Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

12/07/2007

Gates não tem diploma. E daí?

Nem sempre a boa formação universitária é garantia de sucesso

Ana Paula Lacerda - Estadão Online
http://txt1.estado.com.br/editorias/2007/07/12/eco-1.93.4.20070712.22.1.xml

Para alguns empresários, a faculdade pode ser uma perda de tempo. Dos 946 bilionários da lista da Forbes, por exemplo, 50 não têm nível superior. E não são ilustres desconhecidos: entre eles estão Steve Jobs, da Apple, e Ralph Lauren, da grife que leva seu nome. Bill Gates, o ex-homem mais rico do mundo, só conseguiu um diploma (honorário) em Harvard no mês passado, 30 anos após desistir das aulas para vender softwares.

Mas existe uma razão para o sucesso dessas pessoas - que aparentemente poderiam ser cortadas já no primeiro critério da maioria das seleções -: elas tiveram formação, sim, na área em que gostavam. Mesmo que não tenha sido uma educação formal. 'As pessoas devem despertar e perceber que não podem apostar todas as fichas em uma faculdade ou em cursos', diz o consultor de empresas Ricardo Neves. 'Se ela se tornar apenas um zumbi procurador de emprego, ou se fez uma faculdade sem um foco para sua vida, foi perda de tempo.'

Não que Neves recomende às pessoas que não façam faculdade. 'A educação deve ser um processo contínuo, que começa com uma faculdade e continua com atividades focadas no projeto de vida do indivíduo.'

Alcides Barrichello, diretor de vendas da Nipro, empresa de produtos hospitalares, tem formação em Farmácia e Bioquímica. 'Fiz MBA recentemente para poder atuar de maneira mais completa dentro da empresa', explica. Ele também participa de vários grupos de discussão na internet e de um grupo voluntário para tratamento de diabetes. 'Essas atividades podem não estar ligadas diretamente ao meu trabalho, mas ampliam minha rede de relacionamento e me colocam em contato com novos pontos de vista.'

'Mais válido do que colocar uma lista de cursos em um currículo é listar realizações a partir do conhecimento obtido', diz o diretor da BPI no Brasil, Gilberto Guimarães. 'Ter nível superior é uma condição indispensável só para o início da carreira, porém não é mais critério de sucesso.'

Ele diz que, tão importante quanto os bancos de escola são a leitura, as palestras e a convivência com pessoas interessantes. 'Você não pode colocar no currículo que adora ler sobre psicanálise, mas pode listar seus sucessos em gestão de pessoas por ter esses conhecimentos.' Os novos líderes, para eles, são maestros. 'Conhecem o som de cada instrumento, mas não os tocam. Fazem com que todos toquem juntos, da melhor maneira.'

TRANSIÇÃO

Ricardo Neves diz que o mundo do trabalho está passando por uma mudança radical, e que os empregos serão, em pouco tempo substituídos por projetos. 'As empresas vão brigar pelos melhores talentos para cada projeto, as pessoas vão trabalhar em casa e terão de se reciclar com uma freqüência muito maior do que hoje', afirma. 'Aquele sonho de se formar e seguir carreira em banco estatal vai desaparecer. E daqui a algumas gerações, as pessoas vão rir de como muitos se sujeitavam a ficar oito horas por dia fazendo coisas que nem sempre gostavam.'

Em seu livro O Novo Mundo Digital, o consultor discute esse assunto, dentre outros que acompanharão essas mudanças. 'Aos jovens, recomendo que desliguem a TV e leiam muito. Que aprendam a usar as ferramentas de web 2.0 e falem inglês.' Para quem já está com a carreira em andamento, ele desaconselha o comodismo. 'Não estacione em um emprego porque ele lhe garante a sobrevivência. Aprenda a fazer o que gosta.'

FRASE

Ricardo Neves
Consultor

'Aos jovens, recomendo que desliguem a TV e leiam muito. Que usem a web 2.0 e falem inglês. Para quem já está no mercado, que não estacione em um emprego só porque ele lhe garante a sobrevivência'