Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.
11/05/2013
Socialismo do século XXI - Integração social, cultural e educacional da América Latina
Ando pensando, há um bom tempo,
sobre a integração da América Latina. E depois do curso de Direito
da Integração, ministrado na Faculdade de Direito da USP pelo
Professor Umberto Celli, perdi completamente o sono. Certamente, a
integração desta região não será tão fácil quanto a integração
européia, pois as desigualdades econômicas entre os países é
excessivamente acentuada. Além disso, a maioria dos Estados é pobre
e produtores de produtos agrícolas e minérios.
Neste contexto, o caminho é uma
integração para o desenvolvimento, uma integração assentada no
elemento social, educacional e cultural. Uma integração que gere
desenvolvimento e renda entre as nações participantes. Esta idéia é
possível, desde que o foco não esteja exclusivamente no elemento
econômico, mas sim na idéia de desenvolvimento…
Por isso, eu penso que a
integração latino-americana deveria ser iniciada pela educação -
interligando as universidades, os centros de pesquisa e estudos, os
pesquisadores, os universitários, etc. Também deveriam ser criados
centros de integração em todas as grandes cidades latino-americanas,
com a finalidade de fazer exposições, cursos gratuitos, intercâmbio
de estudantes e pesquisadores, assim como disseminar o português e o
espanhol para todos os interessados.
A educação e o conhecimento são
elementos essenciais dentro do processo de integração, inclusive
quem acompanha a integração européia sabe que, atualmente, estão
tentando interligar as Universidades, criando uma educação da
Comunidade Européia. Isto pode ser feito aqui, mesmo sem ter a
integração econômica, ou seja, as universidades e os centros de
pesquisas deveriam ser interligados, assim como deveriam trabalhar
juntos em pesquisas e modelos de integração.
Simultaneamente à integração
educacional deveriam promover a integração cultural, a fim de se
minimizar e preservar as diferenças existentes entre as diversas
culturas da América Latina. A idéia não é um país dominar o outro,
mas sim reuniram esforços para a solução dos problemas que assolam
ambos os povos. Certamente, a meta não deve ser econômica,
inicialmente, a meta tem que ser social, educacional e cultural.
Em seguida deverão ser promovidos
estudos de Direito comparado para se abrir um caminho para a
integração jurídica e tributaria. Quando o direito e as leis
estiverem uniformes em toda a região é que se deve entrar no campo
da integração econômica, pois estando a sociedade integrada, os
problemas sociais graves resolvidos, a educação uniforme e o perigo
de assimilação cultural contido, é mais fácil chegar a acordos e
consensos. As negociações ficam mais fáceis, assim como haverá mais
interesse, entre os povos da região, em se unirem rumo a um futuro
comum, formando a federação Latino-Americana.
Esta forma de integração parte do
social para o mercado. Com isso as diferenças, a diversidade
cultural e os interesses da população de cada país serão
respeitados. Não haverá assimilações culturais, nem domínio de um
Estado sobre o outro, mas tão-somente a preservação da diversidade
cultural e uma interação econômica baseada na idéia de ajuda mútua e
mercado comum.
A integração econômica deve ser o
produto de todas as integrações e não o inicio, como se tem feito
nos principais projetos e modelos de integração - ALCA, MERCOSUL,
etc. A integração que se inicia dessa forma fica emperrada e
enterrada em acordos meramente empresariais, problemas de economia e
discussões fora da realidade da maioria das pessoas. A área
econômica tem por finalidade exclusivamente o mercado e o lucro, não
o bem-estar dos povos, da sociedade e da coletividade. Neste tipo de
integração as relações e os interesses capitalistas estão acima de
tudo, inclusive acima das sociedades e das coletividades.
Não importa se a população será
prejudicada ou se o Estado, ao aderir ao plano de integração
meramente econômica, se tornará dependente e atrasado. O que importa
é que os mercados sejam abertos e os lucros garantidos para as
empresas participantes da integração. Resumindo, a integração
meramente econômica é uma integração de empresas, de capitalistas,
de lucro. Não é uma integração para o bem-estar, para o
desenvolvimento, para solução de graves problemas sociais.
O povo e o bem-estar social de
cada país não são elementos essenciais, variáveis relevantes na
integração meramente econômica. Por isso ela deve ser efetuada por
último, quando houver o enlace cultural, educacional e jurídico
entre os Estados. Assim a integração econômica será determinada e
regida por controles sociais de cada Estado participante,
principalmente porque teremos uma população educada e ativa,
consciente de seus direitos e de seus interesses.
Cada povo estabelecerá parâmetros
de integração social, cultural e educacional e terá em suas mãos os
meios para corrigir e direcionar os excessos e os passos da
integração econômica. Portanto, primeiro deve ser feito a integração
social, cultural e educacional para depois se construir a integração
econômica. Eu penso que isto pode ser aplicado com sucesso na
América Latina…
Certamente, tudo isto deve
ocorrer em um ambiente de ampla democracia, liberdades públicas
plenas e respeito aos Direitos Humanos e aos Direitos das minorias.
Não há espaço no mundo atual para ditaduras e nem para
autoritarismos. Isto porque o autoritarismo, assim como o
totalitarismo, tiram dos homens a individualidade, a liberdade, a
iniciativa, a capacidade de pensar, criar e ser feliz. E sem esses
elementos o homem não se desenvolve e não evolui. Quando os
indivíduos, dentro do sistema totalitário ou autoritário, percebem
isto, o germe é ativado e o regime cai. Cai porque o totalitarismo e
o autoritarismo são sistemas. E são os homens que criam os sistemas
e não os sistemas que criam os homens. Portanto, um sistema
totalitário/autoritário está fadado ao fracasso e à destruição.
Contudo, enquanto sobrevive causa grande mal e sofrimento aos seres
humanos.
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O desafio é
integrar países pobres
Eu proponho a integração social,
educacional e cultural da América Latina. Contudo, não disse como
isso pode ser feito. Dei uma idéia falando em começar integrando as
Universidades, mas não resolvi toda a encrenca. É preciso resolver.
Mas antes disso temos que sanar
algumas pendengas. por exemplo, a democratização
de Cuba. Cuba é um país importante para este plano de integração,
mas não é possível fazer negócio com um sistema autoritário
vigorando. Não há integração onde não há liberdade. Logo, a
democratização de Cuba é um elemento fundamental para a Integração
da América Latina. Mais abaixo vou dizer o porquê disso.
Outra pendenga são os
gringos norte-americanos. Certamente, os EUA e o Canadá devem
integrar o processo proposto, principalmente, porque estas nações
possuem uma grande população latina e também porque possuem soluções
que interessam às nações pobres. Contudo, esta integração não pode
ser feita construindo muros e leis xenófobas. Estas coisas são
desagregadoras, anti-democráticas e isolacionistas.
Além disso, o problema da
imigração se resolve nos países origem dos imigrantes. Atacar na
última ponta é inútil e irrelevante, pois a causa não foi resolvida.
Sem resolver a causa o problema continua existindo. Ele apenas muda
de forma, aparência e cor. A solução para o problema da imigração é
gerar emprego e renda nos países de origem dos imigrantes, nada mais
do que isso.
Certamente, existem outras
correntes de imigração e refugiados. Mas os imigrantes por razões
econômicas são os mais numerosos.
A minha idéia de integração
social, educacional e cultural começa com a integração educacional.
O primeiro passo é integrar as Universidades, interligá-las,
facilitando ao máximo o trânsito de professores, pesquisadores e
alunos.
Além disso, é preciso fazer
pesquisas em conjunto, compartilhar informações, conhecimentos,
idéias e soluções. Neste ponto entra um texto interessante que li em
algum lugar e disponibilizei em meu site (http://www.leonildo.com).
Segue o texto:
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Compartilhando
o milho
Esta é a história de um
fazendeiro bem sucedido. Ano após ano, ele ganhava o troféu "Milho
Gigante" da feira da agricultura do município. Entrava com seu milho
na feira e saía com a faixa azul recobrindo seu peito. E o seu milho
era cada vez melhor.
Numa dessas ocasiões, um repórter
ao abordá-lo, ficou intrigado com a informação dada pelo
entrevistado sobre como costumava cultivar seu qualificado e valioso
produto. O repórter descobriu que o fazendeiro compartilhava a
semente do seu milho gigante com os vizinhos.
"Como pode o Senhor dispor-se a
compartilhar sua melhor semente com seus vizinhos quando eles estão
competindo com o seu em cada ano?" - indagou o repórter.
O fazendeiro pensou por um
instante, e respondeu: "Você não sabe? O vento apanha o pólen do
milho maduro e o leva através do vento de campo para campo. Se meus
vizinhos cultivam milho inferior, a polinização degradará
continuamente a qualidade do meu milho. Se eu quiser cultivar milho
bom, eu tenho que ajudar meu vizinhos a cultivar milho bom".
Ele era atento às conectividades
da vida.
O milho dele não poderia melhorar
se o milho do vizinho também não tivesse a qualidade melhorada.
Assim é também em outras dimensões da nossa vida. Aqueles que
escolhem estar em paz devem fazer com que seus vizinhos estejam em
paz. Aqueles que querem viver bem têm que ajudar os outros para que
vivam bem. E aqueles que querem ser felizes têm que ajudar os outros
a encontrar a felicidade, pois o bem-estar de cada um está ligado ao
bem-estar de todos.
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O segundo passo é integrar os
outros níveis educacionais. Penso na integração de todo o sistema de
ensino latino-americano. Tudo gerenciado por uma Organização
Internacional criada para unificar os currículos, os conteúdos, os
cursos, gerenciar as escolas, trinar os professores, etc. Uma
organização que irá mandar tanto nas escolas do Brasil, quanto nas
escolas de Cuba, Venezuela, Peru, Chile, Guatemala, etc. Não só
mandar, mas irá disponibilizar os materiais, treinar os professores,
enfim, irá garantir a mesma qualidade para todas as escolas públicas
de todos os países envolvidos na integração.
Os recursos para esta Organização
Internacional devem ser disponibilizados pelos Estados membros do
acordo, respeitando o número de alunos de cada país. Certamente,
este custo deverá ser o mesmo para todos os países. Logo, quem tem
mais alunos contribui com mais. Quem tem menos, contribui com menos.
Mas o custo-aluno deverá ser o mesmo, pois a qualidade do ensino e
dos professores deverão ser os mesmos.
Isso ficará muito, mas muito mais
fácil, depois que desenvolvermos o sistema de ensino público
gratuito via internet. Eu estou pensando obstinadamente neste
projeto de ensino e, em breve, o Instituto OCW Br@sil (http://www.ocwbrasil.org/)
apresentará o resultado de tudo...
Isso também pode ser feito na
saúde. Imagino a saúde pública de todos os países integradas em um
único sistema de saúde, gerenciado por outra Organização
Internacional criada para este fim. Assim, todos os hospitais seriam
integrados e teriam as mesmas qualidades, os mesmos medicamentos,
médicos e demais profissionais com as mesmas formações.
Essa idéia de integração é
vantajosa porque, com a criação de tais Organizações Internacionais,
torna possível o remanejamento de pessoal de um país para outro. O
pessoal que está sobrando em um (Cuba tem excesso de Médico) vai
para outro país (a Venezuela não tinha médicos), etc. Os excessos de
profissionais em uma nação podem ser deslocados para outras nações.
O Estado que produz um medicamento poderá fornecê-los para todos os
hospitais da rede de integração, etc.
Além disso, é possível
estabelecer um piso salarial uniforme em todas as nações, assim como
garantir a mesma qualidade para todas as escolas e hospitais. Dar o
mesmo treinamento para todos os profissionais, etc. Certamente, tudo
sendo administrado como serviço público gratuito. Eu acredito
piamente que em coisas sagradas e em serviços de interesse público o
capitalismo não pode colocar suas mãos amaldiçoadas. Tudo aquilo que
Midas tocava virava ouro. Tudo aquilo que o capitalismo toca, vira
mercadoria...
Isto tira das mãos incompetentes
dos Estados a responsabilidade por serviços básicos de saúde e
educação. As Organizações Internacionais podem ser gerenciadas por
profissionais altamente qualificados e competentes, podem ter
estabilidade administrativa e funcional, enfim, podem garantir
cidadania, educação e saúde para todos os envolvidos na integração,
independentemente das modificações políticas que ocorrem dentro dos
Estados. E o melhor disso, sem as mãos sujas das corporações, a
exploração e exclusão dos capitalistas da integração econômica. Os
Estados precisam apenas disponibilizar recursos para as Organizações
Internacionais, criadas por eles, para manterem o sistema
funcionamento e se expandindo.
Eu acredito que este tipo de
integração é o modelo ideal para os países pobres. Temos que
integrar para alcançar soluções e resolver os nossos problemas e não
integrar para gerar lucros para as empresas.
Enfim, esta é mais um idéia do
Leonildo. Uma idéia que tem por finalidade fazer a humanidade
avançar para um novo estágio de sua evolução... Este é o grande
propósito da minha vida: fazer a humanidade avançar...
Postado por Leonildo Dias Garcez Correa Bento de Jesus e Silva às sábado, maio 11, 2013