Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

16/02/2008

Corrigindo uma injustiça
Eu disse que todos os professores da USP trabalham para classe dominante, doutrinando os alunos e transformando-os em operadores da dominação, da opressão e da exploração. Não são todos os professores que fazem isto.

Existem vários professores que denunciam este tipo de coisa e que tentam mudar os rumos da Universidade. São uma minoria, certamente. Uma minoria oprimida pelo sistema de dominação... Portanto, ainda há esperanças... Mínimas, mas há.

A USP é uma Universidade. É um sistema. É uma coisa. O que move coisas são pessoas. Agindo por si mesmos os sistemas tem personalidade fanática e psicopata. Não tem virtudes e nem valores. São as pessoas que devem dar virtudes e valores, dar moralidade e ética, aos sistemas.

O problema é que, geralmente, quem controla os sistemas são pessoas fanáticas e psicopatas. Logo, o perigo cresce exponencialmente, pois é uma coisa, naturalmente fanática e psicopata, sendo dirigida por fanáticos e psicopatas.

Documentário: The Corporation
Para determinar o tipo de personalidade que faz com que as corporações se comportem como uma máquina de externalizações, nós podemos analisá-las como um psiquiatra faria com um paciente. Nós podemos até formular um diagnóstico, baseando-se em casos de danos que infligiram em outras pessoas, selecionados de um universo de atividades corporativas. Danos aos trabalhadores: demissões, acusação de cartel, incêndios em fábricas, etc.

Dr. Robert Hare, Ph.D (Consultant to the FBI on psychopaths): Uma das perguntas que surgem, periodicamente, é se as corporações podem ser consideradas como psicopatas. E se olhamos a corporação como uma pessoa jurídica não é muito difícil comparar a loucura de um indivíduo com a loucura de uma corporação. Nós podemos analisar, uma a uma, através das características que definem esta desordem, e ver como elas podem se aplicar às corporações. Elas tem todas as características de fato. E, em muitos aspectos, as corporações representam o típico psicopata.

Joel Bakan: Bakan lembra que sempre ensinou a seus alunos que as corporações são como pessoas e que elas operam sempre para se auto-beneficiar. Da pergunta “Que tipo de pessoa é programada apenas para seguir os seus próprios interesses?”, o professor teve a idéia de simular uma análise psiquiátrica das corporações. A partir disso, os autores do documentário chegam à conclusão que essas instituições têm uma série de características comuns: são interessadas apenas em si mesmas, manipulam, são irresponsáveis, sofrem de falta de empatia e não têm capacidade de sentir remorso ou culpa. “Em outras palavras, a corporação é psicopata”, afirma Bakan.

Se a instituição dominante de nossa era foi criada com a imagem de um psicopata quem leva a responsabilidade moral por suas ações?

Milton Friedman: Pode um edifício ter opiniões morais? Pode um edifício ter responsabilidade social? Se um edifício não pode ter responsabilidade social porque as corporações seriam capazes disto? Uma corporação é simplesmente uma estrutura legal artificial, mas existem pessoas trabalhando lá, sejam os acionistas, sejam os gerentes, sejam os empregados, todos tem responsabilidade moral.

Noam Chomsky: É uma suposição justa que todo ser humano, seres humanos reais, aqueles de carne e osso, não corporativos, mas todo ser humano de carne e osso é uma pessoa moral. Vocês sabem que temos os mesmos genes, nós somos mais ou menos iguais, mas nossa natureza, nossa natureza humana permite todo tipo de comportamento. Quero dizer que cada um de nós, sob certas circunstâncias, poderia ser um operador de câmara de gás ou um santo. (...)

Quando você olha para uma corporação como você olharia para um proprietário de um escravo, você tem que distinguir entre a instituição e o indivíduo. A escravidão por exemplo, ou qualquer outra forma de tirania, tem a natureza de monstros, mas os indivíduos que participam dela podem ser os caras mais legais que você pode imaginar, benevolentes, amigáveis, bom com as crianças e mesmo legais com seus escravos, se importando com o sentimento dos outros. Como todo indivíduo deveria ser. Mas no plano institucional eles são monstros porque sua instituição é monstruosa. (...)

Privatizar não significa você pegar uma instituição pública e dá-la a uma pessoa bacana. Significa você pegar uma instituição pública e dá-la a uma tirania irresponsável. Instituições públicas tem muitos lados bons. Por exemplo elas podem propositalmente dar prejuízos. Elas não são para dar lucros. Elas podem propositalmente trabalhar no vermelho, por causa dos benefícios que isto pode trazer. Por exemplo, se uma indústria pública de aço trabalha no vermelho, ela está provendo aço barato para outras indústrias, talvez isto seja uma coisa boa. Instituições públicas podem ser um dispositivo anti-ciclos. Isto significa que podem manter o emprego em períodos de recessão, aumentando a demanda e ajudando sair da recessão. Companhias privadas não podem fazer isto. Em um período de recessão jogam fora sua força de trabalho, porque é assim que se ganha dinheiro.

Dr. Jeremy Rifkin (Presidente, Foundation on Economic Trends): O caso Chakrabarty é um dos grandes momentos judiciais da história do mundo. E o público ficou totalmente inconsciente do que aconteceu e o que o processo envolvia. A General Electric e o Professor Chakrabarty foram ao escritório de patentes com um pequeno micróbio que comia óleo derramado. Eles disseram que haviam modificado o micróbio em laboratório e que por isso era uma invenção.

O escritório de patentes e o governo dos Estados Unidos deram uma olhada nesta citada invenção; e disseram de jeito nenhum. As patentes não cobrem coisas vivas. Isto não é uma invenção. Parem com isso. Então a General Electric e o Doutor Chakrabarty apelaram para a corte americana de apelações. E todo mundo ficou surpreso quando pela decisão de três a dois eles passaram por cima do escritório de patentes. Eles disseram que o micróbio parecia mais como um detergente ou um reagente do que como um cavalo ou uma abelha. Eu ri porque eles não entendiam biologia básica; parecia mais como um produto químico para eles. Tenha ele uma antena ou olhos ou asas ou pernas isso nunca cruzaria as suas mesas e seria patenteado. Então o escritório de patentes apelou. E o que o público deve saber agora é que o escritório de patentes foi muito claro que você não poderia patentear vida.

Minha organização providenciou o relatório "amicus curiae" se você permitir a patente deste micróbio, nós argumentamos significa que sem qualquer discussão no congresso ou discussão pública as corporações possuirão os direitos sobre os projetos da vida. Quando eles decidiram, nós perdemos por cinco a quatro e o Juiz Warem da justiça disse que tinha certeza de que existiam grandes questões mas achava que isto era uma decisão pequena. Sete anos mais tarde o Escritório americano de patentes emitiu o decreto sentença UM que diz que você pode patentear qualquer coisa viva no mundo exceto um ser humano completo.

Todos nós ouvimos sobre o anúncio de que nós mapeamos o genoma humano. Mas o que o público não sabe é que agora existe uma grande corrida pelas companhias que tem o genoma e pelas companhias de biotecnologia e pelas companhias científicas para achar o tesouro no mapa. O tesouro dos genes individuais que geram a projeto da raça humana. Toda vez que eles capturam um gene e o isolam essas companhias de biotecnologia os reclama como sua propriedade intelectual. O gene do câncer de seio, o gene da fibrose cística, e vai por aí, e adiante. Se isto continuar assim na comunidade mundial dentro de menos de 10 anos um monte de companhias globais irá possuir diretamente ou através de licenças os genes que fazem a evolução das espécies. E eles estão agora patenteando estes genomas de qualquer outra criatura deste planeta.

Na era da biologia, a política está dividida entre aqueles que acreditam que a vida tem um valor em si e entretanto devemos escolher tecnologias e usos comerciais que honram este valor... E aqueles que acreditam que a vida é uma simples utilidade. É uma oportunidade comercial e eles se alinham com a idéia de deixar o mercado ser o árbitro de toda a era da biologia.