Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

29/06/2009

Excluídos da Previdência Social
O governo diz que está fazendo mudanças na previdência social. Diz que agora a aposentadoria sai em 30 minutos. Diz que algumas pessoas não vão precisar nem ir procurar a previdência para saber da aposentadoria, pois a própria previdência vai avisar a pessoa que ela já possui todos os requisitos para se aposentar... Olhando por cima a coisa parece perfeita, mas observando mais atentamente percebe-se que são mudanças irrelevantes, pois atendem, justamente, quem já era atendido pela previdência, quem tem a carteira assinada ou paga as contribuições...

Essas pessoas não são o grande problema da previdência social. O problema da previdência são os excluídos. Por exemplo, os trabalhadores rurais bóia-fria.

Vejo o problema claramente aqui na cidade onde estou. É uma cidade agrícola. Grande produtora de café. E a maior parte da população da cidade é composta de trabalhadores rurais bóia-fria. Pessoas que trabalham muito (saem de casa às 5 da manhã e retornam às 20 horas), são remunerados por dia de serviço, ganham, no máximo, um salário e meio mensal, não possuem registro em carteira e não existem para a previdência social.

Noventa por cento da produção de café do município e dos arredores são colhidos por essas pessoas. Portanto, a participação delas na produção de riquezas para o país é inquestionável. Não só o café, mas o feijão que elas arrancam, a cana que cortam, o pinus que plantam e carpem, etc... Mesmo com a mecanização de algumas atividades as fazendas não produzem se não usarem esses trabalhadores.

Pessoas que trabalham a vida inteira em um serviço pesado e extremamente desgastante. Produzem riquezas para os donos do agronegócio. Porém, não participam dessa riqueza. Recebem apenas o suficiente para sobreviver e continuar trabalhando. Envelhecem nesse caminho e estão fora da previdência social, pois não existem para o governo...

De quem é a culpa ??? Dos trabalhadores rurais que mal sabem ler e escrever e que, no dia da eleição, trocam seus votos por uma cesta básica, elegendo como seus representantes os donos do agronegócio ???

O governo tem que resolver o problema dessas pessoas, desses excluídos... Deve criar uma forma de integrá-los nos benefícios da previdência social.

Uma forma de fazer isso é cadastrar as fazendas que usam essa mão-de obra barata e negociar com elas uma forma de contribuição previdenciária para os trabalhadores. Certamente, obrigar o registro em carteira dessas pessoas inviabiliza a produção agrícola das fazendas, logo, é preciso ter alternativas. O que não pode é deixar esse grupo de pessoas à margem da sociedade, excluídos da previdência social...

Além disso, penso que todos os trabalhadores rurais que possuírem 60 anos de idade devem ter direito, independentemente de contribuição, a aposentadoria por idade. É o mínimo que o Brasil pode fazer para quem passou a vida inteira trabalhando para produzir alimentos para o país... Se os trabalhadores rurais cruzarem os braços, as cidades morrem de fome.

E a perversidade não ocorre só com os trabalhadores rurais que não tem registro em carteira. Nos últimos meses a usina de açucar aqui do município demitiu centenas de cortadores de cana. Pessoas com registro em carteira e com mais de um ano de serviço. Pasmem: receberam R$ 100,00 de acerto... O agronegócio ainda é uma vertente do capitalismo selvagem e tem que ser domado...

Além disso, os trabalhadores dessa usina, contratados por produção, contam que alguns serviços (carpa, enleiração de palha, catação de bituca, por exemplo) eram pagos com base na média de todos os trabalhadores, calculada no final do dia e não pela produção individual da pessoa. Assim, quem ultrapassava a média perdia o trabalho a mais, pois o fiscal anotava o valor da média como se fosse a produção daquele trabalhador. Ou, então, quando não fazia isso, reduzia o preço do serviço prestado. Essas ações visavam restringir o valor ganho pelo trabalhador.