Democratizar o conhecimento e socializar os saberes como ferramenta para transformação social e econômica. Democratizar e socializar para reduzir as desigualdades regionais. Democratizar e socializar para dar oportunidades. Democratizar e socializar para dar esperanças e certezas de um futuro melhor. O poder transformador do conhecimento, monopolizado e retido nas melhores Universidades Públicas, tem que ser disseminado, gratuitamente, para toda a sociedade.

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14/11/2007

O desafio é integrar países pobres

Eu proponho a integração social, educacional e cultural da América Latina. Contudo, não disse como isso pode ser feito. Dei uma idéia falando em começar integrando as Universidades, mas não resolvi toda a encrenca. É preciso resolver.

Mas antes disso temos que sanar algumas pendengas. A Venezuela caminha para uma ditadura. Isto é fato. Só não vê quem não quer ver. Lembre-se que os os olhos vêem apenas aquilo que o cérebro quer ver. Se a cabeça da pessoa não quer ver, ela não vê nada. Arruma um monte de desculpas para não ver. Logo, integrar uma ditadura com democracias é misturar uma maçã podre com maçãs boas. Resultado: contamina tudo.

Outra pendega: a democratização de Cuba. Cuba é um país importante para este plano de integração, mas não é possível fazer negócio com um sistema autoritário vigorando. Não há integração onde não há liberdade. Logo, a democratização de Cuba é um elemento fundamental para a Integração da América Latina. Mais abaixo vou dizer o porquê disso.

E a última pendenga são os gringos norte-americanos. Certamente, os EUA e o Canadá devem integrar o processo proposto, principalmente, porque estas nações possuem uma grande população latina e também porque possuem soluções que interessam às nações pobres. Contudo, esta integração não pode ser feita construindo muros e leis xenófobas. Estas coisas são desagregadoras, anti-democráticas e isolacionistas.

Além disso, o problema da imigração se resolve nos países origem dos imigrantes. Atacar na última ponta é inútil e irrelevante, pois a causa não foi resolvida. Sem resolver a causa o problema continua existindo. Ele apenas muda de forma, aparência e cor. A solução para o problema da imigração é gerar emprego e renda nos países de origem dos imigrantes, nada mais do que isso.

Certamente, existem outras correntes de imigração e refugiados. Mas os imigrantes por razões econômicas são os mais numerosos.

A minha idéia de integração social, educacional e cultural começa com a integração educacional. O primeiro passo é integrar as Universidades, interligá-las, facilitando ao máximo o trânsito de professores, pesquisadores e alunos.

Além disso, é preciso fazer pesquisas em conjunto, compartilhar informações, conehcimentos, idéias e soluções. Neste ponto entra um texto interessante que li em algum lugar e disponibilizei em meu site (http://www.leonildoc.ocwbrasil.org/). Segue o texto:
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Compartilhando o milho

Esta é a história de um fazendeiro bem sucedido. Ano após ano, ele ganhava o troféu "Milho Gigante" da feira da agricultura do município. Entrava com seu milho na feira e saía com a faixa azul recobrindo seu peito. E o seu milho era cada vez melhor.

Numa dessas ocasiões, um repórter ao abordá-lo, ficou intrigado com a informação dada pelo entrevistado sobre como costumava cultivar seu qualificado e valioso produto. O repórter descobriu que o fazendeiro compartilhava a semente do seu milho gigante com os vizinhos.

"Como pode o Senhor dispor-se a compartilhar sua melhor semente com seus vizinhos quando eles estão competindo com o seu em cada ano?" - indagou o repórter.

O fazendeiro pensou por um instante, e respondeu: "Você não sabe? O vento apanha o pólen do milho maduro e o leva através do vento de campo para campo. Se meus vizinhos cultivam milho inferior, a polinização degradará continuamente a qualidade do meu milho. Se eu quiser cultivar milho bom, eu tenho que ajudar meu vizinhos a cultivar milho bom".

Ele era atento às conectividades da vida.

O milho dele não poderia melhorar se o milho do vizinho também não tivesse a qualidade melhorada. Assim é também em outras dimensões da nossa vida. Aqueles que escolhem estar em paz devem fazer com que seus vizinhos estejam em paz. Aqueles que querem viver bem têm que ajudar os outros para que vivam bem. E aqueles que querem ser felizes têm que ajudar os outros a encontrar a felicidade, pois o bem-estar de cada um está ligado ao bem-estar de todos.
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O segundo passo é integrar os outros níveis educacionais. Penso na integração de todo o sistema de ensino latino-americano. Tudo gerenciado por uma Organização Internacional criada para unificar os currículos, os conteúdos, os cursos, gerenciar as escolas, trinar os professores, etc. Uma organização que irá mandar tanto nas escolas do Brasil, quanto nas escolas de Cuba, Venezuela, Peru, Chile, Guatemala, etc. Não só mandar, mas irá disponibilizar os materiais, treinar os professores, enfim, irá garantir a mesma qualidade para todas as escolas públicas de todos os países envolvidos na integração.

Os recursos para esta Organização Internacional devem ser disponibilizados pelos Estados membros do acordo, respeitando o número de alunos de cada país. Certamente, este custo deverá ser o mesmo para todos os países. Logo, quem tem mais alunos contribui com mais. Quem tem menos, contribui com menos. Mas o custo-aluno deverá ser o mesmo, pois a qualidade do ensino e dos professores deverão ser os mesmos.

Isso ficará muito, mas muito mais fácil, depois que desenvolvermos o sistema de ensino público gratuito via internet. Eu estou pensando obstinadamente neste projeto de ensino e, em breve, o Instituto OCW Br@sil (http://www.ocwbrasil.org/) apresentará o resultado de tudo...

Isso também pode ser feito na saúde. Imagino a saúde pública de todos os países integradasem um único sistema de saúde, gerenciado por outra Organização Internacional criada para este fim. Assim, todos os hospitais seriam integrados e teriam as mesmas qualidades, os mesmos medicamentos, médicos e demais profissionais com as mesmas formações.

Essa idéia de integração é vantajosa porque, com a criação de tais Organizações Internacionais, torna possível o remanejamento de pessoal de um país para outro. O pessoal que está sobrando em um (Cuba tem excesso de Médico) vai para outro país (a Venezuela não tinha médicos), etc. Os excessos de profissionais em uma nação podem ser deslocados para outras nações. O Estado que produz um medicamento poderá fornecê-los para todos os hospitais da rede de integração, etc.

Além disso, é possível estabelecer um piso salarial uniforme em todas as nações, assim como garantir a mesma qualidade para todas as escolas e hospitais. Dar o mesmo treinamento para todos os profissionais, etc. Certamente, tudo sendo administrado como serviço público gratuito. Eu acredito piamente que em coisas sagradas e em serviços de interesse público o capitalismo não pode colocar suas mãos amaldiçoadas. Tudo aquilo que Midas tocava virava ouro. Tudo aquilo que o capitalismo toca, vira mercadoria...

Isto tira das mãos incompetentes dos Estados a responsabilidade por serviços básicos de saúde e educação. As Organizações Internacionais podem ser gerenciadas por profissionais altamente qualificados e competentes, podem ter estabilidade administrativa e funcional, enfim, podem garantir cidadania, educação e saúde para todos os envolvidos na integração, independentemente das modificações políticas que ocorrem dentro dos Estados. E o melhor disso, sem as mãos sujas das corporações, a exploração e exclusão dos capitalistas da integração econômica. Os Estados precisam apenas disponibilizar recursos para as Organizações Internacionais, criadas por eles, para manterem o sistema funcionamento e se expandindo.

Eu acredito que este tipo de integração é o modelo ideal para os países pobres. Temos que integrar para alcançar soluções e resolver os nossos problemas e não integrar para gerar lucros para as empresas.

Enfim, esta é mais um idéia do Leonildo. Uma idéia que tem por finalidade fazer a humanidade avançar para um novo estágio de sua evolução... Este é o grande propósito da minha vida: fazer a humanidade avançar...

13/11/2007

Integração social, cultural e educacional da América Latina
Leonildo Correa – 13/11/2007

Ando pensando, a um bom tempo, sobre a integração da América Latina. E depois do curso de Direito da Integração, ministrado na Faculdade de Direito da USP pelo Professor Umberto Celli, perdi completamente o sono. Certamente, a integração desta região não será tão fácil quanto a integração européia, pois as desigualdades econômicas entre os países é excessivamente acentuada. Além disso, a maioria dos Estados é pobre e produtores de produtos agrícolas e minérios.

Neste contexto, o caminho é uma integração para o desenvolvimento, uma integração assentada no elemento social, educacional e cultural. Uma integração que gere desenvolvimento e renda entre as nações participantes. Esta idéia é possível, desde que o foco não esteja exclusivamente no elemento econômico, mas sim na idéia de desenvolvimento…

Por isso, eu penso que a integração latino-americana deveria ser iniciada pela educação - interligando as universidades, os centros de pesquisa e estudos, os pesquisadores, os universitários, etc. Também deveriam ser criados centros de integração em todas as grandes cidades latino-americanas, com a finalidade de fazer exposições, cursos gratuitos, intercâmbio de estudantes e pesquisadores, assim como disseminar o português e o espanhol para todos os interessados.

A educação e o conhecimento são elementos essenciais dentro do processo de integração, inclusive quem acompanha a integração européia sabe que, atualmente, estão tentando interligar as Universidades, criando uma educação da Comunidade Européia. Isto pode ser feito aqui, mesmo sem ter a integração econômica, ou seja, as universidades e os centros de pesquisas deveriam ser interligados, assim como deveriam trabalhar juntos em pesquisas e modelos de integração.

Simultaneamente à integração educacional deveriam promover a integração cultural, a fim de se minimizar e preservar as diferenças existentes entre as diversas culturas da América Latina. A idéia não é um país dominar o outro, mas sim reuniram esforços para a solução dos problemas que assolam ambos os povos. Certamente, a meta não deve ser econômica, inicialmente, a meta tem que ser social, educacional e cultural.

Em seguida deverão ser promovidos estudos de Direito comparado para se abrir um caminho para a integração jurídica e tributaria. Quando o direito e as leis estiverem uniformes em toda a região é que se deve entrar no campo da integração econômica, pois estando a sociedade integrada, os problemas sociais graves resolvidos, a educação uniforme e o perigo de assimilação cultural contido, é mais fácil chegar a acordos e consensos. As negociações ficam mais fáceis, assim como haverá mais interesse, entre os povos da região, em se unirem rumo a um futuro comum, formando a federação Latino-Americana.

Esta forma de integração parte do social para o mercado. Com isso as diferenças, a diversidade cultural e os interesses da população de cada país serão respeitados. Não haverá assimilações culturais, nem domínio de um Estado sobre o outro, mas tão-somente a preservação da diversidade cultural e uma interação econômica baseada na idéia de ajuda mútua e mercado comum.

A integração econômica deve ser o produto de todas as integrações e não o inicio, como se tem feito nos principais projetos e modelos de integração - ALCA, MERCOSUL, etc. A integração que se inicia dessa forma fica emperrada e enterrada em acordos meramente empresariais, problemas de economia e discussões fora da realidade da maioria das pessoas. A área econômica tem por finalidade exclusivamente o mercado e o lucro, não o bem-estar dos povos, da sociedade e da coletividade. Neste tipo de integração as relações e os interesses capitalistas estão acima de tudo, inclusive acima das sociedades e das coletividades.

Não importa se a população será prejudicada ou se o Estado, ao aderir ao plano de integração meramente econômica, se tornará dependente e atrasado. O que importa é que os mercados sejam abertos e os lucros garantidos para as empresas participantes da integração. Resumindo, a integração meramente econômica é uma integração de empresas, de capitalistas, de lucro. Não é uma integração para o bem-estar, para o desenvolvimento, para solução de graves problemas sociais.

O povo e o bem-estar social de cada país não são elementos essenciais, variáveis relevantes na integração meramente econômica. Por isso ela deve ser efetuada por último, quando houver o enlace cultural, educacional e jurídico entre os Estados. Assim a integração econômica será determinada e regida por controles sociais de cada Estado participante, principalmente porque teremos uma população educada e ativa, consciente de seus direitos e de seus interesses.

Cada povo estabelecerá parâmetros de integração social, cultural e educacional e terá em suas mãos os meios para corrigir e direcionar os excessos e os passos da integração econômica. Portanto, primeiro deve ser feito a integração social, cultural e educacional para depois se construir a integração econômica. Eu penso que isto pode ser aplicado com sucesso na América Latina…

Certamente, tudo isto deve ocorrer em um ambiente de ampla democracia, liberdades públicas plenas e respeito aos Direitos Humanos e aos Direitos das minorias. Não há espaço no mundo atual para ditaduras e nem para autoritarismos. Isto porque o autoritarismo, assim como o totalitarismo, tiram dos homens a individualidade, a liberdade, a iniciativa, a capacidade de pensar, criar e ser feliz. E sem esses elementos o homem não se desenvolve e não evolui. Quando os indivíduos, dentro do sistema totalitário ou autoritário, percebem isto, o germe é ativado e o regime cai. Cai porque o totalitarismo e o autoritarismo são sistemas. E são os homens que criam os sistemas e não os sistemas que criam os homens. Portanto, um sistema totalitário/autoritário está fadado ao fracasso e à destruição. Contudo, enquanto sobrevive causa grande mal e sofrimento aos seres humanos.

E aqui vai a minha crítica aos EUA. Quem quer integração constrói ponte e não muro. O muro na fronteira dos EUA com o México é um elemento anti-integração, um elemento que destrói todo o discurso americano a favor da aproximação dos povos. Falam em integração, mas constroem muros... Certamente, as empresas pulam o muro e a integração econômica acontece, porém, é um integração fria e passageira. Uma integração que não cria laços, não constrói amigos, não resolve os problemas...

04/11/2007

O Brasil deve ter medo de Chavez ?
Matéria da Revista Época -- 29/10/2007
Há mais de um século, o Brasil não se envolve em guerra com seus vizinhos. A última foi a Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870. Morreram 60 mil brasileiros. De lá para cá, o Brasil, maior país em extensão territorial e população da América Latina, tem mantido relações pacíficas no continente. O Brasil hoje também não tem disputas de fronteiras. Isso contribuiu para firmar a imagem do continente como uma das regiões mais estáveis e desmilitarizadas do mundo. Segundo o Stockholm International Peace Research Institute (Sipri), Instituto sueco dedicado ao monitoramento de gastos militares, a América Latina é a região do mundo que dedica proporcionalmente menos recursos aos orçamentos de suas Forças Armadas ? 1,4% do PIB regional.

Texto completo, incluindo os gráficos estão disponíveis no endereço:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG79793-6009-493,00.html

Lula reaparelha Forças Armadas de olho na transferência de tecnologia
Por causa da Venezuela, Aeronáutica inicia o processo com a compra de 36 caças, no valor total de US$ 2,2 bi.

Estadão Online -- Tânia Monteiro -- 04/11/2007

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, foi autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a tirar da gaveta em janeiro, finalmente, o projeto FX-2 e comprar 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), ao custo de US$ 2,2 bilhões - o projeto original, o FX-1, planejado no governo Fernando Henrique Cardoso, previa uma compra mais modesta, de US$ 700 milhões. Dois fatores, conjugados, contribuíram para a decisão política do Planalto: a precariedade a que chegou a FAB, com 37% da frota de 719 aviões sem condições de voar, e o presidente da vizinha Venezuela, Hugo Chávez, que, nas palavras dos militares, está se "armando até os dentes".

Texto completo no site do Estadão:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20071104/not_imp75182,0.php

01/07/2007

USP é a melhor da América Latina

Ranking da Universidade Xangai Jiao Tong, na China, coloca instituição em 134.º entre 500.

Renata Cafardo - Estadão Online

Durante os 50 dias de ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), encerrada há pouco mais de uma semana, os estudantes tomaram conta não só da sede administrativa de uma das maiores universidades do País, mas também de uma das instituições mais prestigiadas do mundo. Na classificação mais recente feita pelo Instituto de Altos Estudos da Universidade Xangai Jiao Tong, na China, a USP aparece em 134º lugar entre 500 instituições internacionais. Há só universidades americanas, inglesas e canadenses mais bem posicionadas que a USP. A brasileira ganha das latino-americanas, espanholas, chinesas e sul-coreanas.

O ranking de Xangai, segundo especialistas, é um dos mais respeitados atualmente quando se fala em produção científica das instituições. A mais bem qualificada é a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, com pesquisadores que venceram 43 vezes o Prêmio Nobel. A premiação é um dos critérios para ganhar pontos no ranking, assim como o número de artigos de pesquisadores publicados em revistas científicas, como Nature, Science e outras citações.

“A USP é uma instituição que tem pesquisa em quase todas as áreas do conhecimento”, diz o pró-reitor de Pós-Graduação da instituição, Armando Corbani Ferraz, explicando a posição no ranking. Sem poder entrar na sua sala na reitoria durante a ocupação, Ferraz lamenta a perda de convênios internacionais no período. “O intercâmbio entre doutores ou alunos de outros países tem sido muito salutar para a USP.”

As duas outras instituições públicas paulistas, menores e mais novas que a USP, também aparecem no ranking da Universidade de Xangai. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é a 312ª colocada. A Universidade Estadual Paulista (Unesp) é a última das latino-americanas, na 480ª posição. A colocação, no entanto, não é demérito, já que a maioria das instituições brasileiras sequer é mencionada no ranking. A única outra brasileira, fora as paulistas, é a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na 348ª colocação.

Para o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, a tão falada autonomia, conseguida em 1989, foi a grande responsável pelo crescente sucesso das três paulistas. “A autonomia trouxe responsabilidade para administrar os recursos e gerou mecanismos para otimizar nosso trabalho”, diz. Nos últimos anos, as universidades aumentaram todos os seus índices, inclusive a quantidade de vagas - hoje há pelo menos 30% mais lugares disponíveis nas três instituições.

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Essa notícia é boa. E como não poderia faltar, os reacionários aproveitaram o ensejo para falar mal da ocupação. Se dependesse desses reacionários nós ainda estaríamos andando por aí de cipó e enviando email via pombo-correio.

Inclusive eu me lembro de uma entrevista do Prof. Schenberg na qual ele conta que um grupo de professores da USP, certamente congregando os reacionários, recusava-se a aceitar a instalação de computadores na Universidade. Vejam só: os reacionários não queriam que fossem instalados computadores na USP. Porém, como sempre, eles perderam e a história avançou, mas se dependesse deles nós ainda estaríamos na idade da pedra. (Clique aqui para ler a entrevista)

Se não fosse a ocupação os decretos estariam em vigor, o Pinóquio mandando na USP, na Unesp e na Unicamp, não teríamos conseguido mais um bloco no CRUSP, etc. Portanto, o Movimento de Ocupação trouxe benefícios para todos, tanto alunos, quanto funcionários e professores, mas principalmente para a sociedade e para a coletividade estudantil.

Certamente, aqueles que lutaram contra a ocupação deveriam fazer uma carta renunciando expressamente aos benefícios que esse movimento trouxe para a Universidade. Isso seria lógico e coerente, diria o vulcaniano SPOCk. Mas, como a hipocrisia humana, os que lutaram contra a ocupação serão os primeiros a se regalarem com seus frutos...

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Parte da Entrevista na qual o Prof. Schenberg fala dos computadores:

Ao voltar, o senhor se viu comprometido com a implantação do ensino e da pesquisa em Física em São Paulo...


Nessa época, o Marcelo Damy era o diretor do departamento de Física. O Paulus Pompéia também foi diretor. Primeiro a Física funcionou na sede da Politécnica, na rua Três Rios, depois foi para uma casa velha na rua Tiradentes, e mais tarde para a avenida Brigadeiro, depois para a Maria Antônia e, finalmente, passamos para a Cidade Universitária. Nunca quis exercer cargos administrativos; só aceitei após ter voltado da segunda viagem à Europa, já em 1953. Aí fiquei como diretor do Departamento de Física até 1961.

Contribui para fazer várias modificações, e fui muito auxiliado pelo reitor, doutor Ulhoa Cintra. Sem a sua ajuda não conseguiríamos fundar o laboratório de Física do Estado Sólido, e isso foi importante. Todo o pessoal do departamento ia só para a Física nuclear, mas eu tinha uma divergência de opinião muito grande, tecnológica, com o pessoal do departamento de Física. Eles achavam que ia haver um revolução industrial, e que essa revolução ia ter por base a energia nuclear. Eu achava que vinha realmente uma revolução industrial, mas não baseada na energia nuclear, e sim na informática, na eletrônica.

Por isso, achava que se tinha que desenvolver a Física do estado sólido. Ninguém no Brasil entendia disso. Já havia alguns grupos, como os liderados por Bernard Gross e Joaquim Costa Ribeiro, mas eram grupos pequenos. Tentaram também iniciar um trabalho em São José dos Campos, mas não deu certo.

O nosso programa foi feito com recursos maiores, de origem federal. Quem me ajudou muito foi o então deputado Ulysses Guimarães. Enquanto todo mundo achava que o futuro seria a Física nuclear, eu não só incentivei a Física do estado sólido, como fiz o reitor, doutor Ulhoa Cintra, comprar o primeiro computador aqui da USP, um IBM. Mas precisei enfrentar uma oposição forte. Até os professores Oscar Sala e Carlos Gomes tentaram me dissuadir da idéia de comprar um computador. Diziam que em Boston não havia..

Os físicos eram contra os computadores; não enxergavam que eles iam revolucionar a ciência. E como ocorreu a respeito da política nuclear brasileira. No começo, você contava nos dedos quantos estavam realmente contra: um desastre econômico, e o pessoal não se dava conta disso. Os físicos brasileiros não têm muita intuição no que diz respeito ao sentido em que a tecnologia se desenvolve. Há uma falta de senso de realidade econômica, por erro de formação.

Em relação à energia nuclear, isso foi claro: não há dúvida de que o reator nuclear não pode competir de modo nenhum com a energia hidrelétrica. O cálculo do potencial hidrelétrico que as pessoas faziam era absurdo. A energia nuclear poderia competir com a energia da queima do petróleo, mas não com a hidrelétrica. Confundiram as coisas, achando que a energia nuclear sairia mais barata que a hidrelétrica.

Os físicos achavam que era na área da Física nuclear que iria ocorrer uma nova revolução industrial, e que as outras áreas eram teóricas. Não compreendiam que os raios cósmicos foram a primeira fonte de partículas de alta energia — só depois é que vieram os aceleradores — e neles estava a questão da estrutura da matéria Era falta de Intuição sobre os caminhos que a Física iria seguir. A Física nuclear ficou sendo um ramo secundário, e só escaparia disso se se tornasse tecnologicamente importante. Importante era a Física das partículas elementares, e não a Física nuclear propriamente dita. Os fundadores da Física experimental no Brasil viram as coisas com certas limitações, sem muita amplitude. Ficaram fascinados com a energia nuclear.