Leonildo Correa -- 28/09/2007 -- A periferia está em guerra. Vemos isso nos jornais todos os dias. Centenas, talvez milhares, de pessoas morrem anualmente nesta guerra silenciosa e não declarada. Uma guerra violenta e sem objetivos. O Estado, supostamente, lutando contra o narcotráfico e os narcotraficantes ataca ferozmente a população civil desarmada que vive nos morros e nas favelas. Dizem que matam traficantes, mas sempre vemos trabalhadores mortos nas fotos. E se matam traficantes, por que tráfico continua funcionando como se nada tivesse acontecido ? Chamam de guerra contra as drogas, mas na verdade é uma guerra contra a população da periferia. Uma guerra do Estado contra os pobres da favela e dos morros.
Portanto, a guerra já existe. Não precisamos inventar e nem começar nada. Tudo o que temos que fazer é re-orientar a guerra atual para novos objetivos, assim como armar a população civil para resistir contra os ataques do Estado. Nada irá mudar nas favelas e periferias. Talvez apenas o número de morto, pois as ações e reações serão mais equilibradas. Hoje o Estado e os grupos dominantes invadem as favelas com seus fuzis e caveirões. E a população não tem nada nas mãos para repelir essas invasões e esses ataques.
Assim, em um futuro próximo, as periferias e favelas não apenas terão capacidade para repelir os ataques do Estado como para contra-atacar os redutos dominantes e as forças de opressão. A idéia é expandir a guerra que se restringe às periferias. O Estado vai até a periferia para matar moradores. A periferia precisa ir atrás dos controladores do Estado para retribuir em dobro. Se a guerra sair da periferia e se disseminar pelas cidades e por todo o país, certamente, em pouco tempo assumiremos o controle das instituições, do sistema e do Estado.
As leis serão refeitas e estabeleceremos as nossas regras. As leis leoninas serão derrogadas e os grupos dominantes irão rezar a cartilha que lhes for imposta. Contudo, os atuais controladores do sistema não poderão ser poupados. Todos eles devem ser fuzilados logo no início do movimento, pois a repressão, a opressão, a exclusão e a exploração que vivemos e sentimos hoje são obras de suas mentes diabólicas. E se eles nos pegarem primeiro, certamente, seremos todos mortos. Por isso, não podemos poupá-los.
O poder dos grupos dominantes está na fragmentação das vítimas. Os oprimidos, os excluídos e os explorados são maioria e se eles se unirem, não sobrará nada do sistema dominante. Precisamos montar uma agenda comum e unir esforços. Isso tem que ser feito nas periferias, com os moradores da periferias. A burguesia jamais mudará o sistema que criou para dominar, oprimir e excluir. Os ricos se alimentam disso. A fonte de riquezas deles é a exploração e o parasitismo das periferias que são senzalas de mão-de-obra escrava. O salário mínimo é uma forma de escravidão. O sangue e o suor dos trabalhadores geram os lucros capitalistas.
Isso tem que acabar e isso somente acabará quando os explorados, os oprimidos e os excluídos se levantarem em uma luta armada violenta e sangrenta... Somos maioria e o sistema tem que funcionar a nosso favor e pelos nossos interesses. Se o sistema funciona contra nós, contra a coletividade, contra a sociedade, temos que destruí-lo. Não só destruir o sistema, mas também destruir quem contaminou o sistema, reprogramando-o para trabalhar contra a maioria e a favor das minorias e dos grupos dominantes.
Se o sistema não trabalha a nosso favor, vamos destruir o sistema e todos aqueles que o sustentam.. Se o sistema nos escraviza, vamos destruir o sistema e todos aqueles que o sustentam.. Se o sistema nos impede de evoluir, vamos destruir o sistema e todos aqueles que o sustentam.. Se o sistema nos explora, nos engana, nos rouba, vamos destruir o sistema e todos aqueles que o sustentam.
Olhe a seu redor e diga-me o que você vê. Você vê futuro ? Você terá futuro ? As coisas foram armadas e estruturada para que você seja um escravo. Para que você trabalhe toda a sua vida e não obtenha nada. Para que você chegue aos seus oitenta anos, olhe para trás e veja apenas vida inútil e insignificante: vida de escravo. Passou a vida e viveu como escravo. A culpa não é sua. A culpa é do sistema. Alguém ganha com isso. A mentira é: você precisa trabalhar para sobreviver... A verdade é: você precisa trabalhar para gerar lucros para alguém, alguém quer a sua inteligência e os seus serviços para vender... Você precisa trabalhar para o sistema e para os grupos dominantes.
Esparta... Esparta é o melhor exemplo. Uma minoria espartana dominando e controlando uma maioria. Porém Esparta era uma sociedade militar. Nós não somos uma sociedade militar, portanto, como o controle e a dominação é possível ? Como uma minoria pode dominar e controlar uma imensa e monstruosa maioria ?
A resposta está na lei, nas normas e nas instituições. A dominação deriva da lei que não elaboramos, não aprovamos e que nos escraviza. A dominação, a opressão, a exploração e a exclusão são implantadas pela lei e por nossa obediência à lei e às instituições. Por isso, os grupos dominantes insistem tanto na questão da obediência à leis e às instituições, pois enquanto formos obedientes seremos escravos. Nada mais do que escravos...
Contudo, não somos obrigados a obedecer leis arbitrárias, opressivas e ilegítimas. Não somos obrigados a aceitar um sistema que nos escraviza. Somos a maioria e podemos quebrar o sistema na hora que quisermos... Precisamos apenas unir forças... Todas as forças em uma só direção: destruir o sistema e todos aqueles que ganham com a escravidão da maioria..