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29/01/2008

O retorno do Totalitarismo
Analisando o fenômeno totalitário, percebe-se que o retorno do totalitarismo, na forma do nazismo, é muito difícil de acontecer, principalmente pelo fato, como mostra a matéria abaixo, de se conhecer todos os aspectos dessa vertente.

O perigo totalitário está nas formas que são pouco conhecidas e estudadas. Por exemplo, o extermínio de russos pelo Stalinismo, as ações de Pol Pot no Camboja, de Mao Tsé na China e os casos de extermínios na África.

Estas vertentes totalitárias também exterminaram milhões de pessoas e são pouco conhecidas. Não se basearam em questões anti-semitas e, como no caso dos russos, era o governo exterminando o próprio povo. Pessoas supérfluas e descartáveis para o sistema de governo.

Comparativamente, o Stalinismo é um Nazismo que não extermina Judeus, mas sim alemães. Por isso, muito mais terrível e muito mais perigoso. É o governo nacional contra os próprios nacionais.

Enfim, é preciso estudar e prestar muito mais atenção nestas vertentes e em seus métodos. São elas que estão se repetindo por aí... São elas que podem nos atacar de repente...
Alemanha expõe história do nazismo em memória ao aniversário do Holocausto
Notícias do New York Times - Tradução do G1
Ministro diz que país vai construir monumentos em homenagem a ciganos e gays mortos.

Nesta quarta (30) relembra-se o 75º aniversário da tomada do poder de Hitler.

A maioria dos países comemora os melhores momentos de sua história. A Alemanha, porém, não cansa de promover o que houve de pior na sua.

O gigantesco memorial do Holocausto que toma conta de uma parte do centro de Berlim só foi concluído depois de anos de polêmicas. Mas a construção de monumentos em memória ao ultraje nazista segue inabalável.

Na segunda-feira (28), o ministro da cultura da Alemanha, Bernd Neumann, anunciou que essa construção iniciaria em Berlim com dois monumentos, um próximo a Reichstag, em homenagem aos ciganos assassinados, conhecidos aqui como Sinti e Roma, e outro no perímetro da Porta de Brandenburg, aos gays e lésbicas mortos no Holocausto.

Em novembro, a Alemanha progrediu na tão adiada construção do centro Topografia do Terror no local que sediava a Gestapo e a SS. E em outubro, uma nova exposição enorme foi aberta no campo de concentração Bergen-Belsen. No campo de Dachau, próximo a Munique, será inaugurado um novo centro de visitação nos próximos meses. A cidade de Erfurt planeja construir um museu dedicado aos crematórios. Existem no momento duas exposições concorrentes sobre o papel das ferrovias alemãs na condução de milhões de pessoas à morte.

Nesta quarta-feira (30) relembra-se o 75º aniversário da tomada do poder de Hitler e do Partido Nazista na Alemanha, e a ocasião motivou um novo período de reflexão e análise do que aconteceu.

"Em que lugar do mundo já se viu um país que constrói memoriais para imortalizar sua própria vergonha?", questionou Avi Primor, ex-embaixador israelense na Alemanha, em um evento realizado em Erfurt na sexta-feira em memória ao Holocausto e à libertação de Auschwitz. "Somente os alemães tiveram essa coragem e humildade."

O esforço de fazer as pazes com a história se materializa não só nos prédios e exposições. O Departamento de Crimes Federais iniciou no ano passado uma investigação interna, na tentativa de esclarecer o passado nazista dos fundadores do partido após o término da guerra. Além disso, neste mês o promotor federal da Alemanha indeferiu o veredicto de culpado de Marinus van der Lubbe, o comunista holandês executado sob acusações de ter iniciado o incêndio de Reichstag. O 75º aniversário desse acontecimento será em 27 de fevereiro.

A experiência do nazismo está viva no debate público contemporâneo que aborda os mais variados temas: as tropas alemãs no Afeganistão, a baixa taxa de natalidade e a maneira de o país lidar com estrangeiros. Os motivos de o país parecer infinitamente obcecado pelo tema do nazismo é assunto de discussões intermináveis aqui. Esses motivos vão desde o temperamento filosófico da Alemanha ao simples choque diante da combinação sem precedentes de organização e brutalidade, até o sentimento de que o crime teve dimensões tão grandes que se espalhou como uma mácula pela cultura do país como um todo.

Sejam quais forem os motivos, à medida que os acontecimentos se tornam mais distantes e menos pessoais, esta sociedade é forçada a encarar a dúvida de como deveria preservar a memória de seus crimes e transgressões daqui para frente.

Nas décadas que sucederam a guerra, a questão central era como Hitler conseguiu chegar ao poder, disse Horst Moeller, diretor do Instituto de História Contemporânea, em uma entrevista. Até uma minissérie da televisão americana chamada "Holocausto", exibida na década de 1970, afetou a discussão na então Alemanha Ocidental, mudando o foco com muito mais intensidade para o sofrimento das próprias vítimas, como explicou Moeller.

Em 1969, Ruediger Nemitz começou a receber de volta as vítimas de Berlim exiladas pela tirania nazista, sendo a maioria esmagadora desse grupo composta por judeus. Berlim faz com que seus antigos cidadãos retornem para uma semana de visitas, com todas as despesas pagas, completando a iniciativa com uma recepção do prefeito.

O Programa de Convites de Ex-Cidadãos Perseguidos de Berlim, que trouxe cerca de 33 mil pessoas para visitar a cidade, chegou a ter 12 funcionários trabalhando em período integral. Agora restaram apenas Nemitz e um funcionário trabalhando meio período.

Contudo, o programa não está esmorecendo aos poucos devido à redução do suporte à preservação da memória do sofrido passado da Alemanha. Pelo contrário, em uma época em que o semi falido governo da cidade de Berlim foi obrigado a promover cortes significativos em outras áreas, Nemitz conta que todos os partidos políticos representando o parlamento da cidade apoiaram o programa e não diminuíram o orçamento de US$ 800 mil destinado a passagens aéreas, hotéis e tours desde pelo menos 2000.

"Quando o programa começou, eles eram adultos. Agora, são pessoas com quase nenhuma memória de Berlim", disse Nemitz em seu escritório no térreo do prédio da prefeitura. "Os que vêm hoje eram crianças na época." As visitas se encerrarão em 2010 ou 2011, segundo estimativas de Nemitz, já que o número de vítimas ainda vivas é muito pequeno.

É importante lembrar também que, além da dolorosa morte dos sobreviventes ao longo dos anos, a geração de Nemitz, daqueles que encararam os crimes de perto e lutaram para quebrar o silêncio de seus pais e professores, está começando a se aposentar. Quando o último grupo de visitação deixar Berlim, Nemitz, 61, que declarou ter medo de tirar férias e considera seu cargo mais como uma missão do que como um emprego, fechará as portas de seu escritório e se aposentará.

Há quem diga que os alemães jovens, que são obrigados a estudar com profundidade a era nazista e o Holocausto, deram poucas demonstrações de que deixariam o assunto morrer, apesar de sua distância dos acontecimentos. Afirma-se que a geração mais nova lida com o assunto não como uma fonte de culpa, mas de responsabilidade no panorama mundial pelo pacifismo e pela justiça social, incluindo a oposição à guerra no Iraque.

Outros afirmam que os crimes são tratados apenas superficialmente e que os jovens acabarão, talvez de forma menos latente, expressando sua exaustão do tema. "Não consigo deixar de sentir que uma parte desse contínuo 'Vamos construir monumentos; vamos construir museus aos judeus', seja um comportamento bastante ritualizado", declarou por telefone Susan Neiman, diretora do Einstein Forum, em Potsdam, organização internacional de pesquisa pública. "Preocupo-me muito se tudo isso não sairá pela culatra, tendo resultados contrários aos desejados."

A relação da Alemanha com sua história nazista até hoje costuma provocar controvérsias, como no caso das exposições concorrentes sobre as ferrovias. A primeira, chamada Train of Commemoration, é uma locomotiva que carrega itens de exposição que detalham como as crianças judias eram assassinadas no Holocausto.

O trem atravessa as cidades da Alemanha e fica aberto à visitação durante o percurso, tendo Auschwitz como destino final. Os organizadores da exposição reclamam que em vez de apoiar o projeto, a companhia ferroviária nacional Deutsche Bahn, prejudicou a mostra, fazendo com que os organizadores pagassem pelo uso dos trilhos mesmo enquanto relembram a história de crimes das ferrovias.

A segunda exposição, patrocinada pela própria Deutsche Bahn, foi inaugurada em Berlim na estação de trem Potsdamer Platz na semana passada. Os críticos desdenharam a exposição oficial como uma resposta à atenção da primeira exposição. Mas a exposição da Deutsche Bahn de fato mostra como a predecessora da empresa, a Reichsbahn, transportou cerca de 3 milhões de passageiros conduzindo-as à morte; é repleta de estatísticas e fotografias tenebrosas e dolorosas e histórias fortes de algumas das pessoas que sucumbiram.

Qualquer fracasso em lidar com a história com o devido zelo imediatamente atrai atenção nacional. Em Munique, no último final de semana, um desfile tradicional de carnaval foi realizado no Dia Internacional de Memória ao Holocausto, celebrado todos os anos em 27 de janeiro. A coincidência das datas provocou uma enxurrada de publicidade negativa para a cidade. Charlotte Knobloch, líder da organização nacional dos judeus, na Alemanha, declarou que o episódio "desonra e insulta as vítimas."

Stefan Hauf, porta-voz da cidade, declarou: "Não houve intenção de fazer nenhuma afronta." Ele explicou que a cidade poderia ter mudado a data do desfile, como o fez a cidade de Regensburg, mas o problema foi que muitos participantes estavam chegando de outros países e ficou impossível alterar a data de última hora. "A data estava marcada no calendário público desde maio do ano passado", disse Hauf.

Munique exerceu um papel especial na história nazista. Foi lá que o partido nacional-socialista teve ascensão e foi o local do Beer Hall Putsch de 1923, a fracassada tentativa de golpe de estado encerrada no mito nazista. Hitler acabou declarando a cidade como a Capital do Movimento. Ao contrário de Berlim, que ficou conhecida como a cidade que possui um memorial construído em praticamente cada esquina, Munique foi muitas vezes criticada por minimizar a importância de sua história.

"Munique era a Capital do Movimento. Desde 1945, é a capital do esquecimento", declarou Wolfram P. Kastner, artista que contou que ao longo dos anos brigou com o governo da cidade para obter autorizações e permissões para, por meio da arte performática, manter viva a memória do Holocausto.

O governo da cidade de Munique acredita que foi bastante ativo na tentativa de preservar a história daquela época. Em uma pequena caminhada saindo da histórica Marienplatz na cidade, vê-se todo um complexo de novos edifícios dedicado ao passado e ao presente dos judeus da cidade. A sinagoga nesse local foi inaugurada em novembro de 2006 no aniversário dos ataques Kristallnacht liderados pelos nazistas contra os estabelecimentos e locais de prece dos judeus e contra os próprios judeus. O Museu Judaico e um novo centro comunitário foram inaugurados em Munique no ano passado.

A cidade está trabalhando no projeto de um novo museu que será construído onde ficava a sede do partido nazista. O futuro Centro de Documentação da História do Nacional-Socialismo deve ser inaugurado em 2011. O objetivo declarado, de acordo com o site do museu, "é criar um local de aprendizagem que sirva para o futuro."

Focada nesse objetivo, Angelika Baumann, do Departamento de Artes e Cultura da cidade, está promovendo workshops com alunos de 14 a 18 anos, incluindo estudantes que se preparam para a universidade e alunos de escolas técnicas e crianças que não possuem origem etnicamente alemã. "Planejamos alcançar as pessoas que ainda nem nasceram", disse Baumann.

Tradução: Claudia Freire