema. Não haverá Democracia. Não haverá justiça e o povo não terá vez.

Para consolidar a democracia temos que limpar o Brasil. Destruir todos os resquícios do regime militar que ainda existem. Atacar com violência todos os mandantes da repressão e da opressão. Transformar em pó toda a base que os sustenta. Somente assim nós conseguiremos construir um país justo e democrático. Caso contrário continuaremos sendo reféns do autoritarismo e vivendo com medo de defender a coletividade.

Por que chamaram a polícia e prenderam os estudantes ? Para manter a ordem da exploração e da exclusão em vigor. Usam a força do Estado para defender seus interesses pessoais e particulares. Não negociam com a coletividade porque tomaram a coisa pública para si. Por isso, os grupos dominantes precisam ser destruído. E essa destruição tem que ser feita com a mesma violência com que eles nos oprimem.

O futuro está em nossas mãos. Podemos fugir e nos esconder, como temos feito a quinhentos anos, deixando que roubem, expropriem e destruam a nossa gente e o nosso país, ou podemos reagir e contar a garganta dos opressores. Eles começaram testando a UNESP para ver qual vai ser a nossa reação. Para ver se iremos correr ou se iremos enfrentar. E a minha decisão é enfrentar, começando a limpeza do Brasil agora.

Nós somos estudantes e somos jovens. Temos inteligência e temos tecnologia. Portanto, temos poder e força para destruir a ordem vigente, limpar o Brasil de cima até embaixo, e começar tudo de novo. A nossa liberdade está sendo atacada. Temos que resistir e lutar bravamente para proteger a coletividade, os nossos direitos e a nossa liberdade. Se abaixarmos a cabeça, eles irão bater na nossa cara.

Precisamos saber se há estudantes presos... Se houver temos que preparar um resgate cinematográfico.

18/06/2007

Impeachment da Reitora da USP

O Conselho Universitário da USP deveria destituir a Reitora e o Vice-reitor


Por Leonildo Correa 22/05/2007 às 08:18

Diante da incapacidade da Reitora e do Vice-reitor em gerir a crise que se espalha pela Universidade e que está tomando uma proporção cada vez maior. Diante da truculência da Reitora e do Vice-reitor nas negociações e na busca do uso da repressão policial contra os alunos desta universidade e considerando que os atos da Reitora e do Vice-reitor ferem de morte o espírito universitário, pois a força policial somente adentrou os portões da Universidade de São Paulo durante o Regime Militar e agora a Reitora em exercício, assim como o Vice-reitor, desejam reviver esse tempo.

Diante das negativas da Reitora de negociar e resolver o impasse, assim como diante dos danos que os atos dessa Administradora Pública está causando à Universidade, à coletividade e ao patrimônio, devemos pensar em mecanismos para destituí-la do poder. Não só ela, mas todo o gabinete autoritário que a acompanha.

A Reitora pensa que a Universidade é seu negócio particular e que ela faz da Universidade o que bem entender. Ela pensa que seus poderes são ilimitados e sua vontade impera sobre todos. Por isso devemos lembrá-la que ela é uma servidora pública e que está adstrita à lei. Ela não faz o que ela quer, mas sim o que a lei manda ela fazer. E a negociação é uma obrigação do Administrador Público.

Os estudantes ocuparam a reitoria porque querem melhorias na Universidade, no ensino e na assistência estudantil. Os estudantes lutam contra o sucateamento da Universidade. Sucateamento que tem sido causado intencionalmente por gente como a Reitora que, ao invés de resolver logo os problemas e o impasse, prefere viajar para a Europa, prefere se esconder no IPEN, prefere manejar o autoritarismo e enfrentar a coletividade estudantil.

A Reitora e seu gabinete nazista, assim como os diretores autoritários que dominam as unidades, querem a cabeça dos estudantes e dos grevistas. Portanto, nós estudantes e grevistas, que exercemos o nosso Direito Constitucional de manifestação, exercemos a liberdade de expressão, assim como exigimos direitos que nos pertencem e resistimos à tirania, à opressão e às arbitrariedades, devemos fazer uso dos mecanismos legais e constitucionais que punem e retiram das respectivas funções os maus servidores públicos. Devemos buscar mecanismos para destituir do cargo os Administradores Público que pensam que a Administração Pública lhes pertence e que eles fazem o que bem entenderem. Devemos derrubar os Administradores que, ao invés de negociar e resolver a questão, usam o impasse, as ameaças e as intimidações para submeter a coletividade à sua vontade autoritária. Maus administradores causam danos e prejuízos à coletividade, à sociedade e à Administração Pública.

A Reitora não quer negociar porque ela quer causar danos, não só a Universidade, aos estudantes e aos funcionários, mas também a toda a coletividade e sociedade. Ela não quer negociar porque quer a tropa de choque invadindo a Reitoria, quer ver os policiais atirando nos estudantes, quer ver o sangue correndo. Ela quer o mal para todos. Por isso ela mantém o impasse e não negocia.

Enfim, diante de todos os fatos que estão acontecendo nesse momento o Conselho Universitário deveria se reunir, com base no art. 17 do Estatuto da USP, ou seja, reunir-se extraordinariamente convocado pela maioria de seus membros, e declarar a Reitora e o Vice-reitor impedidos de continuarem dirigindo a Universidade, pois suas ações põem em risco o patrimônio intelectual, físico e cultural da USP, assim como a independência e autonomia desta Universidade.

Após a declaração de impedimento da Reitora e do Vice-reitor cabe ao Conselho Universitário passar a Reitoria, com base no art. 40 do Estatuto da USP, para o Professor Titular com maior tempo de serviço docente nesta Universidade, assim como abrir um canal direto de diálogo com os alunos.

Não podemos admitir que a incapacidade de negociação da Reitora e do Vice-reitor levem a USP a uma derrocada em sua história e em suas tradições de tolerância. Inclusive chego a pensar que o comportamento truculento da Reitora e do Vice-reitor integre o plano de quebra de autonomia das Universidades Públicas Paulistas, pois o uso da força policial mostrará que os professores não conseguem gerir esta Universidade e que o Governo tem que usar a polícia para conter os estudantes.

A Democracia sangra na USP e o COnselho Universitário tem que agir para salva a Universidade. Não pode deixá-la a mercê da incompetência de alguns docentes.

Inclusive, nós estudantes da USP, devemos começar a mandar uma série de emails aos professores e memnbros do Conselho Universitário, pedindo para que o Conselho se reúna e destitua a Reitora e o Vice-reitor, assim como nomeie um outro negociador para dialogar com os estudantes.

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Estatuto da USP

Artigo 17 - O Conselho Universitário reunir-se-á, ordinariamente, a cada noventa dias, e, extraordinariamente, quando convocado pelo Reitor, ou pela maioria de seus membros.
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Artigo 40 - Na vacância das funções de Reitor e Vice-Reitor, como na falta ou impedimento de ambos, a Reitoria será exercida pelo membro do Conselho Universitário que for Professor Titular com maior tempo de serviço docente na USP.

17/06/2007

Revolucionários HighTec: O Movimento Estudantil Atual

Antigos líderes Estudantis dizem que o Movimento de Estudantes da atualidade não tem mais a importância histórica nem eco social de outrora. E cada um deles descreve o que foi o Movimento em seu tempo.

Contudo, a crítica desses ex-líderes estudantis não pode ser levada a sério e deve ser enquadrada como uma terrível "dor de cotovelo". Pior do que isso: é uma tentativa de esconder o que está ocorrendo nesse momento.

Essa crítica não pode ser levada a sério porque eles, os antigos líderes, fizeram parte de uma época hostil, onde a ditadura estava nas ruas e o autoritarismo mostrava a cara, vestia uniforme e usava fuzil, pau-de-arara, etc para oprimir e perseguir. Hoje a ditadura está camuflada e o autoritarismo está nos gabinetes, veste terno e gravata e usa a caneta, os ofícios e os processos judiciais para oprimir e perseguir.

Não podemos aceitar a crítica desses ex-líderes estudantis porque hoje eles vêem o mundo de cima para baixo. Não são mais estudantes e não entendem mais a luta estudantil. Viraram burocratas. Viraram governo e perseguem os estudantes. Por isso eles dizem que o Movimento Estudantil perdeu a importância histórica e o eco social. Eles dizem que perdeu para tentar encobrir o poder que o Movimento atual mostrou com as séries de ocupações realizadas nos últimos dias. Descaracterizam o Movimento atual para tentar enfraquecê-lo. Descaracterizam o Movimento atual para tentar conter as chamas que se alastram. Falam mal do Movimento atual porque estão do outro lado da trincheira.

Resumindo: mudou a posição social, muda a visão do indivíduo sobre a realidade, assim como seu discursos, suas causas e sua luta.

O Movimento Estudantil não tem mais o eco social de outrora, pois o eco do Movimento atual é muito maior do que foi o eco social de outrora. Isso porque hoje nós temos uma tecnologia que nos coloca a vários anos-luz na frente do antigo movimento que usava pombo-correio. Basta ver que a ocupação que começou na USP se espalhou rapidamente por todo o país e para o exterior. Em pouco tempo chegaram monções de apóio de todos os lados e de todas as organizações. Em pouco tempo os estudantes de todas as Universidades e escolas do país entraram em sintonia com o Movimento de ocupação, iniciando uma reação em cadeia. Se o eco social do Movimento atual não fosse muito, mas muito superior, ao eco do Movimento dos estudantes antigos isso não teria acontecido.

Além disso, tudo o que dizemos e escrevemos hoje é lido, relido e comentado. Inclusive, por meio da internet, temos capacidade para rebater, em tempo real, as mentiras da mídia de massa e a versão oficial do Governo. Isso não acontecia na época do regime militar, onde imperava a versão oficial e a censura controlava o resto. Durante a ditadura o governo sempre tinha razão, pois ninguém tinha a mesma capacidade do Estado para atingir um grande número de pessoas e contar a outra versão da história. Hoje temos essa capacidade e sabemos utilizá-la com grande maestria.

Hoje as pessoas sabem o que realmente está ocorrendo e as razões da luta estudantil. Não só isso, quando lêem uma notícia duvidosa no jornal, para tirar a história a limpo, acessam rapidamente o site dos estudantes. Temos sites, temos blogs, lista de discussão, lista de emails, etc. Estamos conectados uns aos outros. E se batem em um, rapidamente o golpe é sentido e refletido por todos. Somos revolucionários HighTech.

Também considero que os estudantes de hoje são muito mais politizados que os estudantes de antigamente. Os estudantes antigos não eram politizados, eram doutrinados pelos partidos de esquerda ou de direita. Tinham um visão de mundo completamente distorcida pelo conflito ideológico da Guerra Fria, ou seja, antigamente eles tinham que pertencer a um grupo fechado e rezar a cartilha do grupo de cabo a rabo. Não podiam questionar as ordens do partido e do grupo a que pertenciam. Se questionasse estava fora. Contudo, só haviam dois grupos: a direita e a esquerda. Enfim, os estudantes antigos não eram politizado, mas sim dominados por uma das ideologias vigentes.

Hoje nós somos politizados porque nós temos liberdade, não só para escolher, mas, principalmente, para saber o que estamos escolhendo. Mais do que isso, temos liberdade para adaptar aquilo que escolhemos à nossa individualidade, às nossas diferenças e à nossa realidade. Somos comunistas com uma pitada de capitalismo e de neoliberalismo ou, então, somos capitalistas que gostam de algumas regras comunistas. E existem aqueles que não querem nem uma coisa e nem outra, ou seja, tudo o que querem é viver sem se envolver. Inclusive chegaram a criar um partido político chamado "Socialismo e Liberdade". Imagine só: socialismo e liberdade de mercado, livre iniciativa, etc.

Contradição ? Perversão ? Nada disso. Temos liberdade para ser o que quisermos e para lermos a cartilha que quisermos, inclusive para criar a nossa própria cartilha. Somos politizados porque não somos obrigados a escolher uma entre apenas duas cartilhas: uma vermelha e uma verde. Quem lê a verde não pode ler a vermelha. Quem segue a vermelha não pode seguir a verde. Isso não faz sentido atualmente. Acabou o autoritarismo ideológico. E a nossa luta hoje é para manter essa liberdade e ampliá-la ainda mais. É uma luta sensata, coerente e justa.

O Movimento Estudantil atual não reza nenhuma cartilha ideológica e não tem suas bases oriundas em um partido político. Acho que o "politizado" utilizado pelos ex-líderes estudantis tem a ver com isso. Não há ligação entre o Movimento atual de Estudantes e os Partidos Políticos. Enquanto o antigo Movimento era controlado pelos partidos de esquerda, o Movimento atual é independente.

Essa separação ocorreu porque hoje não há uma identificação direta entre os movimentos sociais e os partidos políticos. Antigamente o Movimento Estudantil e os partidos tinham objetivos comuns e combatiam na mesma guerra. Hoje não. Hoje os partidos políticos veêm nos movimentos sociais uma forma de angariar votos para vencer as eleições. Vencem as eleições, mas não defendem as causam dos movimentos sociais que os elegeram. Temos diversos ex-líderes estudantis no Congresso e no Governo. Muitos deles venceram as eleições com os votos dos estudantes. E o que esses líderes fazem pelos estudantes e pelas causas estudantis ? Nada. Não fazem nada. Pior, alguns deles atacam os estudantes com unhas e dentes. São traidores. Viraram as costas para os estudantes e por isso os estudantes viraram as costas para os partidos políticos.

Certamente, desse ponto de vista, não somos e nem queremos ser "politizados". Acho que o termo correto não é "politizado", mas sim "politicado". Não queremos a politicagem e as mentiras dos Partidos Políticos atuais que usam a coletividade e os Movimentos Sociais para obter votos nas eleições w depois viram as costas e ignoram as demandas e as causas sociais. E isso é uma tendência que deve se espalhar para todos os Movimentos Sociais. Movimento Social é uma coisa, partido político é outra e governo é uma terceira. E essas coisas não podem ser misturadas.

Partido político inserido dentro de um Movimento Social é igual um vírus da AIDS dentro de uma célula, destrói a célula, destrói o movimento. Basta ver as várias tentativas do Serra e da mídia autoritária de caracterizar a ocupação da Reitoria da USP como um movimento controlado por partidos de extrema esquerda. Se a ocupação fosse controlada por partidos de extrema esquerda o que teria acontecido ? Fizeram isso para deslegitimar a ocupação, pois a presença de partidos reduz a força do Movimento, divide o Movimento, enfraquece o Movimento. Partido Político e time de futebol separam as pessoas e não podem estar presentes em ações que buscam juntar as pessoas para a luta.

Certamente, isso não exclui a presença de militantes de Partidos Políticos nos Movimentos Sociais. Podem participar, mas como cidadãos, como um ente da coletividade. Não como Partido Político. Não podem usar os Movimentos Sociais como alavanca para eleição e nem podem tentar falar em nome desses Movimentos. Se os Partidos Políticos querem ajudar um movimento social devem adotar suas causas e lutar para a concretização de seus objetivos no Congresso Nacional. Os ex-líderes estudantis deveriam propor leis que garantissem a assistência estudantil, a autonomia universitária, educação pública gratuita e de qualidade, etc. Deveriam defender no Congresso e não entrando dentro do Movimento para cooptar seus integrantes e para controlar suas ações.

E isso também se aplica ao governo que assimila os líderes dos Movimentos Sociais, não para ajudar o Movimento em sua luta, nas suas causas e nos seus objetivos, mas sim para parar as manifestações do Movimento, impedi-lo de se manifestar contra as ações nocivas do Estado contra a coletividade. Certamente, o governo é esperto. Convence o Movimento de que atenderá suas causas e como exemplo de boa vontade dá uma banana para o movimento. Em troca disso, o Movimento deve apoiar o Governo em suas reformas, principalmente, na redução das liberdades públicas e dos direitos da coletividade. Os líderes cooptados pelo Governo vendem o Movimento em troca de uma banana. Para o Governo é um bom negócio. Para a coletividade é um desastre.

Outro ponto que sobressai no Movimento Estudantil atual é a defesa da coletividade de estudantes e o desenvolvimento de ações genéricas que beneficiam toda a sociedade e os demais Movimentos Sociais. Lutamos contra o autoritarismo do Governo e da mídia de massa e para isso usamos a tecnologia. Um modelo de ação que deve ser espalhado e disseminado em outros Movimentos Sociais. Lutamos por uma educação pública, gratuita e de qualidade. Isso beneficia toda a sociedade, principalmente os mais pobres. Lutamos por mais assistência estudantil e inclusão, nas universidades públicas, dos estudantes que sempre tiveram como única opção de estudo o ensino público gratuito.

Enfim, acreditamos que a Universidade Pública, gratuita e de qualidade é um caminho essencial na redução das desigualdades sociais e regionais do país, pois ela transforma um aluno pobre, filho de um agricultor, em um doutor. Transforma um filho de um operário em um cientista. Transforma um morador da periferia em um filósofo, em um engenheiro, etc. Observem, observem atentamente, que a região mais rica do país é aquela onde se localiza as melhores Universidades brasileiras. Isso não é mero acaso. Portanto, a luta estudantil é sensata, é coerente e é justa.
Além disso, lutamos no módulo turbo e sem líder, ou seja, um Movimento Social deve ter objetivos claros e as decisões devem ser tomadas por assembléias. Nenhum líder deve controlar o Movimento. E o Movimento não deve depender de nenhum líder. Todos podem falar e todos os integrantes do Movimento devem ser ouvidos. Não necessariamente falar em assembléia, podem falar em textos, em faixas, em cartazes, em charges, em música, em vídeos, etc. Todos tem poder para falar e devem ser lidos, questionados, discutidos, etc.

A tecnologia e o módulo sem líder foram os diferenciais do Movimento de Ocupação da Reitoria da USP. A tecnlogia projetou o movimento e gerou uma reação em cadeia, ligando todos os estudantes do Brasil. O módulo sem líder impediu a pressão, a corrupção e a ação do Governo sobre o Movimento. Basta lembrar que a primeira coisa que a Reitora fez foi chamar o DCE-USP, suposto líder dos estudantes da USP, para uma reunião secreta. E o DCE-USP saiu da reunião falando em desocupação. Quebraram a cara, pois o DCE-USP não falava pelos estudantes da ocupação. Não só isso, tentaram cooptar e corromper uma diversidade de outros integrantes do Movimento, mas nada funcionou, pois os corrompidos eram detectados pela maioria e ignorados em suas palavras de "desocupa".

Isso deixou o Governo e os dirigentes públicos completamente desnorteados, não tinham quem corromper. Não tinham quem cooptar. Ficaram desnorteados porque sempre mataram movimentos coletivos corrompendo e atacando as lideranças. No Movimento de Ocupação da Reitoria da USP isso não se aplicou. Certamente tentaram de todas as formas. Tentaram apontar líderes. Tentaram criar líderes, contudo o movimento rodava no módulo sem líder. Logo, tiveram que negociar com uma comissão específica que somente se reportava à assembléia de estudantes. Esse diferencial também deve espalhar-se para outros Movimentos Sociais. A lição é: antes do movimento façam uma lista de objetivos, dividam comissões e rodem o movimento no módulo sem líder. Assim, o Governo será obrigado a negociar com o Movimento e não com lideranças corruptas. Sem contar que as vantagens pessoais oferecidas pelo Governo para líderes específicos não terão efeito.

Sobre a importância histórica do Movimento Estudantil atual, citada pelos líderes antigos como inexistente, não podemos afirmar nada. Importância histórica é apontada pela História. E somente o tempo tem poder para criar a História. Não é possível falar em importância histórica de movimentos contemporâneos.

Portanto, a ocupação da Reitoria da USP deflagra uma nova era para os Movimentos Sociais e coletivos. A coletividade se levanta com novas ferramentas e instrumentos de manifestação. A coletividade e o povo começam a reivindicar os direitos lhes pertencem. E agora temos tecnologia para expor nossas opiniões, exigir mudanças, exercer o poder que é nosso e reunir todas as vontades, ao mesmo tempo, em um só ponto. Sempre disseram que o poder emana do povo. A partir de agora o poder não vai mais emanar do povo, mas sim as leis, as decisões, as soluções, etc. A coletividade deve exercer o poder que lhe pertence. O povo é quem manda. O governo obedece.

Movimento estudantil está menos politizado que nos anos 'duros'

Estadão Online - Carlos Marchi - Domingo, 17 junho de 2007
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Antigas lideranças acreditam que não existe mais a importância histórica nem eco social de outros tempos

O movimento estudantil de hoje é menos politizado do que era nas décadas de grande enfrentamento ideológico - dos anos 50 ao começo dos anos 80 - opinaram antigas lideranças estudantis das mais variadas tendências ouvidas pelo Estado. A utopia socialista deixou de existir e hoje muitos estudantes trabalham, afirmou o governador José Serra (PSDB), presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1964. “Ficou uma coisa mais amorfa, uma organização mais fluida, mais despolitizada, o que não significa que não tenha energia e generosidade”, afirmou Serra, fundador da Ação Popular (AP), tendência majoritária nos anos 60 e 70.

“Naquela época, certo ou errado, o movimento estudantil tinha mais projeto de sociedade e lógica política na atuação. Não estou avaliando se era ingênuo ou não, se estava dentro das possibilidades históricas ou não. Mas era mais politizado”, disse Serra.

“A mobilização hoje não tem o mesmo sentido histórico daquela época”, reconhece o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), importante liderança da tendência Refazendo e eleito na reconstrução do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, em 1976. Como Serra - com quem disputou o governo de São Paulo em 2006 -, ele é egresso da AP, a histórica tendência que misturava marxismo com cristianismo e dominou o movimento estudantil (ME) até a fundação do PT, em 1980.

O ex-ministro José Dirceu, presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo em 1967, disse ao Estado que o atual ME está dessintonizado com a universidade e rebateu as críticas à política universitária do governo Lula. Ele lembra que o ME de sua época promovia uma extraordinária agitação cultural. “Fomos a geração da revolução cultural”, disse, reconhecendo que hoje existem muitas formas de participação política e profissional que afastam os jovens da política estudantil.

Dirceu prega um grande debate sobre o papel da universidade pública e aponta caminhos: por meio de parcerias, a universidade pública pode desenvolver pesquisas e promover capacitação profissional para a empresa privada. “As empresas não buscam só o lucro”, advertiu. Ele criticou os que condenam essa aproximação entre a universidade pública e a empresa privada: “Existe uma resistência surda a essa aproximação, que não fere a autonomia universitária.”

Nos anos 50 e 60 - antes da repressão de 1968 - todas as lutas estudantis se concentravam na questão da ampliação de verbas e vagas nas universidades públicas. “Eu ocupei boa parte das minhas lutas corporativas, seja como presidente da UEE, em São Paulo, seja como presidente da UNE, pregando a ampliação de vagas”, lembra Serra. A partir de 1964, a luta se focou contra a reforma universitária que o governo militar queria implantar e, pouco a pouco, o ME passou a expressar a luta pelas liberdades públicas.

Dirceu afirma que depois das prisões de Ibiúna, em outubro de 1968, quando ele próprio, líder mais destacado da UNE, foi preso e depois deportado, houve algum tipo de articulação que permitiu a realização dos “congressinhos”.

Mas, depois de 1971, as sombras desceram sobre o ME e praticamente todas as articulações foram perdidas. A retomada começou a se dar em 1973, a partir da USP e, principalmente, a partir da Faculdade de Filosofia. “A Filosofia e o Crusp (Conjunto Residencial da USP) foram o coração do novo ME”, afirma Dirceu.

O jornalista Frederico Pessoa, da tendência Unidade, que lideraria o DCE em 1979, lembra que os primeiros movimentos foram em 1973 e não puderam contar com os setores de esquerda que tinham optado pelas guerrilhas urbana e rural, dizimadas nos anos anteriores. Lentamente, setores independentes, restos da antiga AP e o PCB começaram a se articular. “O ME se politizou com a repressão”, afirma o hoje deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), à época estudante de Engenharia e importante liderança da AP.

Mercadante demarca o primeiro grande momento: um show em que Gilberto Gil, em 1973, no campus da USP cantou músicas proibidas, nas barbas da censura. “O debate político era muito rico, mas a gente tinha de fazer as coisas da nossa cabeça, porque não tínhamos orientação da geração anterior, que estava presa, no exílio ou morta”, lembra Mercadante. “As nossas assembléias eram de massas e nós tratávamos de questões muito ligadas ao estudante”, completa Jardim.

Em 1975, já estava tudo pronto para remontar o DCE, mas aí foi o PCB que sofreu o duro golpe das prisões em torno do caso do jornalista Vladimir Herzog. Em compensação, as outras tendências se reorganizavam rapidamente; nas eleições para o DCE em 1976, na primeira eleição depois do período cinzento, não havia candidatos para não expor os líderes. Os alunos votaram nos rótulos que nomeavam as chapas (e que encobriam as suas matrizes ideológicas) e que depois se consagrariam em todo o País.

Ganhou a Refazendo de Mercadante e da psicóloga Vera Paiva, hoje professora de Psicologia da USP. Eram tempos em que, apesar da repressão constante, as eleições eram disputadas com quorum altíssimo. Frederico Pessoa lembra que a eleição da Unidade em 1979 teve 16 mil votantes, num tempo em que a USP tinha 43 mil alunos (a última eleição do DCE teve pouco mais de 5 mil votos, num universo de 80 mil alunos).

INSTITUCIONALIZAÇÃO

“A estrutura do ME era semelhante a uma democracia representativa, com centros acadêmicos, DCE, UEE, UNE e executivas nacionais dos cursos”, lembra Serra.

A luta estudantil tinha participação ativa na sociedade, lembra o jornalista Josimar Melo, hoje crítico gastronômico da Folha de S.Paulo e na época liderança máxima da tendência Liberdade e Luta (Libelu). “Éramos levados a assumir a luta contra a ditadura e tínhamos noção da dimensão do ME”, comenta Josimar.

As tendências disputavam espaço, mas conseguiam se unir. “Havia respeito às entidades representativas, ao DCE e às posições políticas de cada um”, afirma o hoje jornalista Alon Feuerwerker, editor político do Correio Braziliense, à época aluno da Medicina e principal liderança da tendência Caminhando.