É, portanto, significativo - elemento estrutural na esfera dos negócios humanos - que os homens não possam perdoar aquilo que não podem punir, nem punir o que é imperdoável.
Realmente, é isto que caracteriza aquelas ofensas que, desde Kant, chamamos de "mal radical", cuja natureza é tão pouco conhecida, mesmo por nós que sofremos uma de suas raras irrupções na esfera pública.
Sabemos apenas que não podemos punir nem perdoar esse tipo de ofensas e que, portanto, elas transcendem a esfera dos negócios públicos e as potencialidades do poder humano, às quais destroem sempre que surgem.
Em tais casos, em que o próprio ato nos despoja de todo poder, só resta realmente repetir com Jesus: "Seria melhor para ele que se lhe atasse ao pescoço uma pedra de moinho e que fosse precipitado ao mar."