Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

26/02/2008

Poemas antigos do Leonildo
Estes são alguns poemas da minha fase pessimista. Nada é mais pessimista do que estudar Física na USP. Enfim, coisas do passado.

A quadrilha mudou

João que amava o Raimundo
que amava a Tereza
que amava a Maria
que amava a Lili
que amava o Joaquim
que não amava ninguém.

João sumiu do mapa, depressão.
Raimundo enlouqueceu, estresse.
tereza teve um infarto, pressão.
Maria mudou de sexo, democracia.
Lili morreu de aids, drogas.
e Joaquim se casou com um tal
de Fernando
que não tinha entrado na história.

Veja Drummond,
como os tempos mudaram.

Desencontros

Quantos rostos desesperados
imploram por um beijo.
Quantos lábios molhados
buscam um rosto para saudar.
Quantos olhares intensos
buscam outros olhos.
Quantos olhos tristes
clamam por um olhar.

Quantas mãos almejam tocarem
suavemente.
Quantos corpos abandonados
sonham com um toque longo e sem fim.
Quantos corações
transbordam de amor e paixão
Quantos outros buscam
um amor profundo e real.

Entanto os rostos desesperados
jamais encontram os lábios molhados.
Os olhares intensos
não vêem os olhos tristes.
As mãos que querem tocar
não encontram os corpos que sonham
com um toque.
Os corações que clamam por migalhas
de amor
não cruzam com os que tem amor
em excesso.

Porque a vida é uma derrota
e o homem é um ser desgraçado
por definição.

Homem
Aproxime mais
quero apresentar-te o homem.
Homem que diz ser humano,
terrivelmente humano.
Ser intelectual,
sapiens em todos os niveis.
Evolução máxima da natureza.
Verdadeiro rei entre os animais.
Ser racional, justo e social.
Eis o homem que te apresento.
Eis o homem que ninguém conhece.
O homem que não existe.

O homem real diante do homem.
Perante a sua própria definição.
Ele é humano, sub-humano.
Tão ingrato, tão volúvel,
tão dissimulado.
Covarde, corrupto e ambicioso.
Cobre-se de uma espessa crosta
de individualidade.
Altamente perigoso.
Predador da própria espécie.
Predador de si mesmo.
Eis o homem que te apresento.
Eis o homem que vês no espelho.
O homem que existe.