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19/11/2010

Encrenca nuclear

De acordo com o livro de História "Retratos do Brasil" (Vol. II, p. 402):

"Após o golpe militar, apesar de assinar, já em 1965, um acordo de cooperação com Washington, o novo regime sanciona oficialmente um dos mais importantes movimentos nacionais independentes pela energia nuclear: o Grupo do Tório, criado embrionariamente dois anos antes junto ao Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR) de Belo Horizonte.

Neste Instituto, desde 1956 funcionava um dos reatores experimentais já instalados no Instituto de Energia Atômica (IEA), de São Paulo, e no Instituto de Engenharia Nuclear, no Rio.

Mas o Grupo do Tório teve vida curta: apenas quatro anos. Os militares no poder optaram por um modelo de reator compatível com a tecnologia dominante, a americana, e que não era boa para o Brasil, principalmente porque empregava urânio 235 (U235) enriquecido.

O Brasil tinha pouco urânio e muito tório, outro mineral radiativo, que pode ser transformado em combustível nuclear.

O correto era trabalhar de forma independente com o tório, alegavam os cientistas.

A tecnologia não é complexa e pode ser desenvolvida no Brasil, afirmou o Grupo do Tório em seu último parecer, em 1968.

Nesse conflito espelhava-se um longo e severo controle mantido pelos EUA sobre a indústria nuclear mundial desde 1946, às vésperas do inicio da "Guerra Fria" com a União Soviética.

Foi quando surgiu a "política de recusa", destinada a eternizar o monopólio americano no setor. "Pensavam que podiam parar o tempo", afirmou um dos cientistas americanos de então.

Assim, em 1945, quando fez o primeiro acordo atômico com os EUA, o Brasil se obrigava a exportar valiosas reservas de areia monazítica, abundante em Tório. Mas os EUA se recusavam a fornecer seus segredos tecnológicos. (...)"

O ponto central nessa discussão é a questão energética. A idéia é desenvolver tecnologia que usam matéria-prima que existem em abundância, ou seja, minérios que tem reservas abundantes. O contrário é uma estupidez.

Se o Brasil tem muito Tório e pouco urânio, o ideal é construir uma tecnologia que aproveita o tório e não o contrário.

Não é questão de passado, mas sim uma questão para o futuro energético. Mais cedo ou mais tarde a tecnologia que usa mineral abundante terá que ser desenvolvida, pois os recursos escassos acabam.

No máximo deve possuir as duas tecnologias: uma que usa as reservas escassas e outra que usa as reservas abundantes.

Dessa forma, há garantias de uso das reservas minerais para geração de energia, tapando os buracos de eventuais uso de todos os potenciais energéticos.

A idéia é construir reatores que trabalhem com os minerais abundantes e não fazer o que fizeram, ou seja, exportar os minerais abundantes e construir reatores que usem as reservas escassas.

Quem está comprando as areias monazíticas, ricas em Tório, mesmo tendo tecnologia para usar o urânio, fez uma simples projeção para o futuro: quando acabar o urânio, terão muito Tório para usar.

Certamente, não estou atacando países, principalmente porque a maioria das autoridades atuais não eram autoridades na época em que esta decisão foi tomada. Inclusive, a ideologia e a configuração do mundo não é a mesma. O caminho adverso deve ser compreendido no calor daquele momento.

Porém, considerando que o momento atual é mais civilizado e razoável, essa decisão deve ser revista. Principalmente considerando que, ultimamente, só ouvimos falar em urânio e não em Tório, etc.

Talvez mais reservas de urânio tenham sido descobertas. Mesmo assim é necessário comparar o tamanho das reservas para ver o que tem mais e o que é mais vantajoso. No máximo, desenvolver ambas as tecnologias.

De uma forma ou de outra, o ponto central é que o Brasil, assim como outros países, deve desenvolver tecnologias que usem as reservas minerais que possuem em abundância.

Inclusive, é válido observar que a energia solar é um tipo de energia que tem fonte garantida, de acordo com os cientistas, por alguns bilhões de anos. E usinas de energia solar são tão poucas. Por que será ?