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22/03/2009

A batalha contra o nome de Deus

(http://www.watchtower.org/t/20040122/article_02.htm)

SEU nome era Ananias ben Teradyon. Era um erudito judeu do segundo século, conhecido por realizar reuniões abertas onde ensinava usando a Sefer Torá, um rolo que continha os primeiro cinco livros da Bíblia. Ben Teradyon também era conhecido por usar o nome pessoal de Deus e ensiná-lo a outros. Levando-se em conta que os primeiros cinco livros da Bíblia contêm o nome de Deus mais de 1.800 vezes, como ele poderia ensinar a Torá sem ensinar esse nome?

Relevo

Relevo mostrando a execução de Ananias ben Teradyon

Ben Teradyon, porém, viveu numa época perigosa para os eruditos judeus. Segundo historiadores judeus, o imperador romano havia decretado que ensinar ou praticar o judaísmo era ilegal, sujeitando o transgressor à pena de morte. Por fim, os romanos detiveram Ben Teradyon. Ao ser preso, ele segurava uma cópia da Sefer Torá. Em resposta aos seus acusadores, ele admitiu francamente que, ao ensinar a Bíblia, estava apenas obedecendo a uma ordem divina. Mesmo assim, foi sentenciado à morte.

No dia da execução, Ben Teradyon foi enrolado no próprio rolo da Bíblia que segurava ao ser preso. Daí, foi queimado na estaca. A Encyclopaedia Judaica diz que, “a fim de prolongar-lhe a agonia, chumaços de lã embebidos em água foram colocados sobre o seu coração para que ele não morresse rápido”. Como parte da punição, sua esposa também foi executada e sua filha, vendida para um bordel.

Embora os romanos fossem responsáveis pela execução brutal de Ben Teradyon, o Talmude* afirma que “a punição de ser queimado lhe sobreveio porque ele pronunciou o Nome por inteiro”. Para os judeus, pronunciar o nome pessoal de Deus era de fato uma transgressão gravíssima.

O terceiro mandamento

Ao que tudo indica, durante o primeiro e o segundo séculos EC, desenvolveu-se entre os judeus uma superstição contra o uso do nome de Deus. A Míxena (uma coleção de comentários rabínicos que se tornou o fundamento do Talmude) declara que “quem pronunciar o nome divino conforme é escrito” não terá parte no futuro Paraíso terrestre prometido por Deus.

Qual foi a origem dessa proibição? Alguns afirmam que os judeus consideravam o nome de Deus sagrado demais para ser pronunciado por humanos imperfeitos. Com o tempo, as pessoas começaram a hesitar até em escrever o nome. Segundo certa fonte, esse medo surgiu devido à preocupação de que o documento no qual o nome estivesse escrito pudesse acabar no lixo, dessacralizando o nome divino.

A Encyclopaedia Judaica diz que “as pessoas passaram a evitar pronunciar o nome YHWH . . . devido a um mal-entendido em relação ao Terceiro Mandamento”. O terceiro dos Dez Mandamentos dados aos israelitas por Deus declara: “Não deves tomar o nome de Jeová, teu Deus, dum modo fútil, pois Jeová não deixará impune aquele que tomar seu nome dum modo fútil.” (Êxodo 20:7) Assim, o decreto de Deus contra o uso impróprio do seu nome foi distorcido e transformado numa superstição.

É claro que ninguém afirmaria hoje que Deus faria alguém ser queimado na estaca por pronunciar o nome divino! Mas a superstição judaica em relação ao nome pessoal de Deus continua viva. Muitos ainda se referem ao Tetragrama como o “Nome Inefável” e o “Nome Impronunciável”. Há até aqueles que, de propósito, pronunciam errada toda menção de Deus para não violar a tradição. Por exemplo, pronunciam Jah, ou Yah, a forma abreviada do nome pessoal de Deus, como Kah. Até dizem Aleluka em vez de Aleluia. Alguns evitam até escrever a palavra “Deus” por extenso.

Esforços adicionais para ocultar o nome

Mas o judaísmo não é em absoluto a única religião a evitar o uso do nome de Deus. Veja o caso de Jerônimo, sacerdote católico e secretário do Papa Dâmaso I. Em 405 EC, Jerônimo terminou seu trabalho de tradução da Bíblia inteira para o latim, que ficou conhecida como a Vulgata latina. Ele não incluiu o nome de Deus na tradução. Em vez disso, seguindo o costume do seu tempo, ele o substituiu pelas palavras “Senhor” e “Deus”. A Vulgata latina tornou-se a primeira tradução católica autorizada da Bíblia e serviu de base para muitas outras traduções em vários idiomas.

Por exemplo, a versão Douay, uma tradução católica de 1610, era basicamente uma Vulgata latina traduzida para o inglês. Portanto, não surpreende que essa Bíblia não incluísse o nome pessoal de Deus. Mas a versão Douay não era apenas outra tradução da Bíblia. Ela foi a única Bíblia autorizada para os católicos de língua inglesa até a década de 1940. De fato, por centenas de anos, o nome de Deus foi ocultado de milhões de católicos devotos.

Veja também o caso da King James Version (Versão Rei Jaime). Em 1604, o Rei Jaime I, da Inglaterra, designou um grupo de eruditos para produzir uma versão da Bíblia em inglês. Uns sete anos depois, eles lançaram a King James Version, também conhecida como Authorized Version (Versão Autorizada).

Também nesse caso, os tradutores decidiram evitar o nome divino, usando-o apenas em poucos versículos. Na maioria das ocorrências, o nome de Deus foi substituído por palavras como “SENHOR” e “DEUS”, para representar o Tetragrama. Essa versão se tornou o padrão para milhões de pessoas. The World Book Encyclopedia afirma: “Não apareceu nenhuma tradução importante da Bíblia para o inglês por mais de 200 anos após a publicação da King James Version. Durante esse tempo, a King James Version era a tradução mais amplamente usada nos países de língua inglesa.” #

Essas são apenas três das muitas traduções da Bíblia publicadas nos séculos passados que omitem ou minimizam a importância do nome de Deus. Não admira que a grande maioria dos professos cristãos hoje hesite em usar o nome divino ou nem sequer o conheça. É verdade que, ao longo dos anos, alguns tradutores da Bíblia incluíram o nome pessoal de Deus em suas versões. A maioria dessas, porém, foram publicadas em anos mais recentes, com pouco impacto sobre a atitude das pessoas com relação ao nome de Deus.

Uma prática que vai de encontro à vontade de Deus

A prática comum de não usar o nome de Deus baseia-se unicamente em tradições humanas, não em ensinos bíblicos. “Não há nada na Torá que proíba a pessoa de pronunciar o Nome de Deus. De fato, nas Escrituras fica evidente que o Nome de Deus era pronunciado rotineiramente”, explica o pesquisador judaico Tracey R. Rich, que mantém um site na internet chamado Judaism 101. Realmente, nos tempos bíblicos os adoradores de Deus usavam o nome dele.

Sem dúvida, se conhecermos o nome de Deus e o usarmos, estaremos mais em harmonia com o modo aprovado de adorá-Lo, conforme o que era feito nos tempos bíblicos. Esse pode ser o primeiro passo para estabelecermos um relacionamento pessoal com ele, o que é muito melhor do que simplesmente saber qual é o nome Dele. Na verdade, Jeová Deus convida-nos a ter com ele esse relacionamento. Ele inspirou o registro do seguinte convite caloroso: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós.” (Tiago 4:8) Mas talvez você se pergunte: “Como um homem mortal pode ter essa intimidade com o Deus Todo-Poderoso?” O próximo artigo explicará como você pode desenvolver um relacionamento achegado com Jeová.


* O Talmude, uma compilação de antigas tradições judaicas, é considerado um dos mais sagrados e influentes escritos do judaísmo.

# A maioria das versões da Bíblia em português seguiu a mesma prática de substituir o nome divino por termos como “Deus” ou “SENHOR”. É notável, porém, que a conhecida versão Almeida, na edição de 1748/53, usou o nome divino, na forma “Jehovah”, em muitas ocorrências nas Escrituras Hebraicas — quase 700 vezes só no livro dos Salmos.