Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

27/11/2007

Seminário preparatório do Fórum Social Mundial defende liberdade de conhecimento
Discutir tecnologia e as mudanças dos meios de produção do conhecimento, relacionando-as com o capitalismo, é o tema do seminário Ciência e capitalismo hoje, que acontece no Centro Universitário Maria Antônia (Ceuma) da USP, entre quarta (28) e quinta (29).

O seminário também visa preparar a contribuição dos pensadores brasileiros ao Fórum Social Mundial (FSM), que, com o tema Ciência e Democracia, ocorrerá em Belém, em 2009. O FSM é organizado, desde 2001, por movimentos sociais com objetivo de ressaltar a diversidade e buscar alternativas para questões sociais.

Pablo Mariconda, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e um organizador de uma das mesas de discussão, resume o objetivo do evento: "discutir algumas das questões cruciais para a relação ciência e sociedade. Dessa forma, discutiremos quatro tópicos: sementes, medicamentos, tecnologias de informação e universidade pública".

O professor Sérgio Amadeu da Silveira, da Faculdade Cásper Líbero, que é e um dos palestrantes do evento, afirma que “as discussões de um ritmo científico adequado ao mundo dependem de fatores, como a propriedade intelectual e a autonomia do conhecimento, e a autonomia está intimamente relacionada com democracia”.

A ciência, segundo ele, sempre cresceu pelo compartilhamento das informações, e não pelo bloqueio. “Estamos sob um ataque. A rede cresceu mais do que os grandes grupos previram. Hoje querem restringir o uso”, lembra o professor, que também recorda o recente episódio de acordo do governo francês com os provedores de internet para barrar o compartilhamento de músicas.

A idéia é corroborada por Mariconda, que explica que "a única maneira em que se pode ter esperança de algum controle social sobre a ciência, é mediante o controle democrático das decisões concernentes a implementação dos produtos e resultados científicos e tecnológicos".

Silveira diz que “nunca se teve tanta capacidade de compartilhar conhecimento e informações, mas os grandes grupos internacionais bloqueiam a internet para manter os fluxos de riqueza”. Uma das formas de manter os lucros, segundo o professor, é a negação de acesso às informações, como ocorre com as patentes e copyrights.

A relação com o FSM mora, para o professor da Cásper, na similaridade das metas, já que os movimentos que participam do Fórum querem uma outra globalização, a autonomia do saber. “A liberdade depende do conhecimento. Não queremos ser meros consumidores dos produtos dos países do primeiro mundo”, fala Silveira.

Para a discussão na USP, estarão presentes, além dos professores da Universidade, membros de outras instituições de ensino do país e do exterior, como José Luís Garcia, da Universidade de Lisboa, e Terry Schinn, do Maison des Sciences de l’Homme, da França.

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