Um fato histórico, raramente falado, descrito ou diagnosticado, refere-se a uma ação do lado sombrio de jogar os filhos de Abraão uns contra os outros. Se olharmos para a história, veremos que esta sempre foi a maior e melhor estratégia do mal para atacar aqueles que servem ao Poderoso Deus de Abraão.
Se não pode vencê-los juntos, então é melhor jogá-los uns contra os outros. Judeus perseguindo Islâmicos. Cristãos perseguindo Judeus. Islâmicos perseguindo Judeus e cristãos, etc. Guerras, inquisições, campos de concentração, diásporas, guerra ao terror, etc... Essa estratégia sempre rendeu grandes vitórias e muitos frutos para o lado sombrio. E sempre funcionou...
Esse crescimento da rejeição é a reedição dessa milenar estratégia de dividir os filhos de Abraão, de mantê-los inimigos uns dos outros, de jogá-los uns contra os outros.
A mídia e a propaganda tem um papel fundamental na disseminação e expansão dessa rejeição. E, fazendo isso, está, claramente, do lado do mal...
Judeus e muçulmanos são cada vez mais rejeitados na Europa. A onda etnocentrista foi diagnosticada pelo instituto americano Pew Research Center, que num relatório de 73 páginas, baseado em 4 mil entrevistas, indica a evolução das opiniões negativas entre 2004 e 2008.
Na Espanha, país que lidera nos índices de preconceito, 52% se declararam contrários aos islâmicos neste ano, um aumento de 15 pontos porcentuais em relação a 2005, quando 37% reconheceram essa posição. A aversão a judeus foi admitida por 46% dos entrevistados - em 2005, eram 21%.
Na Alemanha, a visão negativa sobre os judeus aumentou de 20%, em 2004, para 25%, neste ano. Em relação aos muçulmanos, cresceu de 46% a 50% no mesmo período. Na França, o preconceito contra judeus - 11% a 20% - e muçulmanos - 29% a 38% - aumentou nove pontos porcentuais.
A escalada também ocorre na Europa Oriental. Na Rússia, as opiniões desfavoráveis aos judeus avançaram de 25% para 34% no mesmo período, enquanto na Polônia aumentaram de 25%, em 2005, para 36%, neste ano. Em relação aos muçulmanos, a animosidade cresceu de 30% para 46% na Polônia. A Rússia foi o único país onde houve retração do preconceito contra os islâmicos: de 37%, em 2004, para 32%, neste ano.
A estabilidade britânica em relação ao anti-semitismo - índice de 9% dos entrevistados desde 2004 - não se repete quando a questão são os muçulmanos. Em quatro anos, a visão negativa sobre esse grupo aumentou de 18% para 23%.
Segundo o relatório, as manifestações de preconceito crescem mais entre pessoas acima de 50 anos e sem nível superior. "Há um paralelo notável entre anti-semitas e antimuçulmanos na opinião pública da Europa Ocidental. O mesmo sentimento prevalece nos mesmos estratos sociais", indica o documento.
Pierre Fournel, delegado-geral da ONG Liga contra o Racismo, de Paris, confirma que o etnocentrismo se expressa com cada vez mais força na Europa. "Na França, apesar de as autoridades nos mostrarem queda nos índices de violência, percebemos o contrário," relata.
Segundo Fournel, a organização registra um aumento nas queixas de discriminação, mas é difícil prová-las judicialmente por causa de sua "sutileza". "O preconceito religioso se manifesta na vida cotidiana, no momento de pedir um emprego, de alugar um apartamento e em qualquer outra situação em que o sobrenome ou os traços físicos estejam explícitos."
O Pew Research Center também pesquisou o apoio dos muçulmanos a ataques terroristas lançados por homens-bomba. Em seis anos, o apoio caiu de 74%, em 2002, para 32%, neste ano.