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11/10/2006

A armação dos tucanos contra o PT

Gedimar ‘aloprado’ Passos recua e inocenta Freud

Josias de Souza - Blog do Josias - Folha Online

Gedimar Passos, um dos “aloprados” presos com R$ 1,7 milhão no último dia 15 de setembro, num hotel em São Paulo, mudou a versão que dera em depoimento à PF. No dia da prisão, ele alegara ter recebido a ordem para a compra do dossiê contra políticos tucanos de Freud Godoy, ex-segurança e assessor especial de Lula. Em documento protocolado no TSE, Gedimar sustenta coisa diferente. Diz que Freud não tem nada a ver com o dossiêgate.

Os esclarecimentos foram solicitados pelo TSE, que conduz uma investigação judicial para verificar eventuais implicações do dossiêgate no processo eleitoral. Em sua nova versão, Gedimar deixa em desconfortáveis lençóis o delegado Edmilson Pereira Bruno, da Polícia Federal. Foi ele quem realizou a apreensão do dinheiro que serviria para a compra do dossiê e a prisão de Gedimar, em companhia do petista Valdebran Padilha. Foi ele também quem divulgou, 48 horas antes do primeiro turno da eleição, as fotos do dinheiro que apreendera na noite de 15 de setembro.

Por meio de seus advogados, Gedimar informou ao TSE que só envolveu Freud Godoy no caso depois de ter recebido a “falsa promessa” do delegado de que o liberaria se colaborasse com as investigações. Segundo Gedimar, Edmilson Bruno não se conformava com as suas alegações de que nada sabia a respeito do dinheiro. Diante da promessa de ser liberado, teria mencionado Freud Godoy “aleatoriamente”.

No depoimento que prestara no dia de sua prisão, Gedimar, um ex-agente da PF, dissera que havia sido contratado pela Executiva Nacional do PT. Afirmara também que recebera a ordem para a compra do dossiê “de uma pessoa de nome Froude ou Freud”. Esclareceu que o sujeito era dono de “uma empresa de segurança.”

A PF descobriria depois que a pessoa mencionada por Gedimar era Freud Godoy. De fato, ele possui uma empresa de segurança. Transferiu-a para a mulher antes de ser contratado para trabalhar no Palácio do Planalto.

A nova versão de Gedimar deixa boiando no ar incômodas interrogações: de onde veio o dinheiro que seria usado na compra do dossiê? Quem deu a ordem para que o material contra os tucanos fosse adquirido? São perguntas que o ex-agente da PF, cioso em isentar o ex-assessor de Lula, não se dignou a responder.

Antes da manifestação encaminhada ao TSE, Gedimar já tivera a oportunidade de isentar Freud Godoy. Reinquirido quatro dias depois de ter sido preso, o ex-agente da PF foi instado a detalhar a participação do ex-assessor palaciano na operação. Preferiu o silêncio. Disse que só voltaria a falar em juízo. O Ministério Público solicitou a renovação do pedido de prisão de Gedimar. Receava que, solto, ele pudesse combinar versões com os demais envolvidos no dossiêgate. A Justiça, porém, soltou o preso.

A despeito da nova versão apresentada por Gedimar ao TSE, o Ministério Público continua tratando Freud Godoy como “suspeito”. Alega-se que só ao final das apurações será possível saber se ele tem ou não culpa no cartório. Oficialmente, a Polícia Federal tampouco isentou Freud. Mas extra-oficialmente, os agentes envolvidos na condução do inquérito afirmam que, diante da ausência de provas cabais de seu envolvimento, Freud deve mesmo sair ileso do episódio.

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O dossiê foi uma armação dos tucanos contra o PT

Se observarmos os fatos veremos que muitas coisas não se encaixam. Muita gente, nesta história, agiu ingenuamente e até estupidamente. Muita gente foi ludibriada e enganada. O suposto caçador (PT) foi transformado em caça. Resumindo: neste angú tem caroço e esta história está mal contada. Algo me diz que o suposto caçador sempre foi a caça e mordeu uma isca que foi muito bem preparada.

Lembram do caso Pallocci ? Então, o Pallocci foi vítima de uma armação, uma armadilha, uma cilada tucana, ou seja, os tucanos, junto com seus amigos da direita (PFL), criaram o ambiente propício e deram a isca (o dinheiro na conta do caseiro). O ministro viu aquilo e achou que estava diante de dados e fatos que o beneficiavam e agiu deliberadamente. Contudo, o dinheiro tinha sido plantado na conta do caseiro. Assim, os tucanos queriam e esperavam a violação da conta, pois, com isso, teriam munição pesada contra o ministro, que seria acusado de quebra ilegal de sigilo. Os assessores não perceberam a armadilha tucana, o ministro agiu e caiu, tanto na armadilha, quanto do cargo.

Os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin conheciam e negociavam ambulâncias com os Vedoin, inclusive é isto que mostra o dvd e as fotos do dossiê. Portanto, podem, perfeitamente, terem se juntado na armação do dossiê.

Neste caso do dossiê, suspeito que a ação tenha sido a mesma, ou seja, antes da ação dos Vedoin existem dados e fatos que ainda não foram descobertos. É importante assinalar que as investigações estão partindo da ação dos Vedoin para frente. Mas o que aconteceu antes deles agirem e saírem por aí vendendo dossiês ? Quem os procurou ? Quem planejou as vendas ? Assim, o método desse caso do dossiê foi o mesmo do caso Pallocci, ou seja, os tucanos prepararam a armadilha e jogaram a isca, esperando que algum petista desavisado a pegasse. Os companheiros, não percebendo a cilada, caíram, como um patinho feio, no 171 dos tucanos.

Para esclarecer melhor o caso farei uma ilustração. Você está caminhando na rua e, de repente, surge um indivíduo distribuindo notas de R$ 50,00. É um caso estranho e meio suspeito. Por que alguém distribuiria notas de R$ 50,00 na rua ? Mas, na dúvida, você pega, pensando o seguinte: "se for nota verdadeira eu fico com ela e se for falsa eu jogo fora". Contudo, no momento em que você está pegando a nota, a polícia, que estava escondida atrás do muro, aparece e prende todos os envolvidos. Você tenta explicar os fatos, mas a desgraça já foi feita. O jornalista filmou você recebendo dinheiro falso, a polícia te prendendo, etc. E a próxima edição do Jornal Nacional, depois de distorcer um pouco mais a história, vai veicular o caso em cadeia nacional. Foi exatamente isso que fizeram com o PT.

Resumindo: o dvd e as fotos mostram que Serra e Alckmin conheciam os Vedoin. Além disso, a máfia dos sanguessugas passou incólume pelo Governo de FHC e de Alckmin em São Paulo. Portanto, há indícios de proximidade e cumplicidade.

Se o Presidente Lula estava muito a frente dos demais candidatos, por que o dossiê ? Por que o segurança pessoal do Presidente se envolveu ? Quem é que está ganhando com esta história ? O que o PT ganharia com esse dossiê ? Por que os Vedoin afirmaram, recentemente, que o Serra e o Alckmin estavam limpos, ou seja, que o dossiê não prova nada contra eles ? Se sabiam disso, o que estavam vendendo ? Qual é o papel da Polícia Federal e da mídia em tudo isso ?

A resposta é simples. O plano do dossiê foi montado, ardilosamente e dissimuladamente, pelo PSDB. Os Vedoin foram o canal, a isca para a materialização do plano e atração do suposto caçador, o PT. A idéia foi simples: reuniram, ou forjaram, as informações e jogaram nas mãos dos Vedoin, que montaram toda a encenação e o teatro, atraindo a atenção dos petistas para o golpe.

Assim, os tucanos e os Vedoin podem ter voltado a unir esforço. Primeiro uniram esforços para esconder a máfia das sanguessugas no Governo Alckmin e FHC. Agora, unem esforços para prejudicar e derrubar o PT, armando o plano do dossiê.

Os companheiros do PT, acreditando estar diante de informações bombásticas contra o PSDB, decidiram analisar a veracidade e o conteúdo de tais informações. Por isso mandaram o advogado traíra para o encontro. Resumindo: antes dos Vedoin procurarem o PT, os tucanos procuraram os Vedoin e armaram a cilada. Como o dossiê foi oferecido por uma alta quantia em dinheiro e pelo chefe dos sanguessugas, os petistas afastaram a possibilidade de existência de uma armadilha e foram verificar as informações. Percebam que as prisões ocorreram justamente no momento em que a veracidade e a utilidade dos dados do dossiê estava sendo analisada pelo advogado traíra do PT.

Os petistas morderam a isca, acreditaram na história e caíram na armadilha dos tucanos, transvestidos de Vedoin. Não sei se caíram ou se agiram de má-fé, enganando os demais companheiros. Sei que foram ingênuos e não perceberam o que estava acontecendo.

No caso do Pallocci os tucanos esperavam que o ministro violasse a conta do caseiro. Neste caso do dossiê, qual era o crime que os tucanos esperavam que ocorresse ? Para a compra do dossiê seria necessário dinheiro, muito dinheiro. E essa grana teria que sair de algum lugar ou de alguém. Logo, os tucanos esperavam que os petistas, na ânsia de comprar o dossiê, buscassem recursos em fontes ilícitas. Esse era o objetivo dos tucanos, ligar o PT com dinheiro sujo. Mais do que isso, ligar o PT com dinheiro sujo para comprar dossiê. Por isso, os tucanos falam tanto na origem do dinheiro, etc.

O papel da Polícia Federal, que também pode ter sido usada em tudo isso, foi dar credibilidade à história e prender os petistas. Assim, tudo saiu conforme o planejado. O cenário do crime foi armado, o suposto criminoso atraído, a polícia foi avisada (já estava de campana) e tudo ocorreu conforme o planejado. Cada elemento exerceu com grande maestria o seu papel na história. A prisão dos envolvidos encarregou de dar repercussão aos fatos. Coisa de Rede Globo. Coisa de novela da Globo.

A maior vitória do diabo foi convencer o mundo de que ele não existia.

Com isso, os petistas foram acusados de comprar um dossiê para prejudicar os candidatos tucanos. E não só comprar o dossiê, mas comprá-lo com dinheiro suspeito. Assim, os petistas passam a ser visto como maus e os tucanos com vítimas, como bonzinhos. O resto do discurso seria elaborado pela Globo e pelo Jornal Nacional. Em outras palavras, o plano original era fazer a sociedade, no meio de tantas denúncias e acusações de mensalão, etc, acreditar que o PT é o grande vilão de toda a história, o grande recebedor de mensalão, comprador de dossiê e utilizador de dinheiro suspeito, enquanto o PSDB são as vítimas os bonzinhos.

Mas os Vedoin não foram para a cadeia e não perderam o dinheiro ? Foram para a cadeia para dar credibilidade à história. Perderam o dinheiro do PT, mas, certamente, devem ter ganhado, por fora, muito mais do PSDB. Uma encenação completa, igual a do Pallocci. Uma encenação que alcançou o seu objetivo e está saindo melhor do que a encomenda.

Contudo, antes dos Vedoin procurarem o PT, os tucanos procuraram e negociaram com os Vedoin. Se fizeram isso por telefone, o que acho muito difícil, a Polícia Federal deve ter os dados gravados, pois estava monitorando os chefões da Máfia dos sanguessugas. Caso a PF não tenha capturado essas informações, o único modo de se provar a existência da armadilha tucana é fazendo os Vedoin falarem, ou descobrindo onde está o dinheiro que receberam pela encenação. Assim, temos pouco tempo para descobrir e capturar o negociador tucano e mostrar para a sociedade as ações secretas e dissimuladas dos políticos do PSDB e do PFL. Ações que tem por finalidade prejudicar a coletividade e restabelecer o poder nas mãos da classe dominante.

Enfim, mais um plano ardiloso e bem estruturado do PSDB contra o PT. Um plano cuja finalidade era enganar as autoridades investigativas e levar a sociedade a incidir em erro. Precisamos, urgentemente, desmascarar o império tucano.

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