Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

28/09/2007

Curso de Futurista

De olho no amanhã


CLAUDIA JORDÃO -- ISTOÉ -- 22/09/2007 -- A profissão de futurista já existe. É ensinada em sala de aula, com direito até a diploma.

Ela é capaz de enxergar 50 anos à frente, está sempre pensando e falando sobre o futuro e vê o mundo por um prisma diferente. Enganase quem acha que Rosa Alegria é algum tipo de vidente auxiliada por cartas de tarô ou bola de cristal. Pelo contrário, seu ofício tem base científica. Graduada em letras pela Universidade de São Paulo (USP), Rosa, 50 anos, é mestre em estudos do futuro pela Universidade de Houston, nos Estados Unidos. Formada em 2002, é a única futurista brasileira.

Rosa analisa o presente, aponta tendências e antecipa acontecimentos com base em informações sociais, demográficas, econômicas, tecnológicas, ambientais e de governo. Aprendeu a enxergar bem longe – diferente dos economistas, por exemplo, que costumam fazer previsões para até três anos. “É preciso deixar de olhar no retrovisor e acender o farol de milha”, diz ela.

Um futurista presta consultoria para empresas privadas e instituições públicas. Nos Estados Unidos, órgãos como a Nasa e empresas como Coca-Cola e IBM recorrem a esses profissionais. Rosa já estudou casos de gigantes como Pão de Açúcar, Phillips e C&A – todos através de uma consultoria de varejo. Essas empresas querem saber tendências de consumo nos próximos anos. “Para inovar, é preciso ‘ver’ as oportunidades e os problemas que estão por vir antes de todos”, diz Rosa. No futuro, diz ela, seremos uma sociedade ecologicamente correta. “As pessoas serão superconscientes com a preservação do meio ambiente”, aposta. “Vão querer saber se tal algodão é transgênico, se seu cultivo envolve mão-deobra escrava ou infantil, onde é fabricado, como é transportado, etc.”

O futurismo é uma carreira nova. A Universidade de Houston foi a primeira a oferecer mestrado em 1974 e há apenas outras quatro universidades no mundo com o curso na grade. Ela recorda os olhares de estranheza no campus. “Éramos (os alunos de Estudos do Futuro) os loucos da universidade. Deviam pensar: ‘Por que perdem tempo pensando no futuro com tanta coisa para resolver no presente?’”, diz Rosa. Hoje, a consultora acredita que as pessoas estão mais informadas sobre seu trabalho e mais interessadas em pensar no futuro. “No ensino fundamental as crianças têm aulas de história, mas não são encorajadas a pensar o país que querem viver”, diz ela. “Para melhorar, temos que nos preparar para o futuro.”

PARA SER FUTURISTA
Só há cinco escolas no mundo que formam mestres em estudos do futuro

-University of Houston e University of Hawaii, nos Estados Unidos, University of Swinburne, na Austrália, Turku School of Economics, na Finlândia, e Conservatoire Nacional des Arts et Métiers
-O currículo traz matérias como sociologia, economia e estatística direcionadas para as transformações.