O Estadão publicou neste domingo a notícia de que são grupos de extrema esquerda que controlam a ocupação. Isso é uma mentira cabeluda criada com um único propósito: deslegitimar o movimento popular. Se fossem grupos de extrema esquerda não teria o apoio que tem. Se fossem grupos de extrema esquerda não contaria com a participação de tantos outros movimentos populares.
A ocupação da Reitoria da USP é um movimento de estudantes, uma coletividade, que atua contra decretos inconstitucionais de um governo autoritário. Uma coletividade de estudantes que atua contra os desmandos de uma burocracia truculenta que se acha dona da Universidade e que pode pisar em todos os alunos. Uma coletividade de estudantes que atua contra a incompetência na gestão dos negócios públicos e na manutenção da Universidade Pública.
O faz parte da mídia autoritária que dá respaldo ao Terrorismo de Estado. É um jornal que conta duas verdades para legitimar dez mentiras publicadas. Um jornal que engana a população e a coletividade, trabalhando dissimuladamente a favor dos grupos dominantes, do Estado e da direita.
Certamente, o que deixou o Estadão furioso foi a charge do Latuff mostrando a marcha da família, com Deus e pela desocupação. Marcha que na década de 60 foi apoiada pela maioria dos jornais. Contudo, assim que os militares assumiram o poder e estabeleceram a ditadura, todos os jornais receberam o que queriam e apoiram: censura.
O que o Estadão quer, assim como as demais mídias, é que a polícia entre na Reitoria e tire todos os estudantes na base da pancada. Isso renderia muitas notícias e muitas fotos para os jornais. Daria o que falar. Contudo, o resultado disso seria desastroso para o país, pois a violência do Estado contra a coletividade, principalmente contra os estudantes, é que acende a chama da luta armada. O autoritarismo violentos é que leva combatentes para as trincheiras, para as guerrilhas e para o terrorismo.
O ódio que se alimenta pela mídia convencional é muito forte. Sabemos que a mídia tradicional trabalha contra os interesses da coletividade e a favor dos grupos dominantes e do Estado. Sabemos que a destruição do autoritarismo passará pela destruição da mídia autoritária e de todos aqueles que alimentam a mão que nos chicoteia.
Um Estado autoritário conta com a mídia autoritária para lhe dar suporte e sustentação. Basta ver o papel da mídia e da propaganda na Alemanha Nazista. Por isso a destruição do Estado autoritário passa pelo desmantelamento da mídia que lhe acompanha.
Eu penso que o Brasil precisa ter um grupo armado agindo por aí, principalmente para que a coletividade tenha com quem contar, assim como os grupos dominantes tenham algo a temer. Um Jornal não falaria tanta mentiras se soubesse que suas mentiras levariam bombas à sua porta. Um corrupto não roubaria dinheiro público se soubesse que guerrilheiros iriam persegui-lo até tomar tudo de volta. Um governante não seria tão tirânico e opressor se soubesse que na próxima vez que colocasse a cara na rua teria a sua cabeça arrebentada por um tiro da resistência.
Enfim, o ditador, digo governador, assim como a Reitora sabem o que devem fazer para que a ocupação acabe, mesmo assim eles não fazem, pois não querem que os estudantes vençam a parada. Eles querem que o autoritarismo vença e o prédio da Reitoria seja desocupado sem darem nada em troca. Eles querem que a assistência estudantil continue sendo liberalidade da instituição e minguada. Querem que os estudantes continuem tendo aulas em prédios que chove dentro. Querem que os decretos inconstitucionais continue valendo. Querem que as unidades periféricas e de cursos populares continuem sem professor, pois assim os alunos que entram nesses cursos terão uma péssima formação e não conseguirão mudar o sistema. É isso que eles querem. Mas não vão conseguir, pois o Terrorismo de Estado não vencerá.