Vamos analisar o caso mais de perto... Se alguém em uma cidade abre uma biblioteca de videos e de CDs de música e resolve emprestar tudo isso gratuitamente, como em uma biblioteca pública, quem está emprestando e quem está tomando emprestado não comete nenhum crime... Então, por que na internet, assistir filmes e ouvir músicas, tem que ser crime ??? A internet é uma grande biblioteca pública, só isso...
Proibir o acesso a conteúdos que estão disponibilizados gratuitamente na rede é restabelecer o ""index librorum proibitorum"... Nesse caso, um "index" de filmes e músicas...
Mas a estupidez não está só na construção de mais crimes ou na fabricação de mais criminosos. A estupidez reside na incapacidade criativa dos produtores de conteúdos... Ao invés de lutar contra a pirataria deveriam criar outras formas de remunerar o conteúdo que produzem... Por exemplo, inserindo publicidade, criando um site específico com seus conteúdos e cobrando um pequeno valor para acessar cada filme ou ouvir cada música, etc...
Tem que cobrar um valor justo e não preços exorbitantes... O preço real do filme é aquilo que a pirataria cobra pelas cópias que fazem... Se os donos do filme cobrassem esse preço não haveria pirataria, pois a ilegalidade não renderia nada. Rende porque o preço cobrado pelo produto é injusto, é exorbitante, alto demais...
Também é preciso considerar que a pirataria não dá prejuízo para ninguém... Talvez reduza um pouco os lucros, mas falar em prejuízo ocasionado pela pirataria é mentira cabeluda... Mas os impostos, etc, etc, etc... Também não é relevante, pois nenhum país foi a falência por causa de prejuízos oriundos da pirataria...
Certamente, isso renderia muito mais para o artista e para a produtora do filme do que ficar batendo na tecla da pirataria. Entretanto, é preciso considerar que os intermediários, nesse caso, seriam tirados fora... Perderiam o jabá, talvez por isso a coisa não avança...
Além disso, no meu caso, por exemplo, não acesso a internet gratuitamente. Pago R$ 110,00 por mês para isso... Se querem cobrar alguma coisa de alguém, por que não cobram das companhias telefônicas ??? Eu estou pagando um alto preço para navegar na web, logo, tenho que fazer a navegação render, valer a pena... Por isso, vejo filmes, ouço música, leio livros e revistas, etc...
Além disso, se eu produzisse filmes, por exemplo, ao invés de lançar o filme no cinema, eu lançaria na web. Criaria um sistema de cobranças de ingressos pela web e lançaria o filme mundialmente, para todos os países, de uma vez só... Por que não fazem isso ??? Se o preço do ingresso for justo e levar em conta a realidade de cada país, inegavelmente, os lucros da produtora crescerá exponencialmente... Principalmente, porque é o mesmo filme passando em toda parte, só muda a legenda, ou seja, estão vendendo o mesmo filme bilhões de vezes...
Essa idéia inovadora deveria ser adotada pelo Spielberg ou por gente arrojada... Não é para qualquer um !!!
Le Monde Diplomatique
“Se você tem uma maçã e eu tenho uma maçã e nós trocamos as maçãs, então você e eu ainda teremos uma maçã. Mas se você tem uma idéia e eu tenho uma idéia e nós trocamos essas idéias, então cada um de nós terá duas idéias” (Bernard Shaw).
Essa é a lógica do compartilhamento. Idéias não são bens materiais. E isso pauta a I Insurreição Pirata que acontecerá na ONG Ação Educativa nos próximos dias 28 e 29 de março. O evento é organizado por ativistas da cybercultura e pessoas defensoras do conhecimento livre, para a formação, também no Brasil, de uma agremiação política que combata o copyright – o Partido Pirata.
Explico. Uma insurreição “Pirata” contra os abusos da indústria copyright. E contra a criminalização do compartilhamento em rede. Se baixar, subir, compartilhar músicas, vídeos, textos, fotos, cachorros e papagaios é crime, então somos todos criminosos. No final das contas, somos todos piratas?
Sérgio Amadeu, ativista do software livre, é enfático: “Piratas são eles. Não estamos a procura do ouro!”
Para Amadeu, a metáfora pirataria é péssima para se referir a bens compartilhados. O termo pirata é ambíguo, nos remete à idéia de roubo. E diga-se de passagem, compartilhamento e roubo são coisas bem distintas e distantes. E é com o intuito, de pelear contra todo o obscurantismo provocado, que a I Insurreição debaterá temas, em formato de desconferências, relacionados à livre circulação de informações.