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Considerando que tudo é história, percebe-se que a realidade se molda em torno das narrativas, configurando e desconfigurando o mundo. Dependendo do número daqueles que acreditam naquelas narrativas, o mundo segue aquela direção.

Nesse contexto, o papel da mídia dominante tem que ser analisado detalhadamente, pois a mídia produz histórias, podendo informar ou desinformar, e essas histórias podem levar uma sociedade inteira a caminhar na direção errada. Exemplo disso: a poderosa máquina midiática dos nazistas.

As histórias entram na consciência como informação, saberes e conhecimentos. A consciência capta essas histórias e analisa-as, podendo aceitá-las ou rejeitá-las, de acordo com outros valores, saberes, informação e conhecimentos que possui e que captou ao longo de sua trajetória de vida. Conhecimentos, saberes e informações novas são confrontadas, dentro da consciência, com informações, saberes e conhecimentos antigos, produzidos pela humanidade ao longo de sua história, e passada de geração em geração por meio da educação e da aprendizagem.

Inclusive, os acontecimentos dependem de como a história é contada, daqueles que acreditam nessas histórias e da vontade e disposição desses grupos, que acreditam na história, de torná-la real ou não.

Por isso, as histórias consolidadas servem de parâmetro para análise e crítica das novas histórias. E, uma forma de direcionar a formação de novas histórias, assim como a sua realização, são as profecias. As profeciais são histórias prontas do futuro, contadas no passado e analisadas no presente.

Assim, as profeciais servem como orientação para a construção de um Mundo Novo. Inegavelmente, a idéia de um Mundo Novo também depende daqueles que acreditam nessa possibilidade, depende da disposição de trabalharem para a construção desse Mundo Novo.

O que importa nas profeciais é o final, não tanto os meios para chegar a esse final. Certamente, uma sociedade de pessoas conscientes, vai seguir o melhor caminho, o caminho menos tortuosos e perigoso, o caminho mais seguro, que leva ao Mundo Novo. Já uma sociedade de pessoas pouco consciente vai seguir qualquer caminho, vão andar na base da tentativa e erro, sem uma direção segura. Geralmente, esse último grupo tende a andar em círculos, ao invés de seguir uma linha reta em direção ao Mundo Novo. Logo, para estes últimos, o Mundo Novo não chega nunca. Não chega porque não trabalham para construí-lo. Só pensam em si, em maximizar seus lucros, enriquecer seus grupos e nada de pensar no Mundo Novo, nas futuras gerações.

Nesse contexto, a melhor história é aquela que nos leva mais rapidamente para o Mundo Novo, eliminando o andar em círculo, as banalidades, irrelevâncias e distrações plantadas no caminho para impedir que o objetivo seja alcançado.

Inegavelmente, a melhor história, que contém o melhor caminho, tem que ser disseminada para a sociedade, assim as outras histórias individuais, incorporam aspectos dessa melhor história, e passam a caminhar na mesma direção, ocorrendo um alinhamento de interesses e visões do futuro.

Por exemplo, no campo ambiental, sabemos que a vida no planeta depende da qualidade da biosfera na qual habitamos. E se não cuidarmos dessa biosfera, eliminando os desmatamentos, as poluições, as destruições ambientais, a biosfera vai fenecer e com ela a vida no planeta. O Planeta sobrevive, com vida ou sem vida, a terra continua girando no espaço. A natureza também sobrevive, pois, depois de eliminar toda a vida, milhões de anos adiante, ela se recupera, porém, os organismos vivos não. Inclusive, é válido assinalar que já ocorreram, na terra, várias extinções em massa de seres vivos.

E, nesse aspecto, considero que deve haver um alinhamento para ação de todos os níveis da sociedade. Certamente, estou falando de ação efetiva e não de projetos vazios construídos para desviar recursos públicos para o bolso dos corruptos. Esse é um dos grandes problemas atuais: as melhores histórias, os melhores projetos, ao invés de serem implantados e construídos a risca, e no menor tempo possível, são corrompidos por interesses particulares e os recursos públicos são desviados para contas pessoais de autoridades públicas.

Por exemplo, desmatamento zero, não é apenas uma questão de negociação. É uma necessidade. As negociações para ver se derruba ou não derruba, ou quantos por cento pode derrubar, é um truque para enganar bobo. Enquanto ficam negociando, uma negociação que não acaba nunca, a floresta está sendo dizimada, destruída e queimada. Quando terminarem a negociação e entrarem em um acordo, já não haverá mais floresta para ser protegida.

O mesmo se aplica com a poluição atmosférica. Enquanto ficam negociando, outra negociação que nunca acaba, para ver se reduz ou não reduz ou não reduz, se corta ou não corta, etc, a poluição está acontecendo e o planeta cada vez mais sujo e poluído. Quando terminarem as negociações e chegarem a um consenso, a coisa já não poderá mais ser resolvida, dado o nível de gravidade do problema.

Ilustrativamente, pensa em uma pessoa doente, com uma doença grave, e os médicos, ao invés de tomarem uma providência, ficam olhando para o doente e negociando o tratamento. Quando terminarem de negociar, a doença já terá avançado tanto, que nada mais poderá ser feito para recuperá-lo.

A questão, portanto, é: construir uma história efetiva de sustentabilidade e disseminá-la na sociedade, alinhando todos os comportamentos e ações nessa direção. Contudo, o primeiro exemplo tem que ser dado pelo ente estatal. O Estado, por exemplo, tem uma grande frota de veículos, máquinas e equipamentos altamente poluidores. Esses veículos, máquinas e equipamentos devem ser susbstituídos. Essa susbstituição causará um grande impacto na área ambiental e na área de desenvolvimento, pois as indústrias que terão que produzir novos veículos, máquinas e equipamentos que não poluam.

Mas não é só isso. Deve ser colocada uma condição fundamental para a indústria que está vendendo para o governo. E a condição é: ao longo da produção dos veículos, máquinas e equipamentos não poluidores, a própria indústria deve adequar seus processos de produção, ou seja, a indústria também tem que se transformar em uma indústria verde, uma indústria que não polua ou degrade o ambiente.

Para construir veículos, máquinas e equipamentos não poluidores, a indústria necessitará de peças produzidas por outras indústria, logo, a mesma condição deve ser imposta, ou seja, as peças devem ser produzidas de forma sustentável, sem poluir o meio-ambiente.

Vejam que a imposição dessa condição por um grande consumidor, ocasiona um efeito cascata, ou borboleta, que altera completamente o sistema em direção à sustentabilidade e redução da poluição nas grandes cidades.

Além disso, o governo deve criar um sistema de impostos que diminua o pagamento de tributos daqueles que não poluem e aumente os tributos daqueles que usam processos industriais poluidores. Quanto maior é a poluição, maior tem que ser o tributo. A idéia é desestimular completamente as atividades que destruam o meio ambiente. Quem polui mais tem que pagar mais, pois o governo terá que usar, mais tarde, recursos públicos para limpar a sujeira. E esses recursos tem que vir de quem poluiu, não de quem tinha consciência ambiental e compromisso em preservar a natureza para as futuras gerações.

Desmatamento zero não significa que a floresta não possa ser explorada. A floresta pode ser explorada, porém usando projetos que não implique na derrubada de ávores. Uma árvore que levou cem ou duzentos anos para crescer, não crescerá novamente em trinta ou quarenta anos. Portanto, esse negócio de derrubar de poquinho em pouquinho, também é estúpida. Está derrubando a floresta.

Os melhores projetos ambientais são aqueles que promovem uma relação harmoniosa entre o homem e a natureza. Por exemplo, turismo verde, pesquisas científicas (centros de pesquisa e universidades instaladas no meio da floresta). E, um projeto altamente inovador seria: a divisão das grandes florestas em áreas virtuais e a emissão de um título para cada uma dessas áreas. Títulos que são colocados a venda no mercado. Porém, a posse do título garante a preservação integral daquela área, impedindo quaisquer ações que visem a destruí-la.

Além disso, quem tem o título paga um imposto mensal pela sua posse. A minha idéia é lotear, virtualmente, a Floresta Amazônica e outras florestas do mundo. Vender os lotes virtuais e receber IP (Imposto de Preservação) de cada lote. Assim, a floresta real continua intacta, sendo preservada e mantida neste estado pelo imposto arrecadado nos lotes virtuais.

Isso elimina o discurso de que somente a destruição e a devastação fazem a floresta produzir desenvolvimento econômico e social. Os desmatadores querem transformar a floresta em madeira, cinzas e carvão para, depois, usarem o solo para a agricultura. É uma idéia medícre, pois a floresta pode render muito mais intacta e em pé do que destruída.

Mas, tudo isso é história. Histórias movimentam o mundo e constroem realidades. E histórias que promovam a paz, a justiça, a prosperidade, eliminando exclusões, opressões e desigualdades, devem ser disseminadas pelo sistema, para que alinhem as outras histórias e encaminhem o homem para um Mundo Novo. Mundo de pessoas conscientes, não de pessoas adormecidas, pessoas banais, indiferentes à realidade, aos semelhantes e às futuras gerações.