Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

23/08/2006

A coletividade é negra

Pesquisas, inclusive da ONU, indicam que estão matando negros no Brasil. Negros estão morrendo como gado nos matadouros. Morrem sem lutar. Morrem sem motivo. Morrem porque vivem na periferia. Morrem porque são oprimidos e excluídos do sistema e da classe dominante. Estão matando negros no Brasil e os negros não fazem nada, a não ser morrer passivamente como gado nos matadouros.

Mas eu pergunto: se é para morrer a tiro não é melhor morrer lutando numa guerra? Se te matam no caminho da casa para o trabalho por que continuar trabalhando como escravo ? Está chegando a hora de nos revoltarmos e responder a tiros os tiros que nos dão. Enfim, se é pra levar tiro e morrer baleado, prefiro morrer num campo de batalha, com um fuzil e atirando em quem mata nossos irmãos. Ao menos se vencermos a guerra, assumimos o controle do sistema e mudamos tudo, acabamos com a opressão e com a exploração; enquanto que a inércia e a passividade diante do mundo e do mal não ocasionam nenhuma mudança, a não ser fortalecer a maldade e a perversidade. Está na hora de acabarmos com a passividade e com a resignação. Está na hora de agirmos.

Eu vou liderar três grandes revoluções (A Democratização do Conhecimento, A Democracia Direta e a Descriminalização das drogas) e quero os negros comigo. Além disso, o meu avô, que é negro, lutou por São Paulo na Revolução de 32 e alguns ascendentes de minha mãe enfrentaram os exércitos de Hitler na Europa nazista, ou seja, derivo de uma linhagem forte, que vai a guerra se for necessário. Enfim, pretendo que estas três revoluções sejam feitas pelos negros para beneficiar todos os excluídos do sistema, assim como toda a coletividade. Pretendo que estas três revoluções sejam conhecidas como a revolução que os negros fizeram no século XXI.

Por que revolução dos negros ? Porque somos os excluídos do sistema. A sociedade de segurança e de controle está matando nossa gente. O Estado está nas mãos da classe dominante e a ideologia dominante é branca. Quantos negros tem no Senado e na Câmara ? Quantos negros tem no judiciário e na promotoria ? Quantos negros são ministros de Estado e professores das Universidades Públicas ? Quantos negros são policiais e burocratas da administração pública ? O Estado é branco. O Estado pensa com a ideologia branca. A classe dominante é branca.

Talvez agora você tenha entendido o por quê da política de cotas não avançar e ser mitigada ao máximo. Talvez agora você entenda o por quê da USP, centro de formação da classe dominante branca, se recusar a adotar a política de cotas. A resposta é simples: o Estado é branco. Negros só na faxina. Mas existem negros estudando na USP, dirá algum leitor atento. Sim existem, uma minoria, mas existe. Contudo, estão nos cursos que não formam para o exercício do poder. Estão estudando letras, história, geografia, etc. No Curso de Direito, onde se aprende a controlar o Estado e as Instituições, o número de negros é insignificante.

As três revoluções que proponho romperá esta barreira. A Democratização do conhecimento abre o conteúdo das Universidades Públicas para a coletividade. A Democracia Direta enfraquece a classe dominante e dá o poder para a maioria - nós negros somos a maioria. A descriminalização das drogas impedirá as invasões da periferia e tirará os negros do foco, da mira, da policia. Lembre-se que a proibição das drogas, em seu início, começou nos EUA por que a elite americana pretendia impedir os jovens americanos de terem acesso aos entorpecentes, considerados coisas de negros e de latinos.

Os negros formam uma raça que tem força, coragem e inteligência para mudar o sistema. E cabe a nós negros, infiltrados nos domínios da classe dominante, estruturar, orientar e liderar os movimentos e as revoluções que beneficiam nossa raça e todos os excluídos do sistema.

Hoje a coletividade, a maioria da população brasileira, é composta por pobres. Entre os pobres, a maioria são negros. Portanto, a coletividade é predominantemente negra. Logo, o poder do Estado tem que estar nas nossas mãos. Nós somos a coletividade. Nós somos a maioria.

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