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17/02/2006

Petrobras tem lucro recorde de R$ 23,7 bi em 2005
JANAINA LAGE -
da Folha Online, no Rio - 17/02/2006 - 19h53

O aumento da produção de petróleo no país e os altos preços da commodity no mercado internacional levaram a Petrobras a registrar um lucro recorde de R$ 23,7 bilhões em 2005. O resultado equivale a um aumento de 40% em relação ao lucro líquido de 2004.

Segundo cálculo da Economática, é o maior lucro já verificado na história de uma empresa de capital aberto da América Latina. O cálculo da consultoria leva em conta a conversão dos ganhos da Petrobras para a moeda americana, o equivalente a US$ 10,1 bilhões. Na lista de maiores lucros já verificados por companhias abertas da América Latina, a Petrobras ocupa as cinco primeiras posições, que incluem os resultados anteriores da companhia.

O resultado superou as projeções dos analistas ouvidos pela Folha Online, que previam um resultado entre R$ 21 bilhões e R$ 22,6 bilhões.

A companhia atribuiu o resultado ao aumento da produção de petróleo, à maior carga processada de óleo pesado nacional, à maior utilização da capacidade de refino e ao aumento dos preços. A alta dos preços do petróleo se traduziu também em aumento de custos.

Ao longo do ano, a empresa foi alvo de críticas por manter a política de preços e só reajustar os derivados de petróleo a partir da consolidação de um novo patamar da cotação no mercado internacional. Em setembro, ela anunciou um reajuste de 10% para a gasolina e de 12% para o diesel nas refinarias.

Para Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), a companhia obteve um resultado dentro das projeções do mercado apesar de ter mantido a política de preços mais conservadora.

Segundo a estatal, a performance operacional da companhia proporcionou geração de caixa, medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), de R$ 47,8 bilhões, o que representou um aumento de 30% em relação ao ano anterior e possibilitou investimento recorde de R$ 25,7 bilhões. A receita operacional líquida da companhia cresceu 23% e somou R$ 136,605 bilhões.

A produção nacional de petróleo cresceu 13% em 2005 e atingiu a média de 1,684 milhão de barris/dia em razão do início das operações do navio plataforma FPSO-MLS (sistema flutuante de produção, armazenamento e escoamento de óleo) em Marlim Sul e das plataformas P-43 em Barracuda e P-48 em Caratinga. A produção total de petróleo e gás natural, no Brasil e no exterior, aumentou 10%.

A produção internacional de petróleo, no entanto, recuou 3% em relação a 2004 devido ao declínio natural de alguns campos maduros nas unidades de Angola e da Argentina. A produção de gás obteve um aumento de 2% em decorrência do aumento da produção na unidade da Bolívia.

A carga de petróleo processada no país alcançou o recorde de 1,727 milhão de barris/dia com a utilização de 88% da capacidade nominal instalada de processamento de petróleo.

Derivados

A produção total de derivados de petróleo cresceu 2% em relação a 2004 e somou 1,839 milhão de barris/dia, o que representa 88% de utilização da capacidade nominal de refino no país e 80% no exterior.

As vendas de derivados da companhia cresceram 2% em 2005. O aumento de 4% nas vendas de gasolina ocorreu por conta do aumento de consumo provocado pelo crescimento da frota de veículos urbanos. O aumento de 9% nas vendas de gás natural foi atribuído pela companhia ao maior consumo industrial e ao crescimento do número de conversões de veículos para gás natural veicular.

As vendas de óleo combustível, no entanto, caíram 8% em razão da concorrência de outros produtos substitutos como carvão, coque, biomassa, lenha e gás natural. O óleo diesel manteve seu consumo estável em razão do desempenho da agricultura e do aumento dos preços do produto.

Importações

Segundo Pires, a companhia foi beneficiada também pelo fraco desempenho da economia em 2005. "O Brasil cresceu pouco no ano passado e com isso caiu a importação", disse. Dados da Petrobras mostram que a exportação de petróleo aumentou 46% e a de derivados, 6% no ano passado. No mesmo período, as importações de petróleo caíram 22% e as de derivados, 14%.

A balança comercial de petróleo e derivados registrou um saldo financeiro negativo de US$ 130 milhões, em comparação com um saldo negativo de US$ 3,157 bilhões em 2004. A companhia estima que obterá um saldo positivo este ano.

Custos

O custo de extração cresceu em dólares por barril 34% em 2005 sem as participações governamentais. Segundo a Petrobras, o custo de extração unitário aumentou 12% em reais, a variação é decorrente do aumento real de custos operacionais em razão das cotações internacionais de petróleo e dos acréscimos com salários, vantagens e benefícios por conta de acordos coletivos e aumento da força de trabalho.

Consideradas as participações governamentais, como royalties e outros, o aumento do custo de extração chegou a 37% em dólares em razão do acréscimo nos gastos operacionais e dos maiores gastos com participações governamentais em razão do aumento do preço médio de referência para o petróleo nacional.

O custo unitário de refino cresceu 38% em dólares na comparação com 2004 por causa do aumento nos gastos com pessoal e dos maiores gastos com paradas programadas nas refinarias. Em reais, o custo unitário aumentou 15%.

O endividamento consolidado total da companhia fechou 2005 em R$ 48,242 bilhões, o que representa uma redução de 14% na comparação com o ano anterior. O endividamento líquido ficou em R$ 24,825 bilhões, com queda de 31%. A companhia atribui a melhora à geração de caixa e à apreciação do real.

Quarto trimestre

Somente no quarto trimestre, a companhia teve lucro recorde de R$ 8,1 bilhões, 92% maior do que o do mesmo período do ano passado. O Ebitda do quarto trimestre alcançou a marca de R$ 12,4 bilhões, um resultado 40% superior aos R$ 8,8 bilhões registrados em igual período de 2004.

Dividendos

Com os resultados de 2005, o Conselho de Administração da companhia vai propor à Assembléia Geral de Acionistas uma distribuição de dividendos de R$ 7,018 bilhões, o equivalente a R$ 1,60 por ação.