Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

27/07/2009

A Árvore do Conhecimento do bem e do mal
Metafísica da Consciência - Livro I - Deus é Energia Consciente
Autor: Leonildo Correa - Advogado - Instituto OCW Br@sil
(Outros textos - clique aqui)

O Homem, de acordo com a Bíblia[1], foi criado para viver nesse estágio de pureza. Um estágio no qual a centelha divina, sem a necessidade de nenhuma informação, saberes e conhecimentos dessa dimensão, ou seja, sem a necessidade de conhecer o bem ou o mal, movimentaria a consciência humana. Um estágio no qual o Homem desconheceria o bem e o mal. Deveria permanecer nesse estágio vivendo eternamente no Jardim do Éden[2], trabalhando e guardando-o.[3]

Contudo, Deus plantou, no mesmo Jardim, a Árvore do Conhecimento do bem e do mal. Não apenas plantou, mas também proibiu, expressamente, o homem de tocar nessa árvore ou comer o seu fruto.[4] Nesse ponto surge algumas questões importantes: 1- Deus vive o dilema do bem e do mal? 2- Por que a Árvore do Conhecimento do bem e do mal foi plantada no Jardim do Éden e por que Deus mostrou a Árvore para o homem, avisando-o para não tocar nela e nem comer o seu fruto? Por que razão Deus fez isso?

Vamos começar pelo dilema do bem e do mal… Esse dilema é exclusivamente humano. Deus está acima do bem e do mal. Inclusive, existem passagem interessantes na Bíblia onde anjos, seguindo ordens divinas, praticam o mal[5]. Contudo, o ponto diferencial está no resultado que se busca com a ação. O lado sombrio pratica o mal pelo mal. Pratica-o com a finalidade de explorar, oprimir, destruir, etc. Já quando Deus manda ou deixa que o mal seja praticado, a finalidade é punir ou retribuir uma conduta iníqua, é fazer justiça ou testar a fé do indivíduo, como fez com Jó[6]; como fez com Davi, quando ele executou, sem permissão divina, o censo do Povo[7]; ou no caso do Profeta Eliseu, que invocou o mal sobre as crianças que zombavam dele, sendo elas devoradas por uma fera[8].

Portanto, o dilema do bem e do mal é predominantemente[9] humano. O homem, usando sua consciência e seu livre-arbítrio decide se quer seguir o caminho do bem ou o caminho do mal. Seguindo o caminho do bem ele alcança a iluminação e se aproxima de Deus. Seguindo o caminho do mal ele alcança a punição e se afasta de Deus...

Agora vem a questão da Árvore do Conhecimento do bem e do mal, que foi colocada dentro do jardim do Éden. Por que esta árvore foi colocada lá? E por que Deus mostrou essa árvore para o homem?

A melhor explicação para essa questão envolve o livre-arbítrio. Inclusive, a existência dessa árvore, no Jardim do Éden, constitui uma claríssima evidência da justeza divina.

Inegavelmente, Deus poderia ter criado o homem sem dar-lhe livre-arbítrio. Seria apenas um robô seguindo a risca as ordens de seu criador, sem nenhuma possibilidade de escolha. Contudo, não foi isso que aconteceu. Deus também poderia ter plantado a Árvore, mas não ter indicado a sua serventia, ou seja, não ter dado nenhuma informação, para o homem, sobre aquela planta. Sem informação o homem não descobriria a árvore e não exerceria o seu livre-arbítrio. Sem informação a consciência não funciona e o livre-arbítrio não pode exercido.

Contudo, Deus é justo, santo e perfeito em suas ações. E, como o homem foi feito a sua imagem e semelhança, recebeu uma centelha da essência divina. Essa centelha é a energia que movimenta a consciência humana. E onde há consciência, deve existir livre-arbítrio. Portanto, a centelha divina, dada por Deus, movimentou a consciência humana, trazendo consigo o livre-arbítrio.

A consciência e o livre-arbítrio, derivados da essência divina, permitem ao homem decidir sobre sua vida e seu caminho. Contudo, para que o homem possa fazer uma escolha, é necessário que existam coisas a serem escolhidas. Se a Árvore do Conhecimento do bem e do mal não estivesse lá, não haveria nenhuma possibilidade de escolha. Além disso, se a árvore estivesse lá, mas o homem a desconhecesse, também não haveria possibilidade de escolha. E se comesse dessa árvore acidentalmente, o seu livre-arbítrio, escolha consciente, não teria sido exercido, ou seja, a sua ação foi acidental, não foi consciente.

Tudo isso ainda não era suficiente para o exercício livre e espontâneo da consciência e do livre-arbítrio humano. Afinal, havia apenas um lado da história. Havia apenas a versão divina sobre a Árvore, seguida de uma proibição expressa: não toque e não coma. Logo, para que o homem pudesse decidir com consciência, decidir livremente, havia necessidade de outra versão. Não toque e não coma por quê?

Nesse ponto aparece na história a serpente[10]. A serpente, também criada por Deus, trás a outra versão da história, acrescentando um ponto que Deus não havia feito referência. Deus disse: “Não comam, pois se comerem, morrerão.[11]” E a serpente contradita a versão dizendo: “Certamente vocês não morrerão! Realmente, Deus sabe que no dia em que vocês a comerem seus olhos se abrirão e vocês serão como Deus, conhecendo o bem e o mal.”[12]

Se Deus conhece o passado e o futuro, se sabe de todas as coisas, certamente, sabia que a serpente, linguaruda que é, iria contar isso. Então, por que Deus criou a serpente? E por que deixou ela falar com a mulher? A resposta, mais uma vez, esta na função que ela exerce na história. Sem a serpente, a versão de Deus, sobre a Árvore do Conhecimento do bem e do mal, seria única, seria uma versão totalitária e o homem não saberia o resto. Como Deus é justo, permitiu à serpente falar com a mulher, contar a outra versão e tentar convencê-la de comer da Árvore.

Com isso, todos os elementos para que o homem tome uma decisão, exercite o seu livre-arbítrio, estão reunidos e foram dados. A árvore está no Jardim. E todas as informações sobre ela foram passadas ao homem. Tanto a versão divina, quanto a versão da serpente.

O homem tem consciência que movimenta uma centelha da essência divina, centelha de Energia Consciente. A consciência executa processos mentais ou pensamentos. Pensamentos que, analisando informações, saberes e conhecimentos, emite uma ordem, uma sentença que constituirá o livre-arbítrio. O homem decide sobre sua vida e sobre o caminho que deseja seguir. Comer ou não comer? Conhecer ou não conhecer? E o homem decide comer o fruto da Árvore do Conhecimento do bem e do mal, afrontando/desobedecendo seu Criador.

Portanto, a Árvore do Conhecimento do bem e do mal estava lá, justamente, para isso, para que o homem pudesse exercer o seu livre-arbítrio. Não só a árvore, mas todas as informações sobre ela, inclusive, aquelas que foram dadas pela serpente. Certamente, o homem poderia ter exercido seu livre-arbítrio decidindo não comê-la. Viveria eternamente e em paz com seu Criador.

Contudo, o homem decidiu comer da árvore do Conhecimento do bem e do mal.[13] Essa ação humana foi o ponto máximo de uso da consciência e do livre-arbítrio. A primeira decisão tomada pelo homem, o primeiro uso que ele fez do seu livre-arbítrio, foi contra o próprio Criador. Decidiu seguir o conselho da serpente, decidiu conhecer o bem e o mal.

----------------------------

[1] Gênesis 2: 4 -25.

[2] Gênesis (2:8–9) Deus plantou um Jardim no Éden para o leste. Ali Ele colocou o homem que Ele tinha formado. Deus fez crescer do solo toda árvore que é agradável para olhar e boa para comer, (incluindo) a Árvore da Vida no meio do jardim, e a Árvore do Conhecimento do bem e do mal.

[3] Gênesis (2:15) Deus tomou o homem e o colocou no Jardim do Éden para o trabalhar e guardar.

[4] Gênesis (2:16–17) Deus ordenou ao homem dizendo: ‘Tu podes comer de toda árvore do Jardim. Mas da árvore do Conhecimento do bem e do mal não comas, pois no dia em que comeres dela morrerás’.

[5] Querubin. Rashi nota que eles são anjos de destruição. Ao homem é dito que ele deve eventualmente morrer e é banido do paraíso. Ele sôo pode retornar ao paraíso depois da morte, e antes de fazê-lo ele deve passar por esses anjos do purgatório (Bachia). O profeta também deve passar por esses anjos para aproximar-se da Árvore da Vida e obter uma visão. Este é o significado do Querubin na Arca (Êxodo 25:18), e aqueles vistos na visão de Ezequiel (Ezequiel 1:5, 10:15) (Rambam em Êxodo 25:18). (A Torá Viva – Rabino Aryeh Kaplan, p.14).

[6] Livro de Jó.

[7] I Crônicas 21:1-30

[8] 2 Reis 2:23-25.

[9] Usei o termo “predominantemente” considerando o caso dos anjos caídos. Anjos que serviam a Deus e que passaram para o mundo sombrio. Ex. Lúcifer.

[10] Gênesis 3:1 – A serpente era o mais esperto de todos os animais do campo que Deus tinha feito.

[11] Gênesis 2:16-17 – Deus ordenou ao homem dizendo: “Tu podes comer de toda árvore do jardim. Mas da Árvore do Conhecimento do bem e do mal não comas, pois no dia em que comeres dela morrerás.”

[12] Gênesis 3:4-5.

[13] Gênesis 3:6-7 – A mulher viu que a árvore era boa para comer e desejável aos olhos, e que a árvore era atrativa como meio de ganhar inteligência. Ela tirou um dos seus frutos e (o) comeu. Ela deu também ao seu marido, e ele (o) comeu. Os olhos de ambos foram abertos e eles perceberam que estavam nus. Eles costuraram junto folhas de figueira e fizeram tangas para si.